Vamos começar pelo fim. Se as pessoas pensavam que isto acabaria com Daniel Ricciardo a comemorar a sua vitória no GP da China da maneira como vêm nesta foto, não faziam ideia que isso acabaria por acontecer se tivessem visto a prova no seu inicio. E a tudo isso devem... os dois pilotos da Toro Rosso que ofereceram ao mundo um Safety Car e uma decisão absolutamente acertada das boxes de os colocar com pneus moles quando todos andavam com médios.
Mas vamos por partes, e claro, comecemos pelo principio.
Começo com um incidente de ontem, onde Ricciardo teve um problema de turbo que só foi resolvido a tempo de marcar um tempo na Q1. Se iso não tivesse acontecido, se não tivesse tido tempo para fazer a tal volta, ele teria largado hoje da última fila da grelha de partida. E isso poderá ter sido o momento decisivo deste fim de semana.
Dito isto, parecia que hoje iria ser uma corrida estratégica, com os pilotos da frente a pensar numa corrida com uma só paragem, para ver quem é que seria o mais cerebral de todos. Debaixo de um céu azul - coisa rara por estes dias na China... - a corrida começou com os Ferrari na frente, mantendo os lugares porque... Vettel fechou a porta a Kimi para ficar com o primeiro lugar. O pior foi depois, quando o finlandês perdeu dois lugares para Valtteri Bottas e Max Verstappen. Já Lewis Hamilton não conseguiu dar o pulo do gato e ficou no quinto posto, perdendo lugar para o holandês da Red Bull.
Com o passar das voltas, Vettel impunha o seu ritmo com os pneus moles, chegando a conseguir mais de um segundo por volta. E no meio do pelotão, a única briga digna desse nome era entre Fernando Alonso e Romain Grosjean pelo último lugar pontuável. A partir dali, foi uma modorra do qual nem as paragens nas boxes, entre as voltas 19 (Hamilton) e 21 (Vettel), que foi bem aproveitada por Bottas para se manter na pista à frente do piloto alemão, vencendo na estratégia, a aposta da Mercedes para vencer. Raikkonen parou na volta 25, depois dos seus pneus ficarem gastos. Por essa altura, Mercedes e Ferrari apostaram numa só paragem, a mesma coisa teve a Red Bull, fazendo paragens na mesma volta, numa organização incrível nas boxes.
E depois, o incidente que causou tudo isto: na volta 29, os Toro Rosso de Brendon Hartley e Pierre Gasly colidiram na travagem para a curva 13 e deixaram destroços naquela zona. Aparentemente, foi uma descoordenação entre o neozelandês, que não ouviu as ordens da equipa para deixar passar o francês. Ora, Gasly ouviu e quando se aproximou dele, pensava que ele tinha ouvido e iria facilitar a vida. Não aconteceu, houve colisão e destroços por toda a parte no asfalto e a direção de corrida colocou o Safety Car na pista, no final da volta 31, para lá ficar até ao inicio da volta 36.
E a Red Bull aproveitou para mudar de estratégia: mandou os seus carros para as boxes, trocando por "softs" - e ao mesmo tempo, num baile irrepreensível - e eles tinham vantagem em termos de aderência, dada a concorrência ter ficado parada, julgando que os médios iriam durar até ao fim e conseguiriam aguentar os carros que trocavam de composto.
Só que quando a corrida recomeçou, Riccardo partiu ao ataque e começou a ultrapassar a concorrência, de forma calma, limpa e inquestionável. Ainda antes do DRS ter sido ligado, já tinha passado Raikkonen e Hamilton, e perseguia Vettel e Bottas para os apanhar.
A mesma coisa acontecia com Verstappen, mas a coisa era mais acidentada. A primeira tentativa ao Hamilton acabou com uma incursão pela berma, para depois voltar a passar sem incidentes de maior. Contudo, quando chegou a Vettel, na famigerada curva 13... as coisas acabaram mal para ambos os pilotos. Fizeram pião, perderam lugares, mas o mais prejudicado foi o alemão da Ferrari, cujos pneus "acabaram" naquele momento. Derrotado, arrastou o seu carro até quanto pode, terminando num discreto oitavo lugar, depois de ser passado por Nico Hulkenberg e Fernando Alonso.
No meio disto tudo, Riccardo cavalgava rumo à liderança, e quase no mesmo lugar, passou Kimi e depois Bottas, para ser lider. E pouco depois, começou a abrir segundos, enquanto o finlandês tinha de ter atenção à aproximação do seu compatriota da Ferrari, mas ambos já tinham os seus pneus bem desgastados e nada fizeram. Atrás, enquanto Vettel perdia lugares e Hamilton mantinha-se discreto, Max Verstappen era penalizado em dez segundos, mas continuava a tentar apanhar mais gente possível. Acabou colado aos finlandeses, mas tinha cometido tantos erros que também já não tonha pneus, de tão maltratados tinham ficado.
No final, claro, Riccardo foi o vencedor, e mereceu. Lutou para chegar lá acima, aproveitou muito bem a estratégia da Red Bull, e também aproveitou os erros do fogoso Max Verstappen. Mas no meio dito tudo é que, chegados ao final da terceira corrida, e a Mercedes ainda não ganhou nenhuma. E pior: Lewis Hamilton nem sequer chegou ao pódio, desta vez.
Dentro de duas semanas, a Formula 1 volta, desta vez em mais um petro-estado, o Azerbeijão.
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