Depois das más experiências de 1981, nomeadamente o genial (mas ilegal) Lotus 88 de chassis duplo, e o Lotus 87, mais convencional, mas desenhado à pressa e como rescaldo das lutas entre Chapman e a FISA, de Jean-Marie Balestre, decidiu desenhar um chassis mais simples no sentido de conservar uma certa competitividade num mundo em mudança, onde os motores Turbo começavam a ganhar ainda mais proeminência, face ao motor Cosworth que equipava os seus carros. A caixa de velocidades era da Hewland, e todos os seus componentes tinham sido desenhados no sentido de serem fáceis de arranjar e de montar pelos mecânicos.
Desenhado por Chapman, ajudado por Martin Ogilvie e Tony Rudd, o chassis era inspirado não só no maldito modelo 88, mas também no Williams FW07, o carro que tinha ditado as modas nas duas últimas temporadas. As inovações, porém, estavam no seu interior: era o primeiro chassis totalmente feito em fibra de carbono, uma experiência que a McLaren tinha iniciado com o chassis MP4/1, no ano anterior. Para além disso, o Lotus 91 foi também o primeiro a usar travões de carbono, uma moda iniciada pela Brabham, e também por um controlo hidráulico das suspensões, um primeiro passo rumo à ideia da suspensão activa, cujos componentes electrónicos começaram a ser testados no mesmo dia em que Chapman morreu, em Dezembro daquele ano.
O chassis esteve pronto apenas no GP do Brasil, a segunda prova do campeonato, e foi usado pelos seus pilotos, Nigel Mansell e Elio de Angelis. Em Jacarépaguá, o piloto inglês acabou no terceiro lugar, depois das desclassificações de Nelson Piquet e Keke Rosberg, e Elio de Angelis acabava frequentemente as corridas nos pontos, terminando a temporada com 23 pontos e o sétimo lugar na classificação geral. Um grande feito, num carro aspirado.
Contudo, este carro era bom em circuitos de alta velocidade, como Hockenheim, Zeltweg ou Monza, e foi no circuito austríaco que aconteceu o melhor momento da temporada: o piloto italiano resistiu aos ataques finais do Williams de Keke Rosberg, depois de ter herdado a liderança com a desistência de Alain Prost, com o seu Renault. Na última curva, Rosberg tentou uma última vez tirar a liderança ao piloto italiano, mas acabou por perder por pouco menos de meio carro. 0.050 segundos, para ser mais preciso.
Nessa semana, Colin Chapman tinha anunciado que fechara um acordo com a Renault para fornecer motores para as próximas três temporadas. Com a abolição do efeito-solo, um conjunto de novas possibilidades abriam-se para a Chapman e a Lotus poderem explorar. Contudo, Chapman, via-se com problemas na sua empresa, nomeadamente o escândalo da De Lorean, onde tinha feito um acordo com o empresário americano, que tinha também acordado a construção de uma fábrica de automóveis na Irlanda do Norte, com subsídios governamentais, e que acabou falida no final desse ano. Com todas essas pressões, Chapman não resistiu a um ataque cardíaco na madrugada de 15 de Dezembro de 1982, aos 54 anos.
Este foi também o modelo que deu uma chance a Roberto Moreno de se estrear na Formula 1. Quando Nigel Mansell se lesionou no pulso, Moreno, então com 23 anos e o piloto de testes da marca, teve a sua primeira oportunidade de guiar na Formula 1. Contudo, nunca tinha guiado um “carro-asa”, e não teve grandes oportunidades de correr ou testar, antes do fim-de-semana holandês. Logo, não conseguiu qualificar-se.
"Eu era piloto de testes deles, já pelo segundo ano, e o Mansell se machucou, quebrou a mão. E quando chegou o teste antes da corrida, não me deixaram testar porque o Mansell queria tentar andar. Com isso eu não andei no carro. E fomos para Zandvoort num carro-asa, em que a curvona antes da reta você fazia de pé no fundo, e tudo de que você precisava era ser forte para segurar o volante. E eu não tinha esse hábito. Só aprendi isso em 1984 quando andei de carro-asa de F-2, aí eu aprendi como se fazia. Então foi muito em cima, eu não me classifiquei.", afirmou Moreno, anos depois.
Mansell voltou ao carro para a corrida de Brands Hatch, mas teve uma recaída e na prova seguinte, em Paul Ricard, o britânico Geoff Lees foi no seu lugar. Ao contrário de Moreno, conseguiu qualificar-se e acabou a corrida num discreto 12º posto. Uma versão modificada do Lotus 91 ainda correu na primeira prova de 1983, em Jacarépaguá, e ainda com motor Cosworth, enquanto que o novo carro, esse sim com o motor Renault Turbo, não estava pronto.
Chassis: Lotus 91
Projectistas: Colin Chapman, Martin Ogilvie e Tony Rudd
Motor: Ford Cosworth V8 de 3 litros
Pilotos: Elio de Angelis, Nigel Mansell, Roberto Moreno e Geoff Lees
Corridas: 16
Vitórias: 1 (De Angelis 1)
Pole-Positions: 0
Voltas Mais Rápidas: 0
Pontos: 30 (De Angelis 23, Mansell 7)
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Lotus_91
http://www.club-lotus.fr/lotus/tous-les-modeles/les-f1-lotus/historique-par-modele/type-91/ http://f1nostalgia.blogspot.com/2009/09/ensaio-fotografico-agora-sim-overdose.html