Aí há dias vi o Mark Webber passar o Fernando Alonso num sitio onde há vinte e seis anos, um piloto acabou por morrer, vitima da sua abordagem louca a aquela curva. Decerto que o Eau Rouge é uma das curvas mais fantásticas do automobilismo, mas havia sempre uma espécie de respeito por não ultrapassar ninguém naquela curva. Há quem tente e é bem sucedido. A Stefan Bellof, naquele 1º de setembro de 1985, ultrapassar Jacky Ickx naquele sitio foi o seu fim.
Há um video dele que descreve o que é a curva Eau Rouge e como é que deve ser abordada. É arrepiante saber que ele está a descrever a curva que onde vai morrer dali a umas horas, creio eu. Mas é daquelas coincidências doidas que a nossa vida nos proporciona, não é?
Já falei profusamente sobre Bellof, a sua carreira e a sua abordagem por vezes demasiado corajosa para ultrapassar os seus adversários. Derek Bell, seu companheiro na Porsche nos Sport-Protótipos, disse certo dia numa entrevista que foi essa indisciplina que causou a sua morte. É aceite que aquele acidente foi causado por ele, por ter tido uma abordagem demasiado otimista a Ickx. Se pudesse ter esperado mais alguns segundos, poderia tê-lo passado em Les Combes, por exemplo.
Mas o mal foi feito, e restou-nos pensar o que poderia ter sido. Já fiz isso bastantes vezes, mas agora resta lembrar aquilo que foi: um dos mais velozes e marcantes pilotos do seu tempo, que poderia ter sido muito mais do que foi, caso o Destino lhe tivesse concedido mais tempo.
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