sábado, 8 de outubro de 2022

A(s) image(ns) do dia




Ando a seguir mais ou menos as filmagens do filme sobre Enzo Ferrari, que está a ser realizado por Michael Mann. O Adam Driver está caracterizado por parecer mais vinte anos que tem na realidade, mas o mais interessante é ver a Penelope Cruz como Laura Ferrari, a mulher do Commendatore. Daquilo que sei dela, na realidade, parece que estão a "glamourizar" as personagens, porque a Laura, mesmo que aparecesse menos que ele, era mais a dona de casa tipicamente italiana do que uma mulher ultrassofisticada como ela. Posso estar enganado, mas é o que ando a ver. 

Mas independentemente das caracterizações - que até são relativamente boas - é saber se ambos, ou todos eles - conseguem entrar no espírito de Modena nos anos 50. O "Ford vs Ferrari", do James Mangold, colocou este tipo de filme numa barra muito alta. E espera-se que este filme também ande nesse campo, é essa a expectativa. 

As filmagens estão a decorrer desde julho, e espera-se que termine em breve, pois a estreia está marcada para o final de 2023.    

Formula 1 2022 - Ronda 18, Suzuka (Qualificação)


Chegamos ao segundo "match point" do campeonato de 2022, e de novo num lugar onde a Formula 1 não aparece desde 2019. Em Suzuka, um lugar mítico, por causa das decisões no campeonato - a última dos quais foi em 2011, curiosamente com um Red Bull, o de Sebastian Vettel, no meio do domínio dos energéticos. Agora, novamente com os carros de Milton Keynes na frente da concorrência, e no lugar dos motores Honda, as decisões até poderiam acabar no dia seguinte. Mas primeiro, havia uma grelha para desenhar e definir.  

Ao contrário de ontem - e provavelmente amanhã - a qualificação iria ser em seco. Antes disso, houve os anúncios de definição da grelha. Charles Leclrc ia para a Alpine, para fazer a primeira dupla cem por cento francesa desde 1982, nos tempos da Renault, enquanto Nyck de Vries será piloto da Alpha Tauri, no final da temporada, no lugar de Gasly, e correndo ao lado de Yuki Tsunoda. De uma certa forma, o caminho dos pilotos vindos dos Junior Team, por este ano, está fechado.

Tempo ameno de outono, o asfalto a 26ºC, e asfalto seco. O primeiro a acelerar na pista quando abriu a luz verde foi o local Tsunoda, seguido do seu companheiro de equipa, Pierre Gasly. E claro, o japonês marcou o seu primeiro tempo: 1.31,631. Contudo, só na parte final da Q1 é que o resto da concorrência é que começou a ir para a pista. Primeiro, foi Verstappen que conseguiu 1.30,224, ainda antes de Leclerc entrar na pista e fazer os seus tempos. Lá marcou, mas pouco depois, os Alpha Tauri, primeiro Gasly, depois Tsunoda, queixaram-se de problemas de travões.

No final, Tsunoda safou-se, mas Gasly não, ficando-se por ali. Acabou por fazer companhia a Alex Albon, o Haas de Kevin Magnussen, o Aston Martin de Lance Stroll e o outro Williams de Nicholas Latifi, que foram os outros eliminados.

Poucos minutos depois, era a altura da Q2, mais 15 minutos de tempos onde os 10 melhores passariam para a fase final. O primeiro a sair foi Sainz Jr, no seu Ferrari, e marcou 1.30,444, para Max marcar a seguir 1.30,346, e ficar no topo da tabela de tempos. Em cinco minutos, todos os carros estavam a marcar uma posição. Depois, recolheram-se às boxes.

A três minutos e meio do final, tempo para marcar uma volta, eles regressaram e foi agitado. O primeiro foi Sebastian Vettel, seguido do resto do pelotão, e no final, quem ficou com a "fava" foi Daniel Ricciardo, que levou a pior sobre George Russell, que também estava aflito para marcar um tempo para seguir em frente. Os outros eliminados foram os Alfa Romeo de Bottas e Zhou, o Haas de Mick Schumacher e o Alpha Tauri de Yuki Tsunoda, para desgosto dos locais.


A Q3 começou com os Red Bull e serem os primeiros em pista, seguido pelos Ferrari e o Alpine de Esteban Ocon. E logo ali, Max marcou 1.29,304, ficando com o melhor tempo. Mas logo a seguir, ele cruzou-se com o McLaren de Lando Norris e a manobra fez sair o britânico fora da pista. Por causa disso, foi avisado que iria ser investigado no final da qualificação. Mas não deu em nada. 

Na altura, Max era mais rápido que Leclerc em 253 centésimos.

A parte final mostrou a concorrência a melhorar, mas Max ficou na pole de pedra e cal. Sainz Jr e Pérez ficaram na segunda fila, uma divisão entre Red Bull e Ferrari. Ocon foi o quinto, na frente de Hamilton. 

No final, foram 10 milésimos que separaram Max de Leclerc, e 57 milésimos entre o neerlandês sobre Sainz Jr. Todos muito juntinhos, mostrando que, para além das diferenças milimétricas, manter-se no topo é uma tarefa hercúlea. E se calhar, é mais do piloto do que do carro.


Agora a seguir, temos dia de corrida. E tudo indica que não será em seco... se fosse, o neerlandês teria as duas mãos na taça. 

Formula 1: Gasly na Alpine, De Vries é piloto da Alpha Tauri


Mais duas peças do puzzle da Formula 1 encaixaram-se esta madrugada no Japão. A Alpine anunciou que o francês Pierre Gasly será seu piloto em 2023, ao lado de Esteban Ocon, numa dupla cem por cento francesa, enquanto na Alpha Tauri, o neerlandês Nyck de Vries será seu piloto, correndo ao lado do japonês Yuki Tsunoda.

No caso de Gasly, o piloto tinha assinado no mês de Junho um contrato que o vinculava à AlphaTauri até ao final de 2023, mas voltou a integrar os rumores em torno do mercado de pilotos após o surpreendente anúncio da ida de Fernando Alonso para a Aston Martin, algumas semanas mais tarde, e a sequente confusão em torno do nome de Oscar Piastri, que ao ser anunciado como seu substituto, deu o dito por não dito e foi para a McLaren assinar um contrato como piloto titular.

Estou muito feliz por me juntar à família Alpine e começar este novo capítulo na minha carreira na Formula 1”, começou por dizer Gasly. “Dirigir para uma equipa que tem raízes francesas é algo muito especial. Conheço os pontos fortes da Alpine, tendo competido contra eles nos últimos dois anos e, claramente, seu progresso e ambição são muito impressionantes.

Curiosamente, a Alpine e a Renault, a encarnação anterior desta equipa, não tinha uma dupla cem por cento francesa a correr dentro deles desde... 1982, altura em que Alain Prost e René Arnoux correram juntos. Ambos correrão por mais duas temporadas juntos, pois o contrato de Ocon termina no final de 2024.


Ele ainda teve tempo para agradecer à Red Bull pela longa parceria que tiveram juntos.  

Gostaria de agradecer à Red Bull, pois isso marca o fim de nossa jornada de nove anos juntos”, acrescentou Gasly. “É graças à confiança e apoio deles que me tornei piloto de Fórmula 1, e o que conquistamos com a Scuderia AlphaTauri nos últimos anos foi muito especial. Olhando para o futuro, quero dar o máximo e utilizar toda a minha experiência para lutar por pódios e, finalmente, contribuir para a luta da Alpine por campeonatos no futuro.

Do lado da equipa, o anúncio foi feito pelo CEO do Grupo Renault, Luca de Meo, que esteve presente em Suzuka este fim de semana, e ali, deixou claro que a mudança para uma formação patriótica com dois pilotos da mesma região da principal empresa alpina não é por acaso.

Estamos orgulhosos de apresentar uma linha de pilotos totalmente francesa a partir de 2023”, disse De Meo. “Ambos levarão a equipa e o grupo adiante e, espero, podemos nos tornar um símbolo de orgulho para a França”, concluiu.

A confirmação final de Gasly é também um momento de grande alívio por parte do chefe da equipa da Alpine, Otmar Szafnauer, já que enfrentaram algumas críticas ao longo do verão por terem perdido Fernando Alonso e Oscar Piastri. Ele vê Gasly como uma parte fundamental do futuro da equipa.

Ele já é um talento comprovado na Formula 1 e estamos ansiosos para aproveitar isso na equipa”, disse Szafnauer. “Nossa equipa tem vários objetivos para as próximas temporadas e acredito firmemente que nossa dupla de pilotos é um grande reflexo das altas ambições desta equipa. Acredito que Pierre e Esteban podem, juntos, motivar a equipa a continuar seu progresso em direção a esses objetivos. Também gostaríamos de agradecer à Red Bull por concordar com os termos para permitir que Pierre dê esse passo.”, concluiu.


Já no caso de De Vries, o neerlandês de 27 anos, campeão da Fórmula 2 em 2019 e da Fórmula E em 2021, foi a escolha possível, depois da inicial, o americano Colton Herta, não poder ir porque não tinha os pontos necessários para a obtenção da Super Licença. A sua cotação - e as suas chances - subiram em flecha depois da sua estreia no GP de Itália deste ano, pela Williams, substituindo um adoentado Alexander Albon, conseguindo um nono posto e um excelente desempenho nessa prova. 

Estou extremamente empolgado por me juntar à Scuderia AlphaTauri em 2023”, começou por dizer De Vries, “e quero agradecer à Red Bull e à equipa por me dar a oportunidade de pilotar na Formula 1. Depois da Formula 2, tomei um caminho um pouco diferente com o automobilismo, mas a Formula 1 sempre foi meu sonho e sou grato por poder realizá-lo. Tive muitas chances de experimentar o carro de 2022 este ano e acho que isso me colocou em uma ótima posição para a próxima temporada, espero que isso tenha ajudado a me preparar para o que está por vir.", prosseguiu.

"Tendo passado a maior parte da minha adolescência na Itália no kart, sempre me senti em casa lá, então para mim é ótimo me juntar a uma equipe italiana, que já tem uma sensação de família real, e estou ansioso para conhecer todos e começar a construir nosso relacionamento antes da próxima temporada”, concluiu.

No lado da Alpha Tauri, Franz Tost agradeceu a Gasly pela sua colaboração, reconhecendo o seu sucesso na equipa, e agora espera que com De Vries, a parceria também seja de sucesso. 

A Scuderia AlphaTauri teve um período bem-sucedido com Pierre”, disse o chefe da AlphaTauri, Franz Tost. “Nunca esqueceremos sua fantástica vitória em Monza e seus pódios no Brasil e no Azerbaijão. Quero agradecer a Pierre por todo o esforço e dedicação que ele colocou na equipa nos últimos anos e desejo a ele tudo de melhor para seu futuro.", continuou.

Agora, temos o prazer de iniciar um novo capítulo com Nyck, que é muito bem-vindo na Scuderia AlphaTauri. Ele é um piloto muito habilidoso, pois venceu em todas as categorias em que competiu, com muitas corridas e campeonatos em seu currículo. Seu último grande sucesso foi vencer o Campeonato Mundial de Fórmula E, e isso é uma evidência clara de que ele é um piloto muito competitivo, que merece uma vaga na Formula 1. Estou ansioso para vê-lo em nosso carro e estou confiante de que com Yuki e Nyck teremos uma formação de pilotos muito forte para 2023.”, concluiu.


Como curiosidade, caso receba luz verde para se estrear aos comandos de um carro da AlphaTauri no teste pós-Grande Prémio de Abu Dhabi, no final desta temporada, De Vries atingirá um registo invejável: o de conduzir cinco carros de Fórmula 1 diferentes ao longo de 2022, uma vez que, para além da Williams e da Alpine, na sessão de testes de avaliação em Budapeste, no mês passado, participou em sessões de treinos livres com a Mercedes, no GP de França, e a Aston Martin, no GP de Itália, horas antes de se estrear a valer pela Williams.

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Youtube Formula 1 Vídeo: A corrida para a Perfeição, episódio sete

Neste último episódio da série estreada pela Sky em 2020, o título é "Trailblazers", ou seja, os desbravadores. E neste episódio falam-se de três pessoas obcecadas com a perfeição e com o sucesso. O primeiro deles todos é Colin Chapman, a alma por trás da Team Lotus, que mostrou ao muito muitas inovações, especialmente na aerodinâmica, nos anos 60 e 70. 

A segunda personagem é Frank Williams, alguém que em 1969 montou a sua equipa de Formula 1 e que demorou 10 anos para chegar ao sucesso, tendo a seu lado personagens como Patrick Head ou Alan Jones. Mas também se fala de outra personagem que ajudou muito e não é falado: Virginia Williams, ou "Ginny", que acreditou no sonho dele, e que esteve a seu lado quando sofreu um acidente que quase o matou em 1986, mas que o deixou paralisado do pescoço para baixo. Ginny morreu em 2016, depois de uma longa luta contra um cancro.

A terceira personagem é Ron Dennis, alguém que como Frank Williams, estava obcecado com o sucesso e com o "realizar coisas", e um dia, em 1980, propôs a John Hogan, da Marlboro, para que comprasse metade da McLaren, que estava com dificuldades em se adaptar aos novos tempos. E quando lá chegou, tinha um plano para colocar a equipa de volta ao topo.

WRC: Oliver Solberg não fica na Hyundai


Se a Toyota pode ter acertado com Kalle Rovanpera, a Hyundai tentou o mesmo com o sueco Oliver Solberg. Contudo, o filho de Petter Solberg, de 21 anos, apesar de um meritório quarto posto no Rally de Ypres, não ficará na Hyundai no final da temporada, afirmando que, apesar do potencial, a sua inconsistência acabou por ser determinante para a sua continuidade na equipa coreana.

"Para ter maior performances mais consistentes, a Hyundai Motorsport demonstra intenções de ter um trio de equipas experiente para 2023", afirmou a equipa, não revelando para já quem fará parte do "line up" para a próxima temporada. Há especulações sobre o futuro de Ott Tanak, e o único que aparenta ter lugar garantido é Thierry Neuville.

Como aconteceu com Rovanpera, Solberg Jr chegou aos ralis com 18 anos, depois de ter conseguido o título de ralis da Letónia e o vice-campeonato da Estónia. Segundo classificado no Europeu de ralis de 2020, em 2021 começou a andar num Rally1 a tempo parcial, conseguindo como melhor resultado um quinto lugar no rali de Monza. Os resultados melhoraram em 2022, mas a sua inconsistência e o facto de andar sempre atrás de Tanak, Neuville e até Dani Sordo, demonstraram que ele não conta nos planos futuros da equipa com sede em Alzenau.


Noticias: Tsunoda confessa "sonho tornado realidade" em Suzuka


Pela primeira vez desde 2014, a Formula 1 chega ao Japão com um piloto local no pelotão. E Yuki Tsunoda, o piloto da Alpha Tauri, era um piloto feliz por andar por lá, porque foi ali que começou a andar em monolugares, nos carros da Formula 4 local, ainda em 2016. Seis anos depois, com os carros de Formula 1, ele sabe que é um sonho concretizado e quer disfrutar desse momento, apesar da sexta-feira chuvosa.   

É um sonho tornado realidade”, começou por explicar Tsunoda. “Saí da box no treino livre, a primeira volta, apenas me senti emocionado. Especialmente na segunda curva, quando entrei na curva 2 na volta de saída, eu estava lá há quatro ou cinco anos. Por isso, definitivamente gostei, não senti pressão ou algo do género, apenas desfrutei do dia”, continuou.

Apesar de, por fim, correr em casa, o piloto da Alpha Tauri tentou não ficar desconcentrado com esse facto. “Tentei não me sentir demasiado excitado, mas especialmente fora do carro, estou a começar a sentir mais adrenalina, mais energia. Por vezes, esses sentimentos ajudam, mas outras vezes podem ser demasiado”, assinalou.

Quanto a sábado, não faz ideia se as coisas que fez hoje servirão de algo, já que a qualificação irá acontecer em piso seco. 

Youtube Electric Car Vídeo: Conheçam o Microlino, o mini-carro do século XXI

Os mais velhos lembram-se do BMW-Isetta, o micro-carro dos anos 50 que foi popular nas estradas europeias. Pois bem, o Microlino é o concento do microcarro elétrico aplicado ao século XXI. Feito para as ruas europeias, o carro poderá ter uma autonomia de até 300 quilómetros e é mesmo pequeno e confortável, com a porta a ser... a parte da frente!

E então foi por isso que o pessoal do Fully Charged foi a Turim, onde está a fábrica do Microlino, para assistir à construção das primeiras unidades - eles esperam construir as primeiras mil até ao final do ano - e claro, foram experimentar esse carrito na estrada. E não fica mau de todo!

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

A imagem do dia

Passou-me despercebido, mas falo na mesma, porque falamos de um piloto que marcou o seu tempo na história. Afinal de contas, é o primeiro piloto da Ferrari a ganhar um Grande Prémio de Formula 1! 

Chamavam-no "O Touro das Pampas", ou "El Cabezon". Onze anos mais novo que Juan Manuel Fangio, nascera em Arrecifes e parecia ser mais velho que aparentava. E era apenas ele e Roberto Miéres que chamavam a ele o seu apelido mais querido: "Pepe".  

Começou a correr em 1945 no Turismo Carrera argentino, mas no final da década, juntamente com Fangio, e os irmãos Gálvez - Juan e Oscar Alfredo - foram para a Europa. Apenas Fangio e Froilan lá ficaram. "El Chueco" andava pela Alfa Romeo, enquanto "El Cabezon" foi para a Ferrari, apesar de correrem juntos nas 24 horas de Le Mans de 1950, ao volante de um... Talbot-Lago. Não chegaram ao fim.

Mas se todos falam do dia 14 de julho de 1951, onde por fim, a Alfa Romeo fora batida pelas máquinas de Enzo Ferrari, falar do dia 17 de julho de 1954 também vale a pena. Segundo na grelha, atrás do seu amigo Fangio, corrida numa Ferrari contra as imbatíveis Mercedes, que tinham ganho sem problemas na corrida anterior, o GP de França, em Reims.

Todos esperavam que iriam ver mais do mesmo, apesar da Maserati contar com nove carros na grelha, por exemplo. Gonzalez largou na frente, com Fangio atrás, mas cedo o piloto da Mercedes teve problemas porque o seu chassis era largo demais e batia nos barris de combustível que serviam de limitador. E crescentemente, Fangio ficava para trás, superado por Mike Hawthorn, e depois, pelo melhor dos Maseratis, guiado por um compatriota seu: Onofre Marimon, que tinha saído... da 28ª posição. Até aos dias de hoje, é o pódio alcançado a partir do lugar da partida mais baixo de sempre.

No final, O Touro das Pampas, como em 1951, tinha batidos os favoritos e triunfado. E em muitos aspetos, estas vitórias conseguidas contra todas as probabilidades, fizeram dele imensamente popular quer em Itália, quer no Reino Unido. Jackie Stewart, quando foi correr na Argentina em 1972, disse que uma das primeiras coisas que queria fazer era conseguir um autógrafo de Froilan Gonzalez. E até morrer, em junho de 2013, aos 90 anos, ele disse que o seu triunfo de 1951 foi a que lhe deu maior prazer. Maior do que, por exemplo, a sua vitória em Le Mans, conseguida umas semanas antes, ao lado de Maurice Trintignant. A primeira de um argentino.     

Froilan Gonzalez, o Touro das Pampas, nasceu fez ontem cem anos. 

Formula 1 Vídeo: A corrida para a Perfeição, sexto episódio

Neste sexto episódio da série que passou em 2020 no canal Sky, fala-se sobre duas equipas míticas, entre as marcantes da história da Formula 1: Ferrari e Brabham. 

Na primeira, pilotos como Mike Hawthorn, Niki Lauda, Jody Scheckter, Gilles Billeneue e Michael Schumacher, que deram títulos à Scuderia, para além de gente como Luca de Montexemolo e Ross Brawn.

No caso da segunda equipa, fala-se do seu fundador, Jack Brabham, e depois de gente como Gordon Murray, Ron Tauranac, Bernie Ecclestone, Nelson Piquet e o próprio Lauda. 

Uma história sobre Kalle Rovanpera


Esapekka Lappi é piloto da Toyota, que faz este ano um programa parcial, pois partilha o carro de Sebastien Ogier. Agora que a sua temporada "acabou" - o francês decidiu fazer as três últimas provas do WRC deste ano - e assistiu à consagração do seu companheiro de equipa, Kalle Rovanpera, decidiu contar um episódio de há uns anos para mostrar que o talento estava lá muito antes dos outros repararem nele.

Há dez anos, o Kalle guiou um Fiesta 4X4 que era meu, e tentei ensiná-lo. O problema era que eu não conseguia ensinar-lhe nada. Naquela altura, eu disse à minha esposa que estamos lixados. E eu não estava errado…” começou por dizer Lappi ao Motorsport.com.

Quanto ao campeonato ganho por ele e o impacto que ele causou no WRC, ele afirma que a sua chegada é uma lufada de ar fresco e que isto iria acontecer, mais cedo ou mais tarde.

Não foi uma surpresa. Eu conheço-o há alguns anos e sabia que este dia chegaria, mais cedo ou mais tarde. Não são só os adeptos que sentem que o Kalle é um piloto incrível. A maioria dos pilotos pensa o mesmo”, disse. “É exatamente o que os ralis precisam, heróis como o Kalle. Espero que seja exatamente isso que vai acontecer”.

Rovanpera, que completou 22 anos no passado dia 1, triunfou em seis provas do campeonato de 2022, antes de se tornar no piloto mais novo de sempre a conquistar o campeonato, batendo em cinco anos o recorde que era do escocês Colin McRae, alcançado em 1995. 

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Youtube Television Vídeo: O rescaldo da aventura nórdica

Dias depois da Amazon Prime ter mostrado o seu mais recente episódio com estas três personagens, com o cenário do norte Ártico, em pleno inverno, os Três Estarolas - Jeremy Clarkson, James May e Richard Hammond - juntaram-se para um rescaldo do que foi essa abentura nórdica com os carros que escolheram dois deles variantes de grandes carros de ralis do final do século XX e inicio do século XXI... e um que não foi e não irá ser. 

O mais interessante é que neste vídeo, não podemos ver o terceiro membro, mas podemos ouvir. 

No Nobres do Grid deste mês...


Nascido a 26 de fevereiro de 1908 em Paris, era filho de um jornalista do Petit Parisien, que era um apaixonado pelo automobilismo. Cedo ficou também com o bichinho e aos 22 anos, em 1930, arranjou um Bugatti e foi correr no GP de Pau, no sul do país. No ano seguinte, terminou em segundo no rali de Monte Carlo, a bordo de um Lorraine, e em 1932, conseguiu as suas primeiras vitórias relevantes, ao triunfar no GP da Lorraine, a bordo de um Bugatti Type 51, repetindo depois no GP de Oran. Em 1933, triunfa na rampa Nice-La Turbie, num Alfa Romeo 8C 2300, e em 1934, o GP da Argélia, num Bugatti Type 59. (...)

(...) Com a Ocupação e a divsão da França em duas, com o governo petanista em Vichy, há quem pense em resistir ao invasor, especialmente quando existe um grupo de franceses, a França Livre, comandada pelo general Charles de Gaulle, que apela à resistência a partir dos microfones da BBC, em Londres. No final de 1940, Winston Churchill decide criar a Special Operations Executive, com o objetivo de “pegar a Europa em fogo”, não só através de ações de sabotagem contra elementos do exército nazi, como também vigiar as movimentações alemãs, tantando estar a par das suas intenções. E para além disso, algumas ações de sabotagem económica contra fábricas, barragens e linhas de elecricidade são feitas no sentido de dificultar a vida dos alemães. Para isso, criam-se redes de comunicação, que reportam a Londres, através de aparelhos, e para garantir que eles estariam sempre em movimento, seriam frequentemente evacuados para o outro lado do canal da Mancha, onde se atualizariam em ações de sabotagem, por exemplo.

A rede “Chesnut” tinha sido montado por Robert Benoist e William Grover-Williams, que tinha como sede Paris e o norte de França, onde essencialmente recrutariam mais gente e recolhiam informações, para além de algumas ações de sabotagem, especialmente na região de Nantes. Entre os recrutados para a rede, Wimille foi um deles, que recruta também a sua mulher, Christiane de la Fressange, uma antiga esquiadora profissional e de origem nobre. Eles julgam que as suas origens mais abastadas possam evitar que estejam debaixo de olho dos alemães. 

Mas não é isso que acontece. Especialmente na primavera de 1944. (...)

Jean-Pierre Wimille foi um dos pilotos mais interessantes e mais versáteis de entre guerras. O piloto da Bugatti, vencedor por duas vezes das 24 Horas de Le Mans, pela Bugatti, quando a França foi derrotada na primavera de 1940 e é dividida em duas, decide colaborar com a Resistência, as Forças Francesas Livres do General Charles de Gaulle. Ao mesmo tempo, é criado em Londres o Special Operations Executive, uma força desenhada para recolher informações e desencadear ações de sabotagem atrás das linhas do inimigo, com resultados diversos. 

Uma das redes criadas é a "Chesnut" que tem Jean-Pierre Wimille, então a colaborar com a Bugatti, e outros dois antigos pilotos: o seu compatriota Robert Benoist, que correu a seu lado na primeira vitória em Le Mans, em 1937, e o britânico William Grover "Williams", o primeiro vencedor do GP do Mónaco, em 1929. os três, apenas Wimille escapa da captura pelos alemães... mas é por muito pouco, em julho de 1944, a poucas semanas da libertação de Paris pelos Aliados. 

Sobre isso, existe um excelente livro, "Grand Prix Saboteurs", do britânico Joe Saward.

E sobre a vida e os feitos de Jean-Pierre Wimille, que muitos consideram que poderia ter sido o primeiro campeão do mundo francês, falo neste mês no Nobres do Grid.

Youtube Formula 1 Vídeo: As voltas finais do GP do Mónaco de 1982

As voltas finais do GP do Mónaco de 1982 entraram na história da Formula 1 como uma das mais confusas de sempre. E quando tudo indicava que as coisas iam no sentido contrário, ou seja, estava a ser um aborrecimento sob rodas, devido a liderança dominante de Alain Prost, no seu Renault. 

E tudo por causa de uma ligeira chuva que caiu nas voltas finais no Principado...

É um vídeo pequeno, mas é narrado pelo Josh Revell, logo, será algo interessante de se ver.

terça-feira, 4 de outubro de 2022

A imagem do dia


Denny Hulme e Alan Jones descendo o The Dip nas Bathurst 1000 de 1989, ao volante de um Ford Sierra Cosworth 500. Acabaram na quinta posição, e é uma das raras ocasiões onde dois antigos campeões do mundo de Formula 1 correram juntos na mítica pista australiana.

Há precisamente 30 anos, o mundo via uns encharcados Bathurst 1000, mas também, sem saber, se despedia de uma lenda das pistas. A bordo de um BMW privado, patrocinado pela Benson & Hedges, Denny Hulme, então com 56 anos, estava na sua segunda vida como piloto, depois de 18 anos antes, ter pendurado o capacete no seu McLaren M23 de Formula 1.

Tinha-se retirado para a Nova Zelândia, mas o seu estilo inquieto não o deixou ficar por muito tempo. Desde o meio da década de 80 que se mete nos Turismos, quer na Grã-Bretanha, onde triunfa em Silverstone, ao volante de um Sierra Cosworth da Tom Walkinshaw Racing, em 1986, quando o piloto tinha... 50 anos. E em 1991, ele tinha conseguido o quarto lugar no Bathurst 1000, no mesmo BMW M3, ao lado de Peter Fitzgerald, dois anos depois de ter acabado em quinto na mesma prova, ao lado de Peter Longhurst e Alan Jones, outro campeão do mundo de Formula 1, num Ford Sierra 500.

Mas estes triunfos e a segunda vida do velho "Urso", ficaram marcados por uma perda pessoal. No dia de Natal de 1988, Dennis divertia-se num barco com o seu filho Martin Clive, então com 21 anos. A relação entre pai e filho era boa, sempre se gostaram um ao outro, embora não tivesse o gosto do automobilismo que o pai. Contudo, nessa tarde, acontece um acidente e Martin acaba por morrer afogado. Apesar da vida continuar, e de ele não deixar de ser competitivo, especialmente na Austrália - entretanto, metera-se nas corridas de camiões - naquele 4 de outubro de 1992, Denny Hulme queixa-se um pouco de tudo: do tempo, do carro, das entradas do Pace Car por causa dos acidentes que aconteciam no Mount Panorama, por ser perigoso.

E depois, queixa-se de que está a ver mal e quer ir às boxes. Eles ouvem, mas quando está a descer a mítica Conrod Straight, a caminho das boxes, ele vai de um lado para o outro da pista, parando sem bater em nada. Quando os socorristas chegam, encontram-no agarrado ao cinto, mas morto, vítima de um ataque cardíaco. 

Depois do choque, a família conta o resto da história: quando está em casa, passa as tardes no cemitério, ao lado da campa do seu filho. Ele, filho de um veterano de guerra, um dos poucos recipientes da Victória Cross, a mais prestigiada condecoração do império britânico, morreu porque o seu coração estava partido há muito, por ter passado por aquilo que nenhum pai quer passar.    

Youtube Formula 1 Vídeo: As comunicações de Singapura

Depois de duas semanas de ausência, a Formula 1 regressou em paragens asiáticas, para um lugar onde não estava desde 2019: Singapura. E no fim de semana onde Sérgio Pérez conseguiu ser melhor - ou se preferirem, ganhou o Red Bull errado - eis as comunicações do fim de semana naquela cidade-estado. 

Formula E: Buemi é piloto da Envision Racing


O suíço Sebastien Buemi, um dos pilotos originais da Formula E, será piloto da Envision Racing a partir de 2022-23. A apresentação foi feita hoje e o piloto de 34 anos terá como companheiro de equipa o britânico Nick Cassidy.

"É uma altura interessante para fazer parte da Fórmula E e mal posso esperar para começar a pilotar para a Envision Racing na próxima temporada. Sempre tive um enorme respeito pela equipa, e acredito que fizeram um grande trabalho na maximização dos resultados ao longo dos anos”, começou por dizer Buemi. “A nova era Gen3 é extremamente importante para a disciplina e apresenta um novo desafio, com um carro mais rápido, mais leve e mais potente. O meu objetivo é lutar na frente do pelotão, por isso estou ansioso por começar a testar e a preparar-me antes da primeira corrida na Cidade do México”, concluiu.

O Director Executivo da equipa, Sylvain Filippi, afirmou que: “Como equipa, o nosso objetivo é sermos sempre tão competitivos quanto possível. Com Sébastien estamos confiantes de que temos um dos pilotos mais rápidos, experientes e ambiciosos da grelha, o que nos dá grande confiança para entrarmos na nova temporada. Acreditamos que, juntamente com Nick Cassidy, temos dois pilotos que nos podem ajudar a competir na frente da grelha e a desafiar tanto os títulos por equipas como de pilotos na próxima época”.

Buemi é um dos pilotos mais consagrados na história da competição elétrica. Campeão em 2015, Buemi é um dos pilotos de maior sucesso na grelha da Fórmula E com 13 vitórias em E-Prix, 29 pódios e 14 pole positions. Para além das suas conquistas ao volante de um carro de Fórmula E, Buemi tem 55 corridas de Formula 1 entre 2009 e 2011, pela Toro Rosso, e alcançou quatro vitórias nas 24 Horas de Le Mans, todas ao serviço da Toyota, a última das quais em 2022.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Noticias: Fim de semana japonês pode ser chuvoso


O fim de semana japonês poderá ser nublado e com possibilidades de chuva. É o que se prevê em termos de tempo. As temperaturas serão outonais, na ordem dos 18 a 23 graus, e se na sexta-feira, a chuva será rei e senhor, com mais de 60 por cento de chances, no sábado, a nebulosidade será grande, mas as chances de chuva diminuirão para 40 por cento. 

Já para domingo, a temperatura baixará para 18 graus e as chances de chuva aumentarão para 60 por cento, desconhecendo-se por agora se a pluviosidade será intensa ou não à hora da corrida. E por agora, também não estão previstas a chegada de qualquer tufão para a região de Mie, no centro da ilha de Honshu, a maior do arquipélago japonês.   

Endurance: Cadillac anunciou pilotos para o WEC


A Cadillac irá inscrever um carro para a temporada completa do WEC em 2023, e os pilotos escolhidos foram o neozelandês Earl Bamber e os britânicos Alex Lynn e Richard Westbrook. O carro, inscrito pela Chip Ganassi Racing, correrá na classe Hypercar e estará nas 24 Horas de Le Mans, em junho do ano que vêm. 

Para além disso, o carro alinhará em janeiro nas 24 Horas de Daytona, com mais dois carros, outro da Chip Ganassi e um terceiro, inscrito pela JDC-Miller Motorsports, mas que alinharão apenas na IMSA.

O campeonato do mundo de 2023 começará em Março em Sebring, com passagens por Portimão, Spa-Francochamps, Monza, Fuji e Bahrein.

Youtube Formula 1 Vídeo: The Race to Perfection, episódio 5

No quinto episodio do documentário sobre a história da Formula 1, feita pela Sky, falam-se sobre os momentos controversos da história da competição, especialmente o GP do Japão de 1989, a briga entre Ayrton Senna e Alain Prost, com o envolvimento do então presidente da FIA, Jean-Marie Balestre

Também no episódio se fala do final do campeonato de 1994, em Adelaide, entre Michael Schumacher e Damon Hill, cujo resultado foi semelhante ao de 1989, com uma colisão entre ambos os pilotos, e o mesmo desfecho aconteceu com o piloto alemão três anos mais tarde, em Jerez, mas Schumacher foi contra Jacques Villeneuve.

domingo, 2 de outubro de 2022

A(s) image(ns) do dia (III)



Hoje poderia ter acontecido um triunfo na Fórmula 1, mas não aconteceu. Contudo, hoje, mas há 45 anos e noutro lado do mundo, em Waktins Glen, Niki Lauda comemorava o seu bicampeonato, da forma mais pragmática possível: ao conseguir os três pontos do quarto lugar, tinha encerrado as contas de forma matemática. Numa corrida onde o vencedor tinha sido James Hunt, no seu McLaren M26.

De facto, Hunt dominou o fim de semana: fez a pole, e apesar de ter perdido o comando para Hans-Joachim Stuck, regressou ao comando na volta 15, quando o alemão da Brabham se acidentou, para não largar mais, mesmo com a pressão de Mário Andretti nas voltas finais.

E a corrida aconteceu mesmo na melhor altura. De uma certa forma, este foi o dia de consagração para o austríaco. Ele, que um ano e dois meses antes, quase morrera no GP da Alemanha, no Norsschleife. Toda a gente o tinha visto no seu regresso, em Monza, 40 dias depois do seu acidente, entre o espantado e o petrificado, e como ele lutou pelo título, até ao momento em que desistiu voluntariamente em Fuji, afirmando alfo que ficou na memória: "A minha vida vale mais que um título mundial". 

Em 1977, Lauda foi totalmente pragmático. Com gente a falar à boca cheia de que tinha perdido a sua velocidade e sua agressividade, ele respondeu em pista. Triunfou em Kyalami, depois em Hockemheim e  Zandvoort, mas pelo meio, tinha conseguido mais seis pódios e apenas duas desistências, em Jarama e Anderstorp, sinal de que o carro era resistente. Tanto que, quando Lauda triunfou em paragens neerlandesas, tinha já 21 pontos. E claro, a três corridas do final, ele já era campeão. 

E foi ali que atacou forte e feio, quando aproveitou o fim de semana italiano para afirmar que será piloto da Brabham em 1978, sem avisar alguém. Ele sabia que Ferrari queria alguém no seu lugar, e estava interessado em Gilles Villeneuve e tinha ficado com ele, alegando que também tinham apostado num desconhecido, na figura de Lauda. Este já sabia que não iria ficar por muito tempo e muito pragmaticamente, resolveu a sua vida. 

Mas já sabem... há muitos que se julgam ser a pessoa mais esperta da sala. Nem sempre. Lauda foi dos poucos que conseguiu tirar o tapete ao Commendatore. É mais uma razão para admiração, também. 

A(s) image(ns) do dia (II)



Parece que Miguel Oliveira adora correr no molhado. Para uma moto que não é boa em relação a gente como Jack Miller ou Fábio Quatararo, quando chega a corridas com chuva, no Sudeste Asiático, ele consegue engrandecer, passar a concorrência e acabar a proba no primeiro lugar, para depois ouvirmos "A Portuguesa" pela segunda ocasião na temporada e a quinta na MotoGP. 

E porquê digo isto? Bom, foi assim que ele triunfou no GP da Indonésia, no início do ano. Hoje, foi quase igual. Aliás, ele mesmo disse isso, no final da prova:

Foi uma corrida longa, mas não se posso queixar. Sempre que temos hipótese de correr à chuva, sou sempre muito rápido, e, quando começou a chover, tive flashbacks da Indonésia. Tentei manter os pés na terra, ter um bom arranque, não cometer erros, levar a moto até ao fim. Muito feliz com esta vitória de final de época, embora seja nas condições que preferimos, mas aceito uma vitória em qualquer condição”, disse.

Claro, depois de comemorarmos a vitória, e assentada a poeira, podemos pensar "onde é que este piloto anda nas corridas a seco?". A resposta é relativamente simples: a máquina não colabora, pelo menos em relação à Yamaha, à Aprilia ou à Ducati. Tirando estas vitórias, o melhor que teve foram dois quintos lugares em Portimão e Motegi. Isso, aliado com a saga da saida da KTM no final da temporada, depois de eles o terem pedido para que "regressasse" à Tech3, que recebeu como se fosse um insulto, e a seguir, a saga de onde é que iria correr em 2023. No final, irá correr com um Aprillia, pela RNF, que este ano corre com Yamahas, com Darryn Binder e o veterano Andrea Dovizioso.

Resta saber como ele terminará a temporada. Espero que seja em alta, que merece, depois dos maus momentos. 

A imagem do dia


Demorou 20 anos, mas aconteceu. E da última vez que aconteceu, o campeão andava de fraldas e o seu pai competia. Estávamos em 2002 e Marcus Gronholm tornava-se campeão num Peugeot 206 WRC. Sebastien Loeb era "uma jovem esperança dos ralis" e já tinha triunfado, uns tempos antes, e um dos companheiros de equipa do Gronholm campeão era um... Harri Rovanperä. Que naquela temporada tinha conseguido quatro segundos lugares e o sétimo lugar no campeonato, com 30 pontos.

De 2002 a 2022, os franceses ficaram com quase tudo. Tirando os títulos solitários de Petter Solberg e Ott Tanak, o Mundial de ralis foi um feudo francês, especialmente, se o teu primeiro nome for "Sebastião". Loeb, primeiro, Ogier, depois, foram pilotos muito bons, bem acima de qualquer suspeita, em qualquer carro, em qualquer tipo de superfície. Seja neve, terra ou asfalto. 

Os finlandeses tentaram, isso não tenho dúvidas. Tiveram pilotos como Mikko Hirvonen, Jari-Matti Latvala e Juho Haninen, entre outros, mas todas as suas tentativas foram bloqueadas pelos franceses, bem melhores que eles. Confesso ter tido alguma pena de Hirvonen, que merecia pelo menos um título. Latvala tinha mais dias de "lata na vala" - o seu fim no rali de Portugal de 2009 foi arrepiante - mas também mostrou que era um bom piloto, capaz de alcançar títulos, se fosse menos impetuoso.

E no meio disto tudo, um rapaz era preparado para andar num carro de ralis. Quem viu o vídeo dele, no final de 2008, num lago de gelo, ao volante de um Toyota Startlet azul, a controlar o carro, notava-se que estava a ser preparado para algo grande. A sua vida já tinha sido desenhada desde então. O resto, viu-se: desde os 15 anos andava em carros de ralis na Letónia, e aos 17 anos, recebeu uma licença especial do WRC para poder competir em ralis. Estava mais que preparado, e todos só queriam saber como seria perante os tubarões do WRC, alguns quase o dobro da sua idade. E Loeb, que já está na sua fase descendente, até correu com o seu pai.

A Toyota ajudou muito nisso. Eles sabiam do seu potencial, e com a equipa a ser montada na Finlândia, com gente como Tommi Makinen e Jari-Matti Latvala, Rovanpera cresceu sem queimar etapas. O primeiro rali com um WRC puro foi no Rali de Monte Carlo de 2020, mas logo na proba seguinte, na Suécia, acabou em terceiro. Ou seja, aos 19 anos, e no seu segundo rali com este carro, acabou no pódio. E ano e meio depois, na Estónia, conseguiu bater o recorde de Latvala em dois anos. 

Em suma: era tudo uma questão de tempo.

E agora fazemos a grande pergunta: este é o primeiro de quantos? Quando pensamos que Ogier tem 39 anos e Loeb 48, com capacidade de triunfar num bom carro - aliás, a vitória de Loeb no Monte Carlo, no início do ano é a mais velha de sempre de um piloto - pergunto-me quantos títulos é que ele irá querer. E se quer experimentar outras categorias de automobilismo como a Endurance ou os GT's. 

É essa a minha grande pergunta. Porque de resto, ele pode estar a caminho de conseguir todos os recordes do WRC.  

Formula 1 2022 - Ronda 17, Singapura (Corrida)


Dia de corrida, e muitos olharam para Singapura como o local do primeiro "match point" do campeonato, ou seja, todos esperavam que Max Verstappen não tivesse um bom dia para terem uma chance de lutar pelo título noutras pistas, a partir de Suzuka, no Japão, por exemplo. O oitavo posto na grelha na qualificação de ontem pode ter sido uma centelha de esperança para eles, especialmente a Ferrari, e muitos tinham dito que esta é uma pista favorável aos carros de Maranello. 

Mas também disseram que não há muitos mais sítios onde os carros da Ferrari podem ser melhores que os da Red Bull... ou seja, por muito que se torçam contra os energéticos, até os mais entusiastas admitem que Max já tem o título - ou o bicampeonato - na mão. 

Antes da partida, o estado da pista fez com que todos largaram de intermédios. A pista não estava para brincadeiras. E foi o suficiente para que a corrida se atrasasse em dez minutos em relação à hora da largada. 


A partida começou com Pérez a passar Leclerc e Sainz Jr, e ficar com a liderança. Max não largou bem, sendo conservador e caiu quatro posições, enquanto em simultâneo, o Aston Martin de Sebastian Vettel subiu de 13º para oitavo. Muitos dos pilotos queixavam-se de não ter aderência na pista.

Na volta 4, Pérez e Leclerc afastavam-se de Sainz Jr, pois ambos já tinham cinco segundos sobre o segundo piloto da Ferrari. Hamilton tentava aproximar-se do piloto espanhol, mas era complicado. E na volta 8, o Safety Car entraba na pista porque Zhou Guanyu tinha sido espremido contra a parede graças ao Williams de Nicholas Latifi. Mas se existiu alguém xangado com a manobra do canadiano, então, a sua retirada foi uma espécie de "justiça divina."

Não demorou muito até o regresso do Safety Car para as boxes, numa altura em que a pista começava a secar e os pilotos "caçavam" poças de água para arrefecer os pneus, tentando aguentar o mais que podiam na pista. E claro, havia já quem olhava para o relógio e temesse que eles não iriam acabar nas duas horas indicadas, com ou sem atrasos. 

E isso tudo só piorava quando o motor do carro de Fernando Alonso se apagou na volta 22, no setor 2, numa altura em que o piloto da Alpine era sexto. Mais uma altura do Safety Car, agora de forma virtual, para colocar o carro num lugar seguro. Foi a melhor altura para o George Russell calçar pneus slicks para tentar ver se consegue subir algumas posições, ele que estava encalhado lá no fundo do pelotão. Quando regressou, sentenciou: "não tenho aderência.

A corrida não parecia ter história, aparte as vezes em que os pilotos batiam no muro, como aconteceu com Alex Albon na volta 26, largando peças na pista. O suficiente para novo Safety Car virtual, e quando o tailandês chegou às boxes, foi o suficiente para abandonar, sendo a terceira retirada da corrida. Duas voltas depois, foi a vez de Esteban Ocon também parar de forma definitiva. A Alpine desaparece da pista neste domingo, e parece que será uma sorte se a corrida chegar à volta 50... apesar de a bandeira verde ter sido mostrada na volta 30.

Mas isso não impediu os acidentes. Como o de Hamilton, que não tendo aderência na travagem quando se aproximava de Sainx Jr, bateu no muro de proteção e danificou a asa, indo para as boxes. E pouco depois, na volta 36, o Alpha Tauri de Yuki Tsunoda estava no muro, sem poder sair. Altura dos pilotos da frente trocarem de pneus, colocando médios, para ver se conseguiam ir até ao limite de tempo sem mais paragens. 

Quando por fim recomeçou... mais sarilhos. Max queria passar Norris para ficar com o quarto posto, mas ele passou reto. A sua sorte é que não bateu em nada, mas caiu para oitavo e tinha os pneus "quadrados". Meteu moles, caiu para último, numa altura em que Russell tinha um furo e arrastava-se para as boxes. 

Por esta altura, toda a gente já sabia que não haveria corrida nas 61 voltas previstas e meteram o cronómetro, como costuma ser nas corridas da Formula E e de outras categorias ditas "menores" por algumas pessoas... nesta altura, Leclerc começava a aproximar-se de Pérez, que se queixava de problemas no seu carro, mas as coisas ainda eram favoráveis ao mexicano, ao ponto de fazer a volta mais rápida. E com os carros a completarem a volta 45, os pilotos iriam receber todos os pontos. Melhor que nada. 

Para piorar as coisas, havia a chance do mexicano ter, alegadamente, infringido regras do Safety Car, e a chance de ele poder ser penalizado em cinco segundos, entregando uma possível vitória a Leclerc. Assim sendo, acelerou fortemente para se afastar dele, porque tinha carro para isso, e quando faltava pouco mais de um minuto para tal, o mexicano lá chegou e ultrapassou esse limite. 

Foi mesmo a tempo: a corrida acabou na volta 59 das 61 previstas, e ainda antes de acabar, tivemos Hamilton a errar sob pressão de Max, quando lutavam... pelo oitavo posto. Ele ainda teve tempo para passar Vettel e ser sétimo, a sua posição final. 


Na bandeira de xadrez, depois de duas horas de "tortura", ganhou "o Red Bull errado" - mesmo assim parabéns ao Sergio Pérez - e a decisão do título foi para Suzuka, ainda por cima, com o monegasco a ganhar mais alguns pontos no campeonato. Para a Ferrari, o primeiro "match point" foi salvo, mas não foi por mérito próprio.  

WRC 2022 - Rali Da Nova Zelândia (Final)


Por fim, Kalle Rovanpera conseguiu o que queria: ao alcançar a bitória no Rali da Nova Zelândia, consegue, aos 22 anos e um dia, ser o mais jovem campeão do mundo de sempre, batendo por cinco anos o recorde que era de Colin McRae, alcançado em 1995. Foi um último dia onde andou a controlar a concorrência, conseguindo acabar na frente de Sebastien Ogier, a 34,6 segundos, e de Ott Tanak, a 48,5, demonstrando que aprendeu desde tenra idade a ser um mestre em qualquer tipo de superfície em ralis. Thierry Neuville foi o quarto, muito distante de todos eles, a 1.58,8.

Com quatro especiais para o final do rali, dupla passagem por Whitford Forest-Te Maraunga Waiho e Jacks Ridge, o dia começou com Rovanpera a ser o melhor, 0,6 segundos na frente de Sebastien Ogier e 1,4 sobre Ott Tanak, no seu Hyundai i20 Rally1. 

Kalle estava tranquilo nesta altura do rali: "Só tentei ter um ritmo normal e vamos ver o que podemos fazer à tarde. Nada de louco. Não estou realmente a forçar - só queria começar o dia com um pouco de condução e manter-me confortável.", afirmou.

Tanak ganhou na especial seguinte, 1,7 segundos na frente de Rovanpera e 4,1 sobre Sebastien Ogier, basicamente estabilizando tudo na geral. Ogier ganhou depois na terceira especial do dia, com 0,8 segundos sobre Kalle e 2,6 sobe Tanak.


Na Power Stage, Kalle conseguiu ganhar, com uma vantagem de 0,6 segundos sobre Tanak, com Ogier a 3,4 e Olivier Solberg a 3,6. História tinha sido escrita, e o filho de Harri Rovanpera comemorava algo que se tinha preparado toda a sua vida. 

"É um grande alívio depois de uma temporada tão boa e finalmente estamos aqui! Foi uma pequena espera depois de alguns ralis difíceis, mas o maior agradecimento vai para a equipa - eles este ano fizeram este foguete. Mesmo depois de alguns ralis difíceis, eles continuavam acreditando em nós e nos dando todo o apoio.", contou.

Ogier estava feliz com o seu resultado, mas sobretudo, felicitava o vencedor pelo feito que tinha acabado de alcançar. "Estou feliz com o meu rali e foi um bom regresso ao fim de três meses. Obviamente, Kalle fez ainda melhor [que eu] e agora cruzo os dedos para que estes últimos seis quilómetros [até ao parque fechado] corram bem para ele. Como disse, estamos a testemunhar história."

Depois dos quatro primeiros, Oliber Solberg foi o quinto, a 3.55,3, bem longe do sexto, e o melhor local, Hayden Paddon, a 10.03,7, no seu Hyundai i20 Rally2. Lorenzo Bertelli foi sétimo - e o seu melhor resultado de sempre no WRC - a 10.39,0, no Ford Puma Rally1. Kajetan Kajetanowicz foi oitavo, a 12,36.8, na frente do local Shane van Ghisbergen, a 13.28,8, e o australiano Harry Bates, a 16.51,6. 

O WRC prossegue na Catalunha, entre os dias 20 e 23 de outubro. 

Formula 1 2022 - Ronda 17, Singapura (Qualificação)


Depois de três semanas de ausência, máquinas e pilotos regressavam a um dos locais onde não iam desde 2019: Marina Bay, em Singapura. Agora que o pior da pandemia já passou, a Formula 1 regressa a aquela parte da Ásia, a primeira paragem do calendário depois de Monza. É um lugar onde a ideia das corridas noturnas foi inaugurada, e no final, acabou por pegar - podemos olhar para Abu Dhabi e Bahrein como exemplos... - e mo final, apesar de ser um circuito citadino e a sua localização equatorial ser muito exigente para os pilotos, todos gostam do lugar.

Mas antes da qualificação, a grande polémica tinha a ver com o facto da Red Bull ter ultrapassado o orçamento para esta temporada. A concorrência queria uma punição exemplar, mas a Red Bull respondeu afirmando não ter feito nada de ilegal. Ora, Mercedes e Ferrari não acharam piada alguma porque queriam que a equipa energética tivesse uma daquelas bolas que eram amarradas dos tornozelos dos presos para que fossem mais lentos. E agora, com este exemplo, eles irão ser capazes de fazer como eles no futuro, e alegarão as razões semelhantes da Red Bull.

Sol posto e sem chuva à vista, havia um problema: a pista ainda estava suficientemente molhada, logo, os pilotos iriam ter de colocar intermédios para poder andar a marcar os seus tempos.

E foi assim na Q1. Os Mercedes foram os primeiros dos da frente a ir para a pista, antes de Leclerc passar para o topo da tabela de tempos. Mas foi por pouco tempo, pois Max Verstappen tratou de se colocar no primeiro lugar da tabela, à frente de Lewis Hamilton e Leclerc. A pista evoluiu - pouco - à medida que os minutos passavam, logo, não podiam legar os intermédios. Mas foi o temo onde se biu Max e Leclerc se revezarem na tabela de tempos, acabando com Verstappen acabou mesmo a ser o mais rápido, com 1.53,057, tirando 104 centésimos ao tempo de Hamilton, o segundo. E se uns comemoram, os eliminados lamentabam. Especialmente o Alfa Romeo de Valtteri Bottas, que fora eliminado por uma volta tardia de Mick Schumacher, o McLaren de Daniel Ricciardo, arrastando-se num final de temporada melancólica, o Alpine de Esteban Ocon e os Williams de Alex Albon e Nicholas Latifi.

Chegados ao Q2, o estado da pista não se alterava, porque não se conseguir secar a pista à velocidade que queriam, logo, tudo de intermédios, de novo. 

Leclerc foi o primeiro a meter o carro na pista e a marcar tempos, seguido por Hamilton, com Lando Norris ali por perto. Mas pouco depois, Verstappen colocou-se na segunda posição, seguido de Sergio Pérez, numa altura em que alguns começaram a atrever-se e a colocar pneus para seco, como os Aston Martin de Stroll e Vettel. Sem grande sucesso, de imediato.

No final, Leclerc, Hamilton, Verstappen, Pérez, Alonso, Carlos Sainz Jr, os Alpha Tauri de Pierre Gasly e Yuki Tsunoda, Lando Norris e o Haas de Kevin Magnussen disputariam a última fase da classificação. Entre os que iriam ver o resto da qualificação das boxes, o mais surpreendente era Geirge Russell, no segundo Mercedes. Ora bolas!

Na fase final da qualificação, os pilotos apostaram por fim nos slicks macios. O primeiro a fazer tempos a sério foi Hamilton, com 1.51,019, enquanto Max a ser segundo, mas a 1,2 segundos. O piloto da Mercedes melhorou o seu tempo, e com a pista a secar, os tempos iriam cair, inevitavelmente. Hamilton acabou com 1.49,466, mas depois de Leclerc ter marcado 1.49,412 e ficado com o melhor tempo. Pérez foi até 1.49,434, e muitos esperavam que Verstappen andasse ali por perto quando... foi às boxes?

Eu não entendo”, falou Max no rádio, quando ouviu a ordem. Christian Horner, chefe da Red Bull, respondeu que explicaria na garagem. Lá, disse que não tinha a gasolina suficiente para o escrutinio dos comissários. E por causa disso, só ficou com o oitavo tempo, ou seja... quarta linha. Com um dos seus adversários na pole. 


No final, com Leclerc como poleman e a manobra da Red Bull para evitar que Max fosse penalizado, pois não tinha gasolina, este poderá ser a última chance da concorrência prolongar o campeonato. Se ficarem na frente dele, ou se não ficaram muito atrás, o título mundial será adiado por uma semana, em paragens japonesas. E se lá conseguirem adiar mais um bocadinho...