E depois do Dakar, vamos para monte Carlo. O Mundial de Ralis de 2018 vai começar esta semana com as mesmas quatro marcas de 2017, e mais algumas modificações em relação ao ano anterior, especialmente na parte dos privados. Contudo, numa temporada em que todos estão contra Sebastien Ogier, mais do que ver o que Thierry Neuville pode fazer para quebrar a hegemonia dos "Sebastiões", existente desde 2004, é ver até que ponto é que este campeonato será equilibrado ou não, ou se teremos uma marca que dominará todos, como aconteceu com a Volkswagen no tempo de Ogier, entre 2013 e 2016.
Para além disso, o WRC verá algumas coisas interessantes como o regresso parcial de Sebastien Loeb, três anos depois do seu último rali do WRC.
Mas a grande novidade vai ser na organização: para além da FIA ter um novo representante dos Ralis, na figura de Yves Matton, ex-diretor-desportivo da Citroen, eles irão fornecer o live-streaming de todas as classificativas dos ralis desta temporada, a começar por, claro, Monte Carlo. No final, serão 25 horas de cobertura contínua através do seu canal WRC+
“Os adeptos do WRC terão agora a escolha e a flexibilidade de assistir à ação em qualquer momento das provas, em qualquer rali, durante um fim de semana. Os adeptos podem escolher o que querem ver, quando e onde estiverem” revelou Oliver Ciesla, Promotor do WRC. “O WRC All Live é o passo lógico do desenvolvimento do WRC+. Será também uma ferramenta importante para jornalistas, equipas, organizadores e Delegados de Segurança que trabalhem no WRC”, continuou.
Mas agora, vamos a ver o que as equipas tem prontas para a temporada que aí vêm.
CITROEN RACING - Citroën C3 WRC
Kris Meeke / Temporada completa
Craig Breen / 10 ralis
Stéphane Lefebvre / WRC2 – Citroën C3 R5
Khalid Al-Qassimi / Programa reduzido
Sébastien Loeb / México, Córsega e Espanha
Mads Ostberg / Suécia
A Citroen Racing está em agitação. Se o C3 WRC está a ter as suas "dores de crescimento", dentro da estrutora de pilotos, as coisas andam agitadas. Kris Meeke teve uma temporada agitada, onde as suas duas vitórias contrastaram com um resto de temporada cheia de baixos, e uma estrutura agitada, onde as trocas de pilotos foram uma constante.
E este ano, ainda é uma armada bem grande que a marca francesa vai ter nas estradas: seis pilotos, embora não terão todos esses carros ao mesmo tempo. Em Monte Carlo, por exemplo, eles terão Meeke e Breen, com Lefebvre a andar no WRC2. Mas entre os seus carros terão o regressado Sebastien Loeb, que estará ali para ajudar a equipa a melhorar as performances do C3 WRC, pois vai andar concentrado na sua campanha no WRX.
Para além disso, houve alterações na estrutura: Yves Matton saiu da marca, para ser o novo responsável dos ralis dentro da FIA, sendo substituido por Pierre Budar. E foi ele que disse quais serão os novos objetivos da marca para 2018:
“A nova temporada está mesmo a chegar, o que significa, quer alegria, quer incerteza, depois do segundo lugar na Alemanha e de vencer em Espanha, na segunda metade de 2017, o que confirmou o crescimento da equipa. Estou determinando em continuar o trabalho iniciado pelo Yves Matton, pelo que vamos continuar no ponto onde terminámos o ano passado. O C3 WRC melhorou ainda mais durante o inverno, devido ao muito trabalho. O Kris Meeke tem a experiência necessária para lutar pela vitória neste evento único, como mostrou em 2016, enquanto o Craig ganhou muita confiança o ano passado e está determinado em terminar numa boa posição. Ambos sabem, também, que não se pode preparar este rali da mesma maneira do que os outros: é preciso tratar todas as especiais com todo o respeito que merecem, para evitar ser apanhado nas suas armadilhas”, comentou.
HYUNDAI MOTORSPORT - Hyundai i20 WRC Coupé
Andreas Mikkelsen / Temporada completa
Thierry Neuville / Temporada completa
Dani Sordo / 7 ralis
Hayden Paddon / 7 ralis
A Hyundai pretende alcançar em 2018 ambos os títulos. Está com o i20, modificado e aprefeiçoado para a nova temporada, e de uma certa maneira, manteve o alinhamento do final do ano passado, depois da entrada de Andreas Mikkelsen, que os ajudou nos quatro ralis finais de 2017. Agora, a marca coreana vai apostar a tempo inteiro com dois carros, um para Thierry Neuville, que irá apostar para o título mundial, e para o norueguês ex-Volkswagen, que acha que também têm potencial para vencer o campeonato.
Quanto ao terceiro carro, será dividido entre o neozelandês Hayden Paddon e Dani Sordo, e fala-se que a merca coreana poderá alinhar com quatro carros no Rali de Portugal, em maio. Mas por agora, não passa de conjetura.
Quanto aos objetivos, Michel Nandan é especifico: fazer melhor do que em 2017:
“Estamos a entrar no nosso quinto ano no WRC e temos a ambição clara de lutar pelos títulos, depois da nossa boa participação em 2017. A última temporada foi o nosso ano mais competitivo, mas queremos ser ainda melhores em 2018 – faltou-nos alguma consistência e vamos tentar melhorar isso. Desde a vitória na Austrália, em novembro, o nosso i20 Coupe WRC esteve em testes na França e em Espanha, estamos tão preparados quanto possível. Monte Carlo é indescritível, vamos ter de fazer bem o nosso trabalho para estar no topo”, disse.
M-SPORT - Ford Fiesta RS WRC
Sébastien Ogier / Temporada completa
Elfyn Evans / Temporada completa
Teemu Suninen / 8 ralis
Bryan Bouffier / Monte-Carlo e Córsega
Malcom Wilson, o homem por trás, e uma pessoa satisfeita, pois conseguiu em 2017 ambos os títulos, os de pilotos e de construtores. E a sua estrutura é semi-oficial teve algumas modificações em relação à temporada passada, pois Ott Tanak rumou para a Toyota, e para substitui-lo, decidiu "promover" Elfyn Evans, que venceu no Rali de Gales do ano passado.
O finlandês Teemu Suninen, que deu nas vistas em alguns ralis de 2017, terá um 2018 mais alargado, tendo em mãos oito provas do mundial, enquanto que o veterano piloto francês e especialista em asfalto estará presente nas provas francesas: Monte Carlo e Córsega.
Num Ford Fiesta que está a ser constantemente melhorado, e apesar de haver promessas de que haverá um maior envolvimento da Ford no desenvolvimento da máquina, ainda não terá o apoio oficial que tem as outras marcas.
Contudo, Malcom Wilson, o diretor da M-Sport, está esperançado que a nova temporada seja uma repetição de 2017.
“O ano passado foi o nosso ano com mais sucesso e queremos prolongá-lo para 2018. O trabalho não parou e queremos todos garantir os títulos deste ano. Realizámos duas sessões de testes e o sentimento dentro da equipa não podia ser melhor. Pode não ser possível melhorar muito mais o carro devido aos regulamentos, mas trabalhamos com os nossos parceiros para tornar o carro ainda mais forte. Acho que todas as equipas vão estar ainda mais próximas este ano e todas serão capazes de ganhar. É impossível dizer quem vai ganhar e esta é a beleza do desporto. O Sébastien, o Elfyn e o Bryan são três pilotos muito competentes e inteligentes e qualquer um deles pode vencer em Monte Carlo. Este é o nosso objetivo e esperemos que aconteça”, disse.
TOYOTA GAZOO RACING - Toyota Yaris WRC
Jari-Matti Latvala / Temporada completa
Esapekka Lappi / Temporada completa
Ott Tänak / Temporada completa
Este é o segundo ano da Toyota no seu regresso às classificativas, e dificilmente eles terão um ano melhor, depois das três vitórias em 2017, devido à concorrência que tem pela sua frente.
A grande novidade é a chegada de Ott Tanak, que veio da Ford, depois de ter sido terceiro classificado no Mundial, e que se juntou a Jari-Matti Latvala e a Esapekka Lappi. Tanak substituiu Juho Hanninen, e ele espera ter um melhor carro em 2018, depois de se ter queixado de que na equipa de Malcom Wilson, ele não ter um carro igual a Sebastien Ogier, logo, não tendo lutado de igual para igual para o campeonato do mundo.
Quanto a objetivos, Tommi Makkinen, o dono da Toyota Gazoo Racing, espera ser mais consistente a interferir na luta pelo título mundial.
“Por essa altura, o ano passado, nós não sabíamos como estávamos, uma vez que era a nossa estreia. Nesta temporada de 2018, acho que poderemos ser mais consistentes, que é o que precisamos para poder lutar pelos títulos. Este é o nosso desejo depois de um ano de aprendizagem. A pausa desde o Rali da Austrália não foi muito longa, mas estivemos sempre muito ocupados a tentar tornar o nosso carro ainda melhor. Monte Carlo é sempre um evento peculiar e difícil de prever. Apesar de o ter vencido por quatro vezes, enquanto piloto, nunca o preparei muito bem, nem pensava muito nos ralis, passava mais tempo a esquiar. Os nossos três pilotos estão a preparar-se muito melhor, com muitos testes e esperamos ter um bom resultado”, comentou.
PRIVADOS
Jourdan Serderidis / 3 ralis (Citroën C3 WRC ou Ford Fiesta WRC)
Os carros privados vão andar por aí em 2018. Por agora, são poucos os que estão inscritos para esta tarefa, mas esta é uma grande vitória, pois os que gostariam de andar de igual para igual com os carros de fábrica, vão ter uma hipótese, quando antes não o tinham, limitando-se a andar com os carros da classe R5, um pouco inferiores.
Para já, apenas o grego Jourdan Serderidis está confirmado, para pelo menos três provas, mas é provável que outros pilotos, como Mads Ostberg ou Nasser Al Attiyah poderão tentar a sua sorte em alguns ralis do campeonato, com WRC's vindos de fábrica e fazendo alguns ralis do campeonato, nunca fazendo a tempo inteiro. E alguns dos que têm temporadas parciais, agora, em carros oficiais, poderão também tentar a sua chance num WRC privado.
E eis o que vêm aí para a temporada que vai começar.