sábado, 21 de março de 2009

Mosley sacode a água do capote, Ecclestone não sabe perder

Depois da FOTA ter mostrado a Max Mosley, presidente da FIA, que a sua regra de atribuição dos pontos ia contra as próprias regras da entidade máxima do automobilismo, não tinha outro remédio senão anunciar o seu próprio recuo, pois caso persistisse no erro, faria com que a própria FIA se descredibilizasse aos olhos de todos, incluindo os mais leigos na matéria, e a posição da FOTA ficaria ainda mais reforçada.

Mas o mais ridículo, na minha opinião, é ler hoje a entrevista de Mosley ao jornal inglês "Daily Telegraph". No periódico, o presidente da FIA faz-se de "virgem ingénua" ao dizer que tinha a garantia da aprovação da medida por parte dos construtores, uma palavra dada por... Bernie Ecclestone. "Bernie me disse que tinha falado com os times e que todos estavam satisfeitos [com a mudança]. Eu fui levado a acreditar que todos tinham concordado. O Conselho Mundial tinha a impressão de que todos estavam de acordo", afirmou Mosley, em declarações captadas pelo site brasileiro Grande Prémio.

Quanto a Ecclestone... bem, pelas declarações de hoje, demonstra que tem um péssimo perder. Ontem á noite, o F1 Supremo de 78 anos disse de sua justiça: "Toda vez que nós fazemos uma mudança, aparece um monte de pessoas dizendo: 'Ah, esqueça, isso não vai acontecer'. Quando criamos a regra de dois motores por corrida, todos falaram que não podíamos fazer porque as equipas não terminariam as provas. As equipas sempre dizem para esquecermos tudo o que nós propomos", afirmou. Misturar alhos com bugalhos é má politica, Bernie...

Uma coisa é certa: destes dois e da sua ideia louca das medalhas, ainda teremos noticias, pois ambos "já juraram vingança". O ano promete ser quente. Muito quente!

21 de Março de 1960. São Paulo, Brasil

Para todos foi um dos melhores. Para muitos foi o melhor. Eu fui um dos milhares que viam a Formula 1 na TV, aos domingos à tarde, só para torcer por ele e vê-lo no lugar mais alto do pódio. Vê-lo a correr ao vivo, ao longo de dez anos, foi um previlégio que tive, e uma das razões para aprender a gostar de Formula 1. De uma certa maneira, Ayrton Senna foi a pessoa que me mostrou o que é a Formula 1, e o que significa competir, ganhar.

Ele foi o ponto de partida para conhecer mais tarde o resto da Formula 1. As equipas, os piltotos, o passado, o presente, o futuro. As máquinas que fizeram história, para o bem e para o mal, e para mim, que tinha recentemente vindo do Brasil, uma forma de contacto com uma realidade que tinha deixado para trás. E numa altura de hiperinflação, corrupção nas mais altas esferas (estavamos na era Collor), e a selecção de futebol estava nas ruas da amargura (o tetra ainda era um sonho nas mentes das pessoas...) Senna (e Nelson Piquet) eram as unicas razões para se falar bem do Brasil, para além do Carnaval, das praias e das novelas. E ser brasileiro nessa altura era uma tarefa difícil.


O Destino encarregou-se de abreviar a carreira. Mas dez anos foram mais do que suficientes para marcar de forma indelével na história da Formula 1, do Desporto e do Brasil no século XX. Certamente teria uma ideia daquilo que tinha feito em pista, mas ver elevado à condição de mito era algo que provavelmente não teria imaginado, nem ele nem ninguém. E agora, o nome poderá estar de volta à formula 1 dentro de um ou dois anos, com o surgimento do seu sobrinho Bruno. Que tem as genes do tio, isso tem. Agora se é talentoso como ele é algo que ainda tem de provar. Mas não acho que seja justo se o comparar com Ayrton. Ele é um, Bruno é outro. Só espero que seja tão vitorioso como ele, à sua maneira.


Creio que com este post, tentei dar a melhor explicação sociológica possivel para justificar o facto de Ayrton Senna ainda seja idolatrado por imensa gente, agora que este ano se vai comemorar os 15º aniversário da sua morte. Espero que a esta distância se comece a ver de uma forma mais racional o tipo de pessoa que foi, e verificar como é que de um simples piloto, muito talentoso na pista, se transforma numa das poucas referências positivas do seu país, numa era que muitos a vêm como negativa, que é a dos anos difíceis do pós-restauração da Democracia, em 1985. Uma coisa é certa: para uma geração, este homem ficou para todo o sempre na história dessa grande Nação que é o Brasil, muito para além do herói desportivo que ele é na realidade.

Speeder Questiona... Becken Lima (F1 Around)

Becken Lima, a pessoa por detrás do excelente blog F1 Around, foi alguém que redescobri nestes últimos meses, pois sabia da sua existência desde os tempos em que o seu blog fazia parte do Universo Blogger, antes de se transferir para o Wordpress. O que não fazia ideia era que o seu blog seria algo que fosse para além do mero bloco de opiniões noticiosas sobre a Formula 1. Vai para além disso, analisando os assuntos do momento e forma séria e analítica. Foi através dele que conheci excelentes blogs, principalmente em língua inglesa. Dois desses bons exemplos foram os blogs dos ingleses Clive Allen e do James Allen (ex-jornalista da ITV, que acompanhava os Grandes Prémios), excelentes sítios onde se pode analisar do ponto de vista do “insider”, no último caso, a actualidade na Formula 1 e o impacto que os assuntos do dia têm em todos nós. A uma semana do começo do Mundial de Formula 1, em Melbourne, e passada que está a polémica da semana, acerca do “sistema berniano de pontuação”, é a vez de falar com a pessoa que está por detrás deste blog.


1 – Olá, é um prazer ter-te aqui, neste humilde blog, a responder às minhas perguntas. Queres explicar, em poucas linhas, como surgiu a ideia do teu blogue?

Olá, Paulo! O blog surgiu de duas necessidades. A primeira para aplacar um pouco a minha compulsão por escrever, sou uma espécie de grafomaníaco. A segunda, de unir essa vontade natural pela escrita ao gosto pela F1. Eu poderia estar escrevendo sobre cinema, outra paixão, por exemplo...


2 – O nome que ele tem, foi planejado ou saiu, pura e simplesmente, da tua cabeça?

O nome foi planejado, sim. A intenção inicial do título era sugerir que o blog fizesse analogias e comparações que usualmente não se encontram em outros blogs (daí o “Around,” estar em torno da F1!), mas a demanda dos leitores que lentamente estão surgindo está pouco a pouco mudando o conceito sobre o qual ele foi inicialmente baptizado.


3 – Antes de começares este blog, já tinhas tido alguma participação em outros blogues ou sites?

Sim, eu era um participante activo no blog do Livio Oricchio, mas as discussões por lá estendiam-se por outros temas além do post inicialmente escrito pelo Livio. Lentamente eu fui deixando de comentar no blog do Livio e passando a escrever apenas no meu próprio.


4 – Em que dia é que começaste, e quantas visitas é que já teve até agora?

Eu não sei o dia exacto, mas foi no fim de 2007. Eu o iniciei sob a plataforma BLOGGER, daí mudei para o WORDPRESS, que tem um óptimo medidor estatístico. No momento está em torno de 68.000 visitas, variando de 1.000 a 1.200 por dia, com um crescimento firme à medida que a primeira prova na Austrália aproxima-se.


5 – De todos os posts que já escreveste, lembras-te de algum que te orgulhe… ou não?

Eu gosto sempre dos últimos. Eu lembro que o post sobre Alan Donelly e outro sobre o julgamento do resultado em Spa, foram interessantes, principalmente por que foram desenvolvidos no calor do momento. Outro memorável talvez seja a resenhas de duas biografias do Senna, que ficou bem escrita, acho. O último sobre o status de Felipe Massa foi elogiado pelos comentaristas do blog e, apesar de escrito na correria, também ficou razoável.


6 – Em que é que tu, escrevendo sobre Formula 1, consegues ser diferente dos outros blogs?

Eu tento, pelo menos. Eu procuro aprofundar temas e abordar outros que dificilmente são encontrados em outros blogs — além de tentar estimular a criatividade do leitor. Fujo da repetição constante das notícias que pipocam em portais, a não ser que seja inevitável como registro histórico, pois os frequentadores fatalmente abordarão o tema. Se vou publicar algo que percebo que terá repercussão, procuro verificar se tal nota não já foi dada antes em outros lugares e só aí publico.

As notícias acabam sendo na verdade um suporte para os artigos que escrevo. Outro ponto é que o blog é extremamente “friendly” ou amigável com os comentaristas, que são na verdade preciosos colaboradores, muito bem informados e articulados. Por isso procuro constantemente interagir e estimular o debate — o que na verdade é a essência da mídia blog.


7 – Daqueles blogues que conheces sobre automobilismo, qual(is) dele(s) é que tu nunca dispensas uma visita diária?

O F1fanatic. Keith Collantine é terrivelmente criativo e inteligente e os seus leitores tanto quanto ele. É passagem obrigatória para todo fã de F1.


8 – Falamos agora de Formula 1. Ainda te lembras da primeira corrida que assististe?

Não, infelizmente. A F1 é algo tão intrínseco à minha vida que parece ter estado sempre lá, sem um ponto inicial marcante.


9 – E qual foi aquela que mais te marcou?

Japão 88, o primeiro título do Senna.


10 – Fittipaldi, Piquet e Senna. Qual dos três é aquele que mais agrada, e porquê?

Senna, pelos clichês que todos adoram citar, mas principalmente por que Senna foi o grande “show man” na história da F1. O status de Senna como um dos grandes não foi determinado pela quantidade de títulos ou recordes quebrados, mas pela maneira como ele trouxe emoção e senso de entretenimento à F1. Essa talvez seja a grande semelhança entre ele e Lewis Hamilton.


11 – E achas que algum dia, Felipe Massa vai fazer parte deste trio de campeões?

Impossível afirmar isso. Alguns acham que os mais perto que o Felipe chegará de um título foram aquelas duas últimas voltas em Interlagos. Mas o azar do Massa é que ele é alguém extremamente esforçado, com um talento médio e que talvez tenha surgido em uma das melhores safras de pilotos na F1. Alonso está acima dele e têm mais ou menos a mesma experiência, enquanto Vettel, Kubica e principalmente Hamilton, o melhor entre os novos, estão nesse momento crescendo e tornando-se pilotos mais completos e cada vez melhores.


12 – Comparando-o aos três pilotos acima referidos, Massa é mais parecido com quem, e porquê?

Acho que com nenhum. Há algo próprio e único no Massa.


13 – Achas que o título de 2008 foi bem entregue?

Sim, muito bem entregue, é indiscutível o título vencido por Lewis.


14 – Tirando os brasileiros, qual é para ti o piloto mais marcante da história da Formula 1, e por quê?

Alain Prost. Ele foi o reflexo pelo qual Senna olhou para si mesmo e para os seus limites, a sua perfeita antítese. Sem Prost, Senna não seria grande, e vice versa.


15 – Para além de Formula 1, que outras modalidades de automobilismo que tu mais gostas de ver?

Eu gosto da GP2 pela semelhança com a F1 e pelo fato de estar assistindo pilotos que potencialmente estarão explodindo na F1.


16 – E achas que vale a pena falar sobre ele no teu blogue?

Faço uma referência ou outra à GP2, mas o F1 Around cobre exclusivamente a F1.


17 – E miniaturas de carrinhos, tens algum?

Sim, algumas Lotus, Ferrari e McLarens. Tenho um carinho especial pelo MP4/22, presente que dei ao meu filho. Esse McLaren de 2007 foi o único carro da equipe pilotado pelo Alonso e o primeiro do Hamilton na McLaren. Ele é muito especial.


18 – Passando para a actualidade: de repente, a Honda anuncia a retirada da Formula 1. Como sentiste isso?

É sempre triste quando uma equipa se retira da Formula 1, pois não significa apenas menos dois carros na grelha, mas todo um staff de profissionais de alto nível que ficam desempregados. No caso da Honda, mesmo que alguns membros da família amassem o automobilismo (Senna tinha uma relação muito intensa com Soichiro Honda!), a companhia jamais se comprometeu com este desporto. Ele sempre foi uma plataforma para a Honda treinar engenheiros ou para desenvolver tecnologia. Objectivo alcançado, eles pulavam fora, e assim aconteceu uma vez mais em 2009. Foi má publicidade para a Formula 1, mas foi bom não termos mais uma companhia que não se comprometa com este desporto a longo termo.


19 – Ficaste satisfeito com a solução arranjada pela Honda, de uma Brawn Grand Prix, e pela escolha de Rubens Barrichello em detrimento de Bruno Senna?

Foi perfeito. Ross Brawn é um vencedor, um homem que domina toda a cadeia de processo da Formula 1. Ele já projectou carros, já planeou toda a logística, já foi estrategista em pista. É um dos homens mais preparados para a tarefa de lidar com a equipa.

Sobre o Bruno, a verdade é que nós, blogueiros, seria um facto novo a ser explorado. Seria interessante serguir o começo da carreira do Bruno pilotando um foguete como é o BPG 001, talvez gerasse mais pageviews, mas temos de ser tão realistas quanto foi Ross Brawn, e é o pragmatismo do novo dono de equipa que pôs o Bruno no banco de reservas, espero que temporariamente, eu acho que o Bruno tem um talento mais latente que Nelson Piquet Jr., por exemplo.


20 - Max Mosley anunciou agora que fez um acordo com a Cosworth para fornecer motores ás equipas, a dez milhões de euros por ano. A FOTA (Formula One Teams Association) concordou em reduzir os custos. Achas que é este o caminho, uma Formula 1 com custos controlados?

Sim, claro, não há muito como discordar disso. Custos menores significam, teoricamente, certa paridade de recursos entre as equipes. O problema sempre é o que cada uma é capaz de fazer com tal quantia. McLaren e Ferrari não têm apenas os melhores engenheiros e estrutura física, mas também os melhores financistas e administradores de recursos da F1, capazes de optimizar o orçamento que estiver à mão e transformá-lo em mais alguns décimos de segundos. Portanto, não espere que uma redução de custos equilibre a categoria ou estimule o surgimento de outra super força como as próprias McLaren ou Ferrari. Estas duas equipes continuarão, com algum intervalo aqui ou ali, ainda a dominar por muito tempo a F1.


21 – E o sistema de medalhas, proposto pelo Bernie Ecclestone? Achas uma boa ideia ou apenas um disparate proveniente de um homem já senil?

Bernie não é senil, muito pelo contrário. Ele é muitíssimo esperto e tentou simplificar o sistema de pontuação para público médio (o alvo da FOM que) e ao mesmo tempo estimular o entretenimento com um número maior de ultrapassagens. O problema é que Bernie não é o homem mais preparado para pensar e mudar a estrutura regulamentar do esporte. A FOTA ignorou sua proposta como haveria de ser.


22 - O que achou até agora dos novos carros de 2009?

Houve certo estranhamento natural, mas pouco a pouco estou me acostumando com eles. Acho que a McLaren conseguir produzir um carro bonito apesar da mudança radical. O MP4/24 é o ideal do carro bonito em 2009 para mim.


23 – Que ideia é que ficaste dos testes de pré-época? Esperas uma temporada de 2009 equilibrada ou imprevisível?

A Brawn encheu os olhos nestes testes, não? E uma história maravilhosa, cheia de drama, em torno da sobrevivência da equipa, e claro, do Rubens Barrichello. Eu adoro ser do “contra” e ponho a Brawn como a minha favorita, ao menos em Melbourne, apesar do cepticismo de outros blogueiros (é muito mais fácil ser céptico, né?)

O resto eu acho que se pode dividir em grupos: [Um primeiro grupo com] Ferrari, BMW, Toyota, depois outro grupo: Renault, Red Bull, Williams, McLaren, e por ultimo, Toro Rosso e Force India.


24 – Com isto tudo, quem é o teu favorito ao título mundial? Ou essa pergunta ainda não tem resposta clara?

Não, não tem resposta. Ainda numa temporada cheia de restrições como esta. Se fosse uma mera questão de arriscar na sorte, eu apontaria uma boa briga entre Raikonnen, Kubica, Massa e Alonso. Mas com o BGP 001 voando que nem um foguete e com a McLaren trabalhando duro para resolver os seus problemas, não descarto Lewis Hamilton nem Rubens Barrichello ou Jenson Button.


25 - Que impressão é que ficas do novo projecto de Ken Anderson e Peter Windsor, a USGPE? Achas que deve ser levado a sério?

Questão interessante por que eu sou um grande entusiasta do projecto. Primeiro por que a F1 necessita adentrar ao mercado americano: pelas marcas que o dão suporte e pelo público americano que merece ter acesso ao que de mais moderno há em termos de automobilismo.

Segundo por que é muito fácil utilizar-se de clichês para apontar que o projeto tem falhas, que não terá sucesso por conta da distinta cultura automobilística do povo americano. Isso é clichê, é idéia pronta e já ouvimos aqui e acolá inúmeras vezes. Vamos ser mais criativos e sugerir soluções para os problemas ao invés de apontar o óbvio. Peter Windsor e Ken Anderson têm idéias novas, novos conceitos, que ao menos merecem ser vistos com carinho. Dêem uma chance aos dois.

26 - “Correr é importante para as pessoas que o fazem bem, porque… é vida. Tudo que fazes antes ou depois, é somente uma longa espera.” Esta frase é dita pelo actor americano Steve McQueen, no filme “Le Mans”. Concordas com o seu significado? Sentes isso na tua pele, quando vês uma corrida, como espectador?

Eu vi o filme, mas não me lembrava da frase. É interessante! Há algo de poeticamente beatnik, nela, talvez pela década de sessenta, quando da produção do filme. No meu caso, não! Não vejo a F1 como algo minimamente poético, mas como algo Darwiniano, com pilotos e equipes competindo por recursos finitos em um ambiente extremamente desafiador. Equipes que não se adaptam a novos desafios que surgem, são extintas, pilotos envelhecem e dão lugar aos mais novos e mais hábeis. Isso é a seleção natural de Charles Darwin em estado puro acontecendo à frente de nossos olhos e isso é o que mais me fascina.


27 – Já agora, tens alguma experiência automobilística, como karting? Se sim, ficaste a compreender melhor a razão pelo qual eles pegam num carro e andam às voltas num circuito?

Sim, pouquíssima em Kart, mas ao menos o suficiente para ajudar entender conceitos mínimos de pilotagem como understeer ou oversteer.


28 - Tens algum período da história da Formula 1 que gostarias de ter assistido ao vivo?

Na verdade eu gostaria de reviver toda a temporada de 1988 com a idade e bagagem que eu tenho hoje.


29 - Já alguma vez viste a briga entre o René Arnoux e o Gilles Villeneuve, no GP de França de 1979? Para ti, aquelas voltas finais significam o quê?

Sim, sim. Eu acho que é o ideal de F1 que nós, e acho que FOTA/FIA/FOM procuram. Uma batalha por posição sendo travada de forma natural e não estimulada por artificialismos. Não sei se em 2008 veremos brigas semelhantes, afinal também não temos mais gente como Villeneuve.


30 – Jeremy Clarkson, o mítico apresentador do programa de TV britânico “Top Gear”, disse que Gilles Villeneuve foi “o melhor piloto que alguma vez sentou o rabo num carro de Formula 1”. Concordas ou nem por isso?

Não, acho que não. Senna, eu acho, foi o melhor piloto que a F1 já viu. Senna tinha tanta habilidade quanto Gilles. Pilotava com tanta intensidade, (ou até mais) que o canadense. Tinha, como eu disse acima, um senso raro de entretenimento, algo que Gilles também tinha. Mas a grande diferença é que soube condensar e transformar essas qualidades em vitórias antes de morrer, algo que Gilles, infelizmente, não conseguiu.


31 - Costumas jogar em algum simulador de corridas, como o “Gran Turismo”, o “Formula 1”, ou jogos “online”, como o BATRacer ou o “Grand Prix Legends”?

Eu sou apaixonado pelo Grand Prix 4 do Geoff Cramond, mas aguardo com grande expectativa o novo game da Codemaster.


32 – Eu sei que começaste há algum tempo, mas… que é que tu alcançaste, em termos de prémios, convites, referências, desde que iniciaste o teu percurso na Blogosfera?

Essa é a primeira entrevista que dou, mas eu já escrevi a convite para o blog espanhol QUIERO-BRIATORE, o mais importante blog de F1 não “main stream” da Espanha e fui recentemente convidado por um blogueiro muito famoso para participar de um projecto que ele implantará em 2009. Ainda estou estudando a viabilidade de minha participação.


33 – E se fosses o Max Mosley, o que preferias ter na Formula 1? Uma grelha só de montadoras ou de “garagistas”?

Eu gostaria que fosse meio a meio. A Formula 1 não beneficiou apenas dos recursos financeiros das montadoras, mas também do know-how em promoção e marketing que essas empresas trouxeram para a categoria. Há também o meio-termo, como a McLaren, por exemplo, que tem parte de suas ações em poder da Mercedes-Benz, mas desenvolve um interessante modelo de negócio sustentável.


34 – Já agora, que impressão é que ficaste do novo Autódromo de Portimão?

É maravilhoso. Eu ouvi dizer que a estrutura para a imprensa é bem acanhada e simples, mas a pista é incrível. Mas não é a pista que me fascina, mas o seu diretor e designer, Paulo Pinheiro, sobre quem eu escrevi um pequeno post. O homem não tinha qualquer “know-how” e experiência anterior (que eu saiba!) como designer de circuitos e conseguiu, com muita imaginação e criatividade, criar um circuito mais desafiador que todos projectados pelo Hermann Tilke.


35 – Vamos falar do futuro próximo: Bruno Senna, Lucas di Grassi, Nelson Piquet Jr. Um já está lá, os outros dois querem lá chegar. Achas que algum dos três tem estofo de campeão? Se sim, qual?

Não, não acho que nenhum deles chegará a ser campeão, infelizmente.

36 – Tens algum plano para o blogue, no futuro próximo? Novas secções, meteres-te num podcast ou videocast?

O primeiro plano é mudar a aparência do blog. Ele ainda permanecerá simples durante algum tempo, mas dependendo do seu crescimento, exigirá um redesign que invoque mais identidade. A base do blog continuará na palavra escrita, minha paixão.


Já agora, se quiserem ver as entrevistas anteriores, carreguem nos respectivos links:

19 de Novembro 2008 - Priscilla Bar (Blog Guard Rail)
22 de Novembro 2008 - Marcos Antônio Filho (GP Series)
29 de Novembro 2008 - Hugo Becker (Motor Home)
6 de Dezembro 2008 - Rianov Albinov (F1 Nostalgia)
10 de Dezembro 2008 - Jorge Pezzolo (jpezzolo.com)
13 de Dezembro 2008 - Ron Groo (Blog do Groo)
17 de Dezembro 2008 - João Carlos Viana (jcspeedway)
20 de Dezembro 2008 - Felipão (Blogspot Brasil)
3 de Janeiro de 2009 - José António (4 Rodinhas)
7 de Janeiro de 2009 - Germano Caldeira (Blog 4x4)
10 de Janeiro de 2009 - Felipe Maciel (Blog F-1)
17 de Janeiro de 2009 - Thiago Raposo (Café com Formula 1)
21 de Janeiro de 2009 - Orroe (N U R B U R G R I N G)
24 de Janeiro de 2009 - Sávio Machado (SAVIOMACHADO)
28 de Janeiro de 2009 - Javi G. (Zone F1)
31 de Janeiro de 2009 - Gabriel Lima (Speed N'Thrash)
4 de Fevereiro de 2009 - Bruno Mantovani (Mantovani.zip.net)
14 de Fevereiro de 2009 - Luiz Alberto Pandini (Pandini GP)
18 de Fevereiro de 2009 - Gonçalo Sousa Cabral (16 Valvulas)
28 de Fevereiro de 2009 - Babi Fanzin (Velocidade.org)
4 de Março de 2009 - Kimi Cris (Galáxia F-1)
7 de Março de 2009 - Maria Quiroga (F1 by Mai)
11 de Março de 2009 - Wellington Lucas (Formula One Addict)
14 de Março de 2009 - Ylan Marcel (Motorizado)
18 de Março de 2009 - Tony Costa (Laser Car Design)

sexta-feira, 20 de março de 2009

FIA volta com a palavra atrás

Três dias depois das decisões de Paris, a FIA, depois de ouvir o coro de protestos por parte de todos os agentes da Formula 1, desde pilotos até às equipas, decidiu voltar com a palavra atrás e resolveu adiar para 2010 a implementação do sistema de pontuação proposto por Max Mosley. O facto da FOTA ter dado argumentos referentes ao regulamento, referidos no post anterior, poderá ter sido decisivo para este recuo.

"A 17 de Março, o Conselho Mundial da FIA rejeitou unanimemente a proposta apresentada pela FOTA para a alteração do sistema pontual para o Campeonato do Mundo de Pilotos. A proposta de índole 'o vencedor leva tudo' apresentada pelo detentor dos direitos comerciais (a quem foi dito que as equipas eram a favor) foi, então, aprovada. Se, por alguma razão, as equipas de Fórmula 1 não concordarem com o novo sistema, a sua implementação será adiada até 2010", lê-se no comunicado da FIA, emitido no final desta tarde..

Apesar de hoje, esta polémica ter chegado ao fim, em muitos aspectos mostrou algumas coisas. Primeiro: como é que uma entidade aprova algo que vai contra as suas próprias regras? Segundo: viu-se neste capitulo em particular que Mosley e Ecclestone não hesitaram em afrontar um poder, julgando-se donos e senhores do circo. Mas nenhum deles é agora dono de equipa. Terceiro: isto não vai ficar por aqui. Em breve, veremos novos episódios desta novela. Afinal, o "sistema berniano de pontuação" só foi adiado para 2010, não foi definitivamente abolido. E o Acordo de Concórdia ainda não foi assinado...

FOTA reage: "Sistema de pontos não pode ser mudado"

A polémica promete lavar e durar. A FOTA reagiu esta tarde em comunicado às polémicas decisões desta terça-feira em Paris, ao impor um sistema de pontuação que previlegia as vitórias em deterimento dos pontos conquistados. No comunicado lê-se que tais modificações não foram feitas com a aprovação unânime das equipas, e que tais modificações foram feitas a pouco mais de duas semanas do inicio do Mundial de Formula 1, logo, elas não podem ser válidas para a temporada de 2009.

"A emenda aos regulamentos desportivos propostos pelo World Motorsport Council (WMSC) não foi efectuada de acordo ao estipulado pelo Apêndice 5 dos Regulamentos Desportivos, aprivisionados pelo Artigo 199 do FIA International Sporting Code. Sendo assim, tais modificações que não tenham sido obtidas sem a aprovação unânime de todos os competidores do Campeonato do Mundo de Formula 1 de 2009, são consideradas como inválidas, logo, a FIA não pode impor tal mudança."


"Como a mudança do sistema de pontos não recebeu o selo de aprovação do WMSC, tal mudança não pode acontecer na temporada de 2009. Contudo, as equipas querem demonstrar mais uma vez a sua vontade de colaborar com a FIA para juntos elaborarmos um novo sistema de pontos para a temporada de 2010, com um compreensivo conjunto de medidas, no sentido de estimular a atractividade deste desporto.", conclui o comunicado.


Bom senso, é o que a FOTA demonstra neste comunicado. Tem armas para combater, isso não tem dúvidas, e demonstraram aqui que estão mais dispostas ao diálogo e à compreensão para chegar a uma solução de consenso, do que partir para a guerra. Será que Max Mosley vai acatar ou romper as convenções? Cenas dos próximos capítulos de uma temporada que já escalda!

Fim da polémica: os difusores são legais

Depois das várias equipas terem protestado os difusores de algumas equipas, nomeadamente a da Brawn Grand Prix, a FIA, pela voz de Charlie Whitting, pronunciou-se ontem a favor da sua legalização, terminando assim a controvérsia que estava a crescer nas ultimas duas semanas, e que tinha sido abafado pela decisão da passada terça-feira.




Em entrevista à revista alemã Auto Motor und Sport, Whitting disse apenas que as equipas "utilizaram uma brecha no regulamento que sempre esteve aí", afirmou, em declarações captadas pelo blog Guard Rail. Whiting analisou os carros em Barcelona, durante a semana que passou, e decidiu apenas que a Williams deveria retirar as "asas" ao lado do cockpit e nada mais.


Algumas equipas já reagiram, entre as quais a McLaren, que pela voz de Norbert Haug, o director desportivo da Mercedes, afirmou que "aceitam as interpretações das regras da FIA". Algo que Ferrari e Renault não estão muito pelos ajustes...

ALMS - 12 Horas de Sebring (Qualificação)

Nem Audi, com o seu novo R15, nem a Peugeot, com o seu 908 HDi. A Acura, com o seu LMP1 que só servirá o campeonato americano, é que conseguiu ser a mais rápida nos treinos para as 12 Horas de Sebring, que começarão amanhã pelas 15:30 Horas de Lisboa, 10:30 locais no circuito do oeste da Florida. A tripla constituida por Scott Dixon, Simon Pagenaud e Gil de Ferran irá largar da primeira posição da grelha.

A seguir ao Acura ficou o primeiro dos Audi, constituida pela tripla Rinaldo Capello, Alan McNish e Tom Kristensen, que perdeu a pole-position por menos de um décimo de segundo. A tripla da marca alemã conseguiu, porém, ser melhor do que a sua rival, a Peugeot 908 HDi de Nicolas Minassian, Pedro Lamy e Cristian Kilen. O carro francês ficou a menos de dois décimos de segundo da pole-position da Acura, simbolico do equilibrio que houve entre os carros da mesma categoria nesta primeira "prova de fogo", em paragens americanas. Os segundos carros das três marcas presentes na categoria LMP1 ficaram as posições seguintes, com a Audi a superiorizar-se à Peugeot e à Acura.

Contudo, os treinos numa prova de Endurance servem apenas para colocar os carros numa grelha de partida, pois numa corrida assim tão longa, tudo pode acontecer, e o que conta é a resistência dos carros, e não tanto a sua rapidez... mas o primeiro combate entre a Audi e a Peugeot já demonstrou o equilibrio patente entre os dois carros.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Noticias: Schumacher e Trulli juntam-se aos protestos

O hepta-campeão do Mundo de Formula 1 Michael Schumacher é a mais recente figura pública a protestar acerca da decisão da FIA de premiar o piloto com mais vitórias, em vez da regularidade. Mesmo que com as novas regras, o ex-piloto alemão não perderia qualquer dos seus títulos mundiais conquistados, não vê qualquer lógica na possibilidade de um campeão poder ter menos pontos que os seus adversários:


"Não há qualquer lógica um campeão ter menos pontos do que o segundo classificado nessa competição. Entendo que é uma boa tentativa para aumentar a pressão da luta pelas vitórias, mas não é a melhor solução. Além do mais tudo foi decidido muito em cima do início da temporada, o que é absolutamente espantoso, e nada habitual na FIA, que sempre utilizou esse argumento para não introduzir alterações. Por tudo isto duvido que estas novas regras ajudem a Fórmula 1, especialmente no que à forma de encontrar o campeão diz respeito. Para além disso, penso que temos de nos assegurar que a Formula 1 permaneça como o pináculo dos desportos motorizados em termos tecnológicos. Não faz sentido que seja doutra forma.", referiu Schumacher, em declarações captadas pelo site inglês GPUpdate.


Por outro lado, Jarno Trulli é outro que protesta sobre a decisão da FIA, e é mais contundente: "Parece que a Formula 1 quer morrer e todos teremos de ir correr em outros campeonatos", disse o piloto da Toyota no jornal italiano La Stampa. Mostrando-se preocupado com o futuro da categoria, o piloto de 33 anos afirmou o seguinte: "É correcto tentar dar ao público mais, para melhorar o espectáculo. Porém, isso não deveria distorcer o espírito da Fórmula 1. Estou muito, muito preocupado.", concluiu, em declarações captadas pelas meninas da Octeto.


As reacções continuam, e ninguém está contente com esta decisão. Decerto que haverão cenas dos próximos capitulos...

Quinta Coluna: Isto Significa Guerra!

O destino inicial deste artigo de opinião era o site Pitstop, do Gustavo Coelho. Mas ontem à tarde, o próprio Gustavo colocou uma mensagem afirmando que a sua colaboração iria terminar, pois tinha abraçado um novo desafio profissional, e em consequência, o site seria encerrado. Assim sendo, e sem sitio para colocar, achei por bem colocar aqui a minha opinião sobre as mais recentes decisões de Max Mosley, presidente da FIA, depois de ouvir "a maioria das pessoas", provavelmente, os "yes-man" do Conselho Mundial da FIA e as 34 personalidades que Bernie Ecclestone leva na sua cabeça... Aqui vai:


"A decisão desta terça-feira, na sede da FIA, em Paris, de valorizar as vitórias em detrimento do pontos conquistados, no campeonato de Formula 1 de 2009, demonstra mais uma vez que Max Mosley toma decisões cada vez mais baseadas na sua agenda pessoal, e cada vez menos no bem geral do automobilismo, na pessoa das equipas, dos pilotos e dos espectadores espalhados pelo mundo fora.


Precisamente duas semanas após a decisão da Formula One Teams Association (FOTA) de propor um sistema de pontos diferente, para combater a ideia de um sistema de medalhas idealizado por Bernie Ecclestone, de valorizar a vitória, a decisão da FIA, na pessoa de Max Mosley, tem pouco de bom senso e muito de desafio a um novo bloco que se ergue, depois de anos de mandos e desmandos ao serviço da entidade máxima do desporto automóvel. Max Mosley está no lugar há 17 anos e meio, desde 1991, e tenciona candidatar-se a mais um mandato, não se importando de ficar lá perpetuamente no poder, como um dia o seu pai, Oswald Mosley, sonhou para a sua Inglaterra natal.


A maioria das pessoas, adeptas da Formula 1, não compreende o porquê de Mosley ter decidido desta maneira. Dar uma lição aos Construtores, a coberto da crise mundial? Não sei. Satisfazer um capricho de Bernie Ecclestone? Eventualmente. Nos últimos anos, cada vez menos gente compreende a razão porque é que os circuitos de Formula 1 saem cada vez mais dos seus centros tradicionais, a Europa e os Estados Unidos, para ir a sítios mais estranhos, sem tradição automobilística, como a China, Singapura, Bahrein ou este ano, os Emirados, e deixam cair países com tradição como a França, o Canadá e os Estados Unidos. A Europa está cada vez a ficar mais vazia, para se tornar uma competição mais globalizada, é certo. Mas… o que é que Abu Dhabi ou Singapura tem para oferecer senão dinheiro e um punhado de espectadores?


Estamos a chegar a este ponto: o dinheiro. Cada vez mais a FOM pede aos organizadores dos circuitos mais dinheiro para ter a Formula 1 nos seus circuitos. Em média, na Europa, por ano, um organizador cobra 20 milhões de euros para ter a Formula 1 no seu circuito. Fora da Europa, é ainda mais: fala-se que Singapura irá pagar 50 milhões de dólares por ano para ter o seu Grande Prémio até 2011. A China já pensa se valerá a pena ter Formula 1 em Xangai, já que no ano passado, boa parte das bancadas ficaram vazias durante o fim-de-semana. Os bilhetes são caros, e se em muitos casos os autódromos enchem, é porque a maior parte das pessoas junta dinheiro para comprar o bilhete, muitos meses antes. E no fim de semana do Grande Prémio, muitos tem de levar a carteira recheada, para poder comer ou comprar “souvenirs” das equipas ou dos pilotos.


Em tempo de crise, o cinto aperta para todos: equipas, pilotos e organizadores. Pistas como Spa-Francochamps ou Hockenheim correm o risco de fazerem a mesma coisa que fez Magny-Cours no ano passado: renunciar à organização de um Grande Prémio, para evitar a falência. E o mais cruel é a indiferença que Mosley e Ecclestone têm em relação a isto: “o show tem de continuar”, devem dizer eles. É por isso que não se importam de se livrar de Silverstone e esventrar Donington, sem gastar um único tostão por parte deles, só porque assim o entendem.


E agora estamos neste ponto. Evidentemente ainda é uma decisão fresca, com poucos dias. Mas acontece a pouco mais de dez dias do inicio do Mundial de Formula 1, depois de um dos mais longos defesos de que há memória, sem corridas extra-campeonato pelo meio, com um novo regulamento, que privilegia as ultrapassagens, e que tenta cortar nos custos das equipas. E ainda por cima, existe a possibilidade de uma surpresa no ar já em Melbourne, na figura da Brawn GP.


Como é que a FOTA irá reagir a esta posição? Não vão reagir imediatamente, isso é certo. Vão ler aquilo que se decidiu em Paris, e vão explorar uma reacção. Esta Quarta-feira, Luca di Montezemolo, o presidente da FOTA, reagiu num comunicado oficial, demonstrando a sua “preocupação e desapontamento” pelas decisões tomadas no dia anterior. O dirigente italiano disse que o organismo que defende os interesses das equipas irá "estudar cuidadosamente a nova situação e fazer tudo, em especial nestes tempos difíceis, para manter um regulamento estável sem modificações contínuas, que podem ser confusas e desinteressantes para os construtores, equipas, para o público e para os patrocinadores".


Na minha óptica, eles sabem que esta decisão pode ser encarado como uma declaração de guerra por parte de Mosley, contra a FOTA. A ideia deverá ser, provavelmente, testar a coerência das equipas. Mosley sempre usou o esquema “dividir para reinar” durante anos, e deu resultado, pois quer os regulamentos actuais, quer os “ziguezagues” dos últimos anos são obra dele, e sempre reinou sem oposição. O escândalo do ano passado, da orgia nazi com prostitutas, causou uma tempestade mediática, mas Mosley aguentou-se na cadeira, resistindo às pressões para que se demitisse.


Agora é ano de eleições. Mosley quer candidatar-se de novo, para outro mandato, numa ideia de que irá ficar enquanto a sua saúde o permitir, pois tem actualmente 69 anos. Como é que a FOTA deveria reagir? Na minha opinião, deveria escolher um candidato para o lugar (desde que não seja o Flavio Briatore) para combater contra Mosley de igual para igual, nas eleições para a presidência da FIA. Depois, caso elegesse um novo nome na presidência, fazer as coisas de forma a afastar (ou neutralizar) Bernie Ecclestone dos centros de decisão. É outra personagem que está a mais na Formula 1, e as suas declarações e recomendações já fazem mais mal do que bem. Acho que a FOTA deveria recordar a ele que tem quase 80 anos, e já não tem muito tempo de vida para gozar os milhões que tem no banco.


Só depois, caso essa hipótese falhar, e como último recurso, se deve avançar para uma cisão. Aliás, tal coisa deveria ser evitado o mais possível, pois seria prejudicial para a imagem da Formula 1. Ter duas séries, ou então retirar a Formula 1 da alçada da FIA, seria algo que nunca teria acontecido na história desta categoria. Teve a guerra FOCA-FISA, em 1979-82, com Jean-Marie Ballestre e Bernie Ecclestone como protagonistas, mas apesar das polémicas, e de uma tentativa frustrada, no início de 1981, nunca tinham ido tão longe. O caso americano, das duas séries CART/IRL, que existiu de 1996 a 2007, deveria ser uma lição a estudar por ambas as partes, caso queiram partir para a decisão mais radical existente. Curiosamente, a Formula 1 está a correr sem um Acordo da Concódria desde o final de 2007, e um novo acordo acabou de ser negociado, mas ainda não foi assinado. Um bom pretexto?


Espero que não se chegue a este ponto. Mas uma coisa é certa: isto foi uma declaração de guerra. E o tiro de partida foi dado. Veremos as consequências que vai ter para a Formula 1."

Às vezes, lembro-me dos meus amigos (parte III)

Hoje é dia de aniversário para mais um Blog. E não é um qualquer: é o nosso amigo Ron Groo que comemora o seu segundo aniversário. O seu blog é eventualmente um dos mais criativos que jamais li sobre o automobilismo. Desde a Formula Bus, passando pelo Pai Tião, o "pai de santo" ao serviço da Ferrari, que deu um título a Kimi Raikonnen e quase deu outro a Felipe Massa, entre outros.

O Groo está a dar neste momento uma festa nas suas bandas. Ele merece, embora não tenhamos motivos para celebrar, depois das decisões tomadas na terça-feira pelo Max Mosley. Acho que esses dois são as actuais encarnações do Robert Mugabe, o ditador do Zimbabwe que decidiu destruir o seu próprio país, e culpou os outros! E acho que não vai ficar por aqui...


Mas hoje, vamos tentar abstrair dos problemas e comemorar esta data gloriosa. Porque para o Groo, ele merece a amizade e o carinho de todos nós. Ergamos as nossas taças de "champagne" por ele!

quarta-feira, 18 de março de 2009

Reacções à decisão de ontem

Em pouco mais de 24 horas, foram alguns os intervenientes e opinarem sobre as decisões de ontem, e todos, excepto um, estão contra estas decisões. Fernando Alonso foi taxativo sobre a decisão de Paris: "A FIA não ouviu ninguém".


"Não entendo a necessidade de mudar as regras deste desporto constantemente. Creio que este tipo de decisões só vai confundir os adeptos", começou por afirmar o asturiano, em Jerez, onde se encontra a ultimar os testes da sua equipa para a prova de abertura do Mundial. "A Fórmula 1 já existe há mais de 50 anos graças às equipas, aos patrocinadores, aos pilotos e, sobretudo, aos adeptos de todo o mundo, e nenhum destes pôde expor as suas opiniões perante a FIA".


Alonso mostra-se preocupado com o que vem no futuro: "O que mais me preocupa não são as decisões para a temporada que vai começar, mas sim aquelas que afectam o futuro da competição nos próximos anos. Espero que haja alguma maneira de eles reconsiderarem estas medidas a curto-prazo", concluiu.


A declaração do piloto espanhol veio horas depois de outro piloto, Jenson Button, se ter pronunciado sobre a mesma decisão, afirmando que pode confundir os adeptos: "Julgo que o público terá muitas dificuldades para perceber o porquê de um piloto com 60 pontos se tornar campeão em vez de um com 100. Percebo a lógica por trás da ideia e acho-a interessante. É certo que é um incentivo para vencer, mas também me parece arriscado - ao fim de nove corridas podemos ter um piloto já com o título ganho e que pode ficar quieto a comer gelado, enquanto o segundo classificado do campeonato está apenas 18 pontos atrás", afirmou o piloto inglês da Brawn GP, ao jornal italiano Gazzetta dello Sport.


Para o seu companheiro de equipa, Rubens Barrichello, demonstrou a sua insatisfação com a nova regra. O veterano piloto brasileiro, o mais antigo dos que ainda competem, acha que o Mundial deveria continuar a ser decidido pela regra antiga. "Esta regra não me agrada muito. O mundial deveria ser ganho pelo piloto com mais pontos. O campeão deveria ser aquele que demonstra ter mais qualidades no total da época", afirmou à TV Globo.


O unico que de demonstra a favor das novas regras é, até agora, Bernie Ecclestone. O F1 Supermo demonstra-se satisfeito com as novas regras: "É um bom começo. É uma modificação da minha ideia das medalhas", afirmou esta manhã à Radio 5 da BBC. "O novo sistema foi aprovado por unanimidade pela FIA World Motor Sport Council, portanto, é uma boa decisão". É remar contra a maré, esse Bernie...

Chegamos á era do mata-mata?

A decisão de ontem, de premiar as vitórias em deterimento dos pontos, para, alegadamente, ver maior competitividade nas corridas de Formula 1, a cada hora que passa demonstra que tem tudo, menos lógica. É uma decisão politica, tomada pelos humores de Max Mosley, para satisfazer os caprichos de Bernie Ecclestone. E poderá ter colocado uma equação perigosa em jogo: o que faria alguém com menos escrúpulos, que estaria em segundo lugar numa determinada corrida em que o título estivesse em jogo, e que tivesse o maior rival à frente?


Os mais velhos lembram-se certamente de Suzuka 1990, de Adelaide 1994 e Jerez 1997. Foram situações em que o piloto que liderava o campeonato, para evitar ver o seu rival a ser ultrapassado, não hesitou em o abalroar para conseguir o que queria. Pela ideia que fica de ontem, ver o "fair play" jogado pela janela é uma ideia que Max Mosley e Bernie Ecclestone nem hesitam em colocar, só para ter mais audiências.


O Ivan Capelli usou hoje esta expressão, que foi trazida para aqui pelo ex-seleccionador nacional Luiz Felipe Scolari: o "mata-mata". Mas no futebol, as decisões acabam nos penalties, por vezes. Aqui poderão acabar com o rival no hospital ou algo pior? Estariam estes dois velhos "Césares" dispostos a ver pilotos a arriscarem a vida por audiências, como se fossem gladiadores no Coliseu de Roma? Se era para isso, mais valia colocar o actual pelotão a correr com os carros de 1967...

Speeder Questiona... Tony Costa (Laser Car Design)

É normal saberem que a maioria dos meus entrevistados são blogueiros ou jornalistas do Brasil, mas por vezes calha também blogueiros portugueses, como acontece hoje. O caso em particular é o de alguém que conheço há muito tempo, desde os tempos do Fórum Autosport, há quatro anos atrás, pois eu e ele fazemos parte daquele grupo inicial que apareceu por lá nos primeiros dias de existência.


O meu convidado de hoje é Tony Costa, mais conhecido por laserbombo, o homem que está por detrás do blog Laser Car Design. O Tony é como eu: tem a mesma idade, nasceu no Brasil, mas veio novo para Portugal (e perdeu o sotaque, como eu), e vive no Porto. Licenciou-se no Marketing e Publicidade há nove anos, mas confessa a sua paixão pelos desenhos desde os seus seis anos de idade. Actualmente a exercer a profissão de Designer Gráfico, o seu “sonho impossível” era “desenhar carros para a Toyota”, a sua marca favorita. Pratica karting amador, toca piano e monta “car paper models”. Quanto às mulheres… “Obvio, quando aparecem, há tempo para elas... elas são a nossa força motriz.”


1 – Olá, é um prazer ter-te aqui, neste humilde blog, a responder às minhas perguntas. Queres explicar, em poucas linhas, como surgiu a ideia do teu blogue?

Olá Paulo. É um prazer ser entrevistado por ti. Bem, esta ideia do blog surgiu há uns 6 meses atrás, nas férias de Verão, quando comecei a descobrir alguns blogues de design na Web. Ora, como sempre desenhei, desde os meus 5 anos, no país que me viu nascer (Brasil), despertou em mim grande vontade de fazer um blog de carros desenhados, e assim foi, em Novembro resolvi criar o espaço.


2 – O nome que ele tem, foi planejado ou saiu, pura e simplesmente, da tua cabeça?

O nome não foi difícil, saiu naturalmente da cabeça, sem grandes invenções, pois como sou conhecido por Laser (risos) foi fácil colocar as outras palavras, foi bastante fácil e natural.


3 – Antes de começares este blog, já tinhas tido alguma participação em outros blogues ou sites?

Sim, participo há 5 anos no site do AUTOSPORT PORTUGAL, e outros mais pequenos, e leio bastantes blogues, sendo o teu um dos que leio com frequência, embora participe pouco.


4 – Em que dia é que começaste, e quantas visitas é que já teve até agora?

À data que te escrevo, tem 1500 visualizações, sendo que o abri há 2 meses atrás. Um interessante numero, tendo em conta que é para um nicho de mercado, para apreciadores de desenho. E muitos outros amigos também dão a sua olhadinha. Comecei, portanto em 26 de Novembro de 2008.


5 – De todos os posts que já escreveste, lembras-te de algum que te orgulhe… ou não?

Bem…é muito difícil te dizer, mas orgulho-me dos post que coloquei do Senna no site do Autosport, algumas historietas da F1…tanta coisa, em 5 anos é complicado te dizer… tenho cerca de 9000 posts lá metidos, penso ser o 2º da tabela dos foristas lá (risos) …


6 – Em que é que tu, desenhando sobre automobilismo, consegues ser diferente dos outros blogs?

Tento ser coerente com aquilo que gosto, tentando não ser demasiado “patriota”, pois como todos sabem apoio todos os pilotos brasileiros da F1 e ás vezes condiciona… Tento na verdade conseguir uma dinâmica, colocando votações aos leitores, animar o blog, naturalmente tirando umas ideias dos outros blogs de design… Na verdade, preocupo-me em colocar aquilo que gosto e também o que os leitores gostem.


7 – Já agora, uma pergunta mais técnica: que tipo de programas tu usas para conseguir elaborar os teus desenhos?

Paulo, trabalho na área do design há alguns anos, trabalho com diversos programas como Corel Draw, Adobe Illustrator, Freehand e o último o Indesign. Além do obrigatório Photoshop.

Porém, os programas são parecidos uns com os outros e trabalho em Corel, pois é o que estou mais habituado, trabalho há 12 anos com este programa. E faço ali os desenhos, por opção natural.


8 – Daqueles blogues que conheces sobre automobilismo, qual(is) dele(s) é que tu nunca dispensas uma visita diária?

O Autosport.PT, do qual estou há 5 anos, o teu blog, Continental Circus, dos melhores blogs que conheço, gostava do F1 Nostalgia que fechou, infelizmente… Acompanho os blogs brasileiros, Blog do Capelli, Blig do Gomes, Grandepremio, e os blogues de design automóvel…tantos, Paulo…


9 – Falamos agora de Formula 1. Ainda te lembras da primeira corrida que assististe?

Sinceramente não (risos) … lembro-me de fogachos como as vitorias do Senna em 1987, mas juro-te que não me lembro qual foi a primeira…


10 – E qual foi aquela que mais te marcou?

A que mais me marcou foi a grande vitoria de Senna em 1993, Donington, entre muitas de Senna e esta ultima da luta Hamilton/Massa entra para as inesquecíveis… Mas sem dúvida que coloco 4 ou 5 vitórias de Senna como as mais incríveis para mim.


11 – Eu sei que és português, mas faço a pergunta na mesma: Fittipaldi, Piquet e Senna. Qual dos três é aquele que mais agrada, e porquê?

Paulo, tenho dupla nacionalidade, por isso também sou brasileiro, não abdiquei (risos). Senna é obviamente o meu ídolo, o que tenho na minha memória. Confesso que não sou fã de Piquet e Fittipaldi, apesar de eles serem brasileiros. Senna foi para mim a inspiração do que sou hoje a nível de desporto motorizado, é para mim um ícone inquestionável.


12 – E achas que algum dia, Felipe Massa vai fazer parte deste trio de campeões?

Gostaria muito. Apesar de Massa ainda não ter convencido a crítica, acho o Massa combativo, guerreiro e isso aprecio nele. Acredito ainda que ele chegue lá, pois tem raça e talento para isso.


13 – Comparando-o aos três pilotos acima referidos, Massa é mais parecido com quem, e porquê?

Na verdade, não o acho parecido com nenhum deles. Para mim e se calhar estou a exagerar, acho – o parecido em certa medida com o Gilles Villeneuve, outro piloto que está no meu TOP 4. O espírito combativo dele de nunca desistir e a sua raça é em tudo semelhante à de Gilles. E o estar na Ferrari ajudou à comparação…


14 – Achas que o título de 2008 foi bem entregue?

Penso que sim. Lewis Hamilton mostrou em 2008 muita raça e não falhou especialmente nas corridas à chuva, num campo em que Massa ainda tem que evoluir. Penso que as corridas à chuva ajudaram a decidir quem para mim merece ser campeão. Mas se Massa tivesse sido campeão, também era merecido.


15 – Tirando os brasileiros, qual é para ti o piloto mais marcante da história da Formula 1, e por quê?

Tenho 3 pilotos que elejo com o trio de ases da F1, tirando Senna: Ronnie Peterson, Gilles Villeneuve e Jim Clark. Adoro pilotos de raça, que dão espectáculo na pista e que sejam muito rápidos. Qualquer um dos 3 era assim – demónios em pista. Aquelas acrobacias que os 3 faziam lá dentro para mim é para mim sensacional, e tenho pena não ter vivido (não tinha nascido) nessa época maravilhosa dos anos 60 e especialmente 70.


16 – Para além de Formula 1, que outras modalidades de automobilismo que tu mais gostas de ver?

Gosto de ver o WTCC, NASCAR, IRL, V8 SUPERCARS…interesso-me por tudo que seja de grande espectáculo televisivo, tenha rodas, e que faça muito barulho… Os Rallies também gosto, mas confesso não ter o mesmo impacto.


17 – E julgo que vale a pena desenhar sobre esses modelos no teu blogue?

Claramente que sim. Mesmo Rallies, desenho muitos carros, pois são extremamente belos. A esse nível de desenho, não tenho fronteiras – desenho qualquer carro, até os automóveis antigos.


18 – E miniaturas de carrinhos, tens algum?

Tenho alguma coisa por casa, mas contam-se pelos dedos. Tenho bastantes carros feitos em papel, os chamados Paper Models. Valorizo tudo o que se possa ser feito á mão, pois adoro montar. Tenho também um carro telecomandado, um Xsara WRC de Loeb, todo montado por mim.


19 – Passando para a actualidade: de repente, a Honda anuncia a sua retirada da Formula 1. Como sentiste isso?

Frustração. Sou fã nº1 da Toyota, minha marca de eleição, e a Honda é a nº 2. Logo fiquei decepcionado, ainda por cima vendo de uma assentada três brasileiros poderem ficar sem emprego…


20 – Ficaste satisfeito com a solução arranjada pela Honda, de uma Brawn Grand Prix, e pela escolha de Barrichello em detrimento de Bruno Senna?

Fiquei bastante satisfeito com o surgimento desta equipa, pois é mais uma a andar lá na frente, e começo a perceber que a Honda andava perdida e Ross Brawn é que era a mais valia ali dentro... Quanto ao Barrichello, na óptica de Ross Brawn, é uma escolha acertada, dado o seu know-how, a sua experiência e competência, ao invés de Bruno Senna, que, não colocando em causa o seu talento, seria uma escolha precipitada. Bruno virá para a F1, mas terá que aguardar, pois deposito esperanças nele.


21 - Max Mosley anunciou agora que fez um acordo com a Cosworth para fornecer motores ás equipas, a dez milhões de euros por ano. A FOTA (Formula One Teams Association) concordou em reduzir os custos. Achas que é este o caminho, uma Formula 1 com custos controlados?

É o caminho certo. Pelo menos salvou a equipa mais incrível da F1 – A Williams. As equipas mais ricas e com melhor embalo tecnológico estavam cada vez mais a avançar, e as mais pequenas estavam a perder terreno. Foi a decisão mais acertada que se poderia ter tomado. Valeu, Max Mosley!


22 – E o sistema de medalhas, proposto pelo Bernie Ecclestone? Achas uma boa ideia ou apenas uma má ideia de um homem já senil?

Penso que é um sistema menos interessante que as taças. As taças, julgo eu, dão mais ênfase à conquista, pessoalmente prefiro. Estamos a baixar os custos e o metal também sofreu com isso... (risos)


23 - O que achaste até agora dos novos carros de 2009?

Inicialmente, achei horríveis, a nível estético, achei que tinhamos regredido 10 anos, mas porque realmente os F1 de 2008 eram excessivamente evoluídos, sdaí o choque... mas quando fui ve-los a Portimão, a minha opinião mudou radicalmente, pois são mesmo assim extremamente bonitos. A nível de andamento, estou bastante animado de ver que está tudo bastante equilibrado, por isso teremos um ano de 2009 prometedor.


24 - Que ideia é que ficaste dos testes da pré-época? Esperas uma temporada de 2009 equilibrada ou imprevisível?

Equilibrada e sobretudo imprevisível. Ou muito me engano, ou teremos Brawn’s, Toro Rosso’s Toyotas e Renaults nos pódios das corridas, e a vencer, a BMW, Mclaren e Ferrari, mas com todas estas mudanças, ficou tudo extremamente incerto, e isso para mim é um excelente aperitivo para a época que vai começar.


25 - Com isto tudo, quem é o teu favorito ao título mundial? Ou ainda não tens uma resposta concreta?

Hamilton, Kimi e Massa. Por esta ordem. O meu favorito é, e sempre será Felipe Massa, pois torço por ele.


26 - Indo para a GP2, que ideia ficas com o projecto da "nossa" Ocean Racing Technology, do Tiago Monteiro?

Acho que está tudo ainda no começo, eles precisam de ganhar experiencia, é uma fase de aprendizagem. Mas a médio prazo, poderá ser a rampa de lançamento para futuros pilotos portugueses, que muitas vezes se perdem...


27 - E achas que a ida de Álvaro Parente para a Ocean pode ser uma mais-valia para a equipa?

Talvez, mas seria prejudicial para o Álvaro. Ele está numa fase diferente, precisa de dar um passo à frente e não dois para trás, pois a Ocean é claramente uma equipa inferior ao prestígio que Álvaro Parente goza. Para a Ocean seria certamente o melhor piloto que poderiam ter.

28 - “Correr é importante para as pessoas que o fazem bem, porque… é vida. Tudo que fazes antes ou depois, é somente uma longa espera.” Esta frase é dita pelo actor americano Steve McQueen, no filme “Le Mans”. Concordas com o seu significado? Sentes isso na tua pele, quando vês uma corrida, como espectador?

Para mim, as corridas é como o sangue que nos faz viver. Sem esse sangue, os corpos não sobreviveriam. É em grande parte o sentido que faz parte na minha vida. Tenho por isso que dizer que as corridas dão me uma motivação excepcional para o meu dia-a-dia. Como espectador. Mas se pudesse conduzir um carro dos bons, acho que ficaria ainda mais louco…


29 – Já agora, tens alguma experiência automobilística, como karting? Se sim, ficaste a compreender melhor a razão pelo qual eles pegam num carro e andam às voltas num circuito?

Corro num campeonato amador de Karting em Portugal, o AS CHALLENGE, do Autosport Português. É ali que descarrego as minhas paixões da velocidade e ali entendi como é andar ás voltas num circuito e sofrer constantes pressões dos adversários. Há 4 anos que é assim… Já ganhei uma corrida, fiz voltas mais rápidas, e são experiências gratificantes a nível automobilístico. Mesmo assim, tudo pela brincadeira de querer ser um piloto de carros…


30 - Tens algum período da história da Formula 1 que gostarias de ter assistido ao vivo?

Claramente a época entre 1977 e 1982. Penso ser um período tão rocambolesco como incrível, basta vermos a qualidade de pilotos que nessa altura lá estavam. Se pudesse recuar no tempo, recuava até esse ano de 1977 e deixava rolar…


31 - Já alguma vez viste a briga entre o René Arnoux e o Gilles Villeneuve, no GP de França de 1979? Para ti, aquelas voltas finais significam o quê?

Loucura. Ainda hoje não percebo como aqueles carros não levantaram voo… de tantos toques que levaram… São dos tais momentos que tanto os pilotos como os espectadores se orgulham de ter passado. Momentos desses nunca mais nos esquecemos.


32 – Jeremy Clarkson, o mítico apresentador do programa de TV britânico “Top Gear”, disse que Gilles Villeneuve foi “o melhor piloto que alguma vez sentou o rabo num carro de Formula 1”. Concordas ou nem por isso?

O melhor talvez não concorde, mas dentro do top 10 sim. Mas o seu carácter combativo, a sua loucura para mim vale muito e se for por isso, está dentro do top 3 de sempre. Gosto de Gilles, mas temos de ser realistas.


33 - Costumas jogar em algum simulador de corridas, como o “Gran Turismo”, o “Formula 1”, ou jogos “online”, como o BATRacer ou o “Grand Prix Legends”?

Jogava o Batracer, mas nunca fui talentoso em termos de estratégias, afinações, essas coisas… nem a jogar jogos …O talento a esse nível não tenho, confesso…


34 – Eu sei que começaste há pouco tempo, mas… que é que tu alcançaste, em termos de prémios, convites, referências, desde que iniciaste o teu percurso na Blogosfera?

Para já, não consegui nenhum premio especial, além de alguns e bons elogios ( por exemplo tu, (risos).


35 – E se fosses o Max Mosley, o que preferias ter na Formula 1? Uma grelha só de montadoras ou de “garagistas”?

Confesso que gosto de ambos. Uns complementam os outros. Não faria sentido ter uns e não outros. Os dois fazem imensa falta.

36 - Já agora, que impressão é que ficaste do novo Autódromo de Portimão?

Uma impressão muito positiva. Excelentes instalações, amplo, desafiador, diferente dos circuitos tradicionais. Mistura a coerência e segurança dos circuitos modernos, com a espectacularidade dos circuitos famosos, como Brads Hatch e Laguna Seca. Sinceramente, se este circuito não vier para a F1, será apenas por questões político-estratégicas de Bernie Ecclestone, pois o circuito é dos melhores do mundo.

37 – Vamos falar do futuro próximo: Bruno Senna, Lucas di Grassi, Nelson Piquet Jr. Um já está lá, os outros dois querem lá chegar. Achas que algum dos três tem estofo de campeão? Se sim, qual?

Sinceramente, estão os 3 muito crus para estofos de seja o que for… Porém, tinha uma simpatia pelo di Grassi, mas o nome dele não o ajuda a voar mais alto…


38 – E no nosso caso? Filipe Albuquerque, Álvaro Parente, António Félix da Costa, Armando Parente… achas que algum dia voltará a haver um piloto português na elite da Formula 1, com capacidade de inscrever o nosso país na lista dos vencedores?

Conheço bem os 3 primeiros, e sinceramente possuem talento para vencer corridas. O problema é que o salto para a F1 é para uma elite a que nem todos têm lugar. É preciso algo mais do que o talento. É preciso o padrinho, o bom-nome e um bom país de nascença por trás. Tenho muitas dúvidas se haverá algum dia um piloto português na F1, sinceramente…

39 - Que impressão é que ficas do novo projecto de Ken Anderson e Peter Windsor, a USGPE? Achas que deve ser levado a sério?

Sinceramente, não tenho uma opinião formada sobre eles, não ando muito atento á essa eventualidade de formarem essa nova equipa.

40 – Tens algum plano para o blogue, no futuro próximo? Novas secções, meteres-te num podcast ou videocast?

Ainda é muito cedo para isso, embora nunca tinha pensado nisso. Fiz o Blogue para uma espécie de “retiro espiritual”, apenas para expor trabalhos, e que as pessoas o possam apreciar. Acima de tudo, quero manter o blogue como um “garagista” e não como um “montador” (risos)


Já agora, se quiserem ver as entrevistas anteriores, carreguem nos respectivos links:


19 de Novembro 2008 - Priscilla Bar (Blog Guard Rail)
22 de Novembro 2008 - Marcos Antônio Filho (GP Series)
26 de Novembro 2008 - Vick, Ludy, Tati e Lu (Octeto Racing Team)
29 de Novembro 2008 - Hugo Becker (Motor Home)
3 de Dezembro 2008 - Fabio Andrade (De Olho na Formula 1)
6 de Dezembro 2008 - Rianov Albinov (F1 Nostalgia)
10 de Dezembro 2008 - Jorge Pezzolo (jpezzolo.com)
13 de Dezembro 2008 - Ron Groo (Blog do Groo)
17 de Dezembro 2008 - João Carlos Viana (jcspeedway)
20 de Dezembro 2008 - Felipão (Blogspot Brasil)
3 de Janeiro de 2009 - José António (4 Rodinhas)
7 de Janeiro de 2009 - Germano Caldeira (Blog 4x4)
10 de Janeiro de 2009 - Felipe Maciel (Blog F-1)
14 de Janeiro de 2009 - Daniel Médici (Cadernos do Automobilismo)
17 de Janeiro de 2009 - Thiago Raposo (Café com Formula 1)
21 de Janeiro de 2009 - Orroe (N U R B U R G R I N G)
24 de Janeiro de 2009 - Sávio Machado (SAVIOMACHADO)
28 de Janeiro de 2009 - Javi G. (Zone F1)
31 de Janeiro de 2009 - Gabriel Lima (Speed N'Thrash)

4 de Fevereiro de 2009 - Bruno Mantovani (Mantovani.zip.net)
7 de Fevereiro de 2009 - Marcel Marchesi (Marchesi Design)


4 de Março de 2009 - Kimi Cris (Galáxia F-1)
7 de Março de 2009 - Maria Quiroga (F1 by Mai)
11 de Março de 2009 - Wellington Lucas (Formula One Addict)
14 de Março 2009 - Ylan Marcel (Motorizado)