Nesta nova temporada na Formula 1, o pelotão estava significativamente rendido às maravilhas do motor Turbo, já que era a peça dominante num tempo onde novos pilotos e novas equipas assumiam a sua presença na categoria máxima do automobilismo.
A McLaren, equipa campeã do mundo, iria manter a dupla que lhes deu o seu primeiro título de construtores desde 1976, o veterano austríaco
Niki Lauda e o francês
Alain Prost. Com 36 anos de idade, Lauda era o piloto com o numero 1 no seu carro, mas o seu companheiro de equipa era cada vez mais um nome a ter em conta, e se falhou conquistar o título nos últimos dois anos por muito pouco, todos sabiam que esse iria aterrar no colo dele, mais cedo ou mais tarde. Continuando com o modelo MP4/2 com motor TAG-Porsche, estavam no bom caminho.
Mas a McLaren tinha rivais. A começar, tinha a Ferrari, que mantivera a dupla do ano anterior, o italiano
Michele Alboreto e o francês
René Arnoux, e uma máquina nova, o modelo 126/85, esperando que fosse capaz de superar os carros de Lauda e Prost.
Outra das candidatas era a Williams. Com o motor Honda, a equipa de
Frank Williams e
Patrick Head esperava que as coisas fossem melhores do que no ano anterior, em que se adaptaram aos Turbo de origem japonesa. E mantinham o finlandês
Keke Rosberg nas suas fileiras, embora como companheiro tivesse agora o britânico
Nigel Mansell, vindo da Lotus.
Nessa equipa, com motores Renault Turbo, o substituto de Mansell tinha sido o piloto revelação da temporada anterior, ao serviço da Toleman: o brasileiro
Ayrton Senna. Apesar de ele não estar no topo da sua forma, pois passara boa parte do Inverno europeu a recuperar de uma paralisia facial, fizera o suficiente para estar a postos para experimentar a nova máquina na primeira corrida do ano, ainda por cima no seu Brasil natal. Ao seu lado, tinha como companheiro o italiano
Elio de Angelis, que corria nos carros negros e dourados pela sexta temporada seguida.
Na Renault, a equipa que tinha trazido a tecnologia Turbo para a Formula 1, a temporada de 1984 fora algo desapontante, sem vitórias e com uma dupla que não era tão boa como se esperava. O francês
Patrick Tambay e o britânico
Derek Warwick tentavam fazer com que em 1985, as coisas melhorassem um pouco, e regressar aos triunfos. Mas não iria ser fácil.
A mesma coisa acontecia na equipa Ligier, que também corria com motores Renault Turbo. O veterano piloto francês
Jacques Laffite (41 anos) estava de volta à equipa, depois de dois anos na Williams, e iria alinhar ao lado do italiano
Andrea de Cesaris, esperando que a temporada de 1985 seja um pouco melhor do que a anterior.
Na Brabham, numa escuderia feita à volta de um só homem,
Nelson Piquet, tinha um novo companheiro de equipa, o francês
Francois Hesnault. Continuavam com os motores BMW Turbo e os pneus, agora que a francesa Michelin tinha ido embora, passavam a ser calçados pelos italianos da Pirelli. A mesma coisa sucedia aos Alfa Romeo, que mantinha a mesma dupla, constituída pelo italiano
Riccardo Patrese e pelo americano
Eddie Cheever.
A Tyrrell ainda era a única equipa que corria com motores Cosworth atmosféricos no inicio da temporada de 1985. De regresso ao pelotão da Formula 1 depois do escândalo dos carros abaixo do peso regulamentar, e com a FIA a retirar os pontos que tinha ganho,
Ken Tyrrell já negociava com a Renault um acordo para ter motores Turbo ainda nessa época, logo, esses motores tinham os dias contados. Para dupla de pilotos, iria ter em Jacarépaguá o sueco
Stefan Johansson, vindo da Toleman, e o britânico
Martin Brundle.
O piloto sueco tinha vindo de uma Toleman que tinha dado muito nas vistas em 1984. Só que a equipa, que estava previsto alinhar para esta temporada, ao volante do TG185, desenhado por
Rory Bryne, andou a debater com um problema grave: não tinha um fornecedor de pneus. Tinha confiado na Michelin, depois de ter rompido o contrato de forma conflituosa com a Pirelli no ano anterior, mas a marca francesa decidiu abandonar a competição no final desse ano. Também não queria assinar com a Goodyear, devido a conflitos semelhantes no tempo da Formula 2, e tentou chegar a um acordo com a Avon. Contudo, este não aconteceu, e decidiu ausentar-se da corrida brasileira. Johansson iria alinhar ao lado do veterano britânico
John Watson e pelo sueco Stefan Johansson, mas sem este volante, decidiu ir para a Tyrrell.
A RAM era outra equipa que tinha motores Hart, e se em 1984 alinhara com
Jonathan Palmer e
Philippe Alliot, em 1985 iria manter Alliot e trocar Palmer pelo alemão
Manfred Winkelhock, vindo da ATS.
Na Arrows, que continuava a ser propulsionado pelos motores BMW Turbo, o belga
Thierry Boutsen continuava por mais uma época, e tinha ao lado o austríaco
Gerhard Berger, que tinha dado nas vistas nos poucos Grandes Prémios que tinha alinhado pela alemã ATS, de
Gunther Schmid, que tinha desaparecido no defeso, após ter perdido o fornecimento dos motores BMW.
Contudo, se a ATS desaparecia, outra equipa alemã estava a chegar. Era a Zakspeed, que tinha conseguido um feito: construir o seu próprio motor, de quatro cilindros. Nesse ano de estreia, iria alinhar com um só carro, para o britânico Jonathan Palmer, que tinha vindo da RAM. Mas devido a atrasos na construção do carro, a Zakspeed não iria alinhar em Jacarépaguá.
Contudo, não era a única a chegar nesta temporada de 1985. A italiana Minardi iria participar nesta competição, numa operação constituída por um só carro, pilotado pelo local
Pierluigi Martini, que iria ter uma nova chance na Formula 1, depois de uma tentativa frustrada no final do ano anterior, com a Toleman, onde falhou a qualificação para o GP de Itália. Iriam alinhar no Brasil com motor Cosworth V8, pois estavam á espera dos Motori Moderni V6 Turbo, construídos por
Carlo Chiti. E ainda este ano estava prevista a presença de uma equipa americana, a Beatrice, projecto de
Carl Haas, que em principio iria correr com chassis Lola.
Para finalizar, a Spirit e a Osella. Ambas as equipas iriam alinhar somente com um carro na temporada de 1985. No caso da Spirit, seria com motor Hart Turbo e tinha como piloto o italiano
Mauro Baldi. No caso da Osella, o motor era um Alfa Romeo Turbo V8, e tinha como piloto o italiano
Piercarlo Ghinzani.
Ao todo, 25 carros iriam alinhar no Autódromo de Jacarepaguá, palco da primeira prova do ano, num país que estava a regressar à democracia e que tinha eleito o seu primeiro presidente civil desde 1960. Mas nesse momento, o país prendia a respiração: o presidente eleito,
Tancredo Neves, então com 75 anos, tinha adoecido na véspera da sua tomada de posse, a 15 de Março, devido a dores abdominais e estava em São Paulo a lutar pela vida, pois tinha sofrido várias cirurgias e sofria aogra de uma septicemia generalizada. Numa era onde a democracia ainda era frágil, ainda existiam dúvidas se o processo ainda ia até ao fim.
Na qualificação, o melhor foi o Ferrari de Michele Alboreto, que tinha a seu lado o Williams-Honda de Keke Rosberg. Na segunda fila estavam os Lotus de Elio de Angelis e Ayrton Senna, enquanto que na terceira estavam o segundo Williams-Honda de Nigel Mansell e o McLaren-Porsche de Alain Prost. Na quarta fila partiam o segundo Ferrari de René Arnoux e o Brabham-BMW de Nelson Piquet, e a fechar o “top ten” estavam o segundo McLaren-Porsche de Niki Lauda e o Renault de Derek Warwick.
Sob calor, máquinas e pilotos prepararam-se para a primeira prova de 1985, e na partida, Alboreto é surpreendido pelos Williams de Rosberg e Mansell, enquanto se defendia das investidas do piloto inglês, o finlandês passava à frente. Mais adiante, Alboreto e Mansell tocam-se, com o inglês a ir ao guard-rail, sem estragos de maior. Ele continuaria, mas os estragos foram os suficientes para abandonar a corrida na oitava volta.
Entretanto, Alboreto tentava apanhar Rosberg, mas o carro não tinha saído bem tratado daquele acidente, e não podia lutar convenientemente pela liderança. Nas primeiras nove voltas, era Rosberg que liderava, mas a seguir, o seu turbocompressor falhou e teve de abandonar a corrida. Alboreto assumiu de novo a liderança, com Prost em segundo e Senna em terceiro e Lauda em quarto, a fazer o que sabia melhor: recuperar posições de trás. O piloto italiano tentava manter a liderança, mas com um carro pouco colaborante, no final da volta 19, o francês assumiu a liderança para não mais a largar.
A partir daqui, Alboreto tentou aguentar as investidas de Senna, Lauda e De Angelis. As coisas mantiveram-se assim até à volta 27, quando Lauda encostou o seu carro à berma devido a problemas eléctricos. Assim, Senna herdou o terceiro posto, à frente de De Angelis e Arnoux, que parecia ser incapaz de apanhar os dois Lotus. E só subiu um posto após a desistência do piloto brasileiro devido a uma falha eléctrica.
As coisas foram assim até ao fim, com Prost a vencer na primeira prova do ano, seguido de Alboreto e De Angelis. René Arnoux, no segundo Ferrari, Patrick Tambay, no seu Renault e o Ligier de Jacques Laffite ficaram com os restantes lugares pontuáveis.
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/1985_Brazilian_Grand_Prixhttp://www.grandprix.com/gpe/rr405.html