quarta-feira, 12 de novembro de 2025

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A Pacific, no GP da Austrália de 1995, estava nas últimas, ao ponto de pedir a um dos seus sócios para que... tomasse conta do volante. A questão era simples: Keith Wiggins queria o britânico Oliver Gavin para as corridas finais do campeonato - Pacifico, Japão e Austrália - mas a FIA não lhe concedeu a Super-Licença, e eles não tiveram alternativa senão pedir a Bertrand Gachot, seu sócio na Pacific, para pegar no volante. 

A coisa resultou no GP da Austrália, onde o belga conseguiu o melhor resultado do campeonato com um oitavo lugar. A parte chata é que foi último, a cinco voltas do vencedor, e a perder duas para o sexto classificado, o Minardi de Pedro Lamy, que fazia história ao ser o primeiro português a pontuar numa corrida de Formula 1... 

Mas este era o capitulo final de uma equipa, duas temporadas e 33 Grandes Prémios depois de começar. 

Fundado por Keith Wiggins em 1984, na Formula Ford, no ano seguinte acolheu um jovem belga chamado... Bertrand Gachot, que conseguiu sucesso na Formula Ford, com um chassis Reynard. Em 1987, ganhou o título da FF2000 com o finlandês J.J. Letho, cujo empresário era Keke Rosberg, e no ano seguinte, passou para a Formula 3 britânica. 

Com Letho ao volante e um chassis Reynard, ganhou o título na primeira tentativa, mas Wiggins queria subir, indo para a Formula 3000 em 1989 com a mesma formula: chassis Reynard, Letho e a Marlboro. Mas com ele e o irlandês Eddie Irvine, as coisas não correram tão bem assim, e com Letho a ir para a Formula 1 pela Onyx, eles reorganizaram para as temporadas seguintes. Mas o título só aconteceria em 1991, com o brasileiro Christian Fittipaldi ao volante. 

Em 1992, Wiggins decidiu preparar-se para a etapa seguinte: a Formula 1. Queria entrar em 1993, mas com as dificuldades em arranjar chassis, patrocínios e pilotos, decidiu planear com calma para 1994. A ideia era de aproveitar o projeto da Formula 1 pela Reynard, liderado por Rory Bryne, mas o projeto, quando foi abortado, no final de 1991, os desenhos foram vendidos para a Ligier (que virou o JS37) e a equipa para a Benetton, que desenhou o B193. Com um grupo de desenhadores e engenheiros, empregados nominalmente pela Pacific, mas na realidade, eram "freelancers", desenharam o que iria ser o PR01. O motor seria o Ilmor de 10 cilindros, baseados no motor usado em 1992 pela March.

O carro foi feito e apresentado em 1994, mas os três anos de idade e as parecenças com os outros projetos estavam à vista, e para piorar as coisas, não houve o dinheiro para renovar o projeto, sobretudo nas alterações no túnel de vento. Gachot era um dos acionistas, acompanhado pelo francês Paul Belmondo, e o britânico Oliver Gavin era o piloto de testes. E claro, foi um desastre: com um motor pouco potente e a acusar os anos, Gachot entrou em cinco das primeiras seis corridas, mas nunca acabou qualquer uma delas, enquanto Belmondo só se qualificou no Mónaco e em Espanha. De resto, nenhuma qualificação na segunda metade da temporada, perdendo em toda a linha com a Simtek. 

Para 1995, recomeçaram tudo de novo: uma aliança com a Lotus - embora não tenha havido qualquer transferência de pessoal ou equipamento - motores Ford de 8 cilindros e a chegada do italiano Andrea Montermini melhoraram um pouco a situação. De 1994, apenas ficou Bertrand Gachot. 

A temporada começou melhor para a Pacific, agora que a Larrousse e a Lotus acabaram por desistir, e a Forti fazia a sua chegada. Um nono lugar no Brasil da parte de Montermini tornou-se no primeiro resultado relevante, mas a meio do ano, os problemas de dinheiro fizeram com que Gachot cedesse o lugar ao italiano Giovanni Lavaggi - que David Letterman descobriu um dia e o chamou o que era o seu nome em inglês: Johnny Carwash - e depois de quatro corridas, pelo suíço Jean-Denis Deletraz, que foi um embaraço tal que a regra dos 107 por cento foi emitida, no ano seguinte.

No final da temporada, o oitavo lugar de Gachot na Austrália e outro oitavo lugar, na Alemanha, por parte de Montermini, foram os pontos altos da equipa. 

No final de 1995, Wiggins decidiu fechar as portas e reinvestir na Formula 3000, mas com pilotos como Christiano da Matta, Marc Gené ou Oliver Tichy, não recuperou o sucesso de antes. Em 1998, associou-se à Lola e foi para a CART, comprando a Bettenhausen Racing e rebatizando-a de HVM Racing. Esta ficou até 2012 na competição americana.

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