A semana passada, dei por mim a ver a minha amiga Serena Navarrete na TV venezuelana, num programa que há por lá que faz o rescaldo da Formula 1. Neste caso em particular, tinha a ver com a primeira vitória do Pastor Maldonado e de um piloto do país de Simon Bolivar (se quiserem ver o programa, basta seguir este link), mas mais do que ver uma amiga tua na TV, dei comigo a pensar em algo que tenho visto nos últimos tempos: a força da Venezuela no automobilismo.
É que, parecendo que não, ela tem sido imensa. Digo isto porque caso percam um pouco de tempo a ver as listas de inscritos nas categorias de promoção, desde a Formula Renault ou a Formula 3, até à GP2, o degrau imediatamente anterior à Formula 1, não há nenhum que não tenha pelo menos um piloto venezuelano. E nos Estados Unidos é a mesma coisa: Ernesto Viso é a face mais visível de uma quantidade de pilotos que evoluem nas categorias mais abaixo, seja na Indy Lights ou na Star Mazda, as duas categorias mais abaixo da principal. E parece que os tempos de se identificar os pilotos venezuelanos com as curvas da Milka Duno estão bem próximos do fim. É que o entusiasmo, aliado com os petrodólares, estão a fazer com que depois da Argentina e do Brasil, a Venezuela seja a terceira potência sul-americana.
Pastor Maldonado e os seus 50 milhões vindos da PDVSA podem ter ajudado imenso a pagar os prejuízos que ele faz a cada 15 dias nos circuitos um pouco por todo o mundo, mas há mais a caminho. Um deles é o filho do primeiro piloto venezuelano a dar nas vistas, Johnny Cecotto. Johnny Cecotto Jr. pode ter nascido e crescido na Alemanha, mas ele está na GP2 com as cores da Venezuela, e nesta temporada venceu duas corridas ao serviço da A imprensa local fala hoje que Cecotto Jr. está a falar com duas equipas, no sentido de conseguir um lugar para a temporada de 2013. Cecotto Jr. pode ter agora acabado a sua quarta temporada na GP2, mas conseguiu este ano vencer as suas primeiras corridas na categoria.
Ainda é novo - tem 23 anos - mas a altura de dar o salto para a categoria máxima do automobilismo é agora. Vagas nas equipas mais pequenas são uma boa hipótese - menos a Marussia, mas isso é outra história... - e tem dinheiro e bons contactos para se mostrar na categoria máxima do automobilismo e provavelmente fazer melhor do que o seu pai, que foi o último representante de uma raça que foi bem sucedida nas duas e quatro rodas, como John Surtees e Mike Hailwood.
Mas a GP2 tem outra coisa mais: uma equipa venezuelana. A Lazarus é uma equipa italiana, fundada em 2009 e que entrou na GP2 em 2012, no lugar da Super Nova Racing. Contudo, arranjou um gordo patrocinio do Turismo da Venezuela, e um dos pilotos é o veterano - tem 31 anos - Giancarlo Serenelli. Não marcou qualquer ponto - a equipa só marcou um em toda a temporada - e Serenelli parece ser mais um "turista" com muito dinheiro do que alguém com talento. Mas ele também andou pela AutoGP, onde marcou 26 pontos, mas sem pódios.
Mas para além destes pilotos, mais estão a aparecer em categorias mais baixas. A Formula Abarth Itália teve nesta temporada três pilotos - Juan Branger, Samir Gomez Briceño e Francisco Javier Amado - e um deles, Briceño, irá correr em 2013 na GP3, ao serviço da Jenzer Motorsport. E também existiam três pilotos na espanhola Formula 3 Open Series: Roberto La Rocca, Trino Raul Rojas e uma mulher, Valeria Carballo. Nenhum destes seis pilotos teve uma participação relevante nessas duas competições, mas o facto de todos eles quererem subir a difícil escada de acesso à Formula 1, e aparentemente existirem os fundos para isso, significa que mais gente irão aparecer nos próximos tempos.
Mas no outro lado do Atlântico, há também venezuelanos a quererem seguir os passos de Ernesto Viso e de Milka Duno. Na Indy Lights, categoria imediatamente abaixo da IndyCar, existem Jorge Gonzalez e Bruno Palli, num campeonato onde curiosamente há mais colombianos a tentar a sua sorte do que até brasileiros! Dos dois, só Gonzalez fez toda a temporada, pois Palli apareceu na última corrida do ano, depois de ter feito toda a temporada na Star Mazda, o equivalente americano da Formula 3 ou GP3.
Aí, Palli teve a companhia de mais três pilotos e uma equipa, a Linares Racing. Diego Ferreira, Carlos Linares e Camilo Schmidt estiveram nessa categoria. Ao todo, os quatro pilotos conseguiram uma vitória no campeonato, através de Schmidt. E Ferreira é o piloto mais bem classificado, no oitavo lugar de um campeonato que falta uma corrida, em Road Atlanta, para que o calendário esteja completo.
Ainda temos o "gentleman driver" Enzo Potolicchio, a correr na LMP2 na World Encurance Championship, onde este ano, correndo no HPD da americana Starworks, venceu na sua classe nas 24 Horas de Le Mans, a primeira vez que um venezuelano consegue uma vitória na clássica da Endurance mundial.
Em suma, a Venezuela parece querer cravar uma forte estaca no automobilismo mundial. Está fortemente apoiada em termos financeiros, embora se verifique que a esmagadora maioria desses apoios são estatais. A PDVSA é pertencente ao estado, e o apoio governamental é evidente, através do organismo de Turismo venezuelano. Numa altura em que o pais está em campanha eleitoral para as eleições presidenciais, será que o resultado final poderá influenciar as carreiras futuras de todos estes pilotos, quer os mais consagrados, quer os que lutam por um lugar ao sol?
Uma pergunta ainda sem resposta, mas saberemos que nos próximos tempos, ouviremos muito do país de Simon Bolivar no automobilismo.
Ainda é novo - tem 23 anos - mas a altura de dar o salto para a categoria máxima do automobilismo é agora. Vagas nas equipas mais pequenas são uma boa hipótese - menos a Marussia, mas isso é outra história... - e tem dinheiro e bons contactos para se mostrar na categoria máxima do automobilismo e provavelmente fazer melhor do que o seu pai, que foi o último representante de uma raça que foi bem sucedida nas duas e quatro rodas, como John Surtees e Mike Hailwood.
Mas a GP2 tem outra coisa mais: uma equipa venezuelana. A Lazarus é uma equipa italiana, fundada em 2009 e que entrou na GP2 em 2012, no lugar da Super Nova Racing. Contudo, arranjou um gordo patrocinio do Turismo da Venezuela, e um dos pilotos é o veterano - tem 31 anos - Giancarlo Serenelli. Não marcou qualquer ponto - a equipa só marcou um em toda a temporada - e Serenelli parece ser mais um "turista" com muito dinheiro do que alguém com talento. Mas ele também andou pela AutoGP, onde marcou 26 pontos, mas sem pódios.
Mas para além destes pilotos, mais estão a aparecer em categorias mais baixas. A Formula Abarth Itália teve nesta temporada três pilotos - Juan Branger, Samir Gomez Briceño e Francisco Javier Amado - e um deles, Briceño, irá correr em 2013 na GP3, ao serviço da Jenzer Motorsport. E também existiam três pilotos na espanhola Formula 3 Open Series: Roberto La Rocca, Trino Raul Rojas e uma mulher, Valeria Carballo. Nenhum destes seis pilotos teve uma participação relevante nessas duas competições, mas o facto de todos eles quererem subir a difícil escada de acesso à Formula 1, e aparentemente existirem os fundos para isso, significa que mais gente irão aparecer nos próximos tempos.
Mas no outro lado do Atlântico, há também venezuelanos a quererem seguir os passos de Ernesto Viso e de Milka Duno. Na Indy Lights, categoria imediatamente abaixo da IndyCar, existem Jorge Gonzalez e Bruno Palli, num campeonato onde curiosamente há mais colombianos a tentar a sua sorte do que até brasileiros! Dos dois, só Gonzalez fez toda a temporada, pois Palli apareceu na última corrida do ano, depois de ter feito toda a temporada na Star Mazda, o equivalente americano da Formula 3 ou GP3.
Aí, Palli teve a companhia de mais três pilotos e uma equipa, a Linares Racing. Diego Ferreira, Carlos Linares e Camilo Schmidt estiveram nessa categoria. Ao todo, os quatro pilotos conseguiram uma vitória no campeonato, através de Schmidt. E Ferreira é o piloto mais bem classificado, no oitavo lugar de um campeonato que falta uma corrida, em Road Atlanta, para que o calendário esteja completo.
Ainda temos o "gentleman driver" Enzo Potolicchio, a correr na LMP2 na World Encurance Championship, onde este ano, correndo no HPD da americana Starworks, venceu na sua classe nas 24 Horas de Le Mans, a primeira vez que um venezuelano consegue uma vitória na clássica da Endurance mundial.
Em suma, a Venezuela parece querer cravar uma forte estaca no automobilismo mundial. Está fortemente apoiada em termos financeiros, embora se verifique que a esmagadora maioria desses apoios são estatais. A PDVSA é pertencente ao estado, e o apoio governamental é evidente, através do organismo de Turismo venezuelano. Numa altura em que o pais está em campanha eleitoral para as eleições presidenciais, será que o resultado final poderá influenciar as carreiras futuras de todos estes pilotos, quer os mais consagrados, quer os que lutam por um lugar ao sol?
Uma pergunta ainda sem resposta, mas saberemos que nos próximos tempos, ouviremos muito do país de Simon Bolivar no automobilismo.
1 comentário:
El apoyo del estado venezolano, de la mano de Hugo Chavez y PDVSA es fundamental; ojalá en Argentina el gobierno, por intermedio de YPF, les diera al menos una pequeña parte de ese apoyo.
Pero estamos muy lejos...
Deduzco que algo similar debe estar pasando en Brasil, ¿es así?
Abrazos!
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