Duas semanas depois de Melbourne, estamos de volta à Formula 1, numa altura em que parece que a excepcionalidade da corrida australiana poderá ter de se prolongar em terras malaias. Claro que essa parte não passa por Fernando Alonso, que foi dado como apto e regressou ao cockpit do seu McLaren, depois de um mês de descanso devido ao seu acidente nos testes de Barcelona, que o impediu de correr em terras australianas, mas mais devido ao estado atual do seu carro, que aparentemente é dois segundos mais lento do que os bólidos da Mercedes.
Claro que seria um candidato natural à última fila da grelha de partida, se não fosse a Manor, que depois de receber o software dos motores Ferrari, por fim andou com os carros de Will Stevens e Roberto Merhi em pista, mas os tempos que conseguiram são em média, cinco segundos mais lentos do que os mais velozes, e isso poderá fazer perigar a sua entrada nos 107 por cento, nesta qualificação.
Dentro do pelotão, o dominio dos Mercedes faz enervar a concorrência. A Red Bull, que nunca engoliu bem o facto de ter sido suplantada, depois de quatro anos de reinado "vetteliano", anda agora de candeias às avessas com a Renault por causa do seu motor. E claro, começa a ameaçar tudo e todos. Que irão cortar o financiamento. Que irão vender as equipas e sair da Formula 1. Que montarão os seus próprios motores. Que venderão a Toro Rosso. Mas mais grave é ver que a Renault diga que Adrian Newey anda a mentir sobre o carro, como disse Cyril Abitebdoul, o chefe da Renault. Mas é o que acontece quando as comadres se zangam: as verdades vêm ao de cima.
Mas em Sepang, a politica colocava-se de lado para assistirmos ao que se passava na pista. Já se tinha uma ideia de que um Mercedes iria estar na pole-position, ou até poderiam monopolizar a primeira fila. Mas o interesse era ver como é que as outras equipas se comportariam. A Ferrari continuaria a aproximar e a intrometer-se com os carros de motor Mercedes? A Williams sairia melhor? E a McLaren, conseguiria sair da penúltima fila?
A Q1 decorreu normalmente, com pista seca, mas com nuvens a perfilarem-se negras no horizonte. Will Stevens ficou parado nas boxes, com problemas no seu carro que não conseguiram resolvê-las a tempo. Roberto Merhi anou na pista, mas apesar de algumas saídas, conseguiu fazê-lo, algo abaixo da marca dos 107 por cento, que levantaria questões sobre se poderiam alinhar.
Entretanto, outra equipa andava aflita com a chance de marcar um tempo para sair da Q2. Os McLaren davam o seu melhor, mas apesar de Jenson Button se queixar da aderência dos seus pneus, ele não conseguiu marcar um tempo suficiente para passar, tal como Fernando Alonso, fazendo com que o seu inferno se prolongasse por mais algum tempo. Mas quem também não conseguiu marcar um tempo para ir à Q2 foi o Sauber de Felipe Nasr, que foi superado pelos Force India de nico Hulkenberg e Sergio Perez, o que foi surpreendente, depois do que fez na corrida anterior...
Quando máquinas e pilotos se alinharam para a Q2, o céu já estava ainda mais carregado, e parecia que tinham tempo apenas para uma volta lançada, antes que o céu desabasse por cima das suas cabeças. E nesse tempo que tiveram, alguns conseguiram, e outros não. Entre os que conseguiram marcar um tempo foram Nico Rosberg, Sebastian Vettel, Daniel Ricciardo, Max Verstappen ou Daniil Kvyat. Mas entre os que não conseguiram, estavam os Force India, o Toro Rosso de Carlos Sainz Jr. e o Ferrari de Kimi Rakkonen. Todos os que entraram no Q3 - incluindo outro piloto surpreendente, o Sauber de Marcus Ericsson - conseguiram porque marcaram um tempo antes da chuva. Quem tinha sido apanhado a meio da volta, não teve chance.
Assim sendo, durante meia hora, esperou-se que a chuva passasse e a pista começasse a secar. E enquanto se esperava, e o Safety Car entrava constantemente na pista para ver as condições do asfalto, os mecânicos afadigavam-se para colocar os carros da melhor maneira possivel, enquanto que os engenheiros tentavam adivinhar com que pneus iriam calçar quando as coisas voltassem ao normal.
No final, quando passavam 15 minutos depois da hora esperada, os carros voltavam à pista com pneus para chuva. Se Bottas ou Massa andavam de azul (chuva total), Vettel, os Mercedes, Verstappen ou Ericsson andavam com pneus verdes, ou seja, intermédios.
E cedo se viu que eram os verdes que faziam a diferença, e quem os calçasse, era feliz. Lewis Hamilton tentou o seu melhor e conseguiu, apesar das tentativas de Nico Rosberg de o atrapalhar. Mas o mais surpreendente foi que Sebastien Vettel, com o seu Ferrari vermelho, conseguiu intrometer-se entre eles e conseguiu o segundo lugar, quebrando um monopólio de primeira fila que já tinha... dez corridas! Portanto, se Lewis Hamilton na pole (a 40ª da sua carreira) já começa a ser habitual, ver Sebastian Vettel a colocar o seu carro na primeira fila com o carro de Maranello foi um feito comemorado por toda a gente.
Mas houve outros feitos. Um deles era Max Verstappen, que aos 17 anos de idade, era sexto classificado com o seu Toro Rosso, atrás dos Red Bull de Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat, o que é um feito e tanto. Resta saber é se, caso suba ao pódio, poderá beber o champanhe...
Prevê-se que amanhã haja mais possibilidades de chuva durante a corrida, o que poderá baralhar as coisas. E se em tempo seco, toda a gente já terá a ideia de que os Mercedes vão ganhar isto, com a aparição da chuva, todos ficam nivelados, e é a habilidade dos pilotos que conta. E até os grandes pilotos falham...