sexta-feira, 9 de agosto de 2024

A imagem do dia


Se fosse vivo, Patrick Depailler faria 80 anos nesta sexta-feira. 44 anos depois da sua morte, quando testava no circuito de Hockenheim, na Alemanha, o piloto francês é conhecido pela sua capacidade de correr em tudo que é carro, entre Formula 1, Formula 2 e Endurance, em ambos os lados do Atlântico, bem como a sua capacidade de testar e desenvolver carros, especialmente no seu tempo que correu pela Tyrrell, Ligier e Alfa Romeo.

Contudo, hoje falo de algo pouco conhecido. No final de 1978, quando o seu contrato com a Tyrrell acabou e ia para a Ligier, estava um pouco liberto das clausulas que a equipa colocou por causa do seu acidente de motocross, cinco anos antes, que o impediu de correr as corridas americanas pela equipa. E assim, decidiu aceitar o convite de correr na Can-Am para correr na pista de Riverside, na California, a bordo de um Spyder-Chewrolet, inscrito pela equipa de... Paul Newman

Sim, esse mesmo. O ator de Hollywood. Que era um grande fã de automobilismo, e dava os primeiros passos como proprietário de equipa. 

A corrida foi a 15 de outubro, uma semana depois do encerramento da temporada, no Canadá, e a última corrida pela Tyrrell. A grelha tinha alguns pilotos de Formula 1 - Alan Jones, Jean-Pierre Jarier, Wern Schuppan, entre outros - e o carro que ele guiawa não era mais que um deriwado de um Formula 5000. Dias antes, tinha estado a correr na IROC, com pilotos como John Watson, Niki Lauda e Alan Jones. A corrida do IROC tinha 75 milhas de distância, e todos competiam no mesmo modelo: Chevrolet Camaro. Depailler arrancou do terceiro lugar da grelha, para acabar no final na sexta posição.

Regressando à Can-Am, explica-se a competição: criado em 1966, o Canadian-American Challenge tinha o regulamento mais selvagem do automobilismo. Não tinha quase regra alguma, a não ser o motor, que ou seria Ford, ou Chevrolet, todos de sete litros. Os prémios eram chorudos, e a certa altura, o dominador era a McLaren, que com o meio milhão de dólares de prémios por ganhar o campeonato, conseguiu sustentar as suas equipas na Formula 1 e na Indy. Contudo, em 1973, o choque petrolifero obrigou à suspensão do campeonato depois de 1974, onde a Shadow tinha ganho tudo numa temporada bastante reduzida.

Quando regressou, em 1976, decidiu-se adaptar os carros de Formula 5000, colocando chassis novos por cima, cobrindo as rodas e colocando grandes entradas de ar e "ailerons", criando um duelo entre muitos dos pilotos que acabariam na Formula 1 e na CART, especialmente na década seguinte. Pilotos como Jacky Ickx, Patrick Tambay e Keke Rosberg estiveram por ali a mostrar-se aos americanos. 

Na qualificação, Alan Jones, que tinha dominado a temporada, conseguira a pole-position, mais de 1,3 segundos na frente do seu compatriota Warwick Brown, e do canadiano John Morton. Depailler foi sexto, na frente até do seu companheiro de equipa, o canadiano Elliot Forbes-Robinson. 

Numa corrida de 50 voltas, a de Depailler não durou muito: na 13ª volta, problemas nas válvulas do motor Chevrolet causaram um fim prematuro. 

Youtube Motorsport Vídeo: Os circuitos mais perigosos do mundo

O automobilismo tem 130 anos, e ao longo do tempo, foram construídos circuitos que desafiaram a capacidade dos pilotos colocando-se em risco e aos outros. Pistas como Macau, Nurburgring Nordschleife, Sachenring, Pescara, Man TT e outros, muitos outros. Alguns foram muito modificados, outros não existem mais, mas essas pistas, se formos ver bem as imagens... ainda arrepiam. E nunca pisaste lá os pés. 

E essa listinha é providenciada pelo Josh Revell.  

Noticias: Departamento de Estado americano abriu investigação à Liberty Media


O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou esta quinta-feira que iniciou uma investigação ‘antitrust’ contra os detentores dos direitos comerciais da Fórmula 1, a Liberty Media, após terem recusado a proposta da Andretti Global para se juntar ao mundial como a 11.ª equipa da grelha. O diretor-executivo da Liberty Media, Greg Maffei, confirmou durante uma teleconferência com investidores que a Fórmula 1 está oficialmente a ser investigada sobre matéria da concorrência pelo Departamento de Justiça, acrescentando que irão cooperar com as autoridades, ao mesmo tempo que se mostrou confiante que nenhuma lei foi violada.

A decisão da Formula 1 foi consistente com a lei ‘antitrust’ aplicável nos EUA, e detalhámos os fundamentos da nossa decisão à Andretti em declarações anteriores”, começou por explicar Maffei, nessa reunião com os acionistas. “Não estamos certamente contra a ideia que a expansão seria errada”, acrescentando que “existe uma metodologia de avaliação que requer a aprovação da FIA e da Formula 1, e ambos os grupos devem considerar os critérios a serem cumpridos”.

Tudo isto acontece depois de, no inicio do ano, a Andretti foi ao Congresso americano, onde falaram com cerca de duas dezenas de congressistas e senadores, de ambos os partidos, e no final, um deles, o congressista Jim Jordan, escreveu para a Liberty Media no sentido de pedir explicações na decisão de bloquear a entrada da Andretti da Formula 1.

A Andretti pretendia entrar na Formula 1 como a 11ª equipa, de preferência em 2025, para poder estar pronto para os novos regulamentos da competição, que acontecerão a partir de 2026. Faria isso em aliança com a Cadillac, e começou a construir instalações nos Estados Unidos e no Reino Unido para se preparar nesse sentido.   

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

O interesse ruandês


Não há Formula 1 em África há mais de 30 anos. Mais concretamente, desde o GP da África do Sul de 1993, que aconteceu em Kyalami. A falência dos organizadores, mais a incerteza politica de então, com a transição para um regime multi-racial, depois das eleições de abril de 1994, onde a maioria negra tomou o poder, fez com que a Formula 1 não mais regressasse a África até aos dias de hoje.

Contudo, isso poderá terminar em breve. Stefano Domenicalli falou hoje à Autosport britânica que falará com responsáveis do governo do Ruanda para receber a Formula 1 num futuro próximo. “Eles são sérios, apresentaram um bom plano e, na verdade, teremos uma reunião com eles no final de setembro. Será numa pista permanente.”, afirmou.

Não é uma novidade: em maio, representantes do Rwanda Development Board foram ao paddock do Mónaco para falarem com representantes da Liberty Media. E o interesse não é novo: a cerimónia de entrega dos prémios, em dezembro, acontecerá em Kigali, bem como a reunião da Assembléia Geral da FIA. 

A acontecer, cumpririam o seu desígnio de levar a Formula 1 a todos os continentes. 

Queremos ir para África, mas precisamos de ter o investimento certo e o plano estratégico certo”, disse Domenicali. “Precisamos de ter o momento certo, e precisamos de garantir que também naquele país, naquela região, naquele continente, há o acolhimento certo, porque, claro, têm outras prioridades. Precisamos de ter sempre muito cuidado ao fazer as escolhas certas.”, continuou.


Em relação aos países à volta, o Ruanda é muito pequeno - 26.338 quilómetros quadrados - e com imensa população - 13,6 milhões de habitantes. Contudo, cercado por Uganda, Republica Democrática do Congo, Tanzânia e Burundi, não tem acesso ao mar, mas nos últimos anos, o governo tem o desígnio nacional de fazer de Kigali, a sua capital, a "Singapura de África". Não só nos prédios e na facilidade de negócios, mas também no desenvolvimento de infraestruturas de transporte, como uma rede ferroviária para ligar aos outros países da região, e um novo aeroporto, nos arredores da capital. 

Resta saber onde será essa pista e quem ajudará num investimento de quase cem milhões de euros para a colocar de pé e ter o Grau 1 da FIA. Provavelmente, o seu desenhador será óbvio, pois irão recorrer aos serviços do Hermann Tilke.  

Domenicali também falou na chance de fazer o melhor calendário possível, com os vários pretendentes para fazer aquilo que afirma ser "o melhor calendário possível".

“Temos tantos lugares em todo o mundo que desejam receber a Formula 1 que isso nos permite ter a certeza de que estamos a trabalhar em conjunto com todos eles para aumentar a experiência. Com 24 corridas, vejo que há um número que se manterá estável e podemos realmente ajustar aquelas que estamos a discutir para ver qual será o futuro a médio prazo. Não vejo grandes mudanças a curto prazo, mas nos próximos meses precisamos de discutir o que será [as temporadas de] 26, 27 e 28. Temos opções diferentes, mas estamos numa boa posição.”, concluiu.

Resta esperar o que poderá acontecer no futuro, e se será este pequeno país a acolher o regresso da Formula 1 ao continente africano, para fazer companhia a Marrocos e África do Sul. 

Youtube Automotive Video: Citroen SM

Este carro veio do futuro, e meio século depois do final da sua produção, ainda é um automóvel que faz virar cabeças. Cinquenta anos depois do final da sua produção, o Citroen SM ainda é um carro esplendoroso, sem tempo, com um motor poderoso e muito bem desenhado (é uma das criações de Robert Opron), à semelhança de outro modelo, o DS. 

Aqui, neste vídeo feito pelo Jornal dos Clássicos, pode-se ver como é este modelo com um comportamento em estrada fora do vulgar, feito para deslumbrar, e se tornou intemporal. 

Noticias: Brown desmente Newey na McLaren


Apesar dos rumores sobre Adrian Newey, há quem achou por bem aparecer em público para confirmar que... não vai por ali. Zak Brown, diretor executivo da McLaren, disse nesta quinta-feira que Newey não estará na equipa de Woking em 2025, um lugar onde trabalhou entre 1997 e 2004, ganhando os campeonatos de 1998 a 2000, especialmente o mundial de pilotos de 1998 e 1999, com Mika Hakkinen ao volante. 

Em declarações à BBC britânica, Brown reconheceu o talento de Newey, mas afirma que deseja ganhar campeonatos sem os seus préstimos. 

Não vamos contratar o Adrian Newey. Estou muito contente com a equipa. O Adrian é um grande amigo, tem um enorme talento e um currículo inigualável. Mas com o que temos aqui, não podia estar mais satisfeito. Podemos fazer o trabalho. Estou contente com a equipa que temos e vamos tentar ganhar o campeonato do mundo com a equipa que está aqui hoje.”, afirmou.

Sobre o campeonato, Brown afirma que será bem mais equilibrado que se pensava, comparando a um combate de boxe. 

Vai ser uma luta de boxe. Penso que vai ser uma luta entre as quatro equipas [Red Bull, McLaren, Mercedes e Ferrari]. Vamos ver batalhas épicas. Oito pilotos que podem aparecer em quase qualquer pista e ganhar, e vai ser emocionante.”, concluiu.

Desde há dias que a Autosprint italiana fala de Newey a caminhar para a Aston Martin, alegadamente por mais de 150 milhões de euros. O anuncio poderá acontecer em setembro. 

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

WRC: Latvala gostou do desempenho de Pajari


O desempenho de Sami Pajari no Rali da Finlândia agradou a Jari-Matti Latvala, o diretor desportivo da Toyota no WRC. Ele afirma que com isso, poderá ter ganho a chance de entrar na equipa oficial num futuro próximo. 

No rali finlandês, Pajari não teve um rali fácil, sobretudo quando danificou o carro na segunda especial por causa das condições difíceis da altura - muita chuva. Depois, efetuou uma recuperação a um ritmo consistente, que o colocou no quarto lugar final, o seu melhor de sempre numa prova do WRC.   

Fizeram um ótimo trabalho, penso eu. Foi um arranque difícil na primeira etapa e não parecia muito promissor. Mas a forma como ele se conseguiu recompor tornou-o muito forte”, disse Latvala ao Motorsport.com. “Ele é muito forte a nível mental, o que foi muito bom de ver. Penso que ele mostrou realmente o seu potencial para ser um piloto de Rally1 a tempo inteiro. De momento, ele está concentrado no WRC2 porque queremos que ele tente lutar pelo campeonato. Ele ainda tem uma hipótese e queremos que ele se concentre nisso. Mas, claro, estamos a falar sobre o que faremos com ele no próximo ano.


Pajari, de 22 anos - nasceu a 1 de dezembro de 2001 - foi campeão junior do WRC em 2021 e competiu em 2023 pela Toksport num Skoda Fabia Rally2, conseguindo 12 pontos, com um sétimo lugar como melhor resultado na Finlândia. Nesta temporada, trocou para um Toyota GR Yaris Rally2 e conseguiu um sexto posto no rali da Suécia, antes de trocar por um Rally1 e conseguir um quarto lugar na Finlândia.

Quanto à Toyota, ainda não confirmou o alinhamento para 2025, apesar de terem Kalle Rovanpera garantido para a próxima temporada, num contrato multi-anual. 

terça-feira, 6 de agosto de 2024

Youtube Motorsport Vídeo: Como um filme de NASCAR "matou" os anos 80

Isto é interessante. Ontem falei sobre "Grand Prix" e como ele definiu a modernidade nas cenas de ação no cinema, ou seja, é mais definidor que "Bullit", por exemplo. E quando via este vídeo, quase de lado aparecia este outro vídeo que tinha carros como premissa. Ao vê-lo, mostrou toda uma década - e se quiserem, como uma geração cresceu a ver este tipo de filmes - aquilo que muitos poderão afirmar como "blockbusters".

"Days of Thunder" é o culminar de uma década onde apareceram filmes de ação com sucessos no "box office", como "Top Gun", e claro, apareceram aqui três nomes (quatro, se formos wer bem): Um ator, Tom Cruise, um realizador, Tony Scott, e dois produtores, Don Simpson e Jerry Bruckheimer

Na realidade, o filme sobre a NASCAR, estreado em 1990, foi para a história como o culminar de todos os excessos que a década de 80 demonstrou. Por exemplo, um dos produtores tinha dois assistentes que tinham uma missão: arranjar cocaína para ele! 

A história é bizarramente fantástica para não ser vista. Um pouco longa, mas vale a pena. 

Rumor do Dia: Newey pode ter escolhido a Aston Martin


A Autosprint italiana afirma que Adrian Newey assinou pela Aston Martin num acordo com a duração de quatro anos. O acordo poderá ter custado cerca de cem milhões de dólares, e o projetista terá poderes absolutos dentro do seu departamento. Isto será revelado no próximo mês, fala a publicação. 

Segundo a mesma fonte, Newey decidiu-se pela Aston Martin depois de ter visitado as instalações da marca durante o mês de Junho e ficou satisfeito com o plano ambicioso e bilionário de Lawrence Stroll, que inclui o estabelecimento de uma parceria exclusiva com a Honda a partir da temporada de 2026.

Caso seja real, isso significa que Newey rechaçou a oferta da Ferrari, impedindo assim a chance de trabalhar com Lewis Hamilton, que estará na Scuderia a partir da temporada de 2025. 

O projetista de 65 anos saiu da Red Bull este ano depois de quase duas décadas na frente dos destinos da equipa dos energéticos, onde ganhou seis títulos de pilotos e sete de Construtores. Para além da marca de Milton Keynes, Newey trabalhou na March, Williams e McLaren, ganhando títulos nas duas últimas marcas, entre 1992 e 1999, em carros pilotados por Nigel Mansell, Alain Prost, Damon Hill, Jaques Villeneuve e Mika Hakkinen

Aliás, nos últimos dias tinha-se vindo a falar que um regresso à Williams poderia estar em cima da mesa.  

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Youtube Motorsport Vídeo: Como "Grand Prix" moldou o cinema moderno

Recentemente, começamos a ver que Hollywood começa a dar atenção ao automobilismo. Não que tenha feito isso ao longo da sua história, mas com o aparecimento de filmes como "Ford x Ferrari", "Ferrari", "Gran Turismo", e agora sabemos da chegada de "F1". Contudo, não se fala muito de um filme que, sejamos sinceros, em termos de técnicas, ângulos e posições de câmara, marcou a modernidade. É um filme feito há quase 60 anos e ganhou prémios da Academia de Hollywood. 

Falo, evidentemente, de "Grand Prix", realizado por John Frankenheimer

O mais interessante neste vídeo é que o seu autor fala que a fasquia colocada por "Grand Prix" foi tão alta que está convencida que é um filme subestimado, pois deu a modernidade aos filmes de ação, mais concretamente nas cenas de perseguição automóvel. Ou seja, não foi "Bullit", que apareceu dois anos depois, mas sim, Grand Prix. E vai ao ponto de afirmar que o único filme que se aproximou desse espírito só apareceu 32 anos depois, com "Ronin", dirigido por... Frankenheimer. 

Isto é longo - cerca de 45 minutos - mas está muito bem explicado. E para quem é fascinado por cinema, como eu, acho que vale a pena ver isto e olhar para certos filmes com outros olhos. 

domingo, 4 de agosto de 2024

A imagem do dia



Há 50 anos, a Formula 1 estava no Inferno Verde, na sua passagem anual pelo Nurburgring Norschleife. Se na corrida, Clay Regazzoni foi o melhor no seu Ferrari, batendo o Tyrrell de Jody Scheckter e o Brabham de Carlos Reutemann, outro destaque era um acidente, onde a frente do carro de desfazia e o seu piloto sofria ferimentos nas pernas. O que não se sabia ainda era que o azarado do dia tinha acabado de fazer a sua última corrida na Formula 1. 

Mike Hailwood era uma lenda do motociclismo (quatro títulos na classe 500cc, mais duas nas 350cc e três nas 250cc) quando em 1967, decidiu trocar as duas pelas quatro rodas. Queria as quatro porque já tinha tido uma experiência em 1963-65, na Formula 1, pela Reg Parnell Racing, sem grandes resultados a não ser um sexto lugar no Mónaco. Quando regressou, em 1968, correu primeiro na Endurance e GT's, mas em 1971, um outro ex-motociclista, John Surtees, o convidou para correr na sua equipa de Formula 1. Entrou no GP de Itália, e andou a lutar pela vitória até ao último metro, perdendo uma chance de pódio por pouco mais de um carro. 

A temporada seguinte, em 1972, foi bem melhor. Uma volta mais rápida em Kyalami, para dois quatro lugares em Nivelles e no Osterreichring antes de em Monza conseguir um segundo lugar, perdendo apenas para Emerson Fittipaldi, que ganhou ali o seu primeiro campeonato do mundo. No final, conseguiu 13 pontos e o oitavo lugar na geral.

Mas se as coisas correram bem nessa temporada, a próxima foi o Inferno. O TS14A foi um carro pior, e não conseguiu qualquer ponto. Para piorar as coisas, foi batido pelo seu companheiro de equipa, José Carlos Pace. Mas pelo meio, em Kyalami, envolveu-se num acidente e não hesitou em sair do carro e ir ter com outro acidentado, o BRM de Clay Regazzoni, para retirá-lo do carro em chamas. Por causa desse gesto, Hailwood foi condecorado a George Medal, a segunda mais alta condecoração por bravura no Reino Unido.

No final desse ano, ele foi para a McLaren. A ideia era a seguinte: a equipa tinha recebido o gigantesco patrocínio da Marlboro, e que vinha da BRM, mas eles tinham a Yardley, a firma de cosméticos britânica, e o contrato ainda não tinha acabado. Tentando evitar que fossem processados por eles, decidiram que iriam inscrever um M23. E Hailwood foi o escolhido, correndo ao lado de Emerson Fittipaldi e Dennis Hulme.

"Mike, the Bike" teve um grande inicio, com três lugares nos pontos nas três primeiras corridas, culminando com um terceiro lugar em Kyalami, depois de ter partido do 12º posto na qualificação. Um quarto posto na corrida dos Países Baixos a colocou, a certa altura no quinto lugar do campeonato, ficando apenas atrás de Fittipaldi, Scheckter, Regazzoni e o outro Ferrari de Niki Lauda

Quando chegou a Nurburgring, Hailwood partia de 12º na grelha, numa corrida que tinha 32 inscritos, e do qual passavam apenas 25. O fim de semana tinha sido agitado, logo na qualificação, quando Howden Ganley tinha-se acidentado no seu carro e magoado nos tornozelos. Hailwood andou relativamente bem, mas a duas voltas do final, na curva Pflanzgarten, o carro aterrou mal e perdeu o controle, acabando nos guard-rails, destruindo a frente do seu M23 e a sua perna direita ficou seriamente lesionada. 

E ali, discretamente, acabava a carreira de Hailwood. Mas a sua vida foi bem rica, bem preenchida. 

Nascido Stanley Michael Bailey Hailwood a 2 de abril de 1940, em Great Milton, no Oxfordshire britânico, teve uma vida privilegiada, porque o seu pai era um próspero empresário que negociava com motas, entre outros negócios. E como competia nos tempos livres, passou o bicho da competição para o seu filho. Começou a competir aos 17 anos, em 1957, e a partir dali... não parou. Em 1967, era um dos motociclistas com maior palmarés do pelotão, e era piloto oficial da Honda, depois de ter passado pela Trimph, NSU e sobretudo, MV Agusta.

Regressou ao motociclismo uma década depois de a ter abandonado, aos 37 anos, disposto a correr na Man TT, e sobretudo, mostrar à nova geração que ainda era capaz de vencer, numa altura em que Barry Sheene era o piloto do momento nas mentes dos britânicos apreciadores das duas rodas. Não regressou ao Mundial de Velocidade, mas ganhar na ilha de Man ainda tinha prestigio. Em 1978, a bordo de uma Ducati de 900cc., triunfou na categoria F1, e no ano seguinte, numa Suzuki de 500cc, ganhou na categoria geral, pela 14ª vez na sua carreira. Tinha 39 anos, e ali, decidiu pendurar de vez o capacete. 

Infelizmente, não viveu muito mais tempo. Quase dois anos depois, a 21 de março de 1981, sofreu um acidente de estrada quando ia às compras com as suas duas crianças. A sua filha morreu de imediato, ele, dois dias depois, aos 40 anos de idade.    

WRC 2024 - Rali da Finlândia (Final)


Estava tudo para ser de Kalle Rovanpera, mas no final, foi Sebastien Ogier a ganhar o rali da Finlândia, na frente de Thierry Neuville e Adrien Formaux. O piloto finlandês bateu na penúltima especial, quando tinha tudo para triunfar em casa, algo que queria fazer muito. Com isso, a vitória caiu ao colo de Ogier, que ao vencer, tem um dilema: continua até ao final da temporada e tenta ganhar mais um título para a Toyota, que precisa de um bom piloto para alcançar ambos os títulos. Porque, oficialmente, compete em part-time.  

"É difícil sorrir agora, uma vitória na Finlândia é sempre boa, mas não é assim que gostamos. Sinto muito por Kalle e Jonne [Haltunen, navegador de Rovanpera], ritmo incrível durante todo o fim de semana. Muito azar com a pedra no fim de semana. É uma pena para eles. Tivemos azar na Sardenha e perdemos na última etapa, mas temos sorte aqui, isto é o desporto automóvel, tenho de ver se fazemos uma campanha completa, mas parece que já não tenho outra opção, mas veremos.", disse Ogier.

Mas o real vencedor deste rali foi Neuville, que mesmo sendo segundo classificado, e sendo o "último dos moicanos" da equipa, depois das saídas precoces de Ott Tanak e Esapekka Lappi, conseguiu manter a liderança do campeonato.

"Para ser honesto, foi uma verdadeira montanha-russa de emoções este fim de semana. Tivemos uma abordagem inteligente neste fim de semana, sabendo que seria difícil lutar com os Toyotas. Depois dos problemas das nossas equipas, sabíamos que tínhamos de trazer os pontos para casa. Não estou surpreendido, o Ogier é um desafiante, acho que poderia fazer os restantes eventos.", disse Neuville, no final do rali.


Com apenas quatro especiais para o final do rali, neste domingo - passagens duplas por Sahloinen-Moksi e Laajavuori, com a segunda passagem por essa especial a ser a Power Stage - o dia começou com Kallr Rowanpera a andar muito bem, triunfando com 0,4 segundos de vantagem sobre Elfyn Evans e um segundo sobre Esapekka Lappi. Sami Pajari saiu de estrada, mas não perdeu muito tempo. 

Rovanpera voltou a ganhar, na primeira passagem por Laajavuori, com 0,2 segundos sobre Ogier e 0,6 sobre Neuville. No final, o finlandês não estava muito satisfeito: "Esta etapa é muito boa para os fãs, caso contrário não é a melhor [para mim]. Tento aproveitar, pelo menos com um carro de rali não é tão ruim, mas a Power Stage será complicado."


Mas na segunda passagem por Sahloinen-Moksi, a catástrofe. Rovanpera bateu contra um poste, depois de atingir numa pedra ao quilómetro 13,63 e ficou com o carro danificado, obrigando à sua neutralização. Mas não foi o único porque Elfyn Evans também sofreu um acidente, batendo contra uma árvore e a terminar por ali o seu rali.  

No final da especial, Takamoto foi o melhor, 0,6 segundos mais rápido de Esapekka Lappi e Thierry Neuville, com Ogier a ser quarto, a 1,1. E no final do dia, na Power Stage, Takamoto acabou por ser novamente o melhor, Neuville em segundo, a 0,7 e Lappi terceiro, a 1,2. 

Depois dos primeiros, o quarto foi Sami Pajari, no seu Toyota GR Yaris Rally1, a 1.54,5, na frente do melhor dos Rally2, que foi Oliver Solberg, no seu Skoda Fabia Rally2, a 8.15,5. Jari-Matti Latvala, que está na Finlândia para descomprimir, acabou em sexto, a 8.54,5, no Toyota GR Yaris Raly2. Sétimo foi Lauro Joona, a 9.29,4, oitavo foi Mikko Heikkila, a 9.32,0, e a fechar o "top ten" ficou o Nikolay Gryazin, a 9.51,2 e o estónio Georg Linamaae, no seu Toyota GR Yaris Rally2, a 10.07,0.

Agora, o WRC regressa dentro de um mês, para as estradas gregas, entre os dias 5 e 8 de setembro, com o rali da Acrópole.