Quinze dias dpeois do GP da Belgica, parecia que a Ferrari chegava a Reims, outro circuito veloz e palco do GP de França, como o natural favorito. Mas ao contrário do que acontecera em Spa-Francochamps, onde tiveram de reduzir à ultima hora o numero de inscritos devido à falta de dinheiro suficiente para pagar o prémio de inscrição, aqui não havia desses problemas. Tanto mais que se aceitou a inscrição de 27 carros.
A Ferrari tinha os três carros oficiais, para os alemão Wolfgang von Trips e os americanos Phil Hill e Richie Ginther. Mas havia também um quarto chassis da Scuderia, inscrito pela Federazione Italiana Scuderie Automobilische e pilotado por um italiano de 27 anos chamado Giancarlo Baghetti. Para ele, este era a sua terceira corrida na Formula 1 e a primeira em termos oficiais. Contudo... tinha ganho as duas primeiras, ambas em Itália, e parecia estar em boa forma.
A Lotus tinha os seus carros oficiais, para Jim Clark, Innes Ireland e o belga Willy Mairesse. Stirling Moss corria no seu Lotus 18 da Rob Walker Racing, enquanto que a UDT-Laystall, que também corrida com chassis Lotus, tinha inscrito o belga Lucien Bianchi e o britânico Henry Taylor, com mais um carro para o argentino Juan Manuel Bordeu, um protegido de Juan Manuel Fangio. Contudo, Bordeu apenas fez algumas voltas de qualificação e não participou na corrida. E havia mais dois Lotus: um inscrito pela Camoradi International, para o britânico Ian burgess, e outro inscrito pela Scuderia Colonna, inicialmente para o alemão Wolfgang Seidel, mas que acabou por ser guiado pelo suiço Michael May.
A Cooper tinha as inscrições oficiais de Jack Brabham e Bruce McLaren, bem como as inscrições privadas de John Surtees e Roy Salvadori, pela Yeoman Credit, do americano Masten Gregory, pela Camoradi International, do francês Bernard Collomb, numa inscrição privada e de um estreante, o britânico Jackie Lewis, pela H&L Motors.
A Porsche tinha as duas inscrições oficiais de Jo Bonnier e Dan Gurney, mais o privado da Ecurie Maasbergen, de cor laranja e tripulado por Carel Godin de Beaufort. Quanto à BRM, tinha dois carros para Graham Hill e Tony Brooks. E para finalzar, o italiano Giorgio Scarlatti aparecia com um De Tomaso, com motor OSCA, mas não era propriamente potente.
Como seria de esperar, os Ferrari foram os mais velozes. Phil Hill fez a pole-position, seguido por Wolfgang von Trips e Richie Ginther. Na segunda linha estavam o Lotus de Stirling Moss e o Porsche de Dan Gurney, enquanto que na terceira estavam o BRM de Graham Hill, o Cooper privado de John Surtees e o Cooper oficial de Bruce McLaren. A fechar o "top ten" estavam os Lotus oficiais de Jim Clark e Innes Ireland.
A corrida começa com os Ferrari na frente, Hill no primeiro lugar, seguido por Ginther e Von Trips, mas poucas voltas depois, Ginther perdeu o controle do seu carro e permitiu que Moss subisse ao terceiro lugar. Mais atrás começavam as desistências: Surtees e Tony Brooks desistiam na quarta volta devido ao sobreaquecimento dos seus motores, enquanto que Jack Brabham terminava a sua corrida na volta 14 devido à pressão de óleo.
Atrás dos quatro primeiros, havia um duelo excitante de sete carros, colados um ao outro devido à velocidade do circuito: Os Porsches de Dan Gurney e Jo Bonnier, os Lotus de Jim Clark e Innes Ireland, o BRM de Graham Hill, o Cooper de Bruce McLaren e o Ferrari privado de Giancarlo Baghetti. As ultrapassagens eram frequentes e a luta era ao segundo, mas parecia que todos estavam condenados a lutar por lugares secundários.
Mas de repente, na frente da corrida, os problemas começavam a acontecer. Primeiro foi Moss, que se atrasava devido a problemas de travões, e depois, na volta 18, Von Trips, que tinha tomado o comando, desistia devido a problemas de motor. Phil Hill herdou a liderança, mas na volta 38 fez um pião e deixou morrer o seu motor. quando voltou à pista estava uma volta atrasado e pouco podia fazer para chegar aos pontos. Ginther herdou a liderança, mas duas voltas depois, a pressão do óleo do seu Ferrari cedeu e de repente... a liderança passou a ser do grupo, que já não era de sete, mas sim de dois: o Porsche de Gurney e o surpreendente Ferrari de Baghetti.
Por esta altura, faltavam doze voltas para o final, e ambos trocavam de posições a cada passagem pela meta, numa reedição de duelos da década passada. O americano e o italiano davam tudo por tudo para chegarem ao primeiro lugar, até que no inicio da última volta, quando Gurney estava na frente, Baghetti tentou uma manobra arriscada, ao ficar suficientemente perto de Gurney para o passar à frente no inicio da reta da meta. Quando o conseguiu, a diferença entre os dois foi de apenas 0,1 segundos, e Baghetti, de súbito, entrava na história do automobilismo por conseguir o que muitos sonham: vencer na sua primeira prova oficial na Formula 1!
Baghetti tinha deixado Gurney atrás no seu Porsche, enquanto que a um minuto dos dois primeiros estava o terceiro classificado, o Lotus de Jim Clark. E nos restantes lugares pontuáveis estavam o segundo Lotus de Innes Ireland, o Cooper de Bruce McLaren e o BRM de Graham Hill.
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