sábado, 21 de dezembro de 2019

A imagem do dia

"Dez horas da manhã de domingo nas colinas da Carolina do Norte. Carros, quilómetros de carros, em todas as direcções, milhões de carros, carros pastel, verde água, azul marinho, azul marinho, bege, dourado, amanhecer, crepúsculo, azul marinho, azul marinho, azul marinho, azul marinho, azul marinho, malacca, malaca Carros cor de cereja, coral Nude Strand, laranja Honest Thrill e carros creme Baby Fawn Lust estão indo para as corridas de stockcar, e aquele velho sol da Carolina do Norte continua explodindo nos pára-brisas. Deus Santo!

Dezessete mil pessoas, incluindo eu, todos nós, dirigindo pela Estrada 421, indo para as corridas de carros no North Wilkesboro Speedway, 17.000 indo para uma pista oval de 0,8 milhas com uma placa da Coca-Cola na frente. Isso não quer dizer que não haja pregação e gritos no sul nesta manhã. Há pregação e gritos. Qualquer um de nós pode ligar o velho auto-rádio do seu automóvel e conseguir tudo o que deseja:

'Eles são cães gananciosos. Sim! Eles andam em carros grandes. Unnh-hunh! E perseguir mulheres. sim! E beber álcool. Unnh-hunh! E fumar charutos. Ai sim! E eles são cães gananciosos. sim! Unh-hunh! Ai sim! Amém!'

Há também alguns comerciais no rádio para os grãos de tia Jemima, que custam dez centavos de dólar. Há também as Harmonetas do Evangelho, cantando: "Se você cavar uma vala, é melhor você cavar duas ....'"

Há uns meses, a sugestão do João Carlos Costa, andei a ler o artigo da Esquire sobre Junior Johnson, um dos pilotos da primeira era da NASCAR. O artigo, escrito em 1965 por Tom Wolfe, é um ensaio sobre uma coisa nova chamada "New Journalism", onde se misturava objectividade com pitadas de humor, considerações pessoais, e no caso deste artigo em si, algumas onomatopeias. E o título ficaria na história do século XX: "O Último Herói Americano"

A ideia do último herói americano tinha a ver com as suas origens, e as origens da NASCAR. Johnson, nascido Roger Glenn Johnson, nascido a 24 de junho de 1931 e falecido esta sexta-feira aos 88 anos de idade, era alguém que, vindo do povo, se tornou no seu herói. Só que Johnson e as pessoas que moldaram a NASCAR não eram operários ou agricultores que, de sol a sol, trabalhavam em plantações de algodão nas Carolinas, orgulhosos da sua "Dixie flag". Eram contrabandistas de álcool. Sim: a NASCAR surgiu por causa do "bootleging", resquícios da Lei Seca.

Em 1919, há precisamente cem anos, entrava em vigor a Volstead Act, que proibia a comercialização e consumo de álcool por todo o país. Deveria fazer dos Estados Unidos o primeiro país do mundo a proibir a bebida, mas o que aconteceu foi que imensa gente decidiu dedicar-se ao contrabando. Foram 12 anos assim até à sua revogação, mas em certas partes, a proíbição local manteve-se, e outros, cujo consumo de álcool era permitido, preferiam fazê-lo porque os impostos locais eram muito, muito altos. E foi por causa de impostos que os Americanos fizeram a sua Revolução... 

A familia de Johnson fazia do contrabando o seu oficio: o seu avô serviu vinte anos da sua vida em prisões, foi protagonista da maior apreensão de alcool do estado, com 400 galões apreendidos pela policia, e em 1956, o seu neto serviu um ano de prisão por contrabando. 

Johnson era um daqueles que levava o contrabando na bagageira de um Ford Modelo A, que tinha o V8, para escapar da policia. E a cada vez que os carros da policia tinham melhores motores, o outro lado respondia com motores mais potentes, com compressores e tudo, cada vez mais cavalos, cada vez mais velozes, num jogo de gato e rato. E aos fins de semana, iam para os "dirt tracks" e ver quem era o melhor. E Junior Johnson era dos melhores.

Triunfou em Daytona, em 1960, uma das suas 50 vitórias na competição, e essa vitória ficou nos anais da competição pelo uso do "slipstream", uma técnica onde o carro ficava atrás de outro, usando o vácuo para ser mais veloz. Johnson ficou atrás do carro da frente durante boa parte da corrida, até à penúltima volta, quando acelerou e ficou com a liderança, cortando a meta no lugar mais alto do pódio. Contudo, nunca venceu um campeonato como piloto. Como Stirling Moss.

Como chefe de equipa, foi diferente: seis vezes campeão, três com Cale Yarborough, outras tantas com Darrel Waltrip. E no meio disto tudo, graças ao artigo de Tom Wolfe, a reputação de Johnson elevou-se bastante. Tanto que em 1973, virou filme, com Jeff Bridges como ator principal. E Ronald Reagan, o ator de Hollywood que acabou presidente, decidiu perdoá-lo em 1985 pelos seus atos de contrabandista. No final, não foi ele mesmo que se tornou no herói americano, foram os seus atos que atraíram fascínio dos que não viviam nesse meio.

E agora, como todos aqui retratados, faz parte da história. North Wilkesboro é uma oval abandonada aos elementos, Wolfe morreu em 2018 e a NASCAR há muito deixou as origens do "moonshinig". De uma certa maneira, é um mundo e um tempo que não regressa. Ars lunga. vita brevis, Junior.   

WRC: Oliver Solberg correrá em Monte Carlo

O norueguês Oliver Solberg participará no Rali de Monte Carlo a bordo de um Volkswagen Polo R5. O filho de Petter Solberg, apenas com 18 anos de idade, fará assim a sua segunda experiência no WRC, depois do Rali de Gales em 2018, ao lado do seu pai. 

E claro, ele está ansioso por ter a sua primeira experiência em terras monegascas:

Estou ansioso por ir a Monte Carlo, onde quero aprender. Ainda não fiz muitos quilómetros com o carro em especificação de asfalto, por isso é uma grande oportunidade. Das histórias do meu pai, este é dos ralis mais duros do mundo, devido às condições atmosféricas.”, contou.

O primeiro rali do ano acontecerá no final de janeiro, nas estradas ao largo de Monte Carlo.

Youtube Rally Video: Os mais vitoriosos em termos de classificaticvas

O que está na moda no Youtube são os videos de "data". Ou seja, estatísticas sobre tudo e mais alguma coisa, quer sejam em termos de população, recursos, industria... um pouco de tudo. Ora, o desporto em geral e o automobilismo em particular não poderiam escapar a isto. 

Assim sendo, eis um video sobre os vencedores de classificativas de ralis ao longo dos tempos, desde Jean-Luc Therier a Sebastien Loeb.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

WRC: M-Sport anuncia dupla em janeiro

O atraso da M-Sport de anunciar os seus pilotos para a temporada de 2020 está a preocupar alguma gente, especialmente que as inscrições para o Rali de Monte Carlo feche hoje, e nada se saber quem pilotarão os seus Fords. É provável que a marca inscreva primeiro os carro e dpeois é que anunciará os pilotos. A M-Sport já disse que o anuncio oficial será a 11 de janeiro, durante o Autosport Show, em Birmingham.

Apesar de nada se confirmar, fala-se que o finlandês Teemu Suninen será um dos pilotos anunciados, enquanto do outro lado poderá ser ou um britânico - nesse caso, seria Gus Greensmith - mas o que todos falam é que a marca ainda não está a testar os seus carros para Monte Carlo ou outros ralis, como tem feito Toyota e Hyundai. E com a Citroen a ir embora, pelo menos oficialmente, este silêncio da M-Sport não afigura nada de muito bom. 

Veremos o que Malcom Wilson tem para nos oferecer na próxima temporada.

Formula E: Sims espera que Gen3 seja veloz

O britânico Alexander Sims, atual líder do campeonato, espera que os carros da Gen3 tragam desafios diferentes dos atuais, e que sejam bem velozes. Em declarações ao e-racing365.com, o piloto da BMW Andretti afirmou que o desafio de lidar com carros que poderão ter 600 kW de potencia ai ser bem interessante.

"Neste momento, eu diria que é difícil prever exatamente como tudo se manifestará em termos de características gerais de direção", disse Sims. "Tenho certeza de que trará alguns desafios muito diferentes, embora quando você recupera apenas o eixo traseiro, ele ainda trava muito bem. Não é como se você realmente sentisse uma enorme diferença entre o motor que o desacelera e os freios mecânicos, mas no momento eu sugiro que ele apenas traga de volta mais a aparência de um carro convencional convencional", continuou.

Sobre a potência dos carros da próxima geração, Sims afirmou:

Espero que eles possam encontrar soluções técnicas para a opção de maior regeneração, porque no momento às vezes aumentamos a regeneração traseira em zonas de fortes travagens”, explicou.

"Sabendo que haverá mais energia para capturar do eixo dianteiro e do eixo traseiro, mesmo que você iguale, você obtém aproximadamente 500 kW de regeneração. Eu acho que 600 kW são esperançosamente viáveis, mas depende apenas se a bateria pode lidar com isso, eu acho.

Sims permanece cauteloso em relação à capacidade da Fórmula E fazer muitas mudanças radicais, pois acredita que o pacote geral do campeonato está de boa saúde.

Eles têm um ótimo produto como ele é, sim, certamente existem maneiras de melhorá-lo e mantê-lo relevante, mas acho que tornar os carros mais eficientes na pista, reduzir a travagem mecânica e ter mais regeneração e potencialmente um pouco mais de potência é ótimo.", concluiu.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Youtube Raing Interview: Uma entrevista com Daniel Ricciardo

Não sei se ai ser a última entrevista do ano, mas a Formula 1 lá arranjou um tempo para falar com Daniel Ricciardo no seu podcast oficial. Uma entrevista com hora e meia de duração, onde ele conta da sua carreira, da sua troca pela Renault, depois de toda a sua carreira na Red Bull (e um bocado na Toro Rosso e HRT), das suas brincadeiras e "one-liners", bem como o seu eterno sorriso que o transformaram numa das personalidades mais carismáticas do "paddock".

Youtube Motoring Video: O desafio do Ford Mach-E


Quando Carrol Shelby viu pela primeira vez o Ford Mustang, em 1964, chamou-o de "carro de secretária" (e não Ken Miles, para quem viu o filme...), mas ele não hesitou em alimentar o seu motor e ajudar a marca a entrar na história e no mito. Cinquenta e cinco anos depois, a marca, que muitos dentro da companhia acham que faz parte da alma da marca, decidiu arriscar e fazer uma versão elétrica, com cinco portas, transformando-o num SUV ou num crossover, dependendo de quem perguntar sobre o que é agora.

O Mustang Mach-E tem uma montanha muito complicada de escalar. É o primeiro carro da marca totalmente elétrico e é lançado com um objetivo em mente: superar o Tesla Model 3. Mas vai ser uma tarefa muito dificil, porque a marca de Elon Musk está pelo menos quinze anos à frente da concorrência neste campo. E não podem dar de caras uma autonomia de 200 milhas, ou 322 quilómetros, porque o público já não quer. Quer muito mais.

Mas é sobre esses desafios e mais alguns que apresento estes dois videos. O primeiro, da CNBC, sobre o desafio que é este carro, e o segundo é uma visão sobre este carro pelo Chris Harris, um dos apresentadores do Top Gear. E é uma opinião muito interessante.  

Youtube Rally Testing: Kalle Rovanpera na neve

O jovem prodígio Kalle Rovanpera já anda na neve, na sua terra natal. Na realidade, não é um teste para o Rali da Finlândia - esse é realizado em agosto, no verão - mas sim por causa do Rali da Suécia, que acontece em fevereiro, em pleno inverno. Logo, por aquelas bandas já se pensa nos ralis seguintes, e de uma certa forma, nas provas que irão compor o campeonato de 2020.

O teste foi ontem, fiquem com as imagens.

Noticias: Carey não está preocupado com a Formula E

A subida de popularidade da Formula E, com como a atração de mais construtores à competição, não preocupam Chase Carey. O patrão da Formula 1 afirmou não ter qualquer tipo de receio sobre a potencial ameaça da competição cem por cento eléctrica de substituir a Formula 1 no topo do automobilismo.

Acho que a Fórmula E é um veículo muito diferente hoje, em grande parte uma causa social e é uma festa de rua", começou por dizer. "Acho que competimos com tudo que há por aí, com outros desportos, outros eventos, e acho importante tornar o nosso desporto cada vez mais especial. É um desporto único que combina tecnologia e desporto, que choca os seus sentidos. Tem pilotos incríveis, correndo riscos incríveis, com um talento incrível e é realmente um espetáculo. Não é apenas um evento de duas horas, estamos aqui três dias, temos várias coisas a acontecer. Existe uma profundidade e riqueza que realmente tornam a Formula 1 única e acho importante destacar o que nos torna únicos em relação a tudo o que existe por aí”.

Apesar de ainda não serem rivais puros e duros - a competição tem um calendário próprio, complementando a Formula 1 - o seu crescimento deve ser visto como algo a observar, pois no caso da competição elétrica, em seis temporadas conseguiu algo que a Formula 1 nunca teve: dez construtores no seu pelotão. Há coisas que faltam fazer, como corridas em circuitos, mas a tecnologia está a acelerar e os carros de Gen3 poderão ser bem mais velozes que os da geração atual.

Por agora, Chase Carey pode não estar preocupado, mas a médio prazo, pode ser que fique...

A Formula E volta à ação em janeiro, em Santiago do Chile, enquanto a nova temporada da formula 1 começa em março, em terras australianas.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

O cartão de Natal de Bernie Ecclestone

Se acham que o Bernie Ecclestone iria deixar de mandar cartões de Natal, agora que não está mais a controlar a Formula 1... enganam-se. Pois eis o cartão deste anos, que acabei de descobrir no Facebook do Emmanuele Pirro

Já agora a tradução do diálogo:

1. Leiam o livro de instruções antes da corrida. 
2. Não ultrapassaem as linhas, não interessa onde ou a cor [dessa linha]
3. As mensagens entre pilotos e engenheiros são vistas pelos advogados.
4. Se tiverem um acidente, culpem o outro piloto.
5. Não sejam apanhados para evitarem a desquilificação.
6. Não pensem, sigam as ordens de equipa.
7. Se forem interrogados por nós, tentem parecer honestos!

O ponto da situação

Agora que o Natal está a menos de uma semana, é altura de se falar em algumas noticias sobre o estado de evolução dos chassis de 2020. Nas últimas suas semanas, os pilotos têm andado a sentar-se nos habitáculos para refazerem os seus bancos e colocá-los nos carros da próxima temporada, com um ou outro pormenor que deixam escapar nas redes sociais, do que poderá ser o seu carro... sem revelar muito. McLaren e Mercedes já andaram a fazer isso.

Quanto a chassis, soube-se hoje de um pormenor dramático, digamos assim. A motorsport-magazin, um site alemão, disse que o chassis da Sauber-Alfa ficou destruído num dos "crash-test" da FIA e agora, terá de se aplicar no segundo chassis para que este possa passar nos obrigatórios testes da entidade, caso contrário, terá o seu programa muito atrasado.

Quem tem o contrário, ou seja, o programa muito adiantado, é a Red Bull, que afirma estar duas semanas à frente do planeado. Helmut Marko, um dos responsáveis da marca, disse à Servus TV que em 2020, não haverá desculpas. "Não temos desculpas para o próximo ano. Pela primeira vez, estamos 14 dias adiantados ao nosso cronograma normal.", começou por dizer. "Estamos entrando no ano novo melhor do que nunca e com um ótimo conceito. Agora, finalmente, temos de mostrar. Temos potencial para vencer em cinco ou seis corridas", concluiu.

Quanto a Max Verstappen, que também esteve na entrevista, afirma que pretende lutar pelo título. "Esperamos poder ser competitivos desde o inicio da temporada", começou por dizer Verstappen. "Sinto-me positivo, estou bem dentro da Red Bull, tudo está a correr bem e é o que importa no final [de contas]. Todos nós queremos vencer. Sinto-me relaxado dentro da equipa, e quero vencer com eles", concluiu o piloto holandês. 

Contudo, apesar das contas, a Red Bull ainda não disse quando é que vai apresentar o seu novo carro, o que é diferente da sua equipa B, a Alpha Tauri, o novo nome da Toro Rosso. Eles irão lançar o seu carro a 14 de fevereiro, três dias depois da Ferrari. O lançamento acontecerá no Hangar 7 de Salzburgo, a sede mundial da Red Bull, e a Alpha Tauri é a marca de roupa desportiva que foi lançada recentemente.

Outras coisas surgirão de outras marcas - a história da possivel compra da Aston Martin pelo Lawrence Stroll será uma novela do qual seguiremos ao longo das semanas - mas até lá, é aguardar. E janeiro trará muitas mais novidades, com certeza. 

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

A imagem do dia

Nos anos 70, no automobilismo, os acidentes eram frequentes. Carros feitos de alumínio, muitos deles tinham os depósitos de gasolina nas laterais, ao lado dos pilotos. Em suma, verdadeiras bombas ambulantes, esperando que, em caso de colisão lateral, eles não explodissem. Não era assim. Muitos pilotos acabariam morrendo queimados, ou vítimas da inalação de vapores causados por matérias tóxicas. Niki Lauda que o diga, pois viveu dois terços da sua vida carregando as cicatrizes de um acidente no Nordschleife.

Contudo, desde o final dos anos 60 que se via um movimento a favor da segurança nos carros e nos pilotos. Capacetes integrais, cintos de segurança de seis pontos, fatos de Nomex, um compósito artificial criado pela DuPont, inicialmente para os fatos de bombeiros, mas depois acabou por ir para os pilotos de automóveis, dando mais chances de sobrevivência.

Bill Simpson era um piloto como todos os outros até um dia sofrer um acidente de "dragster" que o colocou na cama de um hospital, tinha ele 18 anos. O muito tempo que teve para pensar foi o suficiente para colocar um pára-quedas na traseira do carro, para ajudar a abrandar os carros - os travões a disco eram uma novidade para a época, e eram de aço. Só recentemente, com os travões a carbono, é que a capacidade de travagem melhorou imenso.

Simpson, vendo o potencial para a segurança, começou a montar um negócio ao mesmo tempo que corria. Ele disse certo dia que abandonou o volante quando fez a Curva 4 do circuito de Indianápolis a pensar numa chamada telefónica que tinha de fazer quando saísse do carro. Estávamos no final dos anos 70, quando fez o modelo de capacete Bandit, que acho até hoje ser um dos melhores da história. Mas era frágil: em 1980, dois pilotos de Formula 2, Markus Hottinger e Hans-Georg Bürger, sofreram acidentes fatais quando os seus capacetes não aguentaram o impacto de rodas - no primeiro caso, em Hockenheim - e de um poste, no caso do segundo. O primeiro piloto a chegar foi o italiano Beppe Gabbani, que disse ter visto o seu capacete partido em dois.    

Mas em muitos casos, a melhor maneira de vender uma ideia é pelo exemplo. E Bill Simpson não se importava de ser a "cobaia" nos testes para demonstrar a segurança dos seus fatos, capacetes e luvas. Pegar fogo a ele mesmo é uma excelente publicidade, e na América, como tudo que dá nas vistas rende bem, pode-se dizer que a Simpson está na lista dos grandes impérios que nasceram numa garagem. Acreditem, é verdade.

Bill Simpson também tinha faro para outras coisas. Foi ele que descobriu Rick Mears e o recomendou a Roger Penske, em 1978. Tinha sido casado por três vezes e era um sujeito irascível, que adorava uma boa briga de bar. Mas era determinado em não só fazer vender os seus produtos, mas sobretudo, vender a ideia que velocidade e segurança, combinavam. E ele sempre teve razão. 

Noticias: Aston Martin confirma conversações com Stroll

A marca britânica confirmou que andou a conversar com Lawrence Stroll sobre a possibilidade de uma aquisição. Num comunicado oficial da marca, esta admite ter falado com investidores asiáticos - China, Médio Oriente e India - e também com Stroll. Contudo, não avançaram mais sobre se existem contactos nesse sentido.

A empresa confirma que está revendo os requisitos de financiamento e as várias opções de financiamento. E também está envolvida em discussões numa fase inicial com potenciais investidores na relação para a construção de relacionamentos a longo prazo que podem ou não envolver um investimento em ações”, explicou a companhia.

Um novo anúncio vai ser emitido como e quando for apropriado”, finalizou.

Como é sabido, a marca lançou-se na bolsa de valores de Londres no ano passado, mas desde então tem vindo a perder capital, e isso poderá colocá-lo numa situação vulnerável para uma possível OPA (Oferta Pública de Aquisição) por parte de Stroll pai, dono de um património de onze mil milhões de dólares. A acontecer, isso faria com que a Racing Point pudesse mudar de nome para Aston Martin e o seu patrocínio sair da Red Bull para seguir a caminho de Silverstone, e o carro, provavelmente, largar o rosa do patrocinador BWT para ser "British Racing Green".

A Racing Point foi sétima classificada no Mundial de Construtores em 2019, conseguindo 73 pontos com Lance Stroll e Sergio Perez ao volante.

Formula E: Carros da Gen3 serão mais velozes e leves

A nova geração de carros da Formula E, que entrará em vigor em 2022, será mais veloz e mais leve, anunciou a FIA. Segundo deseja a organização que cuida do automobilismo, os carros da Gen3 terão de ter um peso máximo de 780 quilos, menos 120 que os automóveis da geração atual, e terão um sistema de carregamento rápido para ser colocado nas boxes, numa espécie de reabastecimento. Ele terá de carregar um máximo de 600 kW em 30 segundos, pouco menos do dobro dos atuais carros, que têm 350 kW de potência.

Segundo o ITT (Invitations to Tender), a bateria terá o peso máximo de 284 quilos, menos 101 que os atuais da Gen2. Ainda de acordo com a mesma entidade, a FIA e a Fórmula E Holdings têm como objetivo “continuar posicionando o Campeonato Mundial de Fórmula E como o laboratório de tecnologias de ponta para carros elétricos”, enquanto “as capacidades de 'carregamento rápido' das baterias do carro serão abordadas no âmbito da corrida”.

O preço desse carro não poderá ter o máximo de 340 mil euros por unidade, e eles começarão a ser entregues às equipas em janeiro de 2022, depois da primeira unidade estar à disposição da FIA para os habituais "crash-tests".

Em termos de campeonato, as corridas voltam a 10 de janeiro com o ePrix de Santiago do Chile.

The End: Bill Simpson (1940-2019)

O antigo piloto e um dos pioneiros da segurança do automobilismo americano, Bill Simpson, morreu esta segunda-feira aos 79 anos, três dias depois de sofrer um AVC. Ao longo dos anos 60 e 70, foi um piloto lutador e decidiu montar um negócio na garagem da sua casa que marcou uma épica em termos de segurança, do qual muitas das vezes... era a sua cobaia. E transformou num império.

Nascido a 14 de março de 1940, em Hermosa Beach, na California, começou a correr na adolescência, em dragsters, passou o seu 18º aniversário com ambos os braços partidos devido a um acidente, algum tempo antes. Foi aí que a sua mente começou a funcionar a favor da segurança, quando decidiu colocar um para-quedas no seu carro para ajudar na travagem. O sistema funcionou tão bem que a NHRA, a entidade que supervisiona o campeonato de "dragsters", adoptou-o como seu equipamento obrigatório de segurança.

Um dia, algures a meio dos anos 60, conheceu o astronauta Pete Conrad e lhe falou de um material chamado Nomex. Produzido pela DuPont, um dos gigantes da industria química, é um polímero com base em nylon e que serve para retardar a ação do fogo em caso de acidente. Com os acidentes de Eddie Sachs, nas 500 Milhas de Indianápolis de 1964, na memória, Simpson começou a usar os fatos Nomex e em 1967, a esmagadora maioria dos pilotos na Formula 1, Indianápolis e Endurance já usavam como fato de competição.

Em 1971, Simpson foi correr nas 500 Milhas de Indianápolis com o seu fato de competição e o seu capacete integral, e os pilotos eram algo hostis a ele, a principio. Contudo, um dia, em 1974, colocou-se ele mesmo a arder para provar a eficácia do seu equipamento de segurança, pois ele já tinha começado a montar o seu negócio. Isso iria ser a sua imagem de marca. 

Ao longo dos anos 80 e 90, Simpson já tinha pendurado o seu capacete como piloto e fazia para expandir o seu império, fazendo mais e melhores fatos, bem como capacetes, luvas, cintos e outro tipo de equipamentos de segurança para melhorar a vida dos pilotos e aumentar a sua capacidade de sobrevivência. 

Contudo, em março de 2001, a sua reputação sofreu um forte abalo. Durante o Daytona 500, a prova mais importante da NASCAR, Dale Ernhardt sofreu um acidente mortal na última volta devido a uma fratura na base do crânio, e isso foi um choque na comunidade automobilística. A NASCAR afirmou, no seu inquérito, que a culpa tinha sido do seu cinto de segurança, que era fabricado pela Simpson. Contudo, era conhecido que Earnhardt não gostava de andar apertado no seu carro e isso contribuiu para o seu impacto fatal. Simpson foi alvo de apoiantes zangados e recebeu centenas de ameaças de morte. Acabou por se demitir da companhia em julho de 2001, e processou a NASCAR, afirmando que eles procuravam um bode expiatório. O assunto ficou terminado em 2003, com um acordo fora dos tribunais.

Homem determinado, adorava uma boa luta de bar, do qual vencia sempre. E era mais um exemplo de sucesso so sonho americano, pois veio de uma infância pobre e anónima para o topo da cadeia, sendo multimilionário, e pelo meio, salvou vidas e transformou o automobilismo em mais vezes que julgava. Ars lunga, vita brevis, Bill. 

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Youtube Motorsport Video: As primeiras voltas do Aston Martin Valkyrie

O Aston Martin Valkyrie, o carro desenhado por Adrian Newey, em colaboração com a Red Bull Advanced Technologies, já existe e já anda na estrada. Só faltam as modificações necessárias para poder correr em 2021 na nova classe Hypercar... isto, se a Aston Martin não for comprada pelo Lawrence Stroll.

Mas até isso não acontecer, é altura de mostrar ao mundo como o carro anda. E foi o que fez o Darren Turner, o piloto da fábrica, andando à chuva em Silverstone, para o canal de video Mr. JWW. E com um carro com um peso-potência equivalente - 1160 cavalos para um carro com cerca de 1200 quilos - é um bólido capaz de voar mesmo.

WRC: Poderá haver um substituto para o Chile?

É sabido que o Rali do Chile de 2020 foi cancelado no inicio do mês devido à agitação que se passa naquele país sul-americano. Contudo, na altura, falou-se que não haveria um substituto, ou seja, iria haver treze ralis, e não 14, como estava previsto inicialmente, afirmando que seria um alivio para as equipas que participam no WRC.

Contudo, isso pode não ser verdade. Segundo conta a Autosport britânica, a organização do WRC procura por um substituto ao Rali do Chile, apesar disso ser uma tarefa dificil, como reconhece Olivier Ciesla, da organização. "Difícil encontrar um evento substituto, não digo que seja impossível, mas pode ser difícil", começou por dizer. "Estamos a trabalhar nisso, mas não é completamente claro se teremos 13 ou 14 ralis no próximo ano.", continuou.

Contudo, Ciesla diz que não há tempo limite, desde que sejam velozes para encontrar esse substituto, e desde que as equipas concordem com a prova escolhida. "Se for um evento na Europa e as equipas estiverem de acordo, então assumo que a decisão pode ser tomada após o Rali de Monte Carlo, mas isso não é o objectivo, o objectivo agora é ser rápido." A ideia é de colocar esse rali na data da prova chilena, que estava prevista para abril, mas não é fácil: fora da Europa é muito complicado e dentro da Europa, provas como a Catalunha já descartaram a hipótese de acolher o WRC em 2020, depois de ter saído do calendário.

Resta saber se vão conseguir ou não. O rali de Monte Carlo acontecerá no final de janeiro, nas estradas alpinas à volta do Principado.

Youtube Podcast: Ricardo Santos no Podcast do Estrelado

Eu conheço o Ricardo Santos já lá vai uma década, quando tinha um blog dedicado aos seus desenhos automobilistas. Já sabia que tinha enorme talento, tanto que o entrevistei, creio que em 2009, muito antes das capas da Racer, por exemplo. 

É quase uma hora, este videocast, é uma entrevista a fundo, e até têm uma historieta entre eles pelo meio. Vale a pena ver, agora que é Natal e as coisas andam a meio gás. Aproveitem!

domingo, 15 de dezembro de 2019

Youtube Motorsport Video: O primeiro Climbkhana

Ontem meti o "Climbkhana" onde o Ken Block foi à montanha Tianmen, na China, e fazer umas manobras nas curvas ao volante de um Ford F-150 altamente modificado. Mas quem leu, viu que é o segundo video desse tipo de subidas de montanha. Assim sendo, fui procurar pelo original.

Lá encontrei: no Pikes Peak, no ano passado, a bordo de um Ford Mustang de 1965 altamente modificado. Vê-lo num dos locais mais míticos do automobilismo, colocando o carro na berma, perante um precipício com algumas centenas de metros, parece ser divertido, mas não é. 

Noticias: Chase Carey admite dificuldades para patrocinadores

Chase Carey, o CEO da Formula 1, afirmou que apesar de terem bons patrocinadores como a Rolex e a Heineken, admite que arranjar novos tem sido uma tarefa complicada. Apesar dessas dificuldades, Carey garante que o interesse no campeonato continua a crescer, à medida que a Liberty Media continua a trabalhar para aumentar o perfil global da Fórmula 1.

Este é um desporto único, com adeptos muito apaixonados. Devido à sua tecnologia e à sua natureza é uma desporto diferente de qualquer outro.”, começou por dizer Carey.

O nosso grupo de trabalho dos patrocinadores tem trabalhado imenso e continuará até ao final do ano. Esperava que todos os que estão assinem, mas não será assim, infelizmente. Os patrocinadores querem parcerias mais adaptadas à realidade deles. Agora precisas de contar uma história, desenvolver iniciativas digitais, anúncios, festivais, etc. Tem sido mais lento e difícil do que eu tinha planeado há alguns anos atrás.”, concluiu.

Para além disso, Carey acredita que coisas como o documentário "Drive to Survive", que vai agora para a sua segunda temporada, poderá ajudar a atrair mais gente para a competição nas próximas temporadas.