No próximo dia 4 de maio será lançado o Brabham BT62, o primeiro carro da Brabham Automotive, e vai praticamente colocar o nome de
Jack Brabham de novo na ribalta, setenta anos depois de ele ter começado a sua carreira no automobilismo. Este projeto veio da mente de
David Brabham, o filho mais novo de Jack, que sempre quis resgatar o rico património da marca, que existiu na Formula 1 entre 1962 e 1992, conseguindo quatro títulos mundiais de pilotos e dois de construtores.
Ao contrário da Formula 1, Formula 2 e Formula Junior, parece que este carro será para a estrada. Terá um motor V8 de 650 cavalos, e dos sessenta exemplares construídos, 23 já foram vendidos ainda antes de ser oficialmente revelado, ao preço de um milhão de dólares cada um, o que é um feito.
David Brabham espera que isto possa ser o inicio de algo maior, quem sabe, pavimentar o regresso à sua origem, o automobilismo. E é sobre isso que se vai começar a se falar por aqui sobre a marca de "Black Jack", um dos maiores pilotos que a Austrália viu. Todos os dias, até à data da apresentação, coloco aqui um artigo sobre a história de Jack e da equipa que ergueu.
John Arthur Brabham nasceu a 2 de abril de 1926 em Hurtsville, na Nova Gales do Sul. A pequena cidade situava-se nos arredores de Sydney, a maior cidade australiana, e desde cedo lidou com mecânica e automóveis. Aprendeu a guiar aos doze anos, e em 1944, aos 18, foi para a Força Aérea Australiana, para ser mecânico de aviões. Ficou ali até 1946, quando foi dispensado. Nessa altura, montou uma oficina mecânica nas traseiras da quinta do seu avô, mas pouco depois, conheceu um piloto americano, Johnny Schonberg, que corria em "midget cars". Essa categoria, onde pilotos andavam em carros pequenos em circuitos ovais de terra, era popular nos Estados Unidos e na Austrália.
Schonberg tentou convencer Brabham para experimentar, mas ele recusou, dizendo que essa gente era um pouco louca, mas concordou em construir um carro para ele. O Brabham tinha um motor JAP vindo dos motos, e até se deu bem até 1948, altura em que Schoenberg pendurou o capacete e Brabham decidiu tomar o lugar. Tinha 22 anos e logo na sua terceira corrida, acabou por vencer, descobrindo que até tinha jeito para a coisa.
Cedo também se tornou vencedor. Ganhou o Australian Speedcar Championship, logo em 1948, repetindo o feito no ano seguinte, em 1950 e 51. Também fez provas de montanha e conheceu um homem que veio a ser parceiro de negócios: Ron Tauranac.
Em 1952, Brabham começou a interessar-se pelas competições de circuito. Começou a adquirir e a modificar Coopers de 500cc para serem mais velozes, e com o tempo começou a vencer provas quer na Austrália, quer na Nova Zelândia. E no final de 1954, quando deu nas vistas no GP da Nova Zelândia, Dean Delamont, do Royal Automobile Club, disse que tinha material suficiente para tentar a sua sorte no Reino Unido, principalmente na Cooper. Depois de o ouvir, aceitou a sugestão. No inicio de 1955, estava a caminho da Grã-Bretanha, sozinho (a mulher e o seu filho Geoff só iriam um ano depois), para tentar a sua sorte. Só voltaria à sua Austrália natal dezasseis anos mais tarde.
Quando chegou, começou a correr nos "club circuits", e as suas visitas frequentes à Cooper fizeram com que estabelecesse amizade com Charles e John Cooper, a dupla pai e filho que geria a marca, que construía chassis desde os 500 cc até à Formula 1. Cooper e Brabham começaram a trabalhar juntos, e a meio do ano estreou-se na Formula 1 com um modelo de 2 litros, onde não chegou ao fim. No final do ano, depois de ter sido quarto classificado numa corrida em Snetterton, duelando com Stirling Moss, levou um chassis para a Austrália, acabando por ganhar a corrida local.
Em 1956, Brabham andou com um Cooper e um Maserati em várias categorias, desde os Sports Cars até à Formula 1, passando pela Formula 2, onde começou a ter sucesso com o modelo T43, que tinha motor atrás do piloto. Em 1957, deu nas vistas no GP do Mónaco, onde ia em terceiro quando a sua bomba de combustível falhou a poucas voltas do fim. Mesmo assim, o seu espírito de não desistir fez com que cortasse a meta no sexto posto, empurrando o seu Cooper.
Com o passar dos meses, Cooper melhorava os carros de motor traseiro e no inicio de 1958,
Stirling Moss (na foto) e
Maurice Trintignant surpreendiam o mundo ao vencerem na Argentina e no Mónaco, respectivamente, a bordo dos seus carros. Mas estes estavam inscritos pela Rob Walker Racing, e faltavam eles mostrarem o sucesso com as suas cores. Mas já tinham piloto para isso.
(continua amanhã)