Confesso nunca ter entendido a alguma hostilidade e desprezo entre os fãs perante alguém tão veloz e tão bravo como Keke Rosberg, o campeão do mundo de 1982, o primeiro finlandês a sê-lo. Um dos pilotos mais importantes da sua geração, muitos falam da qualificação do GP da Grã-Bretanha de 1985 como sendo um dos seus momentos de glória. Se calhar, também, por ser o auge do motor Turbo e do que era capaz.
A história dessa qualificação mostra um pouco as coisas como estavam na altura. A Williams, que já tinha motores Honda Turbo desde o final de 1983, tinha andado parte de 1984 a desenvolvê-lo, e no inicio de 1985, parecia estar um pouco atrás de Ferrari e Porsche em termos de potência e velocidade. E a Williams, que no inicio do ano tinha o britânico Nigel Mansell, vindo da Lotus, ainda em fase de adaptação, enquanto Rosberg tinha ganho em Detroit e subido ao pódio em Paul Ricard, no veloz circuito francês.
Silverstone era outro circuito veloz, numa pista que praticamente não tinha curvas lentas, e apenas uma chicane, em Woodcote, antes da meta. Era a sua vez de receber, após a ida a Brands Hatch, no ano anterior (ainda iria voltar em outubro, para o GP da Europa).
Em 1985, a qualificação era feita em duas sessões, uma na sexta. outra no sábado. Os Honda queriam mostrar que tinham o motor mais potente do momento, e depois de uma corrida interessante em França, onde foram batidos pelo calor e melhores pneus da Pirelli, numa corrida ganha por Nelson Piquet, e Rosberg fora segundo. E as coisas foram desde o inicio feitas para eles: na sexta-feira, o finlandês fora o melhor, 1.06,107, pouco mais de dois centésimos de segundo sobre Alain Prost, com Senna em terceiro.
No sábado, o tempo estava mais ameno, apesar de ameaças de chuva, mas os pilotos foram para a pista com novas evoluções dos seus motores e, no caso dos Williams, com os pneus Goodyear a ajudar. Rosberg melhorou constantemente os seus tempos, e num esforço final, arranca um fabuloso 1.05,591, o único a baixar do segundo seis. E o mais interessante foi que, numa pista que tinha uma chicane na curva final, em Woodcote, conseguiu arranjar um tempo cuja média era de 160,9 milhas por hora, ou 259 km/hora. E com uma vantagem de seis décimos de segundo sobre Nelson Piquet... e um segundo sobre Nigel Mansell, seu companheiro de equipa.
E o mais interessante é que este tempo e esta média ficaram por muito, muito tempo. O tempo foi apenas batido em 2003, em Silverstone, o que levou a que a pista, demasiado rápida para os Turbo desse tempo, acabasse por ser modificada de forma permanente, embora apenas em 1991 é que se veria essas modificações. Quanto à média, demorou um pouco mais de tempo, até 2004, em Monza, quando Juan Pablo Montoya o bateu, no seu Williams.
Nos dias de hoje, o recorde pertence a Lewis Hamilton, que conseguiu 164.267mph (264,360km/hora) na qualificação para o GP de Itália de 2020, no seu Mercedes.


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