Normalmente nesta secção não aterra nada da Formula E, demasiado novo e demasiado pequeno para caber intrigas deste género, mas o assunto é demasiado interessante para deixar de lado. Neste fim de semana, aconteceu a ronda de Berlim da competição elétrica, e na Porsche, uma das equipas que luta pelo titulo, a par da Nissan e da McLaren, se à superfície, todos colaboram para chegar ao título de construtores - o de pilotos já tem dono: Oliver Rowland - dentro, o ambiente é de cortar a faca.
A equipa, para ser mais exato, é constituída pelo alemão Pascal Wehrlein e pelo português António Félix da Costa, e estão juntos no campeonato, com o alemão em segundo e o português em quarto, bem posicionados no campeonato de Construtores. Mas neste fim de semana, um incidente invulgar colocou a nu as tensões dentro da equipa. E, em aparência, como o favoritismo para um prejudica o outro, que se calhar é o melhor piloto da equipa.
No primeiro treino livre de sexta-feira, Wehrlein, ainda o campeonato do mundo da categoria, encostou Felix da Costa contra o muro, numa ação que não passou despercebida pela organização, penalizando Wehrlein em três lugares na grelha de partida. Claro, isso não prejudicou muito a ele - acabou em segundo na primeira corrida - mas o incidente mostrou à superfície o mau ambiente dentro da equipa.
A Autosport portuguesa fala neste sábado do que se passa: os pilotos da Porsche estão em rota de colisão desde o arranque da temporada, não mantendo mesmo qualquer tipo de relação. Para piorar as coisas, o piloto português está "preso" pelo seu contrato - a Porsche, se quiser, poderá prolongar o seu contrato por mais uma temporada. E isso poderá prejudicar o seu futuro próximo já que o site fala que ele está a caminho da Jaguar, no lugar de Nick Cassidy.
Para mim não é novidade nenhuma. Já ouvia há algum tempo da péssima relação entre os dois, fala-se no paddock que Wehrlein nunca foi uma figura simpática - talvez se explique porque é que não triunfou na Formula 1, apesar de ter sido piloto de reserva da Mercedes - mas as decisões da marca de Estugarda em relação à Endurance, quando primeiro, os obrigou a concentrar-se na competição elétrica em 2024, que fez com que Félix da costa abdicasse do seu lugar na Jota, na classe Hypercar, e depois em 2025, nas 24 Horas de Le Mans, colocou Wehrlein num carro Hypercar e atirou Félix da Costa para um LMP2.
Agora - nada confirmado, mas fala-se - o piloto português poderá ser substituído por outro alemão, Max Gunther, o que de certa maneira poderá ter as coisas da forma como, se calhar, desejariam.
Em suma, tenho pena que ele passe por isso. Tem talento, é consistente, colaborou com imensos pontos para a equipa nesta temporada, só não ganhou, ao contrário de Wehrlein, que teve duas vitórias. Em contraste, Rowland, o triunfador de 2025, foi muito mais consistente nas vitórias e nos pódios, com quatro vitórias, mais três segundos lugares, conseguindo uma vantagem quase inalcançável do qual agora está a gerir. E a duas corridas do final, conseguiu o que sempre quis.
E espero que noutro lugar, Félix da Costa tenha... não tanto vantagem, mas não coloquem pesos nos tornozelos só porque querem um piloto que fale a mesma lingua que a do patrão. E não tente bater de propósito contra ti.



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