Os mexicanos sabem mesmo fazer uma festa. E quando desde 2015 eles voltaram ao calendário, o Autódromo Hermanos Rodriguez tornou-se num lugar de peregrinação para todos os que amam o automobilismo e também um lugar onde poderiam celebrar o seu piloto, Sergio "Checo" Perez. E claro, celebram da maneira como somente eles sabem. Como calha na altura do "Dia de los Muertos", ver gente com cara pintada de crânios não é fora do comum, aliás, até faz parte do folclore!
E nesta altura do campeonato, qualquer deslize entre Max Verstappen e Lewis Hamilton significa isso mesmo: "la muerte". Não a física, apenas as das suas aspirações ao título. Afinal de contas, agora faltam cinco corridas para o final de um campeonato que vai acabar quase no Natal. E como que aconteceu ontem na qualificação, a única chance da Red Bull tentar superar a Mercedes é ser mais veloz e travar melhor no final da reta da meta.
Com a grelha modificada à custa das penalizações - os dois Haas eram 14º e 15, respetivamente! - o entusiasmo e as expectativas sobre o que poderia acontecer na primeira curva eram grandes, porque, como todos sabiam, o campeonato estava em jogo.
Na partida, Verstappen largava bem, passando os Mercedes, e na primeira curva, aquilo que se temia: um toque, mas foi com Bottas, que sofria um pião, aparentemente, num toque com Daniel Ricciardo. Este ficou com a asa quebrada e também ia para as boxes, sendo relegado para o fundo da grelha. Mais atrás, mais confusão, com Mick Schumacher e Yuki Tsunoda a acabarem prematuramente a corrida. Tudo isso foi suficiente para que o Safety Car entrasse na pista. Bottas e Ricciardo iam às boxes, mas Verstappen estava na frente de Hamilton.
A corrida voltou na quinta volta, com Verstappen a tentar escapar o que podia de Hamilton, com Perez em terceiro. Nas voltas seguintes, o neerlandês começou a afastar-se do britânico, e ele disse ao pessoal da Mercedes que ele estava definitivamente mais rápido que ele. Mas, apesar de ver Verstappen ir embora, a diferença para Perez era mais estável.
Chegado mais ou menos ao primeiro terço da corrida, Hamilton começava a queixar-se dos pneus médios, que começava a desgastar-se mais que devia. Como sabem, isso é código para "volta maus rápida", mas desta vez... era mesmo verdade. Verstappen ia-se embora, e Checo aproximava-se. O britânico queria que colocasse logo os pneus duros, mas o que as boxes lhes pediam era que fosse mais meigo com os pneus, para os fazer durar. E por causa disso, conseguiu, de uma certa forma, conter Perez para o terceiro posto.
Atrás, continuava o onferno de Valtteri Bottas. Depois de passar boa parte do pelotão, chegou-se à traseira de Daniel Ricciardo, para ser 11º, mas ficou na traseira do australiano da McLaren, tentando de todos os modos passá-lo, mas não conseguia.
E na volta 30, Hamilton era o primeiro dos da frente a parar nas boxes, trocando para duros, e esperando ver se ia até ao final com o mesmo jogo de pneus. Caía para quinto, atrás de Gasly e Leclerc, e logo a seguir, ia o piloto da Ferrari, também para duros e caindo para nono. Gasly parou na volta seguinte, ao mesmo tempo que Hamilton fazia voltas mais rápidas, tentando recuperar o tempo perdido e fechar o "gap" que era o habitual quando os carros fazem as suas paragens nas boxes. Tudo uma questão de estratégia.
Verstappen parou na volta 33, metendo também duros, e quando voltou à pista, a diferença entre ambos já estava a rondar os oito segundos. Na frente, Checo liderava, para delirio dos fãs, e esperava fazer durar este momento por muito tempo. E durou até a volta 41, quando foi trocar de pneus, voltando em terceiro, quase nove segundos atrás de Hamilton. Nas voltas seguintes, o mexicano tentava apanhar o piloto da Mercedes, e fazia algumas voltas mais rápidas para isso.
Os holofotes passaram para a luta pelo segundo posto, com Perez a aproximar-se fortemente do britânico, e com quase dez voltas para o final, já estava na traseira do Mercedes, para delírio dos locais. Mas quando ele ficou a pouco menos de um segundo, o britânico reagiu e ele afastou-se um pouco. E no meio disto tudo, Verstappen afastava para quase... vinte segundos. Que tareia.
A corrida acabou com um ataque final de Perez, onde o carro chegou na distância no DRS, mas acabou por não chegar. E com Max a relaxar, este venceu a corrida, mais uma para consolidar a sua liderança - tem agora nove pontos de diferença entre eles - e Perez a ser o primeiro local a subir ao pódio na história. Gasly foi um tranquilo quarto, na frente dos Ferrari, do Aston Martin de Sebastian Vettel, do Alfa Romeo de Kimi Raikkonen, do Alpine de Fernando Alonso e o McLaren de Lando Norris.
Agora, tudo será arrumado à pressa porque estamos a meio de um triplo "stint". Interlagos é já "amanhã" e o Qatar, "é daqui a uns dias". Não gostaria de estar na pele daqueles que arrumam e desarrumam tudo isto... algo que, claro, o filho de "Checo" Perez não tem de se preocupar. Aliás, estava deveria ser a família mais feliz dentro do circuito. Com aquilo que alcançou, tão cedo não irão esquecer.