De facto, a vitória deste domindo de Pastor Maldonado em Barcelona, apesar do mau final que teve, com o incêndio nas boxes da Williams, quando se comemorava o final de um jejum que tinha começado em outubro de 2004, no autódromo de Interlagos, trouxe um novo país à muito pequena lista de vencedores de grandes Prémios de Formula 1. Mais concretamente, o 21º país no dia em que se comemoram os 62 anos do primeiro Grande Prémio oficial, na pista de Silverstone e ganha pelo italiano Giuseppe "Nino" Farina, no seu Alfa Romeo.
Com a vitória de Maldonado, a Venezuela torna-se no quarto país sul-americano a vencer na Formula 1, depois de Argentina, Brasil e Colombia. Alargando para o panorama da America Latina, será o quinto pais, acrescentando o México na contagem. Em termos de países, a Williams tem a parte de leão, com quatro: Brasil (Nelson Piquet), Argentina (Carlos Reutemann), Colombia (Juan Pablo Montoya) e agora Venezuela (Pastor Maldonado).
E claro, a vitória de Maldonado nesta temporada de 2012 igualou o feito de 1983, quando cinco pilotos diferentes venceram as cinco primeiras corridas desse ano, em cinco equipas diferentes. Nessa temporada, a sequência foi a seguinte:
- Brasil: Nelson Piquet (Brabham)
- Long Beach: John Watson (McLaren)
- França: Alain Prost (Renault)
- San Marino: Patrick Tambay (Ferrari)
- Monaco: Keke Rosberg (Williams)
A sequência só seria quebrada em Spa-Francochamps, palco do GP da Belgica, quando Alain Prost repetiu a vitória. Mas a hipótese de um sexto vencedor diferente nessa corrida não andou muito longe, pois o Alfa Romeo e Andrea de Cesaris liderou parte dessa corrida, antes de desistir.
Eis a lista completa dos vinte países que tinham entrado antes na galeria dos vencedores, e da data em que os seus hinos nacionais foram tocados pela primeira vez:
Itália: Giuseppe Farina (Alfa Romeo), GP da Grã-Bretanha de 1950;
Argentina: Juan Mauel Fangio (Alfa Romeo), GP do Mónaco de 1950;
Grã-Bretanha: Mike Hawthorn (Ferrari), GP da França de 1953;
França: Maurice Trintignant (Ferrari), GP de Mónaco de 1955;
Austrália: Jack Brabham (Cooper), GP do Mónaco de 1959;
Suécia: Jo Bonnier (BRM), GP da Holanda de 1959;
Nova Zelândia: Bruce McLaren (Cooper), GP dos EUA de 1959;
Estados Unidos: Phil Hill (Ferrari), GP da Itália de 1960*
Alemanha: Wolfgang von Trips (Ferrari), GP da Holanda de 1961;
México: Pedro Rodriguez (Cooper), GP da África do Sul de 1967;
Bélgica: Jacky Ickx (Ferrari), GP da França de 1968;
Suíça: Jo Siffert (Lotus), GP da Grã-Bretanha de 1968;
Áustria: Jochen Rindt (Lotus), GP dos EUA de 1969;
Brasil: Emerson Fittipaldi (Lotus), GP dos EUA de 1970;
África do Sul: Jody Scheckter (Tyrrell), GP da Suécia de 1974;
Canadá: Gilles Villeneuve (Ferrari), GP do Canadá de 1978;
Finlândia: Keke Rosberg (Williams), GP da Suíça de 1982;
Colômbia: Juan Pablo Montoya (Williams), GP da Itália de 2001;
Espanha: Fernando Alonso (Renault), GP da Hungria de 2003;
Polónia: Robert Kubica (BMW Sauber), GP do Canadá de 2008;
*Não contando com os vencedores das 500 Milhas de Indianápolis entre 1950 e 1960, quando fez parte do calendário do Mundial de Formula 1.
Dados estatísticos do vosso interesse:
- Entre 1950 e 53, somente pilotos italianos e Juan Manuel Fangio venceram corridas.
- O ano de 1959 é a temporada onde se viu mais pilotos a estrearem-se: três (Austrália, Suécia e Nova Zelândia)
- Em contraste, iriam passar 19 anos (1982-2001) até que outro pais colocasse um piloto seu no lugar mais alto do pódio. Isso foi o tempo entre as primeiras vitórias de Keke Rosberg e de Juan Pablo Montoya.
- Dez dos estreantes acabaram depois por ser campeões do mundo: Farina, Fangio, Hawthorn, Brabham, Hill, Rindt, Fittipaldi, Scheckter, Rosberg e Alonso
- Dois dos estreantes acabaram campeões no final desse ano de estreia (excepto 1950): Brabham e Rosberg
- Três desses estreantes iriam vencer as 24 Horas de Le Mans: McLaren, Rodriguez e Ickx.
- Dois desses estreantes acabariam por vencer as 500 Milhas de Indianápolis: Fittipaldi e Montoya.
- Tirando a temporada de 1950, quatro pilotos venceram na sua primeira temporada completa: McLaren, Fittipaldi, Scheckter e Villeneuve.
- Wolfgang von Trips, em contraste, teve a sua primeira vitória na sua última temporada. Iria morrer meses depois, em Monza.
- Só um piloto venceu na sua corrida de casa: Gilles Villeneuve.
- Emerson Fittipaldi foi o piloto que demorou menos tempo para conseguir a sua primeira vitória: quatro corridas.
- Três dos estreantes viraram depois construtores (Brabham, McLaren, Fittipaldi)
- Mónaco é a pista onde houve mais estreantes, três. Watkins Glen, Montreal, Zandvoort e Monza vem a seguir, com dois.
- No caso do circuito americano, ambos aconteceram com um ano de intervalo, enquanto que em Monza, a diferença foi de 41 anos.
- A vitória de Jo Bonnier em Zandvoort, em 1959, iria ser a unica da sua carreira. Teriam de passar 14 anos até que outro compatriota seu, Ronnie Peterson, voltasse ao lugar mais alto do pódio e ecoasse o hino sueco.
- Robert Kubica tem tembém apenas uma vitória, mas a sua carreira está neste momento em suspenso após o seu acidente num rali iraliano no inicio de 2011.
- A Ferrari é a construtora com mais estreantes: seis, seguida pela Cooper e Lotus, com três cada uma.
- Farina (Alfa Romeo), Bonnier (BRM) e Kubica (BMW Sauber) partilham outro recorde: o de terem sido os primeiros vencedores pelas suas marcas. Jack Brabham, pela Cooper é o quarto elemento, mas apenas a nível oficial, pois Stirling Moss já tinha vencido no ano anterior, com um chassis da Rob Walker Racing.