No fim de semana em que se comemoram os 30 anos da primeira saída da Jordan numa pista de Formula 1, falei ontem sobre as primeiras voltas que foram dadas com John Watson ao volante e como eles arranaram o dinheiro para completar a primeira temporada, desde a Pepsi até a Fujifilm, tudo porque tinham em comum... a cor verde. E como certos acasos deram no conjunto que combinou muito bem, dando-lhes 13 pontos e o quinto lugar no campeonato de Construtores, apesar de terem tido quatro pilotos. Mas com dois deles, começaram as suas carreiras na Formula 1: Michael Schumacher e Alessandro Zanardi.
No meio das minhas pesquisas, dei por mim a ler um artigo da Motorsport britânica sobre como surgiu o moelo 191. Já vos falei sobre as "chatices" com a Porsche - curiosamente, para compensar pela ludança de nome, a marca emprestou-lhe um 911 por 18 meses... - mas houve outros pormenores deliciosos que agora se conta por aqui.
Primeiro, a ideia da Formula 1 surgiu depois de uma conversa com Jean Alesi, depois de este ter assinado um contrato com a Tyrrell no verão de 1989. E de como a equipa do tio Ken e a dele, que dominava na Formula 3000, serem parecidas, e no final da conversa, o francês ter dito que não seria má ideia se desse o pulo. Já agora, foi na Jordan que Alesi fechou a sua carreira na Formula 1, no verão de 2001, depois de uma saída a mal da Prost.
A apresentação a carbono não foi nenhum lance de génio por parte de Jordan. Era que... não tinham dinheiro para o pintar. Mas com o Ford V8, num ano em que boa parte do pelotão andava com motores V12 - Ferrari, Lamborghini e Honda - o bom chassis e o motor pequeno, mas potente e fiável era meio caminho andado para o sucesso.
“Assim que o carro entrou na pista no primeiro dia, fiquei com uma ideia muito boa de como iria ser”, disse Jordan. “Às vezes, tem problemas inerentes e às vezes você pode resolver. Mas se o carro funcionar imediatamente, você poderá fazer melhorias e torná-lo [ainda] melhor. Quando John dirigia o carro, ele dizia“ Pff! É tão fácil de dirigir!”.
John Watson foi, de facto, o primeiro a guiar o carro, mas em Phoenix, era como comentador que assistia aos primeiros quilómetros da equipa na Formula 1. E nesse ano, ainda havia a temida pré-qualificação, do qual todos os novatos tinham de entrar, e eles tinham a companhia da Lambo, para além da Osella e Coloni, que nesse ano tinha Pedro Matos Chaves, o primeiro português em 26 anos a participar num fim de semana de Formula 1.
“Eu estava em Phoenix para a primeira corrida do ano”, lembra Watson, “Eddie estava aflito, porque ele tinha colocado tudo o que tinha nesta equipa. Eles tiveram que passar obrigatoriamente pela pré-qualificação até o meio da temporada - uma pressão adicional inacreditável em cima das pressões normais de estar na Fórmula 1.”
“O principal problema era a pré-qualificação às oito da manhã [numa pista fria], era que os Pirellis sempre foram mais rápidos”, diz Jordan, “Com o passar do dia, os Goodyears [usados por Jordan] ficaram melhores, certamente eram melhores pneus de corrida.” Ali, as coisas foram agridoces: Bertrand Gachot passou sem dificuldades, enquanto Andrea De Cesaris falhou uma marcha e fez o quinto melhor tempo, acabando ali o seu fim de semana.
Mas o resto é conhecido, e nos anos seguintes, cresceu para ser uma das mais reconheciveis equipas do meio do pelotão, ficando até 2005, para depois ter uma quantidade incrivel de nomes, desde Midland até Racing Point, para em 2021 serem a Aston Martin. Mas o espirito da Jordan continua lá.