terça-feira, 30 de agosto de 2011

A atual salganhada da Renault


A cada semana que se passa, surgem novos desenvolvimentos sobre a Renault, mostrando até que ponto está atolada de dívidas ao pescoço e até que ponto eles estão desesperados por dinheiro. Uma Renault que é só de nome, pois a Genii é cada vez mais dona daquilo. Só que o homem que toma conta dela, Gerard Lopez, precisa de dinheiro como água no deserto e alguns dos seus patrocinadores estão a antecipar pagamentos para assegurar o básico.


Tudo isto acontece numa altura em há quatro pilotos em destaque nessa equipa: Robert Kubica, que saiu agora de uma nova operação ao cotovelo e está quase na parte final da sua recuperação; Bruno Senna, que garantiu o seu lugar à custa de 300 mil euros por corrida, vindos - segundo uma fonte brasileira de Elke Batista, um dos homens mais ricos do Brasil - Romain Grosjean, que Eric Boullier queria que corresse no final do ano, mas o dinheiro falou mais alto; e Nick Heidfeld, que decidiu processar a Renault-Genii-Lotus, porque lhe tiraram o tapete debaixo dos seus pés sem justificação.

E é essa salganhada que explica Luis Vasconcelos na edição desta semana da Autosport portuguesa, com a possibilidade de novos proprietários no horizonte, logo, mais pilotos no baralho.

RENAULT APOSTA EM BRUNO SENNA

A Renault substiuiu Nick Heidfeld por Bruno Senna no GP da Belgica, mas o alemão colocou a equipa em tribunal e pode regressar em Singapura. Isto numa altura em que parece provavel a escuderia mudar de dono no final do campeonato.

As criticas públicas de Gerard Lopez e Eric Boullier a Nick Heidfeld não preconizavam nada de bom para o piloto alemão, que saiu na Hungria na oitava posição do Mundial de pilotos, dois pontos na frente de Petrov e Schumacher, pelo que a noticia da sua substituição por Bruno Senna não foi uma verdadeira surpresa.

Mas o brasileiro precisou de garantir 300 mil euros à equipa de Enstone para garantir o seu lugar, ajudando a Renault F1 neste momento complicado da sua existência, pois é voz corrente no paddock que a escuderia se debate com falta de fundos. Em Spa houve mesmo quem nos assegurasse que a Lotus teve de avançar com os pagamentos que estavam escalonados para mais tarde, para que algumas contas fossem pagas e a verdade é que alguns elementos da marca que é propriedade da Proton estavam muito ativos na Belgica, não se comportanto como convidados mas como verdadeiros elementos da equipa de F1.

O belissimo desempenho de Bruno Senna logo na qualificação chegou no melhor momento para Eric Boullier, que tinha de estar a defender uma posição que lhe tinha sido imposts - a sua perferência era de colocar Grosjean no lugar de Heidfeld a partir do GP de Singapura - e teve no sétimo lugar do brasileiro a melhor noticia que já recebeu este ano.

MUDANÇA DE MÃOS À VISTA

A exigência de patrocinios feita a Bruno Senna, e que acabou por fazer com que o brasileiro fosse preferido a Romain Grosjean na substituição antecipada a Nick Heidfeld, deixa à vista as dificuldades económicas que Boullier continua a desmentir, mas que fontes da equipa nos voltam a confirmar em Spa.

Segundo as mesmas fontes, o empréstimo contraído junto do Snoras Bank em 2010, para pagar a primeira das cinco prestações de 17 milhões de euros devidas à Renault, não foi pago em dinheiro mas sim em ações, o que explica a presença de Vladimir Antonov, o principal acionista do banco lituano, em diversas corridas ao longo desta temporada. Como a Genii Capital não parece estar em posição de pagar a prestação deste ano, que tem como prazo limite o primeiro dia de novembro, perfilam-se compradores no horizonte, encorajados por Bernie Ecclestone, que está determinado a afastar Lopez do 'seu' campeonato.

O holandês Marcel Boekhooern, proprietário da McGregor, parece estar na "pole-position" para adqurir a Renault, o que implicaria a entrada de [Gierdo] Van der Garde para o lugar de Petrov em 2012, mas David Richards também está a tentar convencer os seus sócios do Kuwait - proprietários da Aston Martin - a fazerem uma oferta, pois continua a sonhar com um regresso à F1.

Boekhooern vê neste negócio como uma alternativa muito interessante ao apoio à Williams (ler em separado) e tem muito capital disponivel depois de há poucos anos ter ganho 900 milhões de euros em apenas nove meses, com a compra e sucessiva venda da Telford! E também percebeu que o seu genro, Van der Garde, teria acesso na Renault F1 a material muito mais competitivo do que se assinasse com a Williams, estando a preparar uma oferta muito generosa a Lopez, que este é muito capaz de aceitar, pois parece que está a debater-se com uma muito evidente falta de meios.

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O QUE FAZER COM GROSJEAN?

O sucesso de Romain Grosjean na GP2 está a criar uma dificuldade extra a Eric Boullier, adepto confesso das qualidades do franco-suiço, mas sem poder para o impôr no seio da Renault. A sua intenção era a de o fazer correr a partir do GP de Singapura, mas o dinheiro de Senna mudou o curso dos acontecimentos e está praticamente excluída a possibilidade de Grosjean regressar à F1 este ano.

Com a equipa a necessitar de um piloto pagante para acompanhar Kubica em 2012 - pois o polaco também não tem outras alternativas e terá de reconstruir a sua carreira - Grosjean pode roubar o lugar a Jerôme D'Ambrosio na Virgin, pois os dois tam a carreira gerida pela Gravity. Mas o belga garante alguns apoios financeiros, o que deixa Grosjean em maus lençois, podendo muito bem ter de procurar outros caminhos para prosseguir a sua carreira, pois por regulamento não vai poder continuar a correr na GP2.

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