sábado, 16 de janeiro de 2016

Dakar 2016: Peterhansel e Price são os vencedores, mas X-Raid contesta

O Dakar chegou à meta, em Rosário, duas semanas depois de ter começado em Buenos Aires, e Stephane Peterhansel foi o grande vencedor, e conseguindo algo inédito: doze vitórias, seis dos quais em motos, e os restantes em automóveis. A sua última vitória foram em 2013, com o Mini da X-Raid.

No final da última etapa, o pódio foi ocupado por ex-pilotos de ralis. Sebastien Loeb foi mais veloz do que Mikko Hirvonen em um minuto e 13 segundos e venceu a etapa, enquanto que Nasser al-Attiyah foi o terceiro melhor, a um minuto e 36 segundos do vencedor, empatado com Cyril Després, noutro Peugeot.

Contudo, pouco depois do final do rali, a X-Raid fez saber que irá apelar dos resultados finais à Federação Francesa de Desporto Automóvel (FFSA) devido à polémica com o reabastecimento dos Peugeot, nomeadamente a do francês Stephane Peterhansel, o vencedor deste Dakar. O apelo terá de ser analisado num prazo máximo de 30 dias, e caso seja dada razão à X-Raid, a pena é pesada: entre seis horas de penalização à desclassificação, o que poderia alterar as coisas neste "rally-raid".

Nas motos, o vencedor na etapa final foi para o chileno Pablo Quintanilla, que assim consolidou o seu terceiro lugar na classificação, com um minuto e 41 segundos de vantagem sobre Kevin Benavides, enquanto que Hélder Rodrigues foi o terceiro, ficando assim com o quinto lugar final. O piloto português da Yamaha ficou nesta etapa a dois minutos e 37 segundos do vencedor. Toby Price foi o quarto, a 4 minutos e 22 segundos, mas comemorou por fim a sua primeira vitória neste Dakar, e a primeira de um australiano neste "rally-raid". E claro, a KTM comemorou uma dupla, já que Stefan Svitko, o segundo da geral, também anda nas máquinas austriacas.

Assim, o Dakar 2016 chega ao seu final. Para o ano, há mais!

Geral: Carros

1º - Peterhansel/Cotteret (FRA) [Peugeot] 45:22.10 minutos
2º - Al Attiyah (QAT)/Baumel (FRA) [Mini] a 34.58
3º - De Villiers (ZAF)/Von Zitewitz (GER) [Toyota] a 1.02,47
4º - Hirvonen (FIN)/Perin (FRA) [Mini] a 1.05.18
5º - Poulter/Howe (ZAF) [Toyota] a 1.30,43

Geral: Motos

1º - Price (AUS) [KTM] 46:13.26 minutos
2º - Svitko (SVK) [KTM] a 37.39
3º - Quintanilla (CHL) [Husqvarna] a 53.10
4º - Benavides (ARG) [Honda] a 57.28
5º - Rodrigues (POR) [Yamaha] a 57.29

O filho de peixe sabe nadar muito bem!

Kalle Rovanpera deve ser o primeiro piloto de ralis do séxulo XXI a competir. Aos 15 anos de idade, o filho de Harri Rovanpera está na Letonia (e compete com licença desportiva daquele país) onde conseguiu ganhar ali o seu primeiro rali do campeonato nacional, o Rallysprint de Aluksne, a bordo de um Skoda Fabia S2000. 

Com Risto Pietilainen a seu lado como navegador (e também foi navegador do seu pai), Rovanpera Jr. ganhou com um minuto de vantagem sobre o local Ralfs Srimacis, que tem experiência no ERC, e que neste rali alinhou com um Mitsubishi Lancer Evo IX. A ideia de Rovanpera nesta incursão aos ralis é de ganhar o campeonato nacional, e também mais experiência antes de se lançar em mais altos voos. 

Preparação não lhe falta, pois está ao volante de carros de ralis desde os seus nove anos...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

As imagens do dia (II)

Janeiro no norte europeu é sinónimo não só de inverno, como também de neve. E foi o que aconteceu esta sexta-feira em Le Mans, Spa-Francochaps e Nurburgring. E se calhar em mais alguns circuitos por essa Europa fora...

A imagem do dia

Scott Stoddard, piloto da Jordan-BRM, durante a temporada de 1966 retratada no filme "Grand Prix", realizado por John Frankenheimer. Brian Bedford, o ator britânico que interpretada o piloto escocês que tinha cara de Jim Clark, mas corria com o capacete de Jackie Stewart, morreu esta quinta-feira aos 80 anos de idade, em Santa Barbara, na California, onde já vivia há mais de 40 anos, tendo até adquirido a cidadania americana.

Bedford era um ator com um vasto reportório "shakesperiano", mas o papel de Sttodard foi aquele do qual se tornou mais famoso. E apareceu mesmo no inicio da sua carreira, aos 31 anos de idade.

Em 2016, comemora-se o 50º aniversário da realização de um dos filmes mais conhecidos de automobilismo da história do cinema. E este é até agora o único que rendeu Óscares, três no total, em áreas técnicas. A banda sonora é deveras conhecida, e os atores também: James Garner era Pete Aron, Yves Montand era Jean-Pierre Sarti, piloto da Manetta (Ferrari) e Toshiro Mifune era Izo Yamura, baseado na personagem de Sohichiro Honda.

A filmagem foi uma saga dentro de uma saga. Os carros tinham como base modelos de Formula 3, Phil Hill era um dos pilotos que serviu como conselheiro no filme, com cenas nos locais dos Grandes Prémios (Monaco, Spa-Francochamps, Charade, Brands Hatch, Monza) e claro, outros pilotos reais andavam por lá, como Graham Hill, Bruce McLaren, Dan Gurney e Jack Brabham, entre outros.  
A habilidade dos atores em relação a pilotar carros velozes variava: Bedford não guiava (!) e é por isso que se vê ele totalmente protegido nas cenas de corrida, Antonio Sabato (que interpretava Nino Barlini), era nervoso e lento, Montand assustou-se e tinha de ser rebocado, e Garner era tão bom que depois tentou uma pequena carreira automobilística, nas Bajas, à semelhança de outro amigo chegado, Steve McQueen. Algumas das cenas foram enquadradas por Bernard Cahier, um dos miticos fotógrafos de Grande Prémio. 

E tudo isto acontecia enquanto que McQueen e John Sturgis tentavam levar adiante um projeto paralelo, "The Day of the Champion", com ambiente no Nurburgring Nordschleife. Apesar de terem entregue cenas filmadas no circuito alemão, o filme acabou por não ir adiante. E foi por causa de não ter feito este filme que McQueen, o ávido ator que queria ser piloto, mergulhou de cabeça no projeto "Le Mans".

No final, depois de Grand Prix e Le Mans, Hollywood só fez mais dois ou três filmes automobilísticos, com sucesso variável. Se falamos de "Dias de Tempestade" com alguma luz favorável, já o "Driven" é o desastre conhecido. Só em 2013, com "Rush", é que parece que Hollywood voltou a interessar-se por automobilismo.

Dakar 2016: Hirvonen e Rodrigues foram os vencedores de hoje

O Dakar está a chegar ao seu final, com a etapa a ligar San Juan e Villa Carlos Paz, num total de 931 quilómetros, 431 dos quais em especial cronometrada para os automóveis, 237 dos quais para motos e quads.

Nos automóveis, o grande vitorioso nesta etapa é finlandês e um ex-piloto de ralis. Dpois do sul-africano Leroy Poulter ter dominado boa parte da etapa, o grande vencedor foi Mikko Hirvonen, que conseguiu uma vantagem de nove segundos sobre Nasser Al-Attiyah. Poulter foi o terceiro, seguido pelo seu companheiro de equipa, Giniel De Villiers, enquanto que o líder, Stephane Peterhansel é apenas o décimo, dois lugares mais abaixo de Sebastien Loeb, o melhor dos Peugeot.

Mas isso não impede de Peterhansel de praticamente ser declarado como o vencedor do rali, pois tem uma vantagem de 40 minutos sobre Nasser al-Attiyah. 

Nas motos, o grande vencedor foi a Yamaha, com o português Hélder Rodrigues a ser o melhor na etapa que ia até Villa Carlos Paz, com uma vantagem de sete minutos e 32 segundos sobre Toby Price, e sete minutos e 55 segundos sobre o argentino Kevin Benavides. Stefan Svitko foi o quarto. 

Contudo, a organização penalizou o piloto português em três minutos, mas isso não o impediu nem de comemorar a vitória, nem de dar um enorme salto na classificação, passando para o quarto posto, e com pouco menos de quatro minutos e meio sobre o terceiro classificado.

No final do dia, o piloto da Yamaha comentou: "Para mim, foi um grande dia. Tentei puxar um pouco. Tive uma melhor segunda semana, pois na minha primeira semana, estava doente. No início desta semana magoei meu ombro, mas agora eu estou bem. Hoje eu pude acelerar, andando muito bem, divertindo-me e passando Toby e o Meo. Foi bom, foi um dia muito bom para mim. Eu estava andando de forma rápida e segura. Foi bom para mim e bom para a Yamaha esta vitória. Tentei tomar o quinto lugar da geral, mas o importante hoje era para andar rápido e seguro".

Mas na frente ficou Toby Price, que vai conseguir ganhar o seu primeiro Dakar, pois tem uma vantagem de 37 minutos e 39 segundos sobe Stefan Svitko, o segundo classificado. Ambos estão a bordo de um KTM. O chileno Pablo Quintanilla é o terceiro, mas perdeu mais de quinze minutos nesta etapa e tem Hélder Rodrigues a um minuto e 19 segundos.

Amanhã, o Dakar cumpre a sua última etapa, entre a Villa Carlos Paz e a cidade de Rosário, num total de 699 quilómetros, 180 dos quais em especial cronometrada.

Geral: Carros

1º - Peterhansel/Cotteret (FRA) [Peugeot] 43:27,42
2º - Al Attiyah (QAT)/Baumel (FRA) [Mini] a 40.59
3º - De Villers (ZAF)/ Von Zitewitz (GER) [Toyota] a 1.07,16
4º - Hirvonen (FIN)/Perin (FRA) [Mini] a 1.11,42
5º - Poulter/Howie (ZAF) [Toyota] a 1.36,16

Geral: Motos

1º - Price (AUS) [KTM] 46:13.26 minutos
2º - Svitko (SVK) [KTM] a 37.39 
3º - Quintanilla (CHL) [Husqvarna] a 53.10
4º - Benavides (ARG) [Honda] a 57.28
5º - Rodrigues (POR) [Yamaha] a 57.29

Formula 1 em Cartoons: Um lugar em perigo (Grand Prix Toons)

As noticias surgidas a público de que ainda não pagaram o lugar a Pastor Maldonado a poucas semanas de começar o Mundial de Formula 1 e que o dinamarquês Kevin Magnussen poderá estar a negociar um contrato na marca do losango, fizeram com que o Hector Garcia, a pessoa que está por trás do Grand Prix Toons, a fazer este cartoon... 

Algo de podre acontece na petrolândia...

A corrida ao fundo do poço no preço do petróleo do qual assistimos está a acontecer desde julho de 2014, quando este chegou ao pico dos 114 dólares por barril. Se muitos achavam que era algo temporário, do qual voltaria ao normal em um ano, a realidade é que estamos em janeiro de 2016 e o preço está a chegar abaixo dos 30 dólares, chegando a niveis de 2003. Se muitos acharam que a era do petróleo barato era algo que tinha ficado nos livros de história, parece que a realidade está contrariar essa frase... e parece não parar por aqui.

Analistas estão a desenhar um cenário pessimista, referindo que a chance de este chegar a preços abaixo dos vinte dólares antes do final deste inverno. Os grandes países produtores, como a Arábia Saudita, não pretendem abrir mão de quotas de marcado, e a OPEP, que nos seus tempos áureos atuava como um cartel eficaz, não está mais unida, e para piorar as coisas, o conflito entre os sauditas e o Irão faz com que as coisas tendem a piorar, especialmente quando os iranianos irão colocar mais três milhões de barris no mercado, fazendo baixar ainda mais os preços.

E o que isto tem com a Formula 1? Muita coisa, e não só por causa da gasolina que colocam para alimentar os motores. A politica de Bernie Ecclestone foi de levar o calendário às petro-monarquias do Golfo Persico e outras petro-repúblicas, e agora, parece que as coisas poderão sair pela culatra. Se os russos ainda aguentam as coisas, e os barenitas e Abu Dhabi aparentam ainda aguentar o impacto, e haver rumores de que o primeiro piloto indonésio da Formula 1 vai ser abastecido com dinheiro da Petramina, a gasolineira do país, por outro lado, há quem esteja a rebentar. É sabido dos rumores sobre a PDVSA e Pastor Maldonado, num país que vive agitação social de todo o tipo, ainda mais quando a oposição conquistou uma maioria de dois terços na Assembléia Nacional, algo que o seu presidente faz de tudo para tirar esse poder, numa escalada de tensão do qual poucos prevêm onde acabará.

Mas outro foco de tensão apareceu de um lugar do qual poucos ouviram falar, mas está no calendário da Formula 1 este ano: Azerbeijão. Outra petro-republica (ex-republica soviética) com um regime duvidoso, organizou no ano passado os Jogos Europeus e apostou na Formula 1 construindo um circuito urbano no centro de Baku, a capital, depois de pedir a Hermann Tilke que o desenhasse.A corrida vai acontecer a 19 de junho, precisamente no fim de semana das 24 Horas de Le Mans...

Mas também não saberemos como estará o Azerbeijão por essa altura. É que desde o inicio do ano que os mercados estão a pressionar o manat, a moeda local, e o Banco Central azeri decidiu deixar cair a moeda, desvalorizando-a em cerca de 30 por cento, encarecendo o nível de vida para os locais, e estes começaram a sair à rua em protesto. O governo está a reprimir esses protestos e não há noticias sobre o assunto a passar na imprensa internacional, e pessoalmente nem saberia isso se não lesse o que o Joe Saward escreve sobre o assunto.

É certo que do lado da organização, a corrida está paga e à partida, eles irão lá correr, mas desconhece-se em que medida esta agitação social não poderá crescer e se tornar em algo gigantesco. É que o preço do barril de crude não subirá velozmente até junho para acalmar os ânimos, e para piorar as coisas, ainda não vimos os planos futuros das petrolíferas no campo dos patrocínios, pois provavelmente vão ter de ser repensados...

Uma coisa é certa: a década áurea da petrolândia poderá ter terminado. Resta saber quem se safará melhor desta decadência. 

Dakar em Cartoons: E o carro mais modificado é... (Cire Box)

Parece que o Dakar está a se tornar num concurso de carros modificados. Pelo menos é o que pensa o "Cire Box" ao ver os carros de Sebastien Loeb e Nasser Al Attiyah. Pelo menos, foi no que inspirou para fazer este cartoon...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A imagem do dia

Há precisamente 30 anos, o Dakar estava em África, e ainda era uma aventura de amadores que, com carros altamente modificados, aventuravam-se nas areias africanas para chegar à capital senegalesa, provenientes de Paris. E quem manobrava tudo, oleava a máquina para que as coisas correm sem incidentes era o seu idealizador, Thierry Sabine. Em 1977, perdeu-se no deserto libio a bordo da sua moto Yamaha, e por momentos, pensou que seria o seu fim. Contudo, quase por um milagre, foi salvo por um avião que ia a passar... por acaso. É que os organizadores já o davam como morto. Mas salvou-se. E decidiu aproveitar esse momento para fazer algo melhor.

Dois anos depois, já acontecia o primeiro rali, de Paris a Dakar, passando por Argel, palco da chegada a África. E era assim em 1986, quando, apesar dos amadores serem a maioria, as equipas profissionais já andavam por ali, com a Porsche a colocar os seus 959 nas areias do deserto, por exemplo.

A 14 de janeiro, Sabine e a caravana do Dakar estavam entre o Niger e o Mali, a caminho do Dakar. Ele seguia tudo no seu helicóptero Ecreuil, com o cantor Daniel Balavoine e mais dois fotógrafos (um deles Yann-Arthus Bertrand, o autor de "A Terra Vista do Céu") para distribuir bombas de água pelas populações locais. O vento começou a levantar, à medida que o dia acabava, e no final, a visibilidade era escassa, a pouco mais de vinte quilómetros da meta. Contudo, o piloto tentou abusar da sorte (provavelmente, a pedido de Sabine) e não viram uma duna. O resultado é o que vêm na fotografia: Sabine, Balavoine, o piloto, mais a jornalista Nathalie Odent, da TF1 e o seu cameraman, Jean-Yves Le Fur, acabaram por morrer. Estes dois últimos trocaram de lugar com Bertrand e o jornalista Patrick Port D'Arvor (um dos mais famosos de França), que queriam chegar mais cedo a Bamako e apanharam um avião, numa das pausas da etapa.

O rumor correu forte durante a noite, mas só de manhã é que a noticia foi confirmada, e foi um choque. Lembro-me bem disso, do alto dos meus nove anos, e também me lembro das dúvidas que se colocava em relação ao futuro do Dakar sem Sabine. Pois bem, como podem ver, continua firme e forte... apesar de acontecer noutro continente.

Hoje em dia, as cinzas de Sabine estão espalhadas numa árvore que tem o seu nome, não longe do local onde o helicóptero caiu. O legado, esse, continua. 

"Um desafio para os que partem, um sonho para os que ficam" Thierry Sabine, 1949-1986

Dakar 2016: Attiyah e Meo vencem, Gonçalves cai e desiste

A etapa de hoje, percorrida entre La Rioja e San Juan, no total de 712 quilómetros, 431 dos quais feitos em especial cronometrada, largaram as areias e voltaram às especiais duras de terra e algum cascalho. Contudo, nos bastidores, corria a polémica devido à penalização de Paulo Gonçalves em quase 50 minutos, em circunstâncias muito pouco esclarecedoras, e com uma explicação pouco convincente por parte da ASO.

A etapa começou com um atraso de meia hora devido aos helicópteros, que não conseguiram estar na zona da partida antes da hora marcada porque ficaram retidos devido a não terem chegado a tempo antes do escurecer no dia anterior. Feito o arranque, após a chegada dos helicópteros, a etapa ficou marcada pela queda de Paulo Gonçalves, que foi evacuado para o hospital e ficou sob observação. 

Nos automóveis, o melhor foi Nasser Al-Attiyah, que conseguiu um avanço de... nove segundos sobre o segundo classificado, Stephane Peterhansel. Sebastien Loeb é o terceiro, a 14 segundos, enquanto que Giniel de Villiers é o quarto, a dois minutos e 37 segundos.

Na geral, Peterhansel continua a dominar o Dakar, com uma vantagem de 51 minutos sobre Nasser Al Attiyah, enquanto que Giniel de Villiers era o terceiro, a uma hora e 17 segundos da liderança. Mikko Hirvonen é o quarto, com mais cinco minutos de distância sobre o piloto sul-africano da Toyota. Outro Toyota, o de Leeroy Poulter, é o quinto, a uma hora e 46 minutos.

Já nas motos, agora com Gonçalves de fora, Toby Price é cada vez mais o lider, e a KTM vai mais uma vez ser a vencedora no Dakar. A etapa foi ganha pelo francês Anthony Meo, numa KTM, com 18 segundos de vantagem sobre Toby Price. O chileno Pablo Quintanilla foi o terceiro, gastando mais dois minutos e 48 segundos do que o vencedor. O português Hélder Rodrigues, da Yamaha, foi o quarto, a seis minutos e 12 segundos.

Na geral, Price é cada vez mais líder, com 35 minutos e doze segundos sobre Stefan Svitko, enquanto que Anthony Meo é o terceiro, a 43 minutos e 46 segundos de Price, num monopólio da KTM. Pablo Quintanilla é o quarto, a 45 minutos e 19 segundos, enquanto que Helder Rodrigues é agora o sexto da geral, com uma desvantagem de uma hora, dois minutos e um segundo, mas com Kevin Benavides a cinco minutos.

Amanhã, o Dakar sai de San Juan e ruma a Villa Carlos Paz, no total de 931 quilómetros, 481 dos quais em especial cronometrada para as motos, 237 para os automóveis e quads. 

Geral: Carros

1º - Peterhansel/Cotteret (FRA) [Peugeot] 37:42,20
2º - Al Attiyah (QAT)/Baumel (FRA) [Mini] - a 51.55 minutos
3º - De Villiers (ZAF)/ Von Zitewitz (GER) [Toyota] - a 1.17,24
4º - Hirvonen (FIN)/ Perin (FRA) [Mini] - a 1.22,47
5º - Poulter/Howie (ZAF) [Toyota] - a 1.46,36

Geral: Motos

1º - Price (AUS) [KTM] 40:08,30 minutos
2º - Svitko (SVK) [KTM] a 35.12
3º - Meo (FRA) [KTM] - a 43.46
4º - Quintanilla (CHL) - a 45.19
5º - Benavides (ARG) [Honda] - a 57.35
6º - Rodrigues (POR) [Yamaha] - a 1.02,01 minutos

Um final conveniente

Paulo Gonçalves caiu esta manhã nas areias argentinas, entre La Rioja e San Juan, e foi encontrado inconsciente. Já foi transportado para o hospital e espera-se mais noticias ao longo desta tarde, pois está em observação.

A queda do piloto da Honda é "o final conveniente da ASO", digamos assim. Como sabem, na véspera, a organização decidiu penalizar o piloto português em mais de 50 minutos, um dia depois da confusão que foi na etapa-maratona à volta de Jujuy, onde ele furou o radiador da sua Honda, ao mesmo tempo que a etapa era neutralizada após o CP1. Se na terça-feira celebrávamos uma situação que ia da desistência inevitável até a algo próximo de um milagre,  esta madrugada conhecíamos uma penalização do qual a ASO teve muita dificuldade em explicar, e ainda por cima, não tinha a ver nem com uma mudança de motor (que acabou por não acontecer) nem com o que se passou entre a CP1 e a CP2, que no minimo, poderemos dizer que foi uma confusão. E muitos até falavam que eles se lembraram do tempo que tinha sido deduzido na sexta-feira, quando ele parou para ajudar o austríaco Matthias Walkner, que tinha caído e fraturado o fémur.

E não falamos só do "portuguesinho contra o mundo". A estranha decisão da organização a favor de Stephane Peterhansel, quando foi do polémico reabastecimento em zona proíbida, protestada pela X-Raid e do qual a ASO decidiu que era legal porque, apesar de não ser recomendado, passava porque tinha sido "numa estrada de ligação", não convenceu ninguém no "bivouac", e Sven Quandt, o lider da X-Raid, esteve bem perto de ordenar aos seus carros para que abandonassem de imediato o rali e mostrando que a organização, este ano liderado por Nani Roma, era premeável a pressões de que existisse um vencedor francês. E como sabem, temos um francês, numa máquina francesa, a liderar nos carros. E já agora, nas motos, com a penalização (e queda) do "Speedy" e os problemas que passa hoje Toby Price, quem é o grande beneficiado? Um francês, Alain Meo, num KTM. Está aqui no seu segundo ano, e vai ao pódio! Pois é...

No final, são pequenos episódios que vão minando a credibilidade desta organização, e claro, do rali Dakar. Um Dakar onde hoje, por coincidência, passam 30 anos sobre a morte do seu fundador, Thierry Sabine. E isso faz-nos lembrar que este rali, não há muito tempo, esteve perto de não se realizar este ano, depois de Chile e Peru terem "tirado o tapete" por causa de razões meteorológicas. Esta organização está em crise, é certo, mas as suas decisões fazem nos pensar se todos podem participar nela, desde que o vencedor seja francês. E se Sebastien Loeb fez o que fez este ano, então poderemos esperar mais domínio gaulês nos próximos anos, uma vez que o alsaciano se adaptar aos "rally-raids"...

Enfim, as melhoras para o Paulo, e que em 2017 venha numa máquina imbatível, numa excelente equipa e que tenha os deuses (e a organização) do seu lado...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A imagem do dia

A banda desenhada de Michel Vaillant está a passar por uma renovação, que já vai no quarto álbum. Com Jean Graton reformado (fez agora 92 anos), é o seu filho Phillipe que faz as honras da casa, e convida vários desenhadores para fazer as histórias, que nesta altura não passam de uma grande historia, se tem acompanhado o fio condutor. E esse fio condutor têm uma coisa: eletricidade. 

A aventura da Vaillant nos automóveis elétricos, como forma de sobreviver a um futuro onde os automóveis com motor de combustão interna passarão a ser crescentemente insustentáveis (por serem poluidores e caros) é algo do qual Michel Vaillant e os seus comparsas tem andado a lidar. E agora, no dia em que apresentaram o GP de Paris da Formula E, também apresentaram a capa do novo livro da saga do piloto francês que já guiou de tudo: Formula 1, Le Mans, Ralis, Turismos, Dakar... 

Só faltava a Formula E. Pois agora o veremos a guiar um dos carros da nova Formula, nas ruas de Paris, como fez em 1982, no "Paris a 300 km/hora".

Dakar 2016: Peterhansel e Price mantêm liderança, Sainz desistiu

A etapa de hoje do Dakar, que liga as cidades de Belén e La Rioja, no total de 561 quilómetros, 278 dos quais cronometrados, foram percorridos em dunas de areia, foi extremamente complicada para carros, motos e camiões. Entre os carros, as grandes novidades foram a desistência de Carlos Sainz, vitima de problemas no seu Peugeot, o atraso de Nasser Al Attiyah, que capotou o seu Mini e perdeu mais de meia hora, atrasando-se inevitavelmente na classificação geral, tudo isso beneficiando o lider do Dakar, o francês Stephane Peterhansel, que venceu com cinco minutos e 40 segundos de vantagem sobre Cyril Després, e 26 minutos e 16 segundos sobre Giniel de Villiers, no seu Toyota.

Já nas motos, o dia começou com a mensagem de que Paulo Gonçalves não teve de trocar de motor. Os danos limitaram-se a um pistão, e isso obrigou apenas a mexer e não trocar de motor, logo, acabou por não ser penalizado em quinze minutos, tal como se temia. Logo, de uma possível desistência, a sorte acumulada fez com que "apenas" caísse para a terceira posição no inicio desta etapa.

Aqui, a dureza do terreno foi igual para todos, mas o melhor foi o eslovaco Stefan Svitko, com uma vantagem de dois minutos e 54 segundos sobre o argentino Kevin Benavides, e cinco minutos e 47 segundos sobre Toby Price, o líder da geral. Gonçalves foi o quarto, a seis minutos e um segundo, enquanto que Hélder Rodrigues foi o sexto, a doze minutos e um segundo do vencedor. Entre eles ficou o chileno Pablo Quintanilla.

Na geral, Price lidera com 23 minutos e 12 segundos de vantagem sobre Stefan Svitko, enquanto que Paulo Gonçalves é o terceiro, a 34 minutos e 15 segundos, continuando a ser o melhor dos Hondas, e alargando a distância para Pablo Quintanilla, o melhor dos Husqvarna. Helder Rodrigues é o sétimo, e 56 minutos da liderança neste Dakar, e o melhor dos Yamaha.

Amanhã, a caravana do Dakar sai de La Rioja e ruma para San Juan, num total de 712 quilómetros, 431 dos quais serão percorridos em troços cronometrados. 

Geral: Automóveis

1º - Peterhansel/Cotteret (FRA) [Peugeot] 32.44,59 minutos
2º - Al-Attiyah(QAT)/Baumel(FRA) [Mini] a uma hora
3º - De Villiers (SAF)/Von Zitewitz (GER) [Toyota] a 1.12:31
4º - Hirvonen (FIN)/Perin (FRA) [Mini] a 1.23:51
5º - Després/Castera (FRA) [Peugeot] a 1.50:47

Geral: Motos

1º - Price (AUS) [KTM] - 34.49,04 minutos
2º - Svitko (SVK) [KTM] - a 23.12
3º - Gonçalves (POR) [Honda] - a 34.15
4º - Quintanilla (CHL) [Husqvarna] - a 42.49
5º - Meo (FRA) [KTM] - a 44.04
6º - Benavides (ARG) [Honda] - a 45.10
7º - Rodrigues (POR) [Yamaha] - a 56.17

Formula E: Apresentado o circuito de Paris

A organização da Formula E apresentou hoje no Hotel de Ville, em Paris, o circuito que vai fazer parte da prova de capital francesa, que acontecerá a 23 de abril. Com 1930 metros, o circuito será desenhado à volta do monumento dos Les Invalides, onde está, entre outros, o túmulo de Napoleão Bonaparte

Com Alejandro Agag e Jean Todt entre os apresentadores - para além da presidente da Câmara, Anne Hidalgo - o circuito parisiense será o primeiro da ronda europeia, que terminará no inicio de julho com a ronda dupla em Londres.

"Como competição, temos a sorte de correr em alguns locais incríveis, mas nenhum deles é mais espetacular do que ter a cidade de Paris como pano de fundo. O "ethos" da Fórmula E são as corridas urbanas no coração de cidades à volta do mundo, e Paris preenche todos esses requisitos. A França é também um mercado-chave para o campeonato, pois é a casa da FIA, de um dos nossos parceiros oficiais, que é a Michelin, e equipas como a DS e a Renault. O ePrix de Paris acontecerá num ambiente icónico para a Fórmula E, tendo a primeira corrida totalmente elétrica na capital francesa", comentou Alejandro Agag.

O presidente da FIA, declarou nesta apresentação: "A FIA está particularmente satisfeita pelo facto de haver uma corrida de Fórmula E nas ruas do centro de Paris, a cidade que tem sido a nossa casa há mais de um século. Esta série é fortemente ligada ao desenvolvimento de novas tecnologias e à promoção de um novo modelo para a mobilidade sustentável. É inteiramente lógico, portanto, que um país como a França, que sempre esteve na vanguarda da inovação, deva hospedar um ePrix na sua cidade capital. Estou certo de que o espetáculo oferecido pela Fórmula E numa pista projetada com os Les Invalides como pano de fundo, fará com que este evento seja realmente único entre os eventos de desporto motorizado a nível mundial", concluiu.

Já a presidente da Câmara, Anne Hidalgo, afirmou: "Paris está muito orgulhosa de receber o primeiro ePrix francês. Este evento será tratado como uma festa popular, que ligará os valores desportivos ao meio ambiente. Vai ser uma ótima maneira de promover a mobilidade eléctrica, que é uma prioridade para Paris, a um vasto público".

Após três rondas, Sebastien Buemi lidera o campeonato, com um ponto de vantagem sobre Lucas di Grassi. A Formula E regressará a 6 de fevereiro em Buenos Aires.

WTCC: Honda confirma equipa com Monteiro, Mischelisz e Huff

A JAS, equipa que suporta a aventura da Honda no Mundial de carros de Turismo, confirmou esta quarta-feira que terá três carros para o português Tiago Monteiro, o húngaro Norbert Mischelisz e o britânico Rob Huff, este vindo da Lada, no lugar do italiano Gabriele Tarquini, que poderá estar a caminho... da Lada!

Se Monteiro, atualmente com 39 anos e vencedor de três provas em 2015 é uma confirmação por ter conseguido ser o melhor dos "não-Citroen", já Huff, com 36 anos, tem já 27 vitórias e o campeonato de 2012 nas suas mãos, veio da equipa russa depois de desenvolver os seus modelos Granta e Vesta, dando-lhes duas vitórias na temporada de 2014. 

Depois de saber a noticia, o piloto português ficou óbviamente contente: “É uma enorme satisfação continuar a competir com a Honda. Não se trata apenas de uma equipa mas sim de uma verdadeira família. Estes últimos anos têm sido intensos, de muita aprendizagem, mas também gratificantes. Estou certo que vamos ter um ano extraordinário e que os objectivos vão ser alcançados. Resta-me dar as boas vindas ao Rob Huff e ao Norbert Michelisz enquanto piloto oficial. Vamos ter um ano muito competitivo e o trabalho de equipa é fundamental para o sucesso.

No caso de Mischelisz, de 31 anos, tem por fim a sua oportunidade de correr numa equipa oficial, depois de correr desde 2010 pela Zengo Motorsport, com carros da marca japonesa desde 2013. Até agora, o piloto húngaro conseguiu quatro vitórias nos Turismos, uma delas no ano passado, no seu Hungaroring natal. E em 2015, foi o grande vencedor do Troféu dos Independentes.

Declarando à imprensa, Mischelisz está contente “pela relação com a Honda nos últimos três anos, ganhando corridas e o Troféu Yokohama o ano passado. Estou muito grato e quero confirmar a aposta da Honda em mim”.

A marca apresentará uma nova versão do seu Honda Civic em março, no Salão Automóvel de Genebra, bem a tempo da primeira corrida da temporada, em Sochi, a 20 de março.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A imagem do dia

Paulo Gonçalves, numa imagem de hoje, tirada pelo fotógrafo português André Lavadinho. Para o motarda da Honda, este foi um dia com sentimentos mistos. O radiador furado poderia ter significado o fim do Dakar para ele, mas no final, acabou por ser bafejado pela sorte. É como seres atropelado por um carro, mas poderes andar pelo teu próprio pé, só com nódoas negras.

Numa etapa onde as máquinas e os pilotos aguentaram um calor sufocante no deserto argentino, a etapa nas motos durou apenas 82 quilómetros - parada após o primeiro checkpoint" - e por essa altura, o piloto português da Honda perdia apenas três minutos para Toby Price, o lider da etapa (e da classificação) e tudo isso acontecia antes do radiador furado por causa do ramo de um arbusto. Contudo, a mudança no motor irá dar uma penalização de 15 minutos, o que a contar com mais os três perdidos, poderá ter colocado o piloto português fora da luta pela vitória, mas não longe de um pódio.

No final, desabafou na sua página do Facebook:

"Um sonho nunca acaba!

Lutámos, acreditámos, mas nunca desistimos.

Paulo Gonçalves teve um pé fora do Dakar 2016 mas graças à anulação de parte da "especial" reservada para o dia de hoje, devido às elevadas temperaturas, falta de segurança e dificuldades acrescidas para o pelotão, vê possível a sua continuidade na prova e em luta pelo pódio final. A mecânica será etapa das próximas horas para o piloto português que amanhã espera voltar ao ataque na maior prova de TT do mundo", comentou.

Nada mau para quem chegou a anunciar a desistência do rali... aliás, acho que foi muita sorte!

Cuidar do futuro

Kevin Magnussen poderá não correr em 2016, mas não está parado. O piloto dinamarquês anda nas bocas do mundo por estes dias, pois sem lugar como piloto titular, depois de um ano na McLaren, anda a tentar cuidar do futuro. Tanto pode ser na Formula 1, como pode ser na Endurance, especialmente na classe LMP2.

Ontem, o Joe Saward falava no seu sitio que há especulações na imprensa local sobre ele, falando que ele já poderia ter patrocinadores locais, suficientes para poder andar à procura de lugares na Formula 1, e existem duas chances: um lugar como piloto reserva na Renault, e um lugar de piloto titular na Manor. É verdade que em termos de curto prazo, a Manor seria uma boa alternativa - e ainda não anunciou os seus pilotos titulares - mas a médio e longo prazo, a Renault seria uma bela oportunidade. Ficar como piloto de reserva em 2016 para ser titular em 2017 é bem possível.

Contudo, esta tarde, o jornal britânico Daily Telegraph afirma algo um pouco diferente: que ele está a negociar apenas com a Renault, e ele já esteve nas instalações de Enstone na semana passada em conversações nesse sentido. Nada se sabe sobre o resultado dessas conversações, mas o jornal fala que os lugares dos pilotos titulares - o venezuelano Pastor Maldonado e o britânico Joylon Palmer - não estão totalmente assegurados. Aliás, o jornal britânico fala da péssima situação politica na Venezuela, com a agitação politica e económica vigente, mas do lado de Saward, ele afirma que já foram feitos os pagamentos por parte de ambos os pilotos para assegurar a totalidade da temporada.

No lado da Manor, não se tem muita ideia de quem ficarão com os dois lugares vagos, mas o pensamento vigente deverá ser o seguinte: um lugar estará a ser leiloado pela melhor oferta - e a pole-position poderá estar nas mãos de Rio Haryanto, que terá pelo menos 15 milhões de euros para gastar - e um dos titulares de 2015 ficaria com o lugar, o que faria com que fose um leilão entre o britânico Will Stevens e o americano Alexander Rossi, excluindo o espanhol Roberto Merhi, por absoluta falta de dinheiro.  

Uma coisa é certa: o dinamarquês não está parado, e em breve poderemos conhecer o seu destino. 

Dakar 2016: Sainz é o grande vencedor, Loeb e Gonçalves atrasam-se

Hoje era um dia especialmente duro no Dakar, com a realização da segunda etapa maratona, à volta da localidade argentina de Belén, no sopé dos Andes, e onde as areias do deserto iriam fazer a sua aparição, numa etapa-maratona com 436 quilómetros, 285 dos quais em especial cronometrada.

A etapa maratona começou primeiro com uma "espada de Dâmocles" nos bastidores, quando a X-Raid protestou o reabastecimento de Stephane Peterhansel, que tinha sido feito, aparentemente, fora do sitio estabelecido. No final, a organização analisou as imagens e concluiu que era legal, pois tinha sido feito numa estrada de ligação, sem ter de haver qualquer penalização.

Para além disso, os mecânicos conseguiram reconstruir o carro de Sebastien Loeb, bastante danificado ontem após um valente capotamento a 30 quilómetros do final da etapa. Mas isso parece que não lhe valeu de muito, pois atrasou-se em mais de 40 minutos em relação à concorrência, afundando-se ainda mais na classificação.

Ao mesmo tempo, o Dakar sofreu outro acidente mortal, quando um camião da assistência de Lionel Baud - que esteve envolvido num atropelamento mortal no domingo, em terras bolivianas - sofreu um acidente de tráfego, envolvendo um camião e um carro, resultando na morte de uma pessoa e ferimentos graves em mais quatro pessoas. 

Assim sendo, nos carros, o grande vencedor foi Carlos Sainz, conseguindo assim a sua 23ª vitória em etapas, com uma vantagem de... dez segundos sobre o holandês Van Loon, no seu Mini. Mikko Hirvonen foi o terceiro, a 17 segundos do vencedor, enquanto que Giniel de Villiers foi o quarto, a 38 segundos de Sainz. Stephane Peterhansel foi o sétimo, a nove minutos e 12 segundos do seu companheiro de equipa.

Nas motos, Toby Price levou a melhor, enquanto que Paulo Gonçalves atrasou-se bastante devido a um radiador furado. O piloto português da Honda chegou seriamente a pensar desistir do Dakar, mas a neutralização da etapa após o primeiro "waypoint", ele foi rebocado por um dos seus "aguadeiros", o italiano Paolo Ceci, até ao "bivouac", para fazer as devidas reparações. Isso quer dizer que o piloto português poderá perder apenas... três minutos para o australiano, mas será penalizado em cerca de cinco pelo facto de trocar o motor. Uma contrariedade que poderia ter sido bem pior...

Na etapa propriamente dita, atrás do australiano ficou o argentino Kevin Benavides, a sete minutos e dez segundos, enquanto que o KTM do eslovaco Stefan Svitko foi o terceiro, a dez minutos e 33 segundos. Já Helder Rodrigues teve uma queda sem importância, acabando a etapa no nono posto, subindo para o sexto lugar da geral. 

Amanhã, o Dakar sai de Belén, rumo a La Rioja, num total de 561 quilómetros, dos quais 278 serão feitos em especial. 


Geral: Carros

1º - Sainz/Cruz (ESP) - [Peugeot] - 28:39,24 minutos
2º - Peterhansel/Cottret (FRA) - [Peugeot] a 7.03
3º - Al-Attiyah (QAT)/Baumel (FRA) - [Mini] a 14.38
4º - Hirvonen (FIN)/Perin (FRA) - [Mini] a 34.50
5º - De Villiers(SAF)/Von Zittevitz (GER) - [Toyota] a 53.18

Geral: Motos

1º - Price (AUS) [KTM] 29:53,15 minutos
2º - Svitko (SVK) [KTM] a 24:47
3º - Quintanilla (CHL) [Husqvarna] a 32.14
4º - Benavides (ARG] (Honda] a 33.05
5º - Meo (FRA) [KTM] a 40.37
6º - Rodrigues (POR) [Yamaha] a 46.51

Stephane Peterhansel reabasteceu em zona proibida?

E parece que há polémica no Dakar! A organização está neste momento a investigar uma polémica referente a Stephane Peterhansel, por reabastecimento fora das áreas permitidas. A polémica foi denunciada pela sua rival, a X-Raid, e caso isto seja real, a penalização poderá ser bem forte, a favor de - claro - os Mini.

"Este ponto de reabastecimento existe no 'road book'. Eu honestamente não entendo por que esta situação está a acontecer", disse Bruno Famin, o diretor da Peugeot Sport neste Dakar.

"Competimos com o melhor espírito esportivo", continuou.

Do lado da X-Raid, Sven Quandt afirma que as regras são claras e que Peterhansel violou-as quando fez o tal reabastecimento em zona dita proibida.

"A regra é muito clara e fácil de entender", começou por dizer Quandt. "Na reunião, foi dito que não haveria reabastecimento. Esse ponto é claro a cem por cento. A etapa incluía secções de ligação e uma especial que começava esta manhã e termina no final do dia", continuou. 

"O ponto de reabastecimento no road book era para motos e quads, e não automóveis", concluiu.

Veremos no que isto vai dar, e somente mais logo é que teremos uma resposta, mas o Dakar, que viveu um dia agitado, com o capotamento de Sebastien Loeb, poderá ver mais polémicas que podem alterar a classificação.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Loeb: "Perdemos as nossas chances de vitória"

A etapa desta segunda-feira, nas areias argentinas entre Salta e Belén, foi dura para Sebastien Loeb, e provavelmente perdeu a chance de vitória graças aos vários problemas que sofreu. Primeiro, atascou nas areias, perdendo cerca de oito minutos para a concorrência, e depois sofreu um capotamento a alta velocidade, que danificou o seu carro, ao ponto de perder mais do que uma hora, e provavelmente as chances de vitória e um pódio na sua estreia no Dakar.

"Estou obviamente decepcionado após este estágio, pois perdemos nossas esperanças de vitória" começou por afirmar na sua página de Facebook. "Tínhamos rolado a um ritmo correto no início, mas depois nós perdemos alguns minutos por termos atolado na areia, mas um pouco antes da chegada, capotamos num leito seco de um rio, eu fiz vista grossa do obstáculo à frente e caí em uma vala ... Nós geralmente tentarmos seguir algumas faixas, mas às vezes estas vão para todas as direções. E eu não estava no caminho certo" continuou.

"O carro ficou muito danificado, tivemos de verificar se havia damos mecânicos, mudamos duas rodas e um "cardan"... isso custou-nos muito tempo. Já não tínhamos certeza se iriamos chegar ao fim ainda esta noite..." declarou o piloto alsaciano.

"Sabíamos que teríamos de aprender na nossa primeira participação e aprendemos. [Isto acontecer] tão perto do final da etapa, é frustrante, mas é assim. Nós ainda temos coisas para fazer, como ganhar experiência. Vamos começar a fazer isso a partir de amanhã" concluiu.

Amanhã, o Dakar vai completar uma etapa-maratona que começa e acaba em Belén, num total de 436 quilómetros, 285 dos quais cronometrados.

A imagem do dia (II)

O Mini que David Bowie criou em 1999, nos 40 anos da marca, na exposição que celebra a sua vida e obra, que por estes dias está em Berlim. 

Pelo que conta Henrique Koifman, no blog Rebimboca, do jornal brasileiro O Globo, Bowie adorava guiar e eram frequentes, nos anos 70 e 80 os seus passeios sem destino ao volante de um Carocha, quer em Berlim, quer em Los Angeles.

Para além disso, há o rumor de que ele trabalhou numa das fábricas de automóveis inglesas, a BMC (British Motor Company), e teve um Riley que nos primeiros tempos, sofreu um acidente, ferindo-se gravemente numa das suas pernas, pois tinha esquecido de puxar o travão de mão quando este se tinha avariado e ele teve de o empurrar até ao seu destino. Bowie foi salvo por dois policias de trânsito, que estavam a observar a cena, não sem terem mandado umas risadas pelo caminho...  

O multifacetado Bowie, num dos artistas mais importantes da segunda metade do século XX, morreu esta segunda-feira aos 69 anos de idade, vitima de um cancro no figado. Todos o homenageiam da melhor forma que sabem (o facebook está a ter uma overdose de musicas dele), mas por estas bandas, creio, esta é a homenagem mais adequada. Ars lunga, vita brevis.

A imagem do dia

Lembrando um dos ícones do automobilismo americano do século XX chamado Carrol Shelby, que se fosse vivo, faria hoje 93 anos.

Dakar 2016: nova liderança nos carros e nas motos

Depois do dia de descanso, o Dakar voltou à estrada para a segunda parte do rally-raid, em terras argentinas, num percurso entre Salta e Belén, num total de 766 quilómetros, dos quais 393 são cronometrados. Com o dia dedicado às reparações de carros, motos, quads e camiões, os pilotos encaram agora a segunda parte deste rali no sentido de saber se será mais húmido que a primeira parte, e o tempo incomodará mais uma vez o percurso deste rali, que agora vai a caminho do seu final, em Rosário.

Nas motos, o lider Paulo Gonçalves começou o dia ao ataque, ganhando mais de meio minuto a Toby Price, mas na parte final, o australiano melhorou bastante com o seu KTM e conseguiu vencer a etapa com um avanço de cinco minutos e 17 segundos sobre o português (que sofreu uma queda pelo caminho), que foi o segundo na especial, sendo agora o novo líder da geral, com uma vantagem superior a dois minutos. O chileno Pablo Quintanilla foi o terceiro na etapa, e concolidou o quarto posto da geral, pois o terceiro é ocupado pelo eslovaco Stefan Svitko, que está a 14 minutos e 14 segundos do primeiro. Já Hélder Rodrigues foi o sexto na etapa, e continua no sétimo posto da geral, mas agora aproximou-se do sexto posto, que é ocupado pelo francês Anthony Meo.

Foi um dia relativamente normal" começou por dizer Gonçalves. "Ganhei tempo para quem saiu à minha frente e perdi em relação a quem partiu atrás de mim. Amanhã espero recuperar parte do tempo que perdi hoje”, continuou.

Foi uma etapa bastante difícil com muita navegação. Sabia que ao sair da terceira posição os que pilotos que iam partir atrás de mim iam ganhar tempo. Acabei por ter uma queda bastante violenta a meio da especial numa zona fora de estrada bastante ondulada e rápida. Tive alguma sorte em não me ter magoado. Na moto apenas tive um problema na torre, que acabou por partir. Na parte final vim bastante devagar a segurar na torre com a mão para chegar sem problemas de maior”, continuou.

Em relação aos automóveis, a Mini tentou reagir ao dominio dos Peugeot, com Nasser Al Attiyah a marcar o ritmo face aos Peugeot. Durante o tempo todo, o piloto do Qatar esteve na frente, com o segundo lugar a pertencer a Carlos Sainz, a 12 segundos, e com o terceiro posto a Stephane Peterhansel, a meros 31 segundos. Sebastien Loeb atascou-se numa duna, perdendo mais de oito minutos nesse processo. Contudo, o piloto francês capotou a atrasou-se ainda mais, perdendo mais de uma hora e dez minutos e pelo menos a liderança para Stephane Peterhansel.

Até ao momento, Peterhansel tem uma vantagem de dois minutos e nove segundos sobre Carlos Sainz, e com Nasser Al Atiyah a ficar a catorze segundos e 43 do líder.

Amanhã, o Dakar partirá para uma especial-maratona à volta da cidade de Belén, num total de 436 quilómetros, dos quais 285 serão em especial cronometrada.

O piloto do dia - Lars Erik Torph

Hoje em dia, existe na televisão um programa de seu nome “Mil Maneiras de morrer”, onde se mostram todo o tipo de mortes estranhas, de maneiras totalmente bizarras. Caso algum dia se interessarem em mortes desportivas, certamente este seria um forte candidato, pois ele esteve no local errado à hora errada, quando assistia a um rali e foi atropelado por outro concorrente. Apesar de uma carreira pequena e interessante, com quatro pódios, é mais lembrado pelo seu bizarro fim, em Monte Carlo, como espectador. No dia em que se completariam 55 anos sobre o seu nascimento, hoje falo de Lars-Erik Torph.

Nascido a 11 de janeiro de 1961 em Säffle, na Suécia, Torph começou cedo a participar em ralis, fazendo a sua estreia em 1980, aos 19 anos, com um Volvo 142, no rali local, fazendo o mesmo mais tarde no Rali dos Mil Lagos. Em ambos os eventos, ele não chegou ao fim. Nos anos seguintes, usou alguns carros como o Opel Ascona, onde conseguiu os seus primeiros pontos, acabando no quinto lugar no Rali da Suécia. No ano seguinte, num Volkswagen Golf GTI de Grupo A, acabou o rali dos Mil Lagos na nona posição.

Essas performances foram mais do que suficientes para que em 1986 passasse a ser piloto oficial da Toyota, que usava o modelo Celica TCT de Grupo A, participando no Rali Safari e da Costa do Marfim, acabando ambos no segundo posto, perdendo apenas para Bjorn Waldegaard. Ainda participou no Rally Olympus, nos Estados Unidos, acabando no quarto posto. Contudo, esta participação apenas em três ralis foi mais do que suficiente para ser quinto classificado no campeonato desse ano.

Em 1987, Torph correu em três provas pela Toyota, num modelo Supra, mais o rali local a bordo de um Audi 80 Quattro. Na Suécia, acabou na 11ª posição, fora dos pontos, enquanto que no Safari, ficou na terceira posição, atrás de Walter Rohrl e Hannu Mikkola, apesar de ter estado doente ao longo do rali, com uma febre persistente. Na Costa do Marfim, estava a caminho de um bom resultado, quando um avião que levava três elementos da TTE, entre os quais o seu diretor, Henry Liddon, caiu, matando-os. Ove Andersson, que era o diretor técnico da marca, decidiu retirar os carros do rali, em sinal de luto.

Para a temporada de 1988, Torph Tinha se inscrito para o Rali da Suécia com um Audi Coupé Quattro, ao lado da sua navegadora Tina Thorner. O seu desempenho levou a chegassem no terceiro posto, conseguindo o seu quarto pódio da sua carreira. Mais parte, participou no Rali Safari ao volante de um Volkswagen Golf GTi, mas acabou por desistir, vitima de um problema de motor.

A temporada de 1989 começou na Suécia, nos primeiros dias do ano, onde Torph iria guiar um Audi Coupé Quattro pela Team VAG Sweden, mas o seu rali acabou mais cedo devido a problemas de ignição. No final desse mês era o rali de Monte Carlo, numa das poucas vezes em que não abriu o Mundial de ralis. Torph e o seu navegador, Bertil-Ruhne Rehnfeldt, estavam a assistir o seu compatriota Frederik Skoghag, sendo seus batedores para um rali que tinha superfícies de gelo.

A 23 de janeiro de 1989, o Rali de Monte Carlo já se encontrava na sua quinta especial quando ambos assistiam a passagem do rali numa curva, que vinha após um pequeno salto. O dia estava claro, mas havia alguma neve e gelo no asfalto, o que fazia com que os pilotos fizessem aquele local com alguma prudência. Contudo, quando passou o Lancia Delta de Alessandro Fiorio (filho de Cesare Fiorio, então o diretor desportivo da Lancia) que perdeu o controlo do seu Delta 4WD após o tal salto, seguindo em frente e caindo na valeta, precisamente no local onde estavam Torph e Rehnfeldt. Ambos tiveram morte imediata, e Torph tinha comemorado o seu 28º aniversário precisamente doze dias antes. 

domingo, 10 de janeiro de 2016

A imagem do dia (II)

Lembrando de Jean-Pierre Beltoise por hoje, o calendário calha de modo coincidente num 10 de janeiro, onde há precisamente 45 anos, em Buenos Aires, o piloto francês foi noticia pelas piores razões, quando o seu Matra chocou contra o Ferrari 512 de Ignazio Giunti, acabando com a morte do piloto italiano de 30 anos.

Empurrar um carro sem gasolina de um lado para o outro da pista não parece ser a melhor das táticas, mas como Beltoise estava à entrada das boxes, achou por bem tentar. Mas esse era um tempo onde a segurança não era a coisa mais fantástica do mundo, e as mortes no automobilismo eram frequentes. Contudo, todos sentiram que aquilo era evitável e a ideia de um homicídio negligente pairou nas cabeças de muitos. E ele sofreu por causa disso, quer na sua vida, quer na sua carreira.

E a imprensa, tal como foi na altura e tal como é hoje, gosta de sangue. No final desse ano, o seu cunhado, Francois Cevért, lembrou-se disso quando viu os poucos jornalistas que tinha à sua espera quando vinha com o troféu de vencedor do Grande Prémio dos Estados Unidos, a prova mais rica do ano (50 mil dólares para o vencedor, uma quantia bem gorda naqueles tempos...) "Esses jornalistas!" - começa por dizer à sua irmã Jacqueline - "quando Jean-Pierre voltou da Argentina depois do 'caso Giunti', estavam 300 jornalistas à espera dele no aeroporto. Eu venço uma corrida e não estão mais do que três ou quatro à minha espera. Decididamente, a imprensa adora os escândalos!", conclui.

A vida, quando quer ser injusta, mostra-se em todo o seu esplendor.

E demorou para que ele pudesse deixar para trás o que aconteceu nesse dia. Só em 1973, quando andava na BRM, é que pode ir a terras argentinas, e em 1974, no último ano da Formula 1, conseguiu pontuar, com um quinto posto.

A imagem do dia

Esta é a campa de Jean-Pierre Beltoise, morto há um ano. Aparentemente, este domingo houve a missa em sua homenagem, e a sua campa é - tenho as minhas suspeitas - no mesmo cemitério onde o seu cunhado, Francois Cevért, está enterrado.