Adelaide vivia há uma década a Formula 1, mas sabia que iria ser a última vez que os iria acolher. Melbourne, a segunda maior cidade do país, decidiu concorrer ao lugar e parecia que Albert Park iria levar a melhor. Ainda por cima, em março, dali a menos de seis meses, com a corrida australiana a passar da última do calendário para a primeira.
Para Mika Hakkinen, os seus últimos tempo tinham sido complicados. O primeiro ano com os motores Mercedes de 10 cilindros tinha sido difícil, tinha sido operado ao apêndice, que o impediu de participar no GP do Pacifico, mas na corrida seguinte, no Japão, conseguira igualar o seu melhor resultado da temporada, com um segundo lugar.
Nos primeiros minutos da sessão de sexta-feira, Hakkinen rolava a quase 300 km/hora rumo a Brewery Bend quando o seu pneu traseiro esquerdo começou a perder ar. Perdendo o controle do seu McLaren, acabou por embater com força, de frente, no muro de pneus, detendo-se de imediato. O finlandês ainda ficou consciente por momentos, em choque... e sem respirar.
Dois médicos, especializados em trauma, acorreram de imediato ao finlandês, que estava prestes a parar de respirar, e ao ver que tinha a língua enrolada - entre outras coisas, sofrera uma fratura no maxilar, alguns dentes partidos e um corte profundo na língua - decidiram fazer uma traqueostomia, enquanto não chegava o carro de emergência, que transportava consigo o Prof. Syd Watkins, médico da FIA. Com o procedimento bem sucedido, deram uma injeção anestésica a Hakkinen, que acabou por adormecer, acordando apenas no dia seguinte.
O acidente fora bem forte. Num tempo sem HANS, aguentou mais de 140 G's no choque, correndo o risco de sofrer uma fratura basal do crânio, suficiente para o matar. Felizmente, tudo correu bem. Algum tempo depois - Mia diz que ficou com hospital por duas semanas, Prof. Syd disse que foram dois dias - ele teve alta e começou a sua recuperação, esperando estar em forma no inicio da temporada seguinte.
O que pouca gente sabe é o rescaldo de tudo isto. No inicio da pré-temporada, com muitos ainda em dúvida sobre se ele acabaria como Karl Wendlinger, que nunca mais foi o mesmo depois do seu acidente no Mónaco, em 1994, Mika foi ao Autódromo do Estoril para dar umas voltas no McLaren e acabou com o melhor tempo, suficiente para mostrar que estava em forma para a nova temporada. Tempos depois, regressou a Adelaide, para inaugurar a nova unidade de Traumatologia no hospital local, e agradecer aos médicos que o salvaram.
Ainda houve traumas físicos para Mika Hakkinen: não conseguia fechar os olhos completamente por cerca de um ano - tinha de dormir com uma venda - e se antes tinha um historial de piloto rápido e destemido, passou a ser mais ponderado, sem perder a rapidez. A maturidade compensou, porque as vitórias e os títulos vieram a seguir, em 1998 e 1999.
Mas há 30 anos, em Adelaide, ele passava pelo pior fim de semana da sua carreira.





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