terça-feira, 3 de junho de 2025

WRC: Millener tem uma visão critica para 2027


Richard Millener, o chefe da M-Sport, que prepara os Ford Puma Rally1 para o Mundial de ralis, afirmou que o WRC tomou um bom rumo para o futuro, mas criticou o tempo que demorou até a tomar. 

Numa entrevista publicada esta segunda-feira à Autosport portuguesa, feita por alturas do Rali de Portugal, Millener saúda os novos regulamentos para o WRC 2027, afirmando que prometem revolucionar a modalidade, especialmente na parte da redução de custos, o apoio dos fabricantes, a promoção do desporto, mas também afirma que entrou muito tarde para o seu gosto, esperando que possam recuperar a tempo da sua introdução, em 2027.

Acho que estamos a ir numa boa direção, ainda há algumas coisas a fazer, algumas mudanças a fazer. Precisamos de ‘investir’ no tempo." começou por afirmar. "A escala de tempo da introdução vai ser complicada para muitas pessoas, mas as equipas estão a trabalhar em conjunto e a FIA está a ouvir, e o que sabemos é que precisamos de reduzir inicialmente os custos para tornar o carro mais simples, mais fácil e mais eficiente de construir, e penso que queremos ter uma base estável em termos de ‘chassis spaceframe’ para um período de tempo mais longo, cinco a dez anos, para podermos planear e ter um objetivo para a estratégia de lançamento destes automóveis. Portanto, está tudo a ir na direção certa, provavelmente um pouco tarde demais, mas não podemos mudar isso agora, por isso temos de trabalhar arduamente para pôr as coisas em prática o mais rapidamente possível.”, continuou.

Questionado sobre a redução de preços, Millener afirma que ela, em principio, será de metade do que acontece agora, que poderá dar a chance de fazer mais exemplares, mas avisa que os custos continuam a não ser muito sustentáveis, pelo menos a médio e longo prazo.  

Os custos de funcionamento e os próprios carros devem ser cerca de metade do preço. Portanto, logo aí é uma grande poupança, o maior problema é a logística do transporte de uma equipa à volta do mundo, que é difícil, mas quando o carro custa metade do preço, é possível acrescentar mais carros ao line up, por isso, talvez possamos, por exemplo ter mais carros para seguirem num transporte mais lento para outros ralis, e logo com transporte mais barato, sendo que neste momento utilizamos os mesmos carros para todos os ralis, e como é lógico a logística tem que ser com transporte mais rápido, pelo que com carros mais baratos, há algumas poupanças significativas que podem ser feitas.", comentou.

Sobre o assunto da promoção do WRC para o mundo, ele espera que façam o rumo certo, para poder atrair mais construtores para a competição, de forma como está neste momento a Endurance está a fazer, para a classe Hypercar. Ele refere que o WRC, por causa das suas características especiais, não pode ter um Paddock Club, como tem a Formula 1 e Endurance. 

E questionado sobre se o WRC perdeu o segundo lugar depois da Fórmula 1 para o WEC, nega:

"Há dois argumentos: o endurance é muito forte. O WEC tem um lote de fabricantes muito forte, a lista é grande a McLaren está a chegar, e todos esses outros, a Genesis, todos são muito, muito fortes, mas enquanto ainda só pode caber uma certa quantidade de pessoas numa pista de corridas, e eles nunca estão cheios, exceto Le Mans, que está cheio, com certeza, mas o resto são corridas de apoio.", começou por fazer.

"[Nos] ralis, basta olharmos para aqui, para este parque de assistência [a entrevista aconteceu durante o rali de Portugal], há aqui muita gente, mas quando juntamos as pessoas nos troços e durante todo o fim de semana, é muito mais do que um evento em circuito alguma vez poderia ter. Sabemos que temos de melhorar a forma como mostramos o desporto às pessoas que interessam, e quando se vai à Fórmula 1, somos tratados como realeza, e quando se vem aqui, não é a mesma coisa, neste momento e por isso temos de melhorar nesse aspeto.”, concluiu.

O WRC continua no final da semana com o rali da Sardenha.

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