Quase um mês depois da última corrida, a Formula 1 voltou à ação num dos circuitos mais tradicionais do seu calendário, Spa-Francochamps. Um dos mais desafiantes do calendário, ainda por cima situado numa região onde o estado do tempo é sempre imprevisível, tal como era o Nordschleife nos seus tempos aureos, quando Jackie Stewart o chamou de "Inferno Verde", e não sem razão.
Contudo, com o tempo a prometer céu azul, parecia que nada iria acontecer de anormal, com os do costume a monopolizarem a primeira fila da grelha. Foi isso que acabou por acontecer, mas havia outras coisas dos quais os presentes estavam preocupados. Para começar, as penalizações, que alcançaram um ponto ridículo, especialmente na McLaren, quando recebeu um conjunto de penalizações, que acumulado, rendeu em... 55 lugares. E só na sexta-feira! Isso resultava que os carros de Woking iriam largar - conforme os pontos cardeais - ou em Liége, ou no Luxemburgo, ou até na Holanda. Portanto, entre Zolder, Assen ou Nurburgring, venha o Diabo e escolha!
Para além disso, ainda havia outras penalizações, como a de Max Verstappen, que iria ser penalizado em dez lugares por mudar a caixa de velocidades, ou depois, aqueles cinco lugares que Romain Grosjean iria cumprir por causo do que fez na Hungria. Em suma, todos sabiam que a grelha de partida real seria altamente alterada na secretaria...
A qualificação começou com os pilotos a usarem pneus medios para marcar os seus primeiros tempos, sem grandes novidades, apesar de Valtteri Bottas ter começado a marcar tempos na frente dos Mercedes, antes destes se empenharem a sério para passar à Q2. Felipe Massa atrasou-se por causa de um problema elétronico, mas teve tempo para carimbar a sua passagem para a Q2. Entretanto, atrás, a McLaren penava... mesmo com as penalizações, pois não conseguia mais do que o 17º e 18º tempos, apenas na frente dos Marussia. Com estes quatro definidos, restaria saber quem seria o azarado da qualificação. E a fava calhou a... Felipe Nasr, que não conseguiu superar, por exemplo, os Toro Rosso de Max Verstappen e de Carlos Sainz Jr., ou o seu companheiro de equipa, Marcus Ericsson.
Na passagem para a Q2, os pilotos já tinham trocado os médios pelos macios, para tentar conseguir um tempo o mais acima possivel. E Hamilton, mesmo sem telemetria, conseguiu facilmente um tempo que o colocava na Q3 (1.48,024), mesmo que Rosberg tenha respondido com 1.47,955. Mas a meio - mais concretamente a oito minutos do seu final - a bandeira vermelha era mostrada na pista, a causa de uma pane no Ferrari de Kimi Raikkonen, que estava parado numa zona perigosa. O piloto finlandês afirmou que ele ficou parado por causa de uma quebra na sua caixa de velocidades, e por causa disso, ele largará apenas da 15ª posição (14ª depois da penalização de Verstappen)
Em pouco mais de cinco minutos, o Ferrari foi rebocado e a qualificação continuou. No final, para além dos Mercedes, dos Williams, dos Lotus, do Red Bull de Daniel Ricciardo, do Ferrari de Sebastian Vettel, do Toro Rosso de Carlos Sainz Jr, e do Force India de Sergio Perez. Nico Hulkenberg ficou à porta da Q3, na 11ª posição, seguido por Daniil Kvyat e do Sauber de Marcus Ericsson.
Com isso, passou-se à Q3, a fase decisiva da qualificação. E este ficou reduzido a um duelo entre Mercedes, com Hamilton a marcar tempo, para depois Rosberg reagir, mas sem grande resultado. Ambos usando os pneus macios, Hamilton concentrou-se e conseguiu levar a pole com um tempo de 1.47,197, contra o 1.47,655 do piloto alemão. Valtteri Bottas ficou com o terceiro posto, ao lado de Romain Grosjean, que não vai ocupar o quarto posto por causa da sua penalização. Esse lugar vai para o Force India de Sergio Perez.
Daniel Ricciardo foi o quinto, seguido pelo segundo Williams de Felipe Massa, equanto que Sebastian Vettel foi apenas o oitavo na grelha, não conseguindo uma excelente qualificação desta vez. Carlos Sainz Jr. fechou o "top ten".
No final, foi o costume. Tanto que já começa a ser previsível, pois Lewis Hamilton conseguiu todas as poles até agora, menos um. E aliás, agora tem 48 na sua conta pessoal, não estando muito longe das poles de Ayrton Senna. São só mais dezassete!
Contudo, e como já foi mostrado muitas vezes ao longo desta temporada - especialmente as duas últimas corridas até agora - isso não é uma vitória garantida. O facto das Mercedes terem sido superados na largada poderá significar que a corrida de amanhã terá mais emoção daquela que poderia dar. E com o tempo incerto previsto para este domingo, tudo pode ser possivel.
E para finalizar, soube-se que a McLaren iria mudar de motores neste fim de semana, dobrando a penalização para... 105 lugares. A continuar assim, parece que eles irão largar de Hockenheim ou de Silverstone. Este sistema de penalizações começa a ser ridiculo...