domingo, 19 de setembro de 2021

Sobre "Schumacher", a minha critica


Consegui ver esta noite o documentário "Schumacher", mesmo não tendo Netflix, confesso. Para documentário, é grande - maior que "Senna", por exemplo - mas ao longo de quase duas horas de filme, dá-nos uma ideia do que foi o primeiro dos pilotos a alcançar sete títulos mundiais, e como conseguiu lá chegar. Antes de o ver, li algumas criticas sobre o documentário, mas queria ver por mim mesmo para saber se aquilo que falam tem algum fundo de verdade. Porque, tal como Senna, observei a carreira do piloto alemão desde o inicio. E até antes do inicio, quando ele era um dos pilotos juniores da Mercedes na Endurance, ao lado de Karl Wendlinger e Heinz-Harald Frentzen.

O filme, feito por Hanns-Bruno Kammertöns, Vanessa Nöcker, Benjamin Seikel e Michael Wech, começa com uma imagem de Schumacher de férias, a fazer mergulho, com a família, antes de passar por ele a sair do túnel do Mónaco, a bordo de um dos seus Ferrari vencedores de títulos. E a partir daqui, é a vida dele, contada pela família, com as cenas de pista entrecortadas com a ida familiar, de uma forma extremamente acessível, nunca vista antes, e se calhar, depois. E é assim ao longo dessas quase duas horas de duração.

Há cenas marcantes: Imola, 1994. Adelaide, nesse mesmo ano. Aida, 1995. Todas as cenas que o marcaram e depois, deram os títulos à Benetton. E depois, a Ferrari e a razão porque ele foi para lá. 

O mais surpreendente no filme é o papel de Niki Lauda. Pouco falado, mas o austríaco esteve por trás da contratação de Schumacher na Ferrari, como consultor. No mesmo tipo de coisa fez 16 anos depois quando contratou Lewis Hamilton para a Mercedes - em substituição de... Schumacher - deu o primeiro passo para a era que se abriu na Scuderia. E ali, todos falam da sua ética obsessiva de trabalho, do primeiro a entrar e o último a sair, sempre tentando alcançar os cem por cento que podia tolerar para ser aquilo que era: um piloto muito bom, com "killer instinct" e que faria de tudo para se manter por lá.

E o mais interessante nele: nunca aceita as responsabilidades em caso de acidente. Acha que sempre tem razão. E se calhar é por isso que foi sempre tão odiado como amado. 

Mais cenas: Barcelona, 1996. Jerez, 1997. Spa, 1998. Silverstone, 1999. Pontos mais baixos que altos na sua dura caminhada na Scuderia para alcançar o topo. E as dúvidas. Depois, Monza 2000, onde chega aos 41 triunfos, iguala Senna e chora na conferência de imprensa. A partir daqui, são mais os altos que os baixos. Os títulos mundiais e o domínio que muitos queriam e achavam que a Scuderia merecia. 

E depois, o final, com o acidente que teve perto do ano novo de 2014. As reações da família indicam algo do qual todos entendem desde então: Schumacher é um "vegetal" e pouco evoluirá da sua condição até à sua morte física, daqui a provavelmente, muitos anos. Não dizendo, nem mostrando nada, as suas reações corporais dizem tudo: nada será como dantes. E as expressões de Mick Schumacher, que segue os passos do pai, também dizem bastante.

Que conclusão se tira? É um documentário sobre Michael Schumacher, mas há coisas que deixam de fora. Algo completo duraria provavelmente umas quatro horas de duração, mas havia um objetivo conquistado: mostrar que era um ser humano, determinado em vencer. E que triunfou no caminho que tinha escolhido para viver a vida. E como ser humano que é, com virtudes e defeitos, uma família que o adora, apesar de tudo, que se expôs para contar a sua versão da história. É isso.      

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