Há uns dias, quando andei a escrever sobre a Pacific, que fez 30 anos sobre a sua última corrida de Formula 1, em Adelaide, algumas pessoas colocaram comentários, onde, falando sobre o chassis de 1995 e a sua associação com a Lotus, disseram que eles correram com aquilo que iria ser o chassis da equipa de Hethel, que falira no inicio desse ano.
Ora, digo isto com conhecimento de causa: não é verdade. Aliás, direi mais: a tal "fusão" entre a Pacific e a Lotus resultou em pouco mais de um símbolo colado no carro e nada mais, colocando as coisas de forma simplista. O carro que andou, o PR02, é um chassis próprio, e o carro que a Lotus estava a desenvolver quando entraram em insolvência, que iria ser chamado de 112, não tem nada a ver com o carro que acabou por andar.
E agora, explico a história.
Em meados de 1994, enquanto a Lotus lutava por ter dinheiro para poder continuar, Chris Murphy desenhava o sucessor do 109, que tinha entrado em ação no final de maio, em Barcelona, sem grande sucesso. O drama da qualificação no GP de Itália, onde Johnny Herbert conseguiu um quarto lugar na grelha de partida, apenas para ser eliminado por Eddie Irvine nos primeiros metros desse Grande Prémio, deu a machadada final na equipa, que corria na formula 1 desde 1958. Peter Collins e Peter Wright, que geriam a equipa desde 1990, decidiram declarar insolvência na semana seguinte ao GP italiano, tentando encontrar dinheiro para acabar a temporada, pelo menos.
Enquanto tudo isso acontecia, Murphy desenhava - e começava a construir alguns componentes - daquilo que acabaria por ser o modelo 112. O carro teria uma frente baixa, com um nariz bem mais pontiagudo, um pouco indo contra a tendência de então, de bicos elevados. A suspensão seria de "pushrod", um design algo não convencional para a época, também. O resto do projeto seria de manter os motores Mugen-Honda, com uma dupla de Alex Zanardi e Mika Salo, onde ele poderia trazer o dinheiro da Nokia, a famosa fabricante de telemóveis (celulares) finlandesa, mas quando a empresa entrou em insolvência, o projeto ficou congelado.
Aliás, as fotografias do projeto 112 só foram revelados tempos depois, quando a própria Pacific fechou as suas portas na Formula 1.
Saindo os Peters (Collins e Wright), entrou em cena David Hunt, irmão mais novo de James Hunt. Ex-piloto e empresário, tentou arranjar dinheiro para colocar a Team Lotus adiante para 1995. E tentou até ao limite, dado que só a 17 de janeiro desse ano é que eles anunciaram que a equipa não iria participar nessa temporada, por falta de patrocínios.
Por esta altura, a Pacific desenhava o seu próprio carro, o Pacific PR02. Obra de Frank Coppuck, era um chassis totalmente diferente do carro de 1994, o PR01, que tinha o bico levantado, e quando chegou, era um projeto que já era datado na altura - os desenhos originais eram de 1991! - logo, os resultados foram maus. A frente era baixa, um pouco semelhante ao da Lotus, mesmo no projeto 112, mas as semelhanças ficaram por aí. E ainda por cima, usaram motores Ford EDC V8 da Cosworth, em vez dos Mugen-Honda de 10 cilindros.
O acordo entre a Pacific e a Team Lotus, anunciado por Hunt em janeiro, não era mais do que uma aliança. Que é diferente de uma fusão. Havia o emblema da Lotus no carro da Pacific, é verdade, mas foi um meio para arranjar patrocinadores. Os funcionários não foram para a Pacific, nenhum dos chassis foi para lá, nenhum dos pilotos foi correr para a equipa - aliás, os pilotos tinham sido libertos dos seus contratos. Zanardi foi para a América, Salo para a Tyrrell, e com ele, o patrocínio da Nokia. Se uma fusão ou aquisição tivesse acontecido, da parte da Pacific, para salvar a equipa, teriam ficado, pelo menos, com os 109 e os usado, porque seriam melhores que os Pacific de 1994. E sobretudo, teriam tentado ficar com o contrato dos Mugen-Honda, motores bem melhores que os Ford que acabaram por ter.
Em suma, o acordo entre Lotus e Pacific foi pouco mais do que... nada. Apesar de terem as suas sedes perto um do outros, nem motores, nem chassis, nem mecânicos ou engenheiros. Nada. E como sabem, a Pacific acabou no final de 1995, a arrastar-se pelas pistas, aceitando pilotos pagantes e pedindo a um dos seus acionistas, Bertrand Gachot, que guiasse o carro nas três últimas corridas do ano, porque os pilotos pagantes que tinham em mente, não conseguiram a devida superlicença.
Para todos os efeitos, a última corrida da Team Lotus foi em Adelaide, em 1994. Não um ano depois.
E agora, explico a história.
Em meados de 1994, enquanto a Lotus lutava por ter dinheiro para poder continuar, Chris Murphy desenhava o sucessor do 109, que tinha entrado em ação no final de maio, em Barcelona, sem grande sucesso. O drama da qualificação no GP de Itália, onde Johnny Herbert conseguiu um quarto lugar na grelha de partida, apenas para ser eliminado por Eddie Irvine nos primeiros metros desse Grande Prémio, deu a machadada final na equipa, que corria na formula 1 desde 1958. Peter Collins e Peter Wright, que geriam a equipa desde 1990, decidiram declarar insolvência na semana seguinte ao GP italiano, tentando encontrar dinheiro para acabar a temporada, pelo menos.
Enquanto tudo isso acontecia, Murphy desenhava - e começava a construir alguns componentes - daquilo que acabaria por ser o modelo 112. O carro teria uma frente baixa, com um nariz bem mais pontiagudo, um pouco indo contra a tendência de então, de bicos elevados. A suspensão seria de "pushrod", um design algo não convencional para a época, também. O resto do projeto seria de manter os motores Mugen-Honda, com uma dupla de Alex Zanardi e Mika Salo, onde ele poderia trazer o dinheiro da Nokia, a famosa fabricante de telemóveis (celulares) finlandesa, mas quando a empresa entrou em insolvência, o projeto ficou congelado.
Aliás, as fotografias do projeto 112 só foram revelados tempos depois, quando a própria Pacific fechou as suas portas na Formula 1.
Saindo os Peters (Collins e Wright), entrou em cena David Hunt, irmão mais novo de James Hunt. Ex-piloto e empresário, tentou arranjar dinheiro para colocar a Team Lotus adiante para 1995. E tentou até ao limite, dado que só a 17 de janeiro desse ano é que eles anunciaram que a equipa não iria participar nessa temporada, por falta de patrocínios.
Por esta altura, a Pacific desenhava o seu próprio carro, o Pacific PR02. Obra de Frank Coppuck, era um chassis totalmente diferente do carro de 1994, o PR01, que tinha o bico levantado, e quando chegou, era um projeto que já era datado na altura - os desenhos originais eram de 1991! - logo, os resultados foram maus. A frente era baixa, um pouco semelhante ao da Lotus, mesmo no projeto 112, mas as semelhanças ficaram por aí. E ainda por cima, usaram motores Ford EDC V8 da Cosworth, em vez dos Mugen-Honda de 10 cilindros.
O acordo entre a Pacific e a Team Lotus, anunciado por Hunt em janeiro, não era mais do que uma aliança. Que é diferente de uma fusão. Havia o emblema da Lotus no carro da Pacific, é verdade, mas foi um meio para arranjar patrocinadores. Os funcionários não foram para a Pacific, nenhum dos chassis foi para lá, nenhum dos pilotos foi correr para a equipa - aliás, os pilotos tinham sido libertos dos seus contratos. Zanardi foi para a América, Salo para a Tyrrell, e com ele, o patrocínio da Nokia. Se uma fusão ou aquisição tivesse acontecido, da parte da Pacific, para salvar a equipa, teriam ficado, pelo menos, com os 109 e os usado, porque seriam melhores que os Pacific de 1994. E sobretudo, teriam tentado ficar com o contrato dos Mugen-Honda, motores bem melhores que os Ford que acabaram por ter.
Em suma, o acordo entre Lotus e Pacific foi pouco mais do que... nada. Apesar de terem as suas sedes perto um do outros, nem motores, nem chassis, nem mecânicos ou engenheiros. Nada. E como sabem, a Pacific acabou no final de 1995, a arrastar-se pelas pistas, aceitando pilotos pagantes e pedindo a um dos seus acionistas, Bertrand Gachot, que guiasse o carro nas três últimas corridas do ano, porque os pilotos pagantes que tinham em mente, não conseguiram a devida superlicença.
Para todos os efeitos, a última corrida da Team Lotus foi em Adelaide, em 1994. Não um ano depois.




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