Hoje em dia, quando se fala da presença sueca na Formula 1 pensa-se em Ronnie Peterson, Gunnar Nilsson e Stefan Johansson. Os mais velhos pensam ainda em Jo Bonnier, mas poucos pensam num talentoso piloto que rivalizou com Peterson nas pistas e foi companheiro de Emerson Fittipaldi na Lotus, pois a sua carreira, que começou de forma tão prometedora, acabou por ter um final discreto, diferente de Peterson. No dia em que faz 70 anos, falo sobre Reine Wisell.
Nascido a 30 de setembro de 1941 em Motala, uma cidade industrial no centro da Suécia, a sua carreira começou em 1962, correndo em eventos locais com um Mini Cooper. Quantro anos depois, corria o campeonato local de Formula 3, a bordo de um Cooper, onde conseguiu o vencer o campeonato de 1967, ao mesmo tempo que era instrutor no circuito de Karlskoga. Ali, um ano antes, recebeu um aluno que queria aprefeiçoar a sua natural aptidão para correr e para conseguir uma licença para participar nessa competição. O seu nome era Ronnie Peterson. As coisas correram-lhe bem que, depois de uma temporada inicial correndo com o Svebo, chassis construido pelo seu pai, alcançaria o campeonato sueco em 1968 com um chassis Tecno.
Enquanto que Peterson alcançava o sucesso na Suécia, na Europa, Wisell alcançava também o sucesso com os mesmos chassis Tecno na Formula 3. Em 1969, Peterson juntava-se a ele no campeonato europeu de Formula 3, onde deram espectáculo em algumas corridas, especialmente no Mónaco, onde após um duelo eletrizante entre os dois, Peterson levou a melhor. Para além disso, corria em Turismos.
Em 1970, Wisell estava a correr na Formula 2 e na Formula 5000, num McLaren inscrito pela Ecurie Bonnier, enquanto que via Peterson a fazer a sua estreia na Formula 1, a bordo de um March privado. Mas os acontecimentos de setembro, em Monza, iria dar-lhe a Wisell a oportunidade que estava à espera.
Na Lotus, com Jochen Rindt morto e John Miles a decidir abandonar a competição, Colin Chapman apenas tinha o brasileiro Emerson Fittipaldi como piloto, e precisava de alguém para o secundar. Tendo visto as performances de Wisell, deu-lhe a oportunidade de mostrar o que valia nas duas últimas corridas desse ano, em Watkins Glen e na Cidade do México. Na primeira corrida, a bordo do Lotus 72, Wisell portou-se bem, qualificando-se no nono lugar e aguentando o Ferrari de Jacky Ickx na parte final da corrida, acabando-a no pódio, ao lado do seu companheiro Emerson Fittipaldi, que tinha ganho pela primeira vez na sua carreira. Os quatro pontos conseguidos deram-lhe o 16º posto no campeonato.
Em 1971, com um contrato a tempo inteiro na equipa, Wisell e Fittipaldi passaram por uma temporada onde Colin Chapman andou em experimentações, especialmente o modelo 56 Turbina, um carro que tinha quatro rodas motrizes, demasiado potente e demasiado "guloso" para ser um carro competitivo. Wisell só usou o 56B no GP da Grã-Bretanha, enquanto que nas restantes corridas, usou o modelo 72, onde conseguiu ficar regularmente nos pontos. As suas melhores classificações foram dois quartos lugares em Kyalami e em Zeltweg, acabando o ano com nove pontos e o 12º lugar da geral.
Contudo, no final do ano, Colin Chapman decidiu não renovar o seu contrato com Wisell e perferiu o australiano Dave Walker para secundar Fittipaldi na temporada de 1972. Walker fez bastante pior do que Wisell nessa temporada, mas o sueco também cometeu um erro ao assinar pela BRM nessa temporada, pois andavam demasiado ocupados com... uma equipa de seis carros. Com Jean-Pierre Beltoise, Helmut Marko, Hownden Ganley, Peter Gethin e Alex Soler-Roig, Wisell não marcou qualquer ponto e não participou em todas as corridas dessa temporada. No final do ano, Chapman, irritado com Walker, pediu a Wisell para que corresse nas últimoas duas corridas da temporada, no Canadá e nos Estados Unidos. As coisas correram-lhe um pouco melhor, mas sem pontos.
Isso não foi suficiente para que Chapman promovesse o seu regresso, sendo substituido por... Ronnie Peterson, seu compatriota e rival, que iria ter a sua coroa de glória a bordo dos Lotus. Quanto a Wisell, praticamente a sua carreira na Formula 1 tinha acabado, pois as oportunidades de um voltante competitivo eram escassas, apesar de ter corrido em duas provas da temporada de 1973, a bordo de um chassis March, na Suécia e em França. Pelo meio, competia na Formula 2 com um chassis GRD, onde venceu algumas corridas, nomeadamente na Eifelrennen.
A última tentativa de Wisell na Formula 1 foi no GP da Suécia de 1974, num chassis March onde, apesar de ter conseguido o 16º lugar nos treinos, acabou a sua corrida na volta 59 devido a uma falha na sua asa traseira.
A sua carreira na Formula 1: 23 Grandes Prémios em cinco temporadas (1970-74), um pódio, treze pontos.
A partir dali, dedicou-se aos Turismos, quer na sua Suécia natal, quer fora. Já tinha antes participado em algumas provas de Endurance, na Ecurie Bonnier, entre elas quatro participações nas 24 Horas de Le Mans, não terminando em nenuma ocasião. Na segunda metade da década, particiou no European Saloon Supercar Series com um Chevrolet Camaro, e depois, entre 1976 e 79, na Swedish SuperStar series, também com um Chevrolet Camaro.
No inicio da década de 80, a sua passagem pela competição foi muito esporádica, participando em corridas históricas, e também dedicando-se a algo estranho, para corredor: economia de combustivel! Em suma, trata-se de fazer a maior distância possivel num só depósito. Numa dessas demonstrações, Wisell conseguiu levar um Lupo SDI de Malmö até Amesterdão - cerca de mil quilómetros - num só depósito, à média de 3,6 litros aos cem. Aparte disso, é agora instrutor de condução na sua Suécia natal, e no inverno, faz a mesma coisa no circuito de Cartagena, no sul de Espanha.
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