Havia expectativa em relação à Rússia nesta última semana. Algo que nunca tinha aconecido nestas encostas do Cáucaso. E a razão era simples: o tempo. Com tempestades previstas para todo o fim de semana - chove desde terça-feira - a ideia de ver o primeiro GP da Rússia molhado em toda a sua história criou expectativas, mas também receios de que seria algo parecido com Spa-Francochamps, onde ninguém arrancaria sem ser atrás do Safety Car e fossem atribuídos metade dos pontos, numa segunda parte de uma farsa que começou em Spa-Francochamps, e fez muar todas as ideias que existiam sobre a imprevisibilidade da chuva.
Aliás, o terceiro treino livre foi cancelado devido à chuva persistente e a FIA afirmou que a qualificação dependia de saber se o helicóptero médico da FIA poderia descolar ou não, como dizia o comunicado oficial.
“Foi emitido um horário atualizado, sendo a sessão seguinte a qualificação para Formula 1, à hora inicialmente prevista. Embora as condições na pista tenham melhorado, ainda há tempo inclemente na área local que está a afetar a rede de aeroportos e estradas. É por isso que não haverá nenhuma corrida daqui até à qualificação de F1, altura em que esperamos que o aeroporto local reabra para que o nosso helicóptero médico possa voltar a estar operacional e a sessão possa prosseguir como planeado”.
Logo, as perspetivas para mais tarde não eram lá muito boas...
Mas ainda antes de sabermos que isto iria ser uma qualificação molhada, anunciou-se que Max Verstappen e Charles Leclerc iriam mudar de motores, logo, iriam partir de trás, na última fila da grelha. E foi por isso que, sabendo que tudo seria inútil, Max Verstappen decidiu participar na qualificação como espectador, como o piloto monegasco da Ferrari. De facto, poupam nos carros para amanhã, mas terão muito para recuperar...
Já não estava a chover, mas os intermédios ainda não eram os aconselháveis, e todos começaram a andar de forma cautelosa na pista. E se exageravam, eram logo castigados, como Antonio Giovinazzi sentiu logo que começou a dar as suas primeiras voltas. Mas quem aproveitou bem esta parte foram os Mercedes, que se colocaram no topo da tabela de tempos, marcando posição.
E no final, para fazerem companhia a Max Verstappen, os Alfa Romeo e os Haas, com Mick Schumacher a dar "calendários" de avanço sobre o piloto caseiro, estes foram os eliminados da Q1 em Sochi.
Passando para a Q2, os Mercedes voltaram a dar nas vistas, primeiro com Bottas, e depois com Hamilton. Sergio Perez era quarto, mas não era capaz de contrariar os Flechas Negras. Parecia que os Alpha Tauri poderiam ser melhores que o carro oficial, graças a Pierre Gasly, mas nos últimos momentos, foram incapazes de contrariar alguns avanços da concorrência, como por exemplo, o Williams de George Russell, que conseguiu tempo para a Q3.
No final, para além de Latifi e Leclerc, que nem sequer saíram para a pista, ficaram de fora o Aston Martin de Sebastian Vettel e os Alpha Tauri de Gasly e Yuki Tsunoda. Em constraste, por exemplo, os Alpine seguiram em frente, bem como o Aston Martin de Lance Stroll.
A Q3 era importante, e não só por causa da definição da grelha. É que o tempo já secava o bastante a pista para as primeiras tentativas com os pneus slick. E claro, a Mercedes tinha tudo para triunfar, se metesse esses pneus logo, logo, seriam imbatíveis.
Parecia que as primeiras voltas iriam confirmar isso, primeiro, com Bottas a marcar 1.44,710, para depois Hamilton elevar a fasquia para 1.44,050, mas com Norris logo atrás, quatro milésimos melhor que o finlandês. E ali começaram os riscos: primeiro Russell, e depois, Sainz Jr, pediram slicks para tentarem a sua sorte... no preciso momento em que Hamilton batia na entrada das boxes e tinha de trocar de nariz! Trabalho inesperado de última hora, mas o suficiente para também colocar slicks.
E claro, o final foi o que foi. Primeiro Sainz Jr, que meteu o carro no topo da tabela de tempos, e depois, Lando Norris, que na sua tentativa com slicks, fez 1.41,993 e conseguiu a sua primeiroa pole-position da sua carreira. E George Russell não ficou atrás, com 1.42,983, fazendo o terceiro melhor tempo. Hamilton tentou também arriscar com slicks, mas acabou por se despistar e bater no muro, acabando ali a sua qualificação e não conseguiu mais que o quarto posto. Valtteri Bottas ficou quatro lugares mais abaixo.
E claro, a McLarens comemorava a sua primeira pole-position desde 2012, na altura com... Lewis Hamilton. E duas semanas depois do triunfo de Daniel Ricciardo, em Itália, continuam na crista da onda. "É uma sensação incrível. Não sei o que dizer. Você nunca pensa que vai conseguir uma pole até realmente conseguir, mas aqui estamos. Tenho que agradecer muito à equipa. Não é realmente o que esperávamos, mas aproveitamos ao máximo a oportunidade!", disse Norris, no final, ainda incrédulo com o que aconteceu.
E ao lado de Norris teremos Carlos Sainz Jr, no seu Ferrari, e de novo, George Russell, no seu Williams, que pela segunda vez na temporada, poderá está a caminho de um pódio, com este terceiro posto na grelha.
E amanhã temos corrida. Não se sabe como será com o tempo ainda a prever chuva, mas muitos apostam que será uma corrida pouco aborrecida. Vamos lá ver...