sexta-feira, 3 de novembro de 2023

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A corrida final de 1968 acontecia mais tarde que o habitual. E a razão era que... existiam eventos mais altos que o Grande Prémio.

Naquele ano de 1968, México recebia os Jogos Olímpicos, que aconteciam um pouco mais tarde no verão, e calhariam mesmo em cima da data habitual do Grande Prémio. Logo, concordou-se em adiar por uma semana a data da corrida, em relação aos eventos do ano anterior, porque a cerimónia de encerramento tinha acontecido a 26 de outubro, no dia em que iria ser o Grande Prémio.

E nessa corrida, três pilotos tinham uma chance de sair de lá como campeões: Graham Hill, o líder, com 39 pontos, triunfador em Espanha e no Mónaco, mas muito regular; Jackie Stewart, com 36 pontos, que tinha ganho a corrida anterior, em Watkins Glen, e estava em ascensão, no seu Matra-Cosworth, tendo conseguido três vitórias, e ainda por cima, tinha alcançado algumas em circunstâncias muito difíceis, como na Alemanha.

E ainda havia Dennis Hulme, o campeão de 1967, num Brabham, e se calhar um dos pilotos mais improváveis de estar por ali. Pelo menos, se contássemos com o inicio do ano. Mas a McLaren tinha sido a grande surpresa da temporada, e o M7A, o chassis, era bem equilibrado. As suas vitórias em Itália e no Canadá o colocaram com uma chance matemática de revalidar o título, mesmo que tivesse desistido na corrida anterior, em Watkins Glen. Ainda chegou a haver um quarto candidato, o belga Jacky Ickx, no seu Ferrari, mas um acidente em Mont-Tremblant causo-lhe uma fratura na perna e as suas chances tinham-se evaporado. 

Tudo isso no ano que tinham perdido Jim Clark, Mike Spence, Ludovico Scarfiotti e Jo Schlesser. E por causa desse último, a Honda faria ali a sua última corrida como construtora, regressando quase 40 anos depois, não sem antes ter ensaiado uma presença como fornecedora de motores, entre 1983 e 1992.

Graham Hill não tinha tido uma temporada fácil. Ele era a "cola" que unira a Lotus após a morte de Jim Clark. Era ele que fazia a máquina continuar, perante os maus dias que Colin Chapman passava com a perda do seu amigo e seu piloto. As vitórias em Jarama e Mónaco, curiosamente, corridas onde Jackie Stewart esteve ausente por causa de um acidente, onde fraturou o seu pulso direito, foram decisivas na continuação do projeto Lotus na Formula 1, e também nas aspirações de Hill ao título. Ele, que já caminhava para os 39 anos de idade. 

A corrida mexicana tinha esta expectativa, especialmente porque acontecia um mês depois de Watkins Glen, o que deu tempo para Ickx recuperar da sua fratura, e alinhar no seu Ferrari. Foi apenas 15º na grelha e desistiu na terceira volta, com problemas na ignição do seu carro. 

Quanto foi dada a bandeira verde, Hill foi para a frente, passando Jo Siffert, o poleman. Contudo, pouco depois, Stewart ficou com o comando, mas na décima volta, ambos já não tinham mais de se preocupar com Dennis Hulme, pois sofrera um acidente causado pela quebra da sua suspensão. O primeiro candidato tinha ficado de fora.

Pouco depois, era a altura de Stewart ter problemas no seu carro, por causa do seu motor começar a não funcionar bem. Atrasou-se, arrastou-se no pelotão e Hill ficava cada vez mais em primeiro, apesar de ter cedido temporariamente o comando para Jo Siffert, no outro Lotus. Contudo, este atrasou-se quando um cabo do acelerador quebrou-se, indo às boxes, deixando o britânico no comando praticamente até à meta, onde cortou com um avanço de 1.19 minutos sobre Bruce McLaren. Jackie Stewart foi sétimo, fora dos pontos, e a pensar que se calhar, teria melhor sorte no futuro.      

Formula 1 2023 - Ronda 20, Interlagos (Qualificação)


Não há muito tempo para respirar nesta Formula 1 atual. Afinal de contas, ainda estamos no rescaldo do GP mexicano - e os seus mexericos - e os aviões despejaram os seus conteúdos no aeroporto de Guarulhos, rumando de estrada para Interlagos. Afinal de contas, acontecia um GP no Brasil, um dos lugares mais tradicionais da Formula 1, algo que demorou meio século para lá chegar.

E aqui, neste final de semana, tínhamos corrida sprint, ou seja, a qualificação para domingo iria acontecer na sexta-feira. E dos dias deste fim de semana, este seria... o pior. É que se previa cerca de 60 por cento de possibilidades de chuva, e o tempo estava cinzento nos céus de São Paulo, à medida que se aproximava da hora da qualificação.

Contudo, quando as luzes ficaram verdes, todos julgavam que seria na altura em que iria chover. O que não aconteceu.

Oscar Piastri foi o primeiro piloto a completar a volta rápida na Q1, passando a ser a referência com 1.11,494, mas logo a seguir, Max Verstappen colocou 1.10,436, ficando no topo da tabela de tempos, seguido por Lando Norris, com 1.10,623. Trocando de pneus para moles, na parte final desta primeira parte, todos correram para a pista, receando serem apanhados pela chuva. Charles Leclerc chegou a estar na frente da tabela de tempos, com 1.10,472, para depois, George Russell passar ao primeiro lugar com 1.10,340, enquanto Nico Hulkenberg estava nos três primeiros e saía da zona de eliminação. 

Quem não conseguiu escapar da eliminação foram os Alpha Tauri de Daniel Ricciardo e Yuki Tsunoda, que se juntaram ainda os Sauber-Alfa de Valtteri Bottas e Zhou Guanyu, bem como o Williams de Logan Sargent.

Sendo assim, passamos para a Q2, com a pista ainda seca, suficiente para que as equipas usem ainda mais os pneus moles, porque é esta a oportunidade. 

Quando começou, os Red Bull oram os primeiros a entrar na pista, e claro, os primeiros a marcar tempos, com Max a conseguir 1.10,162. Mas entre eles ficaram os McLarens de Norris e Piastri. Lewis Hamilton conseguiu o sexto melhor tempo, prejudicado por uma traseira que fugiu e não colaborou muito.

Logo depois, George Russell ascendeu ao segundo lugar, a 154 centésimos do tempo de Verstappen, tendo sido batido pouco depois pelo registo de Carlos Sainz Jr. Pouco depois, Lando Norris faz 1.10,021 ficando no topo da tabela de tempos, mantendo os quinze pilotos separados por menos de um segundo. O que era incrível. 

No final, quem ficou de fora foram os Haas de Nico Hulkenberg e Kevin Magnussen, os Alpine de Esteban Ocon e Pierre Gasly, e o Williams de Alexander Albon, que depois de ter tido um tempo para passar, e depois foi anulado por ter excedido os limites da pista, decidiu ficar nas boxes quando o tempo acabou.  


E assim, chegamos à Q3. Com o tempo a obscurecer perante os olhos de todos. As nuvens nem eram cinzentas: eram negras como breu, parecia que a noite se tinha instalado ali fazia temer o pior. Mesmo assim saíram com slicks, porque a pista estava seca. 

Com isso, todas as equipas tinham as suas táticas. Max foi o primeiro a sair e claro, o primeiro a marcar um tempo de 1.10,727. A seguir, alguns pilotos tentaram marcar os seus tempos, mas a chuva já caía, e alguns pilotos decidiram levantar o pé. Como Oscar Piastri, que se despistou, obrigando Sérgio Pérez a abrandar, porque ia atrás dele. 

E se alguns abrandavam, outros davam tudo. E a Aston Martin pagou bem alto a sua aposta. Lance Stroll conseguiu um tempo 697 centésimos, sendo batido apenas por Max, antes de Leclerc marcar 1.11,021. E Alonso foi quarto, não muito longe de ambos, e dando o melhor resultado de conjunto da Aston Martin desde a corrida da Arábia Saudita.  

E não houve mais tempo, porque as nuvens desabaram, causando tempestade. A quatro minutos do fim, sabia-se que não haveria mais chances e os comissários deram a qualificação por terminada. Poderia ter havido alguma combinação entre a Formula 1 e a meteorologia para aguentar o mais possível, mas a tempestade não ligou a isso e caiu. Os gringos ficaram espantados com o tempo em São Paulo, mas para os locais... é sexta-feira. Apesar dos estragos causados pela tempestade, que deu cabo dos tetos de algumas bancadas, mas sem danos humanos de monta. 


Mas há uma coisa boa. Para o resto do fim de semana, não choverá mais. Ou seja, as corridas serão mais alguns passeios para Max, que quer agora bater recordes. 

Rumor do Dia: Mercedes perto do regresso na Formula E?


Dois anos depois de ter ido embora da Formula E, a Mercedes poderá estar a caminho do seu regresso, como fornecedora de unidades de potência.  

Segundo conta esta semana o portal britânico the-race.com, a Mahindra esteve em conversações com a Mercedes AMG High Performance Powertrains, sediada no Reino Unido, sobre uma potencial colaboração técnica. Atualmente com a alemã ZF, que fornece componentes para o pacote técnico Gen3 da equipa, a High Performance Powertrains situa-se em Banburry, a poucos quilómetros da sua sede no Reino Unido.

Caso ambas as partes cheguem a acordo, a ideia é que o trabalho de engenharia e conceção seja incorporado nos futuros grupos propulsores da Mahindra, incluindo o motor e os inversores, potencialmente já no propulsor de 2025. Não se sabe, se usando o nome a Mercedes ou não.

A marca de Estugarda entrou na Fórmula E oficialmente como fabricante para a temporada 2019-2020, mas teve uma temporada preparatória com a operação da HWA (uma das suas preparadoras) na temporada anterior. O mandato do fabricante alemão na Fórmula E foi um enorme sucesso - com dois títulos de pilotos e dois títulos de equipas nas temporadas 2020-21 e 2021-22. Mas sua permanência foi curta, com um aviso de intenção de deixar o campeonato no final de apenas sua segunda temporada completa no verão de 2021, alegadamente porque pouco ou nenhum retorno davam à marca.

A Mahindra conseguiu na temporada passada apenas 41 pontos, com os seus pilotos, o brasileiro Lucas di Grassi e o britânico Oliver Rowland, que a meio da temporada foi substituído pelo espanhol Roberto Merhi. O seu melhor resultado foi um terceiro lugar na Cidade do México, a prova de abertura do campeonato. 

Noticias: Interlagos com contrato renovado


A Formula 1 anunciou esta sexta-feira que renovou o contrato com o município de São Paulo até à temporada de 2030, alargando assim em mais cinco anos o contrato atual, que terminava em 2025. Assim sendo, a competição estará nessa pista por quase 40 anos, pois está ali desde 1990, quando regressou de Jacarápaguá, no Rio de Janeiro.

Estou muito satisfeito por anunciar que vamos ficar em Interlagos até 2030 e mal posso esperar por muitos mais anos da maravilhosa atmosfera que os fãs brasileiros trazem”, começou por afirmar o presidente e CEO da Formula 1, Stefano Domenicali, no anuncio oficial. “O Brasil tem uma herança de corridas tão rica e este circuito icónico é um dos favoritos dos pilotos e fãs de todo o mundo. Incorpora tudo o que há de melhor nas corridas, e estamos ansiosos para ver como se desenvolverá nos próximos anos para criar uma experiência ainda melhor”, concluiu.

O anuncio acontece no final de semana da corrida brasileira, que costuma ser um dos lugares mais populares da Formula 1 para os pilotos e fãs, especialmente num dos circuitos mais antigos da competição - construído em 1940, recebeu a Formula 1 entre 1973 e 80, com uma interrupção em 1978, quando foram para Jacarépaguá.

Noticias: Porsche explicou o exclusivo da sua equipa de Formula E


Dias depois de a Porsche ter anunciado que a sua equipa de Formula E se iria dedicar exclusivamente à competição elétrica, prejudicando especialmente António Félix da Costa, que tinha uma colaboração com a Jota no Mundial de Endurance, a marca de Estugarda explicou as razões pelas quais tomou tal decisão.

Numa declaração ao portal português Sportmotores, um representante da marca afirmou:

"O António Félix da Costa e o Pascal Wehrlein vão concentrar-se nas suas funções na Fórmula E com a equipa TAG Heuer Porsche Formula E em 2024. Esta decisão foi tomada pela Porsche Motorsport após uma análise profunda da época de 2023.", começou por afirmar.

Contudo, esse mesmo representante disse que tal decisão poderá ser revista no final da temporada de 2024. 

"Juntamente com a nossa equipa de trabalho, ambos os pilotos estarão totalmente concentrados em atingir o nosso objetivo na Fórmula E. Assim que a próxima temporada de Fórmula E chegar ao fim, a Porsche Motorsport avaliará a situação e as possíveis oportunidades para o António e para o Pascal noutras competições."

Uma das razões pelo qual tomaram esta decisão baseou-se no facto de não terem conseguido segurar o ímpeto inicial, depois das vitórias de Pascal Wehrlein na Arábia Saudita, que o fizeram perder o campeonato de 2023. Para além disso, a colisão de algumas corridas da Formula E com os da Endurance também levaram a tal decisão. 

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

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Kalle Rovanpera é provavelmente um dos melhores pilotos da atualidade. E tem uma coisa interessante: aprendeu desde criança a arte de guiar. Na Finlândia, no inverno, quando os lagos congelam, são verdadeiras pistas improvisadas onde qualquer um pode levar um carro e praticar, desde que se consiga chegar aos pedais. E Kalle, filho de Harri Rovanpera, que correu em ralis no final do século passado, começou desde os oito anos a conduzir, num Toyota Startlet azul nos lagos congelados nas traseiras da sua casa finlandesa. E como ele tem pelo menos quatro meses de gelo por ano, aproveitou muito bem.

Para chegar lá acima, preparou-se desde muito cedo. Começou a competir aos 15 anos, aproveitou alguns países vizinhos para mostrar a sua capacidade de guiar. Chegou, temporariamente, a correr com licença letã para ter uma temporada em ralis para apurar as suas capacidades. E mal teve 18 anos, conseguiu uma licença da FIA para poder competir em ralis do Mundial. Primeiro num Skoda do WRC2, e depois, quando a Toyota lhe deu um carro para poder explorar a sua capacidade, aproveitou-a.

Kalle fez 23 anos há um mês, a 1 de outubro. Agora é bicampeão do mundo, numa temporada absolutamente regular. Só desistiu em uma ocasião - ironicamente, na sua Finlândia natal - mas nos outros ralis, não passou abaixo do quarto lugar. A sua calma ao volante e o seu à vontade é mesmo típico de campeões, algo que muito poucos são capazes de conseguir. Talvez os "Sebastiões" franceses, que dominaram os ralis nas últimas duas décadas.

Mas no meio disto tudo, Kalle poderá ter o maior oponente de todos: ele mesmo.

Mal acabou o rali da Europa Central, voaram os rumores. Que deseja ter uma temporada parcial em 2024, que anda farto de ralis e quer ter uma vida normal, o de qualquer jovem, como eu e tu, caro leitor, que tem o Exército à perna porque na Finlândia, o serviço militar é obrigatório - agora, imaginem isto nesta altura do século... - e claro, que ainda não definiu a duração do seu novo contrato.

Todas estas conversas começam a fazer pensar que, na busca da sua imortalidade automobilística, pode-se ter sacrificado o ser humano. E um jovem de 23 anos, que fez isto toda a sua vida, não conhece outro mundo para além deste. E poderá estar a começar a ficar farto desta ultra-profissionalização que é o desporto destes tempos que correm, onde o vencedor fica com tudo, e não há perdão para o segundo classificado.

A imprensa alemã fala disso, dessa exaustão. Se um garoto dessa idade deseja uma pausa depois de dois campeonatos do mundo, bem sucedido, piloto de fábrica, o melhor piloto da sua geração, que destrona os seus adversários, que estão a 110 por cento o tempo todo para o bater, imagino os outros. Poderemos imaginar que será fraco? Se calhar, não. Se calhar, é ele, o ser humano, que pode ter feito um pacto onde, chegado ao topo, deseja voltar a ser humano e descansar por uns tempos e ser um tipo normal. 

Se assim for, então nós devemos fazer esta pergunta a nós mesmos: porque exigimos a essa gente que sejam super-humanos? Para ganhar uma "conversa de café"?       

Youtube Formula 1 Classic: A historia do GP do Brasil de 2003

Em fim de semana de GP do Brasil, o Josh Revell decidiu recordar a edição de 2003, aquela que deu caos no circuito de Interlagos, graças à chuva, e no qual as coisas ficaram de tal forma confusas que o vencedor da corrida fora, afinal... outro. E o terceiro classificado, Fernando Alonso, não foi ao pódio porque tinha ficado magoado na perna, graças a um acidente com o carro de Mark Webber.

E claro, as recordações dessa tarde chuvosa de abril de há 20 anos estão aqui neste vídeo, onde boa parte do pelotão acabou a corrida na Curva do Sol. E o carro do vencedor acabou... em chamas!  

Youtube Formula 1 Video: A história da BrawnGP

Em 2009, uma equipa entrou a matar na Formula 1. Vinda das cinzas da Honda, que se retirou do automobilismo em dezembro de 2008, às pressas, Ross Brawn comprou a equipa por uma libra e decidiu aplicar tudo no projeto. O resultado foi o que sabemos: Mundial de pilotos da Jenson Button, e o de Construtores. Tudo antes de ser adquirida pela Mercedes, no ano seguinte.

A história perfeita. Com um final de sonho.

Agora, quase 15 anos depois, Keanu Reeves decide pegar nisto e fazer um documentário com boa parte dos protagonistas, desde os pilotos, a Ross Brawn, passando por gente como Christian Horner, Luca de Montezemolo e Bernie Ecclestone. O primeiro episódio acontecerá a 15 de novembro, na plataforma Hulu. 

Youtube Formula 1 Video: As comunicações do México

O fim de semana mexicano foi bem movimentado, e vimos isso no que aconteceu na partida do Grande Prémio, mas existiram mais coisas interessantes ao longo do fim de semana do qual conseguiram fazer este compacto das melhores comunicações de rádio. 

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Os japoneses que querem seguir nos ralis


Os construtores japoneses sempre gostaram dos ralis - Mazda, Mitsubishi, Subaru e sobretudo, Toyota - mas sempre existiu um grande "buraco" que é nunca terem produzido um ou mais pilotos de ralis desse lugar. Agora existe Katsuta Takamoto, mas o último piloto de ralis relevante antes dele foi Toshi Arai, que pilotou um dos Subarus Impreza de WRC no inicio do século e depois... foi o deserto. 

Curiosamente, Takamoto entrou no programa da Toyota Gazoo Racing (TGR) em 2015, acompanhado por Daiki Arai, filho de Toshi Arai (e já agora, Katsuta Takamoto é filho de outro campeão japonês, Katsuta Norihiko, que ganhou o campeonato local por... sete vezes). E com o sucesso internacional de Katsuta Takamoto, a Toyota continua à procura de mais pilotos japoneses com potencial mundial. E selecionou dois: Hikaru Kogure e Yuki Yamamoto.

Depois de terem participado em ralis nacionais e internacionais por toda a Europa em carros Rally4 de duas rodas motrizes ao longo das duas últimas temporadas, eles irão ambos passar para a fase seguinte do programa, subindo para a classe Rally2 na próxima temporada.

Mikko Hirvonen, o instrutor-chefe da Toyota, está impressionado com ambos:

O Hikaru, o Yuki têm-se saído muito bem com o programa nas duas últimas épocas. Fizeram grandes progressos e isso deu-lhes uma grande experiência nos ralis e na vida em geral, uma vez que têm vivido sozinhos, muito longe de casa. Infelizmente, não pudemos oferecer a todos os três a oportunidade de continuar connosco na Europa, pelo que tivemos de tomar uma decisão difícil.", começou por afirmar.

"O Yuki tem sido muito forte e sempre foi capaz de atuar quando tudo estava a funcionar tecnicamente. Hikaru chegou até nós sem muita experiência em ralis, mas trabalhou arduamente para dar grandes passos e conseguiu recuperar o atraso, o que nos impressionou."

Contudo, existe ainda um terceiro piloto, Nao Otake. Em 2024, ele estará no campeonato japonês de ralis numa nova categoria, o JRC, apoiado pela Toyota, para os jovens promissores. Hirvonen esteve com ele nos treinos, ao lado de Kogure e Yamamoto e ficou impressionado.

"O Nao também tem estado muito forte e a trabalhar arduamente, e estamos muito contentes pelo facto da TGR continuar a apoiá-lo e por ele ter esta oportunidade de conduzir no campeonato japonês. Acreditamos mesmo que ele pode ter bons resultados e vamos manter-nos em contacto e tentar apoiá-lo o melhor que pudermos à distância. Para Yuki e Hikaru, o programa vai tornar-se mais difícil agora que estão a passar para os Rally2. A competição vai ser mais dura e o ritmo vai ser mais elevado, mas estamos entusiasmados por ver o que eles podem fazer quando os pressionamos ainda mais.”, concluiu.

Veremos no que irá dar, mas não se fica admirado se iremos ouvi-los num futuro próximo. 

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Youtube Motoring Vídeo: O panorama automobilístico australiano

O pessoal da Donut Media foi a terras australianas para experimentar os carros que existem por lá, e descobriram que eles tem mais que Utes, ou seja, carrinhas. Um deles tentou marcar um tempo na pista de Eastern Creek, em Sydney, enquanto noutro dia, foram numa caravana 4x4 para explorar os carros de lá e saber como se vai da floresta até à praia, entre outras coisas.

E como uma rivalidade de décadas já terminou quando as construtoras decidiram deixar de fazer carros na Austrália.   

Noticias: Marko garante que Pérez será piloto da Red Bull em 2024


Helmut Marko garante que Sérgio Pérez será piloto da Red Bull na próxima temporada. Apesar de ter ficado entristecido com a sua saída prematura no seu GP natal, o conselheiro da Red Bull sublinhou que o piloto mexicano tinha de tentar a manobra na travagem para a curva 1, que no final resultou no seu abandono após o toque no Ferrari de Charles Leclerc. E afirmou que ele tem contrato até 2024, apesar dos rumores de que poderá ser substituído.

Até então, Checo tinha feito tudo bem neste fim de semana”, disse, citado pela publicação GrandPrix.com. “Só tinha de tentar na largada. Não o responsabilizamos de forma alguma”, acrescentou.

Apesar dos rumores - Daniel Riccardo esteve muito bem no fim de semana e deu à Alpha Tauri o seu melhor resultado do ano, um sétimo lugar - Helmut Marko garantiu que Pérez fica: 

Tem contrato para 2024 e isso vai acontecer. Tudo está claro para o próximo ano. Foi um excelente desempenho até à primeira volta e estou convencido de que teria estado no pódio”, afirmou.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

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Que ninguém tenha dúvidas: as coisas que Ayrton Senna e naquela tarde em Suzuka é da matéria de lendas. É verdade que a reta da meta fica numa zona de descida, o que ajudou a que o carro não morresse na partida, mas a recuperação que fez nas voltas seguintes, apesar de ter o melhor carro do pelotão, não pode ser menosprezado. Afinal de contas, passou Alain Prost na volta 27, depois de ter sido travado pelo Rial de Andrea de Cesaris, do qual tentava dobrá-lo. 

E quando o fez, ele foi embora, rumo à vitória e ao título que sempre ambicionou, desde o primeiro dia em que se sentou num kart, quase década e meia antes, em Interlagos.

Mas neste dia existiu um outro herói. Um piloto e uma equipa que tinha mostrado toda a sua potência ao longo dessa temporada com um pódio em Portugal, depois de ter sido terceiro na grelha. Ivan Capelli tinha sido o piloto que mais deu nas vistas, para além dos pilotos da McLaren, num chassis encomendado à March, desenhado por um ilustre desconhecido chamado Adrian Newey. Italiano, então com 25 anos, já tinha corrido na Tyrrell e AGS, mas na realidade sempre foi o "poster boy" de uma equipa chamada Genoa Racing, montado por Cesare Gariboldi, que o conheceu quando ele corria na Formula 3, e o acolheu como se fosse o seu filho. Pouco depois, ambos conheceram um japonês que tinha enriquecido no setor imobiliário, Akira Akagi, e tinha a paixão do automobilismo. Mais do que passar os cheques, quando eles chegaram à Formula 1, no GP do Brasil de 1987, todos eles não chegavam a 20 elementos. Todos. 

E em 1988, com a decisão de escolher os motores 3.5 litros atmosféricos, da Judd, o carro se tornou num dos melhores desse pelotão, a par dos Benetton. E muitas vezes, batiam até os Lotus, com motor Honda Turbo. Os primeiros pontos foram alcançados no Canadá, com um quinto lugar, e depois mais dois pontos foram conseguidos na Alemanha, mas foi na Bélgica que as coisas também correram bem, quando primeiro, acabaram em quinto, mas depois quando os Benetton de Thierry Boutsen e Alessandro Nannini foram desclassificados por irregularidades no combustível, ele chegou ao pódio, no terceiro lugar.

No Japão, Capelli tinha 16 pontos. E estando na casa do seu patrocinador, queria brilhar. E começou, com um quarto lugar na qualificação. Na corrida, chegou a terceiro, e não largou, quer os Ferrari, quer o McLaren de Prost, e depois andou perto do carro do piloto francês.

E então, na volta 16, surgiu a oportunidade. Capelli seguia atrás de Prost quando este falhou uma marcha, e o italiano acelerou, ficando na frente do carro da McLaren na linha de meta. Ao fazer isso, tinha acabado de marcar história: pela primeira ocasião desde 1983, um carro atmosférico liderava um Grande Prémio de Formula 1. 

Prost aproveitou o poder superior do seu motor Honda para o passar e ficar com o comando, aguentando até que Senna o passasse. Mas quando isso aconteceu, ele já não estava na corrida: um problema elétrico na volta 19 evitou que continuasse. Provavelmente, teria ritmo para chegar a um novo pódio.

Capelli iria pontuar na Austrália, com um sexto posto. Para Cesare Gariboldi, o pai automobilístico de Capelli, foi o seu ultimo grande momento. Iria morrer num acidente de automóvel em Itália e apesar de ele ficar por ali até ao final de 1991, e conseguir mais um pódio, antes de rumar para a Ferrari, os momentos de 1988 não voltariam a repetir.

Endurance: Porsche conta exclusivamente com Félix da Costa na Formula E


António Félix da Costa correrá apenas na Formula E pela Porsche em 2024. O anuncio foi feito nesta segunda-feira, depois de nos dias anteriores, o rumor ter corrido no site endurance-info.com. Aparentemente, a colisão de algumas corridas da competição elétrica com algumas provas do Mundial de Endurance levou a que a marca alemã, que construiu alguns modelos 963 para o campeonato, tivesse de dizer aos seus pilotos - Félix da Costa e o alemão Pascal Wehrlein - que queria exclusividade a um dos campeonatos.

“É com muita tristeza que não vou fazer parte do Campeonato do Mundo de Resistência no próximo ano, depois de oito anos a competir neste campeonato”, confirmou o piloto luso num vídeo publicado no Instagram.

"Entrei nas corridas de Endurance em 2017 e desde ai, ganhei o meu espaço neste paddock. Comecei na BMW nos GT, depois na LMP2, ganhámos as 24 horas de Le Mans e o campeonato do Mundo, e este ano passei à classe principal, a Hypercar. Sempre referi que o meu sonho era ganhar as 24 horas de Le Mans à geral, infelizmente por agora este desejo vai ter de ficar na gaveta. Não é um adeus definitivo, é um até já, voltarei para concretizar este meu sonho. Por agora vou-me focar na Fórmula E e em lutar pelo título de pilotos e apoiar a Porsche a cem por cento neste campeonato."

Tudo isto acontece no fim de semana das Oito Horas do Bahrein, a última corrida do campeonato de 2023, e onde ele pretende sair com um bom resultado.

"Para mim a Jota é mais que uma equipa, é um grupo de amigos, uma verdadeira segunda família. Quero agradecer ao David Clarke e ao Sam Hignett por estes fantásticos anos juntos, onde além de termos vencido as 24 horas de Le Mans e um campeonato do mundo, passámos também excelentes momentos e estou certo que no futuro nos voltaremos a encontrar. Agora é hora de desfrutar esta última corrida no Bahrein e lutar para subir ao pódio com a Hertz Team Jota."

Contudo, o piloto português acredita poder estar nas 24 Horas de Le Mans em 2024, pela Jota, numa altura em que eles terão dois carros e tentam aliciar gente como Jenson Button e Sebastian Vettel para os seus protótipos para correr no Campeonato de Endurance. 

WRC: Latvala elogia calculismo de Rovanpera


Kalle Rovanpera ganhou o seu segundo título neste domingo no penúltimo rali do campeonato. O piloto da Toyota acabou o rali na segunda posição, batido apenas por Thierry Neuville, mas ao longo da temporada, a sua regularidade fez com que ele nunca perdesse a liderança de vista. Com três vitórias, tantas quantas Sebastien Ogier, o finlandês participou em todos os ralis e apenas desistiu uma ocasião, na Finlândia, e nunca foi abaixo de quarto lugar, onde ficou em quatro ocasiões - Suécia, México, Croácia e Chile.  

E é por isso que o diretor desportivo da Toyota, Jari-Matti Latvala, elogiou a sua regularidade, comparando-o a Juha Kankkunen, que conseguiu quatro títulos, três deles na década de 90.  

Estou muito contente e orgulhoso do Kalle e do Jonne: eles merecem realmente este segundo campeonato. O Kalle foi incrivelmente consistente durante a época.", começou por afirmar, no rescaldo do rali da Europa Central.

"Para ele, este título foi mais difícil de ganhar do que no ano passado e o Elfyn fez um bom trabalho para manter a pressão, mas o Kalle conseguiu-o no final. Diria que a sua abordagem tem sido mais parecida com a de Juha Kankkunen, calculando e pensando nos pontos de que precisa, em vez de tentar todas as vitórias.", continuou, elogiando também Elfyn Evans pela sua determinação.

"O Elfyn também fez uma época muito boa. Precisava de ultrapassar Kalle aqui para se manter vivo. Infelizmente, não foi possível, mas ele fez tudo o que podia nessa situação. Agora que temos os três títulos garantidos, vamos regressar ao Rali do Japão sem qualquer pressão de campeonato e pedir aos nossos pilotos que lutem pela vitória”, concluiu.

O agora diretor desportivo da Toyota acha que em 2024, as coisas serão um pouco mais complicadas na luta pela renovação dos títulos por parte da sua marca devido ao regresso de Ott Tanak à Hyundai. “Com o (Ott ) Tänak na Hyundai, penso que ele está muito motivado e quer mais um título”, afirmou.

domingo, 29 de outubro de 2023

WRC 2023 - Rali da Europa Central (Final)


O belga Thierry Neuville ganhou o Rali da Europa Central, com o seu Hyundai i20 Rally1, mas o campeonato foi para Kalle Rovanpera, que com o seu segundo lugar, a 57.6 segundos, conseguiu os pontos suficientes para ser campeão do mundo pelo segundo ano seguido. Ott Tanak fechou o pódio, num rali onde as três marcas presentes no WRC conseguiram os três primeiros lugares da competição.

Apesar de tudo, Neuville era alguém feliz por esta vitória: 

Em primeiro lugar, é realmente um alívio chegar ao final, mas acho que no geral fizemos um trabalho muito bom – boa consistência que basicamente valeu a pena. Só posso agradecer à equipa, foi um esforço deles neste fim de semana e conseguimos. Agora posso esperar pela última corrida do ano, onde vamos nos concentrar em mais uma vitória.”, afirmou.

Já Kalle Rovanpera, mais contente pelo campeonato, afirmou: 

"Estou me sentindo muito bem! Acho que este ano foi para mim pessoalmente mais importante do que no ano passado. A competição foi mais acirrada, fizemos um bom trabalho. Muito obrigado a Jonne [Halttunen, o co-piloto], ele é o melhor navegador do mundo e a equipa é a melhor também. É bom - não posso dizer muito mais. Vou gostar mais deste do que do primeiro [campeonato]."

Com quatro especiais até ao final da prova, passagens duplas por Böhmerwald e Passauer Land, o dia começou com Ogier na frente, seguido por Evans, enquanto Neuville e Rovanpera já estavam mais tranquilos, com o belga a 3,2 e o finlandês a 7.4. na primeira passagem por Passauer Land, Evans foi o melhor, 4,6 segundos na frente de Ogier, e 6,6 sobre Takamoto. Rowanpera tinha perdido 18,2 segundos, sendo oitavo na especial.  

Ogier voltou a ganhar na segunda passagem por  Böhmerwald, com Neuville apenas a ser terceiro, a 3,6 e Rovanpera a perder mais 9,7 segundos, sendo desta vez sexto. E na Power Stage, Evans foi o melhor, 3,5 segundos sobre Neuville, 4,9 sobre Ogier, 6,9sobre Takamoto. Rovanpera perdeu 17.1 segundos e foi o oitavo melhor.     

Depois dos três primeiros, Ogier conseguiu ser o quarto, a 2.08,6, na frente de Katsuta Takamoto, a 2.48,3, com o sexto, Teemu Suninen não muito longe, a 3.06,3. O luxemburguês Gregoire Munster conseguiu os seus primeiros pontos da temporada ao ser sétimo, a 4.22,3, na frente de Adrien Formaux, o melhor dos Rally2, a uns distantes 11.35,8, e e fechar o "top ten" ficaram o Skoda de Nicolas Ciamin, a 11.53,1 e o carro de Pierre Louis Loubet, a 12.04,3. 

No campeonato, Rovanpera é campeão com 235 pontos, seguido por Evans, com 191 e o terceiro é Neuville, com 184. 

O WRC agora desloca-se para o Japão, onde entre os dias 16 e 19 desse mês termina o campeonato.

Formula 1 2023 - Ronda 19, México (Corrida)


A Formula 1 afirma sempre que é o maior espetáculo desportivo, do qual montam tenda 23 fins de semana por ano. E sempre que monta num lugar diferente, as pessoas que acorrem fazem um espetáculo à parte. E a Cidade do México não é um lugar aborrecido, especialmente nesta altura do ano. Não tanto pelo lugar, por si ímpar - 2245 metros de altura, e não longe dali está o Popocatepétl, um vulcão imponente com mais de 5000 metros - como quando a corrida acontece, é sempre perto ou no fim de semana do "Dia de Los Muertos", onde as pessoas se pintam de esqueletos, celebrando a Morte e a Vida, fazendo do Dia dos Finados um espetáculo mais além de um dia especial e respeitoso para com os seus antepassados.

Mas isso é o que andamos a ver por fora, nas bancadas. Na pista, com tudo decidido, foi interessante ver que a Ferrari parece conseguir bons resultados na grelha de partida, porque Charles Leclerc saia da primeira posição pela segunda vez seguida, esperando que não acabe em desclassificação, como no Texas. Mas claro, com Max Verstappen no terceiro posto, se calhar ele arriscará e fará uma excecional partida para ficar logo com o primeiro lugar e não largar até à meta, desprezando os apelos da bancada para dar a vitória a Sérgio Pérez, o homem da casa. Ainda por cima, era um mero quinto na grelha, batido até pelo Alpha Tauri de Daniel Ricciardo, que aproveitou bem o seu regresso para conseguir um excelente quarto lugar da grelha. 

Resta saber se a corrida será tão bom quando a qualificação de ontem. O tempo está divinal nesta tarde, tudo azul neste domingo outonal. E Lance Stroll iria partir das boxes. Quase todos os pilotos partiam com médios, exceto Alex Albon e Esteban Ocon, que partiam com duros. 


Na partida, Max largou bem, mas Pérez foi melhor, mas foram três paralelos na travagem para a primeira curva. O mexicano e o monegasco tocaram-se e o piloto da Red Bull acabou na escapatória, com o piloto da Ferrari com o nariz estragado, mas ficando na pista em segundo. Max estava na frente... e parecia que estava tudo acabado. Pérez regressou à pista no fundo da grelha, mas no final da terceira volta, ia para as boxes e desistia. Tinha acabado a sua prova... em casa. E Max liderava, com mais de dois segundos de vantagem.  

Com destroços na pista, o Safety Car Virtual foi mostrado na quinta volta para terem uma chance para recolher os destroços do Ferrari. Os comissários queriam mostrar uma bandeira para que ele fosse às boxes e fazer a troca, mas mesmo com os estragos, as distâncias estavam estáveis. O único duelo digno de nota nas primeiras voltas foi entre Hamilton e Ricciardo, com o britânico da Mercedes a passar no final da reta, na 11ª volta, para ser quarto. 

As coisas só mudaram um pouco com as primeiras paragens nos pneus. Max foi para lá na volta 19, trocando para duros e regressando na sétima posição. Os Ferraris agora estavam na frente, com Leclerc na frente de Sainz Jr, assediado por Lewis Hamilton. Piastri foi às boxes na volta 26, para meter duros, e perdeu o sexto posto para Russell, numa altura em que Max já era terceiro, esperando que os Ferrari fossem às boxes e fazer a sua troca de pneus para voltar a ficar com o comando da corrida. 

Na volta 31 foi a altura de Sainz Jr para meter duros e regressar na quarta posição, passado por Hamilton, para logo a seguir aparecer Leclerc, entregando o comando a Max, e também colocar duros. Quando regressou, era segundo, a mais de 16 segundos do neerlandês da Red Bull. 


E essas trocas foram mesmo a tempo para os Cavalinos: na volta 33, Kevin Magnussen bateu forte no seu Haas na curva 9 do Autódromo devido à quebra da sua suspensão traseira esquerda, causando a entrada do Safety Car. Max e Norris aproveitaram para trocar de pneus, mas isso foi inútil porque logo a seguir, a bandeira vermelha foi mostrada por causa das barreiras, para além dos destroços que o carro americano deixou na escapatória.  

Nesta altura, a corrida parou exatamente na volta 35. Metade de 71.

Barreiras reparadas, destroços retirados... demorou algum tempo até tudo estiver pronto para o regresso da corrida. Esta regressaria com os carros parados na grelha nas posições onde estavam na altura em que a corrida parou. Quando a partida aconteceu, Max manteve o lugar, com Leclerc a seguir a Hamilton, Sainz Jr, Ricciardo, Russell, Piastri e o resto do pelotão logo a seguir.

Hamilton foi atrás de Lelcerc para tentar chegar a segundo, Russell passou Ricciardo para ser quinto, e demorou algum tempo até passar o piloto da Ferrari, enquanto na frente, Max afastava-se do pelotão e Russell assediava Sainz Jr para ver se ficava o quarto lugar. Atrás, Piastri era assediado por Tsunoda para ver quem ficava com o sétimo posto. E na volta 49, o japonês tentou de novo na curva 1, com ambos a tocarem, prejudicando o piloto japonês.

Nesta altura, Norris tinha chegado aos pontos e Alonso era a terceira retirada da corrida, com problemas no seu Aston Martin.


Na frente, Max afastava-se indo para mais uma vitória tranquila. Tinha 10 segundos de avanço para Hamilton, no final da volta 55, a 15 do final. Os McLaren trocaram de lugares para tentarem ver se apanhavam Ricciardo para conseguir o sexto posto, o que conseguiu na volta 60. Agora, ia tentar apanhar Russell para ficar em quinto.

E foi o que fez. Demorou sete voltas para ficar na traseira do Mercedes, e passou-o precisamente no momento em que Bottas e Stroll bateram no Estádio. O incidente foi visto pelos comissários, mas para Stroll, a sua corrida acabou ali.

No final, Max conseguiu mais uma vitória, na frente de Hamilton e Leclerc, com Russell a aguentar os ataques de Ricciardo para ser sexto, porque os seus médios já tinham acabado contra os duros do piloto da Alpha Tauri. E apesar de o britânico ter aguentado, o resultado do australiano foi o melhor da equipa desta temporada. 

E assim acabava a corrida mexicana. E claro, as coisas tinham de ser logo arrumadas porque dali a sete dias, tinham de estar no Brasil.     

Formula 1 2023 - Ronda 19, México (Qualificação)


Não demorou muito a pausa. Uma semana no Texas, outra no México, num lugar especial, em pleno planalto, a mais de 2200 metros de altitude - mais acima do monte mais alto do meu país, por exemplo - e ali, correr na Cidade do México, no Autódromo que dá nome aos irmãos mais famoso do automobilismo mexicano, e onde a performance dos motores é bem diferente daqueles que funcionam ao nível do mar, como estavam uma semana antes, em Austin.

E ainda existia uma pressão adicional: os mexicanos queriam que a Red Bull desse tudo a Sérgio Pérez, apesar de ele não ter dado alguma coisa à equipa, especialmente depois do inicio da temporada. Por causa disso, as bancadas estavam cheias, e esperando que Max não tivesse a sorte das outras corridas. Apesar da atmosfera festiva porque o Dia de los Muertos... é já ali na esquina.   

A qualificação começou com céu azul e temperaturas agradáveis neste outono mexicano, numa das maiores cidades do mundo. Depois dos primeiros milhos para os pardais, os Red Bull ficaram com os melhores tempos, primeiro Max, com 1.18,099, quase meio segundo que Checo Pérez. Hamilton é o terceiro, a 578 centésimos.

A certa altura, Ricciardo conseguiu um surpreendente segundo melhor tempo, a 242 centésimos atrás de Max, enquanto em contraste, os McLaren estavam no fundo da grelha. E isso começou a causar sarilhos.

No final da sessão, Alonso fez um pião na curva 3, a as bandeiras amarelas foram mostradas. E isso aconteceu precisamente na altura em que Norris ia fazer a sua volta, mas por causa disso e do trânsito - todos queriam uma pista limpa para a sua volta rápida - acabou por ter de abortar. Por causa disso, Norris fazia companhia ao Alpine de Esteban Ocon, o Williams de Logan Saegent, o Alpha Tauri de Yuki Tsunoda - tinha trocado de unidade de potência, e largaria do fundo, independentemente do resultado - e do Haas de Kevin Magnussen, nos que ficavam para trás na Q1.  


A Q2 começou alguns minutos depois, com os Red Bull a serem os primeiros na pista, e claro, foram os primeiros a marcarem tempo, com Max a conseguir 1.17,625, mais 499 centésimos que Pérez. Pouco depois, Daniel Ricciardo consegue 1.18,016, segundo tempo em termos provisórios. Pouco depois, Oscar Piastri faz melhor, mas 249 centésimos mais lento que o neerlandês da Red Bull. 

A parte final foi surpreendente, quando Lewis Hamilton conseguiu um tempo superior a de Max, passando para a fase seguinte, com um Daniel Ricciardo a conseguir o terceiro posto e uma inédita passagem para a Q3 nesta temporada. Em contraste, o Williams de Albon - tinha entrado mas o tempo foi anulado por causa de ele ter passado a curva 3 fora da rota combinada - o Alpine de Gasly, os Aston Martin de Alonso e Stroll e o Haas de Nico Hulkenberg, estavam de fora.

E agora, a Q3. Os espectadores começaram a ficar excitados com a saída de Sérgio Pérez das boxes e tentar um tempo na frente. Os Red Bull foram os primeiros a marcar tempo, com Max a faxer 1.17,276, seguido por Checo, com 1.17,788, antes de Ricciardo, primeiro, e os Ferrari depois, os baterem, com Leclerc a conseguir 1.17,166. 

A parte final assistiu-se à tentativa de reação da Red Bull, mas ambos perderam tempo na parte final e não conseguiram melhorar para os desalojar. Mercedes também tentou, mas o melhor que Hamilton conseguiu foi sexto. 


No fim, a Ferrari ficou com a primeira fila, com Leclerc na frente de Sainz Jr, e Daniel Ricciardo até conseguiu um inesperado quarto lugar, entre os Red Bull, com Checo em quinto e Max dois lugares mais acima, em terceiro. A qualificação mexicana acabou por ser algo surpreendente, mesmo no meio de algumas certezas, como a das Ferrari. Lewis Hamilton não conseguiu melhor que sexto, na frente de Oscar Piastri, que provavelmente queria estar mais acima de onde ficou na realidade.  

Veremos como será amanhã, na corrida. Toda a gente ainda tem fresca na memória os eventos de Austin...