A história de Francois Cevért deve ser das que mais me toca, a par dos feitos de Bruce McLaren, morto quando estava no seu auge, aos 32 anos, ou a de Roger Williamson, que meses antes de Cevért, a 29 de julho daquele ano, morria perante os olhares de horror do mundo inteiro, e perante a impotência de um piloto que parou de lado para o tentar socorrer inutilmente, o seu compatriota David Purley. Muitos recordam de Ayrton Senna, Ronnie Peterson e Gilles Villeneuve, mas eu, que reconheço ir mais a fundo na história do automobilismo do que a maioria, encontro mais histórias tocantes do que a maioria.
Não era nascido quando aconteceu o seu acidente mortal, mas ao longo dos anos, sempre que tenho pesquisado sobre essa personagem, e a cada vez que acho algo de novo sobre ele, mais impressionado fico com o ser humano que era. A história da vidente é uma delas, por exemplo. Não era o melhor piloto do mundo, como é óbvio, mas estava sempre a querer melhorar o seu estilo de forma a que, quando fosse a altura, ser o melhor. Acho impressionante como Jackie Stewart o recorda sempre, 40 anos depois de o ter conhecido, e acho impressionante o enorme grau de carinho e respeito que ambos tinham um com o outro. Acho que isso vale um livro, mas parece que querem fazer um filme.
Todos os que leram os eventos de Watkins Glen, naquele já distante ano de 1973, sabiam da atmosfera de "fim de reinado". Jackie Stewart ia embora da Tyrrell e provavelmente da Formula 1, Emerson Fittipaldi estava de malas aviadas da Lotus para a McLaren e existiam novos valores que se levantavam: Jody Scheckter, José Carlos Pace, Ronnie Peterson, James Hunt, entre outros. Curiosamente, Scheckter e Pace foram dos primeiros a chegar ao local do acidente. O brasileiro chorou ao ver o resultado, Scheckter ficou tão abalado que decidiu que mal conseguisse o título mundial, abandonaria a competição. Quando o fez, em 1979, cumpriu a promessa.
E por coincidência, aquele 6 e outubro, poucas horas antes, no Médio Oriente, este se agitava para mais uma guerra entre árabes e isrealitas, a Guerra do Yom Kippur. E as consequências foram fortes, pois algum tempo depois, os países árabes decidiram retaliar, restringindo as exportações de gasolina, apanhando toda a gente desprevenida. Era o começo do primeiro choque petrolífero.
Como disse um pouco acima, aquele 6 de outubro era o dia de anos de José Carlos Pace, o "Môco". Ele era outra personagem com alguns paralelismos com Cevért: o potencial de campeão, o trabalho que teve em desenvolver carros, especialmente na Brabham, o final trágico que teve, três anos mais tarde, num acidente aéreo no interior de São Paulo. Sobre "Môco", o Cezar Fittipaldi recorda-o bem no post que escreveu hoje no seu blog.
Hoje em dia, a Formula 1 é uma ilha de segurança, com mortes "zero". Não há um piloto morto desde 1994 e queremos que assim continue, de preferência para sempre. Contudo, isso faz com que pilotos possam arriscar mais, ir mais velozmente, pois sabem que o risco de ficarem seriamente magoados é mínimo, quase zero. Mas as pessoas querem ainda baixar, obsessivamente, para um zero absoluto que como sabemos, não existe. Mas temos plenamente consciência de que se avançou imenso desde aqueles tempos onde como disse certo dia Emerson Fittipaldi, a hipótese de morrer em cinco anos de carreira era de cerca de um terço. O problema é que esse avanço foi à custa destes pilotos, como Clark, Rindt, Cevért, Williamson, Peterson, Depailler, Villeneuve, De Angelis e Senna, entre muitos outros, que pagaram o preço mais alto ao fazer aquilo que mais gostavam.
E pelos vistos, os seus amigos não o querem esquecer: quando se soube no inicio do ano que se iria fazer um filme sobre a relação desses dois pilotos, o escocês pediu para ser conselheiro do filme, e um primeiro esboço do argumento foi enviado a Jacqueline Cevért Beltoise, a sua irmã. Veremos no que vai dar.
Hoje em dia, a Formula 1 é uma ilha de segurança, com mortes "zero". Não há um piloto morto desde 1994 e queremos que assim continue, de preferência para sempre. Contudo, isso faz com que pilotos possam arriscar mais, ir mais velozmente, pois sabem que o risco de ficarem seriamente magoados é mínimo, quase zero. Mas as pessoas querem ainda baixar, obsessivamente, para um zero absoluto que como sabemos, não existe. Mas temos plenamente consciência de que se avançou imenso desde aqueles tempos onde como disse certo dia Emerson Fittipaldi, a hipótese de morrer em cinco anos de carreira era de cerca de um terço. O problema é que esse avanço foi à custa destes pilotos, como Clark, Rindt, Cevért, Williamson, Peterson, Depailler, Villeneuve, De Angelis e Senna, entre muitos outros, que pagaram o preço mais alto ao fazer aquilo que mais gostavam.
E pelos vistos, os seus amigos não o querem esquecer: quando se soube no inicio do ano que se iria fazer um filme sobre a relação desses dois pilotos, o escocês pediu para ser conselheiro do filme, e um primeiro esboço do argumento foi enviado a Jacqueline Cevért Beltoise, a sua irmã. Veremos no que vai dar.