Mais duas peças do puzzle da Formula 1 encaixaram-se esta madrugada no Japão. A Alpine anunciou que o francês Pierre Gasly será seu piloto em 2023, ao lado de Esteban Ocon, numa dupla cem por cento francesa, enquanto na Alpha Tauri, o neerlandês Nyck de Vries será seu piloto, correndo ao lado do japonês Yuki Tsunoda.
No caso de Gasly, o piloto tinha assinado no mês de Junho um contrato que o vinculava à AlphaTauri até ao final de 2023, mas voltou a integrar os rumores em torno do mercado de pilotos após o surpreendente anúncio da ida de Fernando Alonso para a Aston Martin, algumas semanas mais tarde, e a sequente confusão em torno do nome de Oscar Piastri, que ao ser anunciado como seu substituto, deu o dito por não dito e foi para a McLaren assinar um contrato como piloto titular.
“Estou muito feliz por me juntar à família Alpine e começar este novo capítulo na minha carreira na Formula 1”, começou por dizer Gasly. “Dirigir para uma equipa que tem raízes francesas é algo muito especial. Conheço os pontos fortes da Alpine, tendo competido contra eles nos últimos dois anos e, claramente, seu progresso e ambição são muito impressionantes.”
Curiosamente, a Alpine e a Renault, a encarnação anterior desta equipa, não tinha uma dupla cem por cento francesa a correr dentro deles desde... 1982, altura em que Alain Prost e René Arnoux correram juntos. Ambos correrão por mais duas temporadas juntos, pois o contrato de Ocon termina no final de 2024.
Ele ainda teve tempo para agradecer à Red Bull pela longa parceria que tiveram juntos.
“Gostaria de agradecer à Red Bull, pois isso marca o fim de nossa jornada de nove anos juntos”, acrescentou Gasly. “É graças à confiança e apoio deles que me tornei piloto de Fórmula 1, e o que conquistamos com a Scuderia AlphaTauri nos últimos anos foi muito especial. Olhando para o futuro, quero dar o máximo e utilizar toda a minha experiência para lutar por pódios e, finalmente, contribuir para a luta da Alpine por campeonatos no futuro.”
Do lado da equipa, o anúncio foi feito pelo CEO do Grupo Renault, Luca de Meo, que esteve presente em Suzuka este fim de semana, e ali, deixou claro que a mudança para uma formação patriótica com dois pilotos da mesma região da principal empresa alpina não é por acaso.
“Estamos orgulhosos de apresentar uma linha de pilotos totalmente francesa a partir de 2023”, disse De Meo. “Ambos levarão a equipa e o grupo adiante e, espero, podemos nos tornar um símbolo de orgulho para a França”, concluiu.
A confirmação final de Gasly é também um momento de grande alívio por parte do chefe da equipa da Alpine, Otmar Szafnauer, já que enfrentaram algumas críticas ao longo do verão por terem perdido Fernando Alonso e Oscar Piastri. Ele vê Gasly como uma parte fundamental do futuro da equipa.
“Ele já é um talento comprovado na Formula 1 e estamos ansiosos para aproveitar isso na equipa”, disse Szafnauer. “Nossa equipa tem vários objetivos para as próximas temporadas e acredito firmemente que nossa dupla de pilotos é um grande reflexo das altas ambições desta equipa. Acredito que Pierre e Esteban podem, juntos, motivar a equipa a continuar seu progresso em direção a esses objetivos. Também gostaríamos de agradecer à Red Bull por concordar com os termos para permitir que Pierre dê esse passo.”, concluiu.
Já no caso de De Vries, o neerlandês de 27 anos, campeão da Fórmula 2 em 2019 e da Fórmula E em 2021, foi a escolha possível, depois da inicial, o americano Colton Herta, não poder ir porque não tinha os pontos necessários para a obtenção da Super Licença. A sua cotação - e as suas chances - subiram em flecha depois da sua estreia no GP de Itália deste ano, pela Williams, substituindo um adoentado Alexander Albon, conseguindo um nono posto e um excelente desempenho nessa prova.
“Estou extremamente empolgado por me juntar à Scuderia AlphaTauri em 2023”, começou por dizer De Vries, “e quero agradecer à Red Bull e à equipa por me dar a oportunidade de pilotar na Formula 1. Depois da Formula 2, tomei um caminho um pouco diferente com o automobilismo, mas a Formula 1 sempre foi meu sonho e sou grato por poder realizá-lo. Tive muitas chances de experimentar o carro de 2022 este ano e acho que isso me colocou em uma ótima posição para a próxima temporada, espero que isso tenha ajudado a me preparar para o que está por vir.", prosseguiu.
"Tendo passado a maior parte da minha adolescência na Itália no kart, sempre me senti em casa lá, então para mim é ótimo me juntar a uma equipe italiana, que já tem uma sensação de família real, e estou ansioso para conhecer todos e começar a construir nosso relacionamento antes da próxima temporada”, concluiu.
No lado da Alpha Tauri, Franz Tost agradeceu a Gasly pela sua colaboração, reconhecendo o seu sucesso na equipa, e agora espera que com De Vries, a parceria também seja de sucesso.
“A Scuderia AlphaTauri teve um período bem-sucedido com Pierre”, disse o chefe da AlphaTauri, Franz Tost. “Nunca esqueceremos sua fantástica vitória em Monza e seus pódios no Brasil e no Azerbaijão. Quero agradecer a Pierre por todo o esforço e dedicação que ele colocou na equipa nos últimos anos e desejo a ele tudo de melhor para seu futuro.", continuou.
“Agora, temos o prazer de iniciar um novo capítulo com Nyck, que é muito bem-vindo na Scuderia AlphaTauri. Ele é um piloto muito habilidoso, pois venceu em todas as categorias em que competiu, com muitas corridas e campeonatos em seu currículo. Seu último grande sucesso foi vencer o Campeonato Mundial de Fórmula E, e isso é uma evidência clara de que ele é um piloto muito competitivo, que merece uma vaga na Formula 1. Estou ansioso para vê-lo em nosso carro e estou confiante de que com Yuki e Nyck teremos uma formação de pilotos muito forte para 2023.”, concluiu.
Como curiosidade, caso receba luz verde para se estrear aos comandos de um carro da AlphaTauri no teste pós-Grande Prémio de Abu Dhabi, no final desta temporada, De Vries atingirá um registo invejável: o de conduzir cinco carros de Fórmula 1 diferentes ao longo de 2022, uma vez que, para além da Williams e da Alpine, na sessão de testes de avaliação em Budapeste, no mês passado, participou em sessões de treinos livres com a Mercedes, no GP de França, e a Aston Martin, no GP de Itália, horas antes de se estrear a valer pela Williams.