É o mais velho dos irmãos Fittipaldi, mas em termos de carreira, foi o que ficou à sombra do seu irmão Emerson. Contudo, foi ele que teve que idealizou e concretizou a sua equipa de Formula 1, a única aventura que o Brasil teve na categoria máxima do automobilismo, entre 1975 e 1982. Depois de fechar as portas e recuperar as dividas acumuladas, não deixou de estar atento ao automobilismo, ajudando a carreira internacional do seu filho
Christian Fittipaldi, que competiu na formula 1 no inicio dos anos 90, antes de virar a agulha para a CART, seguindo os passos do seu tio Emerson, com algum sucesso. No dia do seu 66º aniversário natalício, falo-vos de
Wilson Fittipaldi Jr.
Nascido a 25 de Dezembro de 1943 em São Paulo, é o primeiro filho do casal
Wilson “Barão”
Fittipaldi, jornalista da Rádio Panamericana, entusiasta do automobilismo e um dos criadores das Mil Milhas de Interlagos, em 1956, e de
Juzy Fittipaldi, de origem checa, e também competidora no final da II Guerra Mundial. Cedo os pais levavam, quer Wilson, quer o seu irmão mais novo,
Emerson Fittipaldi, a Interlagos, que era uma das “Mecas” do automobilismo brasileiro, e ganharam o bicho do automobilismo.
Cedo começaram a movimentar-se nas oficinas, e quando quiseram começar as suas carreiras, e enfrentando a relutância do pai, decidiram construir um negócio de peças de automóvel, nomeadamente volantes, com o objectivo de obter dinheiro para comprar carros de competição. As suas habilidades mecânicas permitiram ganhar-lhes experiência em montar e melhorar os chassis em que corriam, fossem eles carros de Turismo, karts ou Formula Vê, o primeiro campeonato de monolugares do Brasil. Começou a correr aos 13 anos, em karts, e aos poucos mostrava o seu talento, que combinado com a sua paixão pela mecânica, lhe deu um lugar na equipa oficial da Willys, uma das melhores do Brasil. Os seus adversários eram a nata do automobilismo do seu tempo:
José Carlos Pace, Luiz Pereira Bueno, Ricardo Achcar, Bird Clemente, Bob Sharp, entre outros…
Em 1966, Wilson parte para a Europa, no sentido de disputar o campeonato local de Formula 3. Contudo, a aventura não dá certo (
anos depois, o próprio Wilson diria que a culpa foi da Willys, que o queria de volta ao Brasil…) e regressa no final daquele ano, onde ajuda a construir e desenvolver um chassis de Formula Vê, com muito sucesso. Era o Fitti-Vê, e o seu irmão mostra-se, vencendo corridas nessa categoria a partir de 1967. Quando o seu irmão Emerson parte para a Europa, em 1969, para disputar a Formula 3, Wilson decide ficar, pois já era um homem casado e prestes a constituir família. Contudo, com o meteórico sucesso do irmão, que o coloca em menos de dois anos na Formula 1, Wilson parte uma segunda vez para Inglaterra, onde corre na Formula 3 britânica, pela Jim Russell Drivers School.
Desta vez, a segunda aventura tem sucesso. Vence algumas provas, conta pilotos de calibre e que irá competir anos mais tarde, como o seu compatriota José Carlos Pace, o “Môco”,
Dave Walker e
James Hunt, entre outros, e em 1971, passa para a Formula 2 europeia, onde consegue como seu melhor resultado um terceiro lugar no circuito de Hockenheim, que combinado com outros resultados, lhe dará o quinto lugar desse campeonato. Nessa altura, tinha estabelecido a Team Bradhal-Fittipaldi, onde o seu irmão fazia parelha ao volante de um chassis Lotus. Emerson venceu três corridas, mas elas não contavam, pois ele já era piloto oficial da Lotus na Formula 1.
Contudo, estes resultados foram mais do que suficientes para Wilson obter a sua chance de correr na Formula 1, ao serviço da Brabham. Já tinha tido uma primeira experiência, ao correr num Lotus 49 no GP da Argentina de 1971, numa prova extra-campeonato, mas é nesse ano de 1972 que se dedica à correr na categoria máxima do automobilismo. Graças ao apoio de patrocinadores como o freios Varge a Bradhal, compra uma vaga na Brabham. Primeiro no GP do Brasil desse ano, prova extra-campeonato onde termina no terceiro posto, depois de ultrapassar o seu irmão na partida, e finalmente no GP de Espanha de 1972, estreava-se oficialmente na categoria máxima do automobilismo, terminando a corrida na sétima posição, enquanto via o seu irmão subir ao lugar mais alto do pódio, na primeira das cinco vitórias daquele ano de caminhada para o seu primeiro título mundial. E essa seria também a primeira corrida na Formula 1 onde dois irmãos competiriam em simultâneo.
No final dessa temporada, Wilson só teve como melhores resultados dois sétimos lugares, enquanto que o seu irmão conquistava o título. Na Formula 2, Wilson continuava a competir, subindo por duas vezes ao pódio, e terminando na 12ª posição. No ano seguinte, na Brabham, marca pontos na primeira prova do ano, o GP da Argentina, prova ganha pelo seu irmão. Pela primeira vez na história, dois irmãos terminavam uma corrida nos pontos. Wilson fora sexto classificado. A história repete-se poucos meses depois, no GP da Alemanha, quando ele termina na quinta posição, à frente do seu irmão, e ambos atrás de José Carlos Pace, no seu Surtees. Não só foi o melhor resultado de Wilson, mas também foi a primeira vez que três brasileiros pontuavam numa mesma corrida. Contudo, no final do ano, não fica na Brabham.
Em 1974 faz um ano sabático, competindo apenas no GP de Brasília, ao volante de um Brabham. Mas por esta altura já está envolvido no projecto de construção de um Formula 1 brasileiro. Com a ajuda da Copersucar, a estatal brasileira do açúcar, Wilson monta o primeiro chassis brasileiro, projectado por
Ricardo Divila. Baptizado de FD01 (Fittipaldi-Divila), estava pronto para competir na primeira corrida do ano, na Argentina. Wilson iria guiá-lo nessa temporada, mas o primeiro chassis só durou 13 voltas em Buenos Aires. Na corrida seguinte, em Interlagos, o chassis foi modificado, passando a ser o FD02, mas os resultados não melhoraram muito, pois só terminaram corridas por cinco vezes, tendo como melhor resultado um decimo lugar em Watkins Glen. Findo isso, Wilson largou o volante de vez e foi tomar conta da equipa. O seu sucessor? O irmão Emerson.
A sua carreira na Formula 1:
38 Grandes Prémios, em três temporadas (1972-73, 1975)
três pontos.
Passada a sua carreira como piloto, começava a sua carreira como director de uma equipa de Formula 1. Entre 1976 e 1982, a Cpoersucar não vence corridas, consegue três pódios e 44 pontos no total. Apesar de terem passado técnicos, engenheiros e pilotos de calibre mundial, como
Keke Rosberg, Harvey Postletwaithe, Adrian Newey, e de em 1980 terem comprado o espólio da Wolf, a falta de resultados relevantes e a hostilidade de algum público no Brasil fez desgastar mentalmente os dois irmãos. Com a perda de patrocínios e as dívidas a acumularem-se, a aventura brasileira na Formula 1 termina no final da temporada de 1982. Falido e desgastado, Wilson afasta-se da competição por uns tempos, para cuidar das plantações de laranjas que a sua família tinha em Araquara, no interior de São Paulo, enquanto que Emerson parte para a aventura americana, revitalizando a sua carreira com duas vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis e o título da CART em 1989, o primeiro estrangeiro a consegui-lo. Entretanto, com o seu filho Christian a prosseguir uma carreira automobilística, o pai Wilson volta aos meandros da competição, já que a sua fazenda prosperava com as vendas para os Estados Unidos.
Actualmente, Wilson gere uma firma de construção naval, a Fittipaldi Yachts onde, tal como tinha acontecido 35 anos antes com a Copersucar, coloca o Brasil num mercado importante como a construção naval de barcos de recreio. Nas horas livres, ele e o seu irmão Emerson ainda matam saudades da condução, correndo numa das últimas vezes em 2008 no campeonato brasileiro de GT3, a bordo de um Porsche 997. E recebem as homenagens de um público agradecido à família pelas contribuições que deram ao automobilismo brasileiro, especialmente no capítulo da Copersucar.
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Wilson_Fittipaldi_J%C3%BAniorhttp://f1database.blogspot.com/2009/05/piloto-em-questao-wilson-fittipaldi.htmlhttp://www.terra.com.br/istoedinheiro/424/negocios/fittipaldi.html