Não acho muita graça ter um fim de semana de Formula 1 na mesma altura das 24 Horas de Le Mans. Não tanto no sentido de que isto possa impedir que esses pilotos não possam competir na mais importante prova de Endurance do mundo, mas é mais no sentido de que isto retira, ou distrai as pessoas da prova. Como acontece quando colocam o GP do Mónaco e as 500 Milhas de Indianápolis no mesmo dia. A sorte de todos eles é que as partes importantes não colidem em termos de horário, ou se colidem, é por pouco.
Quanto ao campeonato, chegados ao primeiro terço, na atualidade está a ser bem interessante. Não lidera aqueles que já vaticinavam uma vitória por esmagamento, os que dominavam vêm-se aflitos por conseguirem pouco mais que um pódio, e o tal "GOAT" está a ser vulgarizado por aquele que deveria ser seu segundo piloto. Parece Michael Schumacher e Nico Rosberg, entre 2010 e 2012.
Mas neste sábado de junho, verão no Mar Cáspio, havia expectativas sobre o que iria acontecer neste duelo a três, e mais algumas coisas. Então, a qualificação começou desta forma.
Primeiro, as reparações: afinal de contas, estamos num circuito citadino e os danos causados pelos acidentes na Formula 2 atrasaram as coisas em pelo menos um quarto de hora. Mas, para piorar as coisas, eles iriam correr no inicio da tarde na Europa Ocidental, ou seja... mais três horas de diferença. Ou seja, a qualificação iria começar quase no final da tarde.
Quando a luz verde foi mostrada, os carros lá sairam para a pista, mas os primeiros tempos competitivos apareceram com Max Verstappen, que foi o primeiro a entrar no segundo 42 neste fim de semana, numa clara declaração de interesse. Sergio Pérez ficou a 260 centésimos do seu colega de equipa, seguido de Charles Leclerc e Carlos Sainz. George Russell fez um excelente tempo e colocou-se na quarta posição, ficando à frente de Esteban Ocon, Sebastian Vettel, Yuki Tsunoda, Lewis Hamilton e Zhou Guanyu.
Na segunda parte, para os tempos decisivos, Leclerc foi o melhor, mas Perez reagiu, subindo ao topo da tabela de tempos, mas depois, Max conseguiu um tempo 11 centésimos superior a todos os outros. E foi mesmo a tempo, porque depois, Lance Stroll saiu de pista por duas vezes, primeiro na curva 7, depois mais adiante, trazendo as bandeiras vermelhas.
Quando voltou a luz verde, havia tempo para uma mera volta cronometrada, mas o transito era tal que houve poucas mudanças. No final, para além de Stroll, ficaram para trás os Williams de Alex Albon e Nicholas Lattifi, e os Haas de Kevin Magnussen e Mick Schumacher.
Poucos minutos mais tarde, começava a Q2. Com a temperatura da pista a descer cada vez mais, a dúvida era ver quem faria companhia à Red Bull e a Ferrari, embora se soubesse que a Mercedes seria um forte candidato. Na primeira parte, os Red Bull continuavam muito fortes e os primeiros tempos andavam pelo 42 baixo, primeiro Max, depois Checo, mas os Ferrari reagiram com Carlos Sainz a tratar de se aproximar ainda mais do segundo 41, ficando com o melhor tempo provisório na primeira tentativa, 94 centésimos mais rápido que Charles Leclerc. Pierre Gasly era quinto e conseguia um tempo melhor que George Russell, com Sebastian Vettel a seguir, em sétimo. Fernando Alonso, Yuki Tsunoda e Lando Norris completavam o top 10 no final das primeiras tentativas.
E com os minutos finais, havia alguns alertas para os que ficavam de fora: Lewis Hamilton, Esteban Ocon, Daniel Ricciardo, Zhou Guanyu e Valtteri Bottas estavam na zona de eliminação.
Hamilton, com a ajuda do cone de aspiração de Russell conseguiu melhorar o seu tempo, mas Lando Norris errou na sua última volta e ficava assim eliminado. Aliás, os McLaren não entravam, porque Daniel Ricciardo lhe fazia companhia. Esteban Ocon e os Alfa Romeo Sauber de Guangyou Zhou e Valtteri Bottas acompanhavam-os no infortúnio.
E agora, era a Q3, os minutos finais para definir a pole.
Aqui, os homens da Red Bull lutavam com a dupla da Ferrari, e nas primeiras tentativas, Carlos Sainz Jr fez melhor que Leclerc e que os dois carros da Red Bull. Com o tempo de 1.41,814, o espanhol ficava 47 centésimos à frente de Leclerc. O tempo de Pérez era 126 centésimos mais lento, mas ficava na frente de Verstappen, a 175 centésimos. O melhor do segundo pelotão era Pierre Gasly, mas a mais de um segundo do líder.
A última parte foi mais excitante. Cada um por si, sem ajudar ninguém, e Sainz Jr começou mal a volta. Ficou à mercê de Leclerc que vinha com tudo para tentar o melhor tempo e conseguiu tirar meio segundo ao que o espanhol tinha feito. Verstappen reagiu, conseguindo o segundo tempo, mas foi destronado por Pérez, o último a sair porque tinha demorado a reabastecer e a sair das boxes.
Mercedes e Alpha Tauri dividiram a terceira e quarta fila, com Russell e ser melhor que Gasly, e Hamilton mais veloz que Yuki Tsunoda, e a fechar o "top ten", os veteranos Vettel e Alonso.
Amanhã é dia de corrida, e claro, mais um capitulo no duelo bem interesante, com outros a espreitarem. Esta será, definitivamente, uma temporada longa.