Hoje é algo mais interessante. Pouca gente não se lembra, mas no final de 1990, Giancarlo Minardi, de Faenza, conseguiu um acordo que poucos poderiam acreditar que acontecesse: ter motores Ferrari! Sim, uns V12 da equipa de Maranello, de uma equipa que até ali, quase nunca tinha fornecido os seus motores a outras equipas. Um carro era mais frequente - e esse "frequente" foi algumas situações que podem ser contados com os dedos de uma mão. Um delas com o próprio Minardi, quando conseguiu que, em 1976, emprestasse um 312T para duas corridas extra-campeonato no Reino Unido, com Giancarlo Martini (tio de Pierluigi Martini) ao volante.
Pois bem, no final de 1990, depois de um ano frustrante - não conseguiram pontos - Minardi decidiu ir de forma ousada e foi perguntar ao seu vizinho - Faenza e Maranello estão a 103 quilómetros entre eles, com a cidade de Bolonha pelo meio - se não poderiam fazer um contrato com eles. E responderam sim.
Explica-se: com Ferrari morto desde 1988, as mentalidades começaram a mudar um pouco dentro da fábrica. E as amizades com o vizinho ajudaram no contrato que acabaria por ser assinado e anunciado: pela primeira vez na história da Formula 1, haveria motores da Ferrari no chassis de outra equipa. No acordo, o seu piloto de testes, Gianni Morbidelli, ficaria na equipa ao lado de Pierluigi Martini.
Desenhado por Aldo Costa, o chassis M191 estreou-se em Phoenix, primeira corrida do ano, e em Imola - onde mais uma vez, foi uma prova debaixo de chuva – Martini consegue um excelente resultado numa corrida de atrito. Quarto classificado, a uma volta do vencedor, Ayrton Senna, parecia mostrar que a aposta tinha sido bem sucedida, numa temporada onde tinham trocado os pneus Pirelli pelos Goodyear. Contudo, a realidade era que, se esperava muita potência e muitos bons resultados por causa dos V12 de Maranello, a realidade era que os Minardi tinham motores construídos... em 1989, sem atualizações. Mais tarde, conseguiram motores com especificações de 1990. E foi com esses motores que aconteceu o melhor momento da Minardi na temporada. E como em 1989 - quando Pierluigi Martini chegou ao quinto posto e liderou a corrida por uma volta - foi no Estoril.
Na qualificação, Martini andou bem, conseguido o sétimo melhor tempo na primeira sessão de qualificação, na sexta-feira. Apesar de ter piorado no sábado, no domingo, andou bem, com um bom ritmo de corrida, ao ponto de, a partir da 40ª volta, estar a acossar... o Ferrari de Jean Alesi! E por uma posição de pódio! Apesar da pressão quase avassaladora, o sangue-frio do francês levou a melhor e ele conseguiu o lugar mais baixo do pódio, a menos de dez segundos de Martini, ambos na mesma volta do vencedor, o Williams de Riccardo Patrese.
No final da temporada, com Morbidelli a ser substituído por Roberto Moreno, na Austália, porque o piloto de testes foi chamado para substituir... Alain Prost, a equipa ficou com seis pontos. Contudo, no final do ano, a Ferrari assinou contrato com outra equipa, a Scuderia Itália, e para 1992, a Minardi escolheu outra motorização, a Lamborghini, também com os seus V12. Os resultados foram bem piores - apenas um ponto com Christian Fittipaldi, que entrou na equipa para substituir Martini - mas os tempos onde eles foram os primeiros a ter motores do Cavalino sem ser a casa-mãe... não tem preço.



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