segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

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O GP do Brasil de 1980 ficou muito perto de ser cancelado. Os pilotos acharam que a pista era muito perigosa, por causa da sua superfície ondulada, e as condições não eram as melhores, até em termos de asfalto, especialmente depois de terem estado em Buenos Aires, onde o asfalto se derreteu durante a qualificação da corrida argentina. Depois de muita reclamação, acabaram por aceitar correr ali, mas vetaram idas futuras à pista de Interlagos. 

Na realidade, o GP do Brasil era para ter acontecido em Jacarepaguá, mas como a superfície da pista tinha se afundado - a pista tinha sido deito num aterro na região da Barra, no Rio de Janeiro - não havia tempo para fazer as obras necessárias. Logo, apenas em 1981 é que a Formula 1 foi para lá. 

Mas o fim de semana brasileiro foi memorável para alguns pilotos. Se para René Arnoux, foi ali onde conseguiu a sua primeira vitória na Formula 1, depois da desistência de Jean-Pierre Jabouille, vitima da pouca fiabilidade do seu Renault, o segundo classificado estava estático, porque tinha alcançado o seu primeiro pódio da sua carreira. E apenas estava a começar a sua segunda temporada completa na Formula 1.

Então com 21 anos, Elio de Angelis tinha chegado à Formula 1 depois de uma temporada sem brilho na Formula 2, onde tinha conseguido apenas quatro pontos. Chegado a um teste no circuito de Paul Ricard com meio milhão de dólares no bolso, tinha conseguido o lugar na Shadow, depois de ter superado o havaiano Danny Ongais. A sua adaptação ao carro até nem tinha sido mau, e de uma certa maneira, os rumores que tinham lançado ao longo do ano anterior, ainda ele estava na Formula 3, de que tinha sido considerado como um possível sucessor de Niki Lauda e Gilles Villeneuve, mostravam que existia algum fundamento. 

Contudo, apesar das boas performances, os resultados não correspondiam, por causa do seu chassis, já antiquado, de uma equipa que estava a chegar ao seu limite. Um quarto lugar na sua última corrida do ano, em Watkins Glen, foi o suficiente para atrair as atenções de Colin Chapman, que no final de 1979 decidiu contratá-lo para a sua equipa, ao lado de Mário Andretti

Com uma equipa financiada por David Thiemme, um homem que enriquecera com o comercio de petróleo - vivia-se o segundo choque petrolífero, por causa da queda do Xá do Irão - a Lotus, surpreendentemente, não tinha feito com o modelo 81 um carro ousado em relação aos modelos anteriores. Sabendo que não queria fazer um passo em falso, um carro fiel seria melhor do que ousadias como o 80, que foi um fracasso. E ainda por cima, com os motores Turbo, a aerodinâmica tinha de ser uma mais-valia.

As coisas até correram bem em termos de grelha quer na Argentina, quer no Brasil, com De Angelis a ser sétimo na grelha na pista brasileira, um segundo pior que o Renault de Jean-Pierre Jabouille. Depois, na corrida, o piloto passou a aproveitar os maus resultados dos pilotos da sua frente, como Jabouille e Gilles Villeneuve, ou Didier Pironi, que tinha sofrido um problema nas saias laterais do seu Ligier, tinha caído para o último lugar e acabou a corrida na quarta posição, suficiente para que Enzo Ferrari ter olhado para ele e pensado para ser seu piloto a partir de 1981. 

No final, De Angelis cruzava a meta com 21 segundos de atraso para Arnoux e na frente de Alan Jones, o vencedor do GP argentino, a bordo do seu Williams, e tinha conseguido consolidar a sua liderança no campeonato. Para o jovem piloto italiano, parecia que este resultado era o sinal de os sinais de alegria de Colin Chapman, que acabara a corrida agarrado a Thiemme, a festejar, que a aposta nele tinha sido bem sucedida. Restava saber se o futuro iria cumprir essas expectativas.      

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