sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Os últimos dias de Timmy Mayer

Há quem ache que é mais um dos casos de “e se?” sobre o que o futuro lhe teria reservado se não tivesse morrido demasiado cedo. Diga-se isso devido ao seu imenso talento e potencial para ser um dos grandes pilotos americanos da sua geração. Foi a primeira escolha de Bruce McLaren e era amigo de pessoas como Peter Revson e Roger Penske. Tinha tudo para ser um grande piloto de Formula 1, provavelmente na equipa de Bruce McLaren, mas a 28 de fevereiro de 1964, acaba por morrer no outro lado do mundo, na Austrália, meses antes de se estrear na categoria máxima do automobilismo. Timmy Mayer acaba por ficar na história como a primeira morte de Bruce McLaren, e o seu elogio fúnebre tornou-se na sua mais famosa citação. E que anos depois, também serviria como seu próprio epitáfio.

Nascido a 22 de fevereiro de 1938 em Dalton, na Pennsylvania, era o irmão mais novo de Teddy Mayer, nascido três anos antes. Vindos de uma familia rica (o tio dele acabou por ser governador da Pennsilvânia), Timmy seguiu os passos do seu irmão, ao ir para a Universidade de Yale, mas em 1959, aos 21 anos, e já casado com a sua melhor Garrill, deixa de lado os estudos e vai seguir o seu irmão. Consegue uma licença de competição, adquire primeiro um Austin Healey e no ano seguinte, um Lotus 18 de Formula Junior, onde consegue cinco pódios em oito corridas, antes de ter um acidente de Louisville, destruindo o carro.

Pouco depois, Timmy era chamado para fazer o serviço militar. Fê-lo em Porto Rico, mas as coisas eram feitas no sentido de poder participar em competições na América, a bordo de uma equipa que o seu irmão tinha montado e do qual o seu amigo Peter Revson era o seu companheiro de equipa. A Rev-Em fez sucesso ao longo de 1962, e no final dessa temporada, Mayer era o campeão na SCCA (Sports Car Club of America) e como recompensa, alinhou no terceiro Cooper oficial no GP dos estados Unidos, ao lado de um jovem neozelandês, seis meses mais velho do que ele, e infinitamente mais experiente. Chamava-se Bruce McLaren.

No ano seguinte, toda a gente começava a pensar sériamente em ir para a Europa, e foi o que fizeram, correndo na Formula Junior ao serviço da Ken Tyrrell Racing. Contudo, tinham deixado para trás um jovem engenheiro aeronautico de 22 anos chamado Tyler Alexander.

"Em 1963, eles desapareceram para a Europa e eu fiquei pensando no que fazer. Felizmente, o Sr. [Roger] Penske, um bom amigo, arranjou-me um emprego em Houston com a equipa de John Mecom. Acabei por levar um protótipo, um Zerex Special para Brands Hatch para uma corrida de carros desportivos em agosto de 1963. Foi lá que Teddy, que estava correndo num Cooper Monaco para Timmy [Penske ganhou e Mayer terminou no terceiro lugar], perguntou se eu ia ajudar a construir um carro Tasman. Eu disse: 'Tudo bem. Mas que diabo é um carro Tasman?'" contou anos depois à britânica Motorsport Magazine.

Nesse ano, as federações automobilisticas australiana e neozelandesa resolveram aproveitar o facto de os pilotos correrem durante o verão austral para organizar a sua própria série. Os motores teriam de ser á volta de 2,5 litros, e os chassis teriam de ser construidos de modo semelhante aos Formula 1 de então. Eram oito corridas, divididas entre a Austrália e Nova Zelândia. Para Bruce McLaren, correr em casa era uma excelente oportunidade, mas a Cooper não estaria disposta a participar nessa competição, apesar dos insistentes pedidos por parte de Bruce. E era um ano dificil para a marca: John Cooper sofrera um grave acidente durante um teste com o Mini Cooper de ralis, e o seu pai Charles iria morrer pouco tempo depois, e ambos seriam um duro golpe para a marca.

McLaren decidiu construir dois chassis Cooper T70, e estavam prontos em setembro para teste. Mayer fez o "shakedown" e em novembro, todos estavam a caminho da Nova Zelândia, onde iriam correr as etapas iniciais da competição. A competição começou a 4 de janeiro, no circuito de Levin, onde o local Denny Hulme venceu a corrida, depois de um duelo com Mayer. Bruce McLaren completou o pódio. Nas três corridas seguintes, McLaren dominou, incluindo o GP da Nova Zelândia, no circuito de Pukehoke. Meyer foi terceiro nessa corrida, antes de conseguir outro segundo lugar no circuito de Teretonga. Nesta altura, McLaren dominava com 27 pontos e parecia que as coisas iriam ser mais calmas na segunda metade da competição, na Austrália.

Ledo engano. Jack Brabham tinha participado apenas em duas corridas, alcançando um segundo lugar em Wigram. Mas na Austrália, ele estaria em todas as provas e a possibilidade de ser campeão era bem grande. E foi o que fez, ao vencer três corridas seguidas, em Sandown, Warwick Farm e Lakeside, igualando McLaren em número de vitórias. Mas McLaren conseguiu dois pódios, dez cruciais pontos e assim tinha o título na mão quando chegaram à última corrida do ano, no circuito de Longford, na Tasmânia.

Atrás, as performances de Timmy Mayer eram consistentes, mas não tinha alcançado qualquer vitória devido a problemas com o carro. Em Lakeside, por exemplo, tinha andado à briga com Brabham e parecia que iria levar a melhor quando teve problemas de motor. Teria sido uma bela prenda para o seu 26º aniversário natalicio. Aliás, as suas performances confirmavam o potencial de velocidade por parte do piloto americano. Tanto que McLaren tinha convencido a Cooper de contratar Mayer para ser seu piloto para a temporada de 1964.

A corrida final da temporada inaugural da Tasman Series era num circuito complicado. Longford tinha muitos obstáculos: uma ponte de tijolos, um viaduto de madeira, uma passagem de nível e uma ponte estreita faziam parte do circuito, o que colocaria mais obstáculos e perigos do que se poderia imaginar.

Tyler Alexander contou como foi a viagem: "Nós guiamos de Brisbane para Melbourne com apenas uma paragem pelo caminho, se você pode imaginar tal coisa. Tivemos duas "station wagons" cheias de peças e puxando um trailer cada, bem como uma carrinha aberta que agia como um camião para os motores e caixas de velocidades. Não me lembro exatamente como Bruce, Timmy e Teddy viajaram, pois estavam sempre à procura de uma oportunidade para praticar esqui aquático."

"Eles estavam hospedados nos mesmos lugares que nós. Não havia nada "snobista" sobre isso. Era um trabalho duro, mas faziamos de bom humor. É assim que Bruce operava. Ele tinha muito carisma, mas nunca o usou num sentido egoista. Você trabalhava com ele e não para ele. Nós deixamos os carros em Melbourne e pegamos o barco para a Tasmânia."

A sessão de treinos em Longford começou com Mayer a ser mais lento em 1,8 segundos, o que fez com que na sessão seguinte, decidisse mudar as relações de caixa, no sentido de melhorar o seu tempo. Quando ele voltou à pista, no dia seguinte, Mayer perdeu o controle do seu Cooper numa reta, após um salto, e embateu numa árvore, tendo morte imediata. Uma semana depois de fazer 26 anos.

Frank Gardner, um dos concorrentes, achou que Mayer ia em excesso de velocidade, mas Tyler alexander não confirma, nem desmente: "Eu não sei nada sobre isso", começa por dizer Alexander. "Nós poderíamos ter montado o carro de olhos vendados, de tanto termos trabalhado nele durante as semanas anteriores. E, na verdade, para Timmy, estava tudo bem na mesma. Ele era uma pessoa inteligente [um graduado de Yale] que ficava melhor a cada corrida que fazia. Ele estava a aprender o tempo todo. Um par de vezes ele terminou apenas a alguns metros atrás de Bruce. Eu suspeito que ele poderia ter feito um esforço mais determinado para o superar, mas, sem dúvida, Bruce teria sido capaz de responder.", afirmou.

McLaren não correu no sábado, mas participou na segunda-feira, o dia da corrida. Sem marcar tempo, partiu do último posto para fazer uma corrida de recuperação, terminando no segundo lugar da geral.

Em 2009, escrevi sobre Mayer por aqui, e na altura, transcrevi na íntegra o artigo de Bruce McLaren, homenageando o seu companheiro de equipa e amigo, escrito semanas depois do seu acidente fatal em Longford. Ei-lo na íntegra:

“Sentamo-nos no topo das boxes, aproveitando o sol de Longford, esperando para que começasse a primeira sessão de treinos: eu, Timny, a sua mulher Garril e os mecânicos – a nossa equipa. Dali, tinhamos a pitoresca vista do campo, e imediatamente abaixo de nós ficava o “Paddock”, com coloridos e polidos carros desportivos.

Estavmos felizes. Era o último evento da série. Nos dois meses em que nós corremos, trabalhamos e relaxamos juntos, talvez mais do que todos nós, Timmy estava gozando a temporada. Tinha confessado que adorara verdadeiramente ter estado na Austrália. Inteligente e charmoso, tinha feito dezenas de amigos. Quem não o conhecesse, não acreditava ver um corredor, tinha de o cohnhecer verdadeiramente para notar o seu desejo de competir, fazer algo melhor do que a pessoa ao lado, seja a nadar, e fazer esqui aquático ou a correr.

Então, quando durante a segunda sessão de treinos, soubemos que tinha batido a alta velocidade, soubemos imediatamente que era mau, mas sabiamos que ao menos, estava a fazer o que mais gostava. A noticia de que teve morte imediata fori um terrivel choque para todos nós. Mas quem é que nos diz que nos seus curtos 26 anos de vida fez mais, viu mais, e aprendeu mais do que muitos de nós fizeram nas suas vidas? É trágico, particularmente para nós, os que ficaram para trás. Planos que foram imediatamente cancelados, e esperanças que desapareceram. Sem homens como Tim, tais planos e esperanças já não significam nada.

Fazer algo bem vale tanto a pena que morrer fazendo ainda melhor, não pode ser loucura. Não consigo dizer isto muito bem, mas sei que isto é verdadeiro. Seria um desperdicio fazer coisas com as habilidades dos outros, mas para mim a vida é medida por realizações e não por anos.

A aqueles que mostraram á sua mulher Garril, ao seu irmão Teddy e aos restantes membros da nossa equipa, as suas simpatias e considerações, quero dizer ‘obrigado’. Os vários telegramas que nos chegaram um pouco de todo o mundo são o testemunho do vasto circulo de amigos que tinha e da perda que sentiram.

Timmy era um verdadeiro amigo e um excelente companheiro de equipa”

Tyler Alexander explicou o que fizeram nesses dias de luto e angustia: "Na noite após a morte de Timmy, todos nós voltamos para o hotel. Havia quatro ou cinco de nós, inclusive Garrill, que era uma menina corajosa, agradável e inteligente. E nós fizemos o que tinhamos que fazer. Voamos para Nova York, via Sydney, e passamos dois dias na casa da mãe de Teddy, a Happy Apple Farm, explicando a um grupo de pessoas em luto, familiares e amigos, onde era a Tasmânia e o que Timmy estava fazer por ali."

"As pessoas ainda me perguntam se Teddy e eu discutimos alguma vez sobre a hipótese de abandonar a comptição. Eu acho que minha a resposta para isso é a seguinte: Teddy e Garrill foram esquiar em Vermont para ficar longe de tudo, e ela ligou para a casa dos meus pais para me convidar; Garrill queria me ensinar a esquiar. Uma noite, vendo a paisagem e mantendo nas mãos um bom copo de whisky de malte, o telefone tocou. Era Bruce. Ele queria perguntar ao Teddy se ele achava que deveria comprar o Zerex especial e fazer algumas corridas de carros esportivos na Inglaterra. Teddy respondeu: 'Tyler está aqui! 'E me entregou o telefone

"Voltei para casa e, de seguida, dirigi non-stop para Pensacola, na Flórida, para pegar o carro e rebocá-lo para Nova York. No fim de semana seguinte, fomos correr em Oulton Park. Não há nenhuma razão para que Timmy não nos quisesse que continuassemos. Nenhuma".

Apesar de hoje em dia, pouca gente saber de Timmy Mayer, o que ele foi, a sua carreira e o seu trágico fim, as pessoas que estiveram à sua volta aprenderam com ele e tornaram a McLaren na potência que foi no final dos anos 60, na Can-Am e na Formula 1. E os seus fundadores sabiam disso e sempre agradeceram a sua contribuição.

Youtube Video Prank: Como convencer os céticos que o video anterior é verdadeiro...


Isto apareceu por aqui há uns dias. Aparentemente, o Travis Olutski, do Jalopnik, começou a dizer que a "pegadinha" do Jeff Gordon há cerca de um ano, onde eles pregaram um susto de morte a um vendedor de automóveis, era mais um truque que outra coisa. Na realidade, não era, e eles queriam provar a Olutski e aos céticos que tudo o que tinhamos visto era verdadeiro.

E o que fizeram? A mesma coisa, com a mesma pessoa, e fizeram um taxi para que o jornalista em questão caisse na armadilha que nem um patinho. Eis o resultado, gravado em video. Em menos de 24 horas, já teve quase cinco milhões de visualizações...

Rumor do Dia: FIA pode adiar o anuncio de novas equipas

Em principio, será hoje que a FIA anunciará quem poderá ser o - ou os - escolhidos para entrar na Formula 1 na temporada de 2015. Mas a revista alemã "Auto Motor und Sport" fala hoje que a decisão poderá ter sido adiada por parte da entidade máxima do automobilismo pelo facto dos detentores dos direitos comerciais da Formula 1 não terem olhado com detalhe os projetos comerciais das equipas concorrentes.

Segundo se fala por aí, os projetos são três: o americano Gene Haas, romeno-alemão Colin Kolles - e o governo romeno - e Zoran Stefanovic. Mas os dois primeiros projetos são bem mais sólidos e mais crediveis do que o último. E do lado de Kolles, o interessante é contado hoje pelo Joe Saward, que afirma que uma delegação do governo romeno está em Paris, junto da sede da FIA, para convencer Jean Todt das intenções deste projeto. Essa delegação seria liderada pelo Ministro do Desporto, Nicola Banicioiu, que antes disso foi a Genebra, falar com Bernard Niclot e Charlie Whitting, responsáveis da FIA relacionados com a logistica.

Aparentemente, a parte de Kolles neste projeto têm a ver com a utilização das instalações da Kodewa, na Alemanha, e a utilização dos motores Renault, já que uma das subsidiárias da marca francesa é a Dacia, que foi fundada e é fabricada em paragens romenas. Logo, ter o logotipo da Dacia seria um bom chamativo.

Contudo, pelos vistos, caso a noticia do adiamento seja confirmado, isso significara que a ideia de ter novas equipas na temporada de 2015 poderá ser adiado para a temporada seguinte, pois a partir de agora, restariam cerca de dez meses até colocar um projeto viável de pé, daí este dia ser decisivo para todo e qualquer projeto. Jean Todt poderá ter a resposta na mão, mas é bem provavel que a ideia de alargamento tenha de calhar noutras calendas...

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Os motores Renault estão no limite dos 107 por cento?

A última bateria de testes da pré-época regressou hoje a paragens barenitas, e parece que não há novidades ditas... "dramáticas". Os carros com motores Mercedes continuam na frente, e os com motor Renault estão na cauda do pelotão, com tempos tão baixos que se começou a discutir se eles alcançarão a margem dos 107 por cento na primeira corrida do ano, em Melbourne. Provavelmente algumas pessoas começaram a imaginar a ideia de um "escândalo" relacionado com a não comparência de quatro, cinco ou mais carros, porque eles se transformariam uma "chicane móvel", causando perigo para toda a gente.

Bom, na realidade... não é bem assim. Mentes mais perversas poderiam fazer uso da regra dos 107 por cento para eliminar concorrência indesejável, mas na realidade, nenhuma das equipas está a andar nessa zona. As diferenças podem ser grandes, de facto, e algumas equipas poderão acabar a corrida de abertura do mundial com quatro ou cinco voltas de atraso em relação ao vencedor, mas ninguém seria excluido da prova por causa disso. Porque não são suficientemente lentos.

O artigo em questão - Artigo 36.1 do Regulamento Desportivo da FIA - é claro. Ele afirma que "durante a Q1, qualquer piloto cuja melhor volta de qualificação for superior a 107% do melhor tempo definido durante a sessão, ou que não consegue definir um tempo, não será autorizado a participar na corrida. No entanto, em circunstâncias excepcionais, o que pode incluir o estabelecimento de um tempo de volta adequado numa sessão de treinos livres, os comissários podem permitir que o carro participe na corrida. Deve haver mais do que um condutor aceite deste modo, a ordem da grelha irá ser determinada pelos comissários desportivos".

O Joe Saward, no seu blog, fala hoje sobre esse assunto e fez uma comparação aos tempos que fizeram durante os testes da semana passada em solo barenita.

"Os últimos testes no Bahrein mostraram que a situação não é tão terrível como se julga. No primeiro dia do teste, o tempo mais rápido foi um 1.36,880 segundos, o que significava um tempo de volta acima de de 107 por cento seria de 1.43,661 segundos. Todos os carros que completaram mais de 10 voltas alcançaram este tempo de volta. No segundo dia, o limite de 107 por cento era de 1.41,553 segundos e naquele dia os dois carros que não alcançaram esse limite, tinham feito menos de 20 voltas cada um. No terceiro dia, o limite foi reduzido a 1.40,861 segundos. O único homem que fez um número razoável de voltas acima do limite dos 107 por cento foi o sueco Marcus Ericsson (Caterham), mas ele estava fazendo simulações de corrida e não tentava fazer tempos para qualificação. No dia quatro do teste, o limite estava em 1.39,812 segundos e mais uma vez quem tinha mais de 20 voltas feitas, alcançou esse limite. 

Tendo em conta que haverá três sessões de treinos livres antes da qualificação australiana e os comissários da FIA têm o poder discricionário que inclui voltas estabelecidas nestas sessões, é mais do que claro que a regra de 107 por cento é muito pouco provável que cause problemas em Melbourne."

Em suma: há problemas, mas não estamos a lidar com chicanes móveis. E é mais do que provável que as equipas afetadas estejam em contra-relógio para resolver os problemas prementes antes da corrida australiana. Mas que a Red Bull. Lotus ou a Toro Rosso vão ter tempos dificeis, é um facto. Veremos se saberão recuperar desses problemas e tentar contrariar o facto de que não vão ter quaisquer hipótese de vitória ou sequer de pódio.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Nos 40 anos de Sebastien Löeb

Quando as pessoas são muito boas naquilo que fazem, tornam-se lendas. Especialmente no desporto. E no desporto, exemplos não faltam. Há os que têm talento natural e fazem coisas tão naturalmente que os seus admiradores os chamam de "deuses na terra". Mas também há os ultra-esforçados, sempre a quererem melhorar as suas performances para poderem bater a concorrência e acabarem no lugar mais alto do pódio.

Sebastien Loeb pertence à primeira categoria. Fazia as coisas de maneira natural, tão natural que não mostrava o esforço que tinha de fazer para bater os seus adversários. Fazia-me lembrar Juan Manuel Fangio, que tinha uma consistência superior à concorrência. E no seu tempo, quem tentasse batê-lo, arriscava a sua vida. Daí ele ter dito certo dia que tinha conhecido pilotos mais corajosos do que ele. Só que estavam mortos. Felizmente que nestes tempos que correm, os riscos de morte são bem mais baixos do que em meados do século passado.

Gosto de Loeb por dois motivos, a sua consistência superior à concorrência e a sua lealdade à Citroen. Aos 17 anos de idade, ele tinha saído da escola na sua Alsácia natal e era mecânico, para poder ter dinheiro e arranjar um carro para fazer ralis na sua zona. Sabia que tinha de fazer isso para prosseguir o seu sonho. A marca reparou no seu talento e o ajudou no inicio da sua carreira, com um modelo Saxo, e com ele, tornou-se campeão francês, primeiro nas duas rodas motrizes, depois em termos absolutos. A marca do "Double Chevron" não o esqueceu e lhe deu uma chance de se estrear no Mundial de ralis. E Loeb agradeceu essa oportunidade, sendo fiel à marca e lhe dando os títulos de Construtores entre 2004 e 2012.

É por isso que não alinho naqueles que afirmam que poderia ser um excelente piloto se tivesse ganho com Fords, Volkswagens, Subarus, Skodas e outras marcas. Ele não tinha de ser "mercenário" para mostrar ao mundo que era bom. Acho que habituamo-nos mal a essa ideia, só porque viamos os exemplos do passado. Loeb quis ser diferente e quis fazer as coisas à sua maneira, e só temos de o respeitar nesse campo.

E pelos vistos, quando andou numa máquina diferente, como foi o Peugeot 208 com o qual faz o Pikes Peak, esmagando os recordes anteriores na rampa americana, demonstrou que já não tinha a ver com o carro, mas apenas com o seu talento. Parecia que as pessoas quereriam isso para ganharem o seu respeito, mas para mim, não precisei que entrasse noutro carro para isso. Eu já o admirava bem antes, quando o vi a "comer o asfalto" com o velho Xsara de duas rodas motrizes, em 2001, e no ano seguinte, quando andava a par de Carlos Sainz e Colin McRae.

Agora, Loeb vai andar noutra categoria: o WTCC. De novo pela Citroen, depois de ter feito experiências nas 24 Horas de Le Mans e no campeonato de FIA GT, num McLaren, ao lado de Álvaro Parente. Foram experiências bem sucedidas, com algumas vitórias na geral, mas não alcançou títulos com isso. Mas demonstrou que têm uma versatilidade que deve ser considerada por todos. Uma versatilidade que anda "desaparecida" por estes dias, já que os pilotos andam cada vez mais isolados nas suas categorias e não se provam uns aos outros para saber se são bons no seu conjunto. Viamos muito disso há mais de 40 anos, mas agora é praticamente inexistente.

Portanto, creio que isso é mais um ponto a favor de um excelente piloto como Loeb. E agora que entra no clube dos quarentões, num WTCC onde veteranos não faltarão - Gabriele Tarquini vai a caminho dos 52 anos! - será interessante como é que ele se adaptará a uma nova categoria, a uma nova cultura e a corridas onde as decisões são ao segundo.

Desejo-lhe sorte. Mas hoje, quero dar-lhe os parabéns. Joyeux Anniversaire, Monseiur Löeb! 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Impressões sobre os testes do Bahrein

No dia a seguir ao final da primeira bateria de testes no minusculo emirado barenita, é bom olharmos para os tempos daqueles dias e ver que conclusões poderemos tirar. É mais do que certo que se confirma a tendência dos motores Mercedes serem os melhores, e que os Renault têm muito caminho pela frente, pelo menos até ao inicio da temporada europeia. Mas agora que os motores franceses começaram a andar muitas mais voltas do que aconteceu em Jerez, ficas ainda mais espantado com a diferença de tempos entre eles e os Mercedes. Cheguei a ler cinco, seis, sete, oito, nove... até 12 segundos de diferença!

O melhor exemplo disso veio na passada quinta-feira de Kamui Kobayashi, o piloto japonês da Caterham, que comentou sobre o seu carro, onde em linha reta, os motores Renault serão 20 a 30km/hora mais lentos do que Ferrari e Mercedes. “No momento, definitivamente, estamos muito fracos, então damos o máximo de oportunidades para eles trabalharem e depois vamos trabalhar no nosso carro. Estamos esperando pelo motor”, começou por dizer. 

Durante os testes, encontramos outros carros e podemos ver claramente que os da Mercedes são muito mais rápidos nas retas, 20 a 30 km/h a mais, e isso significa pontos de travagem diferentes, tudo, se tivéssemos a potência correta”, comparou o piloto. 

Vamos ver o que podemos fazer rapidamente. No momento, estamos bem atrasados”, concluiu o piloto japonês.

Dias depois, voltou à carga e comparou os tempos com os da GP2, e foi demolidor: “Nós não estamos  em condição de corrida por aqui, mas se estivéssemos, acho que deveríamos trazer um carro da GP2. O tempo da volta mais rápida ainda está na GP2. Precisamos trabalhar, mas, neste momento, se tivéssemos que correr, eu acho que não seria na Formula 1. Olhando para o tempo de volta, preciso ficar preocupado. Não posso estar feliz, mas preciso pensar no que podemos fazer. O tempo é muito curto, precisamos pensar sobre a fiabilidade, mas também sobre o desempenho. Temos que tentar o quanto pudermos.”, declarou. 

Em suma, a Renault e as equipas que têm os seus motores irão ter muitos problemas. E pelo que se conta, vai ser assim até ao inicio da temporada europeia, em Barcelona.

É verdade que os testes mostram que os carros com motor Mercedes são os melhores, com os motores que equipam a casa-mãe, e os que estão na Williams, McLaren e Force India a acumularem quilómetros e a fazerem simulações de corrida, para estarem em forma para Melbourne. Mas fala-se que na realidade, os melhores motores poderão até ser os da Ferrari. É que andando ao mesmo nível dos Mercedes, podem não estarem a fazer com toda a sua potência, logo, têm potencial para melhorar ainda mais e podem estar a esconder o jogo.

Francamente, não acredito muito nisso. É certo que estão a testar muito no motor para ver se conseguem superar a concorrência e alcançar um título que lhes foge desde 2007, mas até a pensar que eles possam estar a esconder o jogo, creio que seja um pouco excessivo. É que eles rodaram cerca de metade daquilo que rodou a Mercedes...

A última bateria de testes no Bahrein acontecerá no fim de semana do Carnaval, mas eu suspeito que não deverá haver grandes alterações nesse campo, e isso poderá significar que a partir de meados de março, a nova era da Formula 1 vai ter um inicio completamente diferente da anterior. Isso é certo. 

Schumacher: um desastre de relações públicas

Tento não falar, comentar ou "especular" sobre o estado de saúde de Michael Schumacher, e era essa a minha intenção quando li o rumor vindo da revista alemã "Focus" de que os médicos do Hospital Universitário de Grenoble tinham decidido parar com o processo de acordar o ex-piloto alemão do coma. Contudo, ao ler esta segunda-feira o mais recente post do Dr. Gary Hartstein, o antigo médico da Formula 1, ele já começa a questionar sobre os silêncios e aquilo que os comunicados oficiais, ditos pela porta-voz da familia, Sabine Kehm, não dizem.

Permitam que coloque aqui um extrato:

"Se você não tiver o hábito de ler a seção de comentários depois de cada post (eu faço, é claro - é maravilhoso para ver o que vocês que me lêm pensam, e uma fonte de admiração que você realmente toma o tempo para escrever), vale a pena espreitar (em ordem cronológica) com os comentários para a minha mais recente entrada.

É bastante claro que os fãs de Michael estão a começar a sentir como a sua devoção, o seu comprometimento e a sua paixão por alguém que, já elevado à categoria de herói ao longo de muitos anos não significa nada. Vejo expressões de raiva, decepção e frustração. Outros, com considerável abnegação, estão contando com o "respeito pela privacidade de Michael" e aceitar a falta de informação com paciência... mas mesmo aqui há um tom de frustração por terem concordado em fazê-lo.

Eu não sou um jornalista, nem sou um profissional de relações públicas ou de comunicação. Mas eu realmente já não consigo ver como é que a atual política de comunicação ajuda Michael ou sua família. Eu não vejo como falar sobre os altos e baixos de um processo como este dá cabo da privacidade de Michael ou faz a jornada de Corinna e das crianças ainda mais complicada. Não consigo compreender as razões para isso. 

Eu já disse isso antes e vou repeti-lo: isto é totalmente injusto com as pessoas que fizeram Michael a celebridade que ele é. As pessoas que vibravam com suas vitórias e ficaram tristes por suas derrotas. Eles merecem que lhes digam algo mais do que estão a dizer. Eu não digo que é o seu direito de saber (embora a jurisprudência impõe limites mais frouxas em "privacidade" das celebridades do que pelo dos cidadãos "normais" ), mas sim eu digo que eles merecem saber sobre ele. Porque diabo é que a dor e angustia dos fãs não está sendo considerada? Como é que não informar os milhões de fãs os vai ajudar em alguma coisa?"

Como podem ver, mesmo o Gary Hartstein está a chegar às mesmas conclusões que cheguei há cerca de dez dias acerca do tratamento que a familia Schumacher e a sua porta-voz, Sabine Kehm, esta a ter de todo este caso. Fechar-se num casulo parece que em vez de ganhar a simpatia dos fãs, já os começa a irritar de maneira crescente, à medida que passam as semanas e as mensagens são cada vez mais monocórdicas, como querendo parecer fazer passar por tontos. E claro, provavelmente não tardarão acusações de que eles andam a esconder informação...

Para mim, independentemente de esconderem ou não informações, estou convencido que esta operação de relações públicas já é um desastre. Vamos supor que existiriam sinais de melhoras sobre Schumacher, porque é que a família e os médicos estão a escamotear essa informação? Não se entende apenas como um conceito mais estrito do direito à privacidade, têm de ser algo mais. Mas não vou mais adiante, porque senão ainda volto a ser chamado de "especulador" ou "abutre" ou algo pior...

Mas digo isto: detesto ter razão antes de tempo. 

Rumor do Dia: Jacques Villeneuve nas 500 Milhas de Indianápolis!

O Victor Martins escreveu isto no seu sitio: a equipa Schmidt/Peterson poderá anunciar esta quarta-feira o regresso de Jacques Villeneuve às 500 Milhas de Indianápolis, 19 anos depois de ele ter vencido a competição... e o campeonato CART, antes de seguir para a Formula 1.

Parece que ele até poderá voltar com o famoso 27 (não deve dar, pois é de outro canadiano, James Hinthcliffe) que lhe deu fama na sua curta passagem no campeonato americano, e antes, também deu fama ao seu pai Gilles por uma temporada e meia, nos Ferrari de Formula 1.

Caso o anuncio seja verdadeiro, poderemos afirmar que esta vai ser uma temporada de regressos. Se já vimos Juan Pablo Montoya a voltar, a bordo de um Penske, para uma temporada completa, ver Villeneuve no "Brickyard", pelo menos, é outro grande motivo de seguir esta corrida de perto, no final de maio.

Dias antes, soube-se que o canadiano de 42 anos, e campeão do mundo de Formula 1 em 1997, iria correr no Europeu de Rallycross a bordo de um Peugeot 208.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Youtube Motor Collection: os carros do filho de Victor Ianucovich


Se neste sábado mostrei-vos fotos da coleção de automóveis do ex-presidente ucraniano Victor Ianucovich, hoje mostro-vos outra coleção - mais frota de automóveis - ucraniana: a do filho, que partilha o mesmo nome do pai. A coleção é tipicamente russa, para impor respeito, com jipes imponentes, mas com algumas coisas interessantes. Um Mercedes-Benz mais clássico, outro SLS descapotável, num Volkswagen Phaeton, alguns "camiões" - exclusivos - e todos com algo em comum: são pretos.

O custo? Cerca de dois milhões de dólares.

Vi isto no Jalopnik.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Youtube Rally Testing: Neuville testa o Hyundai em Portugal

Mais um video dos testes que Thierry Neuville andou a fazer em paragens portuguesas, para o desenvolvimento do Hyundai i20.