sábado, 1 de novembro de 2014

Formula 1 2014 - Ronda 17, Estados Unidos (Qualificação)

Ao aproximarmos do fim desta temporada, vemos que a unica coisa que poderia tirar a luta pelo título entre os pilotos da Mercedes apareceu em força. Enfim, pensando bem, já sabíamos que isto iria acontecer, e quando aconteceu, o pelotão não ficou indiferente, tanto que correram rumores sobre um possível boicote. Se não sabíamos ou não queríamos saber antes, agora não há fuga possível: a Formula 1 está em crise.

Se na pista, parecia que Lewis Hamilton fazia o seu melhor, colocando o seu carro no topo da tabela de tempos, nos bastidores, as pessoas falavam de dinheiro, de uma nova maneira de distribuir o bolo que Bernie Ecclestone dá todos os anos às equipas. É verdade que dá às grandes e deixa às medias à sua sorte, dizendo uma espécie de "temos pena" aos que não aguentam as despesas e se vão embora, porque parece que há sempre uma carta na manga. E claro, se Bernie pedir à Ferrari, McLaren, Mercedes e Red Bull um carro extra, tudo se resolve, porque elas têm dinheiro para isso, dão dinheiro para isso. Parece que os 35 milhões necessários para colocar um carro extra existem aos pontapés em Milton Keynes, Estugarda, Salzburgo ou Maranello...

Com as nuvens negras no ar, a qualificação começa em Austin com apenas 18 carros em pista. Daniil Kvyat, Sebastian Vettel e Jenson Button tinham penalizações por causa do motor e da caixa de velocidades (no caso do britânico da McLaren). E claro, decidiram modificar o Q1 e o Q2, fazendo com que desta vez quatro carros sejam eliminados em cada uma dessas duas sessões.

Ao fim de 18 minutos, tivemos resultados interessantes: se a Romain Grosjean e a Esteban Gutierrez esperávamos que estivesse nesse lugar, e Sebastian Vettel, porque "decidiu fazer o minimo olimpico", já Jean-Eric Vergne foi uma pequena surpresa, pois não estava nem com penalização, como estava o seu companheiro de equipa. E o mais estranho é que acontece um ano depois de termos visto Vettel e Grosjean na primeira fila na qualificação de 2013...

Passando para a Q2, não houve grandes novidades. As trocas dos médios para os macios, por causa da temperatura do asfalto, deram algumas mexidas interessantes, e no final, Nico Rosberg conseguiu tirar... um segundo a Lewis Hamilton. E entre os que conseguiram chegar ao "top ten", Adrian Sutil conseguiu entrar na Q3 pela primeira vez na temporada, em prejuízo de Pastor Maldonado.

Contudo, vai ser a parte final da qualificação que será a parte mais interessante. O primeiro a dar nas vistas foi Valtteri Bottas, com 1.36,906. Massa tentou, mas não conseguiu, mas Nico Rosberg reagiu, conseguindo um tempo seis décimos melhor do que o piloto da Williams. Hamilton chegou atrás dele por cerca de 0,1 segundos, mas ficava com o segundo melhor tempo. Mas parecia que o piloto inglês tinha chegado ao seu limite, o que poderia significar que o alemão estaria a caminho de uma pole-position.

A cinco minutos do fim, todos trocaram de pneus para ter um jogo final para conseguir marcar o seu tempo na grelha. A excepção era Adrian Sutil, que tinha ficado na boxe, poupando jogos de pneus para amanhã. Na última tentativa, o alemão tirava os melhores tempos intermédios e tirava 1,36,067. Hamilton tentava a sua sorte, mas tinha menos 376 centésimos do que o filho de Keke Rosberg e era o poleman de Austin. Valtteri Bottas ficava com o terceiro melhor tempo, à frente de Felipe Massa, Daniel Ricciardo e Fernando Alonso.

No final, a Mercedes conseguia pela sexta vez consecutiva o monopólio da primeira fila da grelha de partida neste temporada, a décima de 2014, o que demonstra esta temporada. E os pilotos que ficaram atrás deles só demonstram um pouco a hierarquia atual, mesmo sem a presença das equipas que compunham o fundo do pelotão. E amanhã iremos ver se a corrida nos mostrará alguma surpresa agradável... ou não.

Youtube Formula 1 Conference: O inicio da tempestade?

Definitivamente, vivemos tempos que merecem ser registados. 40 minutos de uma conferência de imprensa em que se falou só de dinheiro, significa que os alarmes estão ligados e em força. E hoje, apesar de dizerem em contrário, a ameaça de boicote não diminuiu, bem pelo contrário.

Daqui a meia hora, começa a qualificação de Austin. Podem ouvir isto depois, se quiserem.

A ameaça de boicote paira sobre Austin

O rumor veio forte, vindo da Twittersfera. Aparentemente, Lotus, Sauber e Force India ameaçaram boicotar a corrida de domingo caso as suas vozes fossem realmente ouvidas no agora famoso "Grupo de Estratégia". Todas estas equipas vieram logo desmentir o boato, vindo principalmente dos jornais ingleses, mas parece que a ideia ficou no ar: com a Marussia e a Caterham ausentes de Austin, com a grelha reduzida a 18 carros, algumas das equipas do meio do pelotão começaram a "bater o pé" para dizer que ou se mudam as coisas - nomeadamente os pagamentos que a FOM dá às equipas, por exemplo - ou iriam fazer algo que espantaria o mundo.

E o sitio onde iriam fazer não é virgem. Não, não é Austin, mas sim Indianápolis, onde nove anos antes, apenas seis carros alinharam na corrida, depois de que as equipas que tinham pneus Michelin decidiram não alinhar na corrida devido às suas preocupações com os seus pneus na oval americana, depois do forte acidente de Ralf Schumacher durante os treinos livres de sexta-feira.

Ver algo parecido nove anos depois seria algo para envergonhar de novo a Formula 1, precisamente no mercado onde querem conquistar o público. Ou se preferirem, onde Bernie Ecclestone adoraria colocar metade do campeonato, se pudesse.

Entre os que não acreditam nisto e os que secretamente adorariam ver o circo a arder, francamente estou no lado das bancadas, esperando para ver o que vai acontecer. Espero sempre o inesperado, e a acontecer, seria mais um episódio dos tempos conturbados que esta Formula 1 vive. E provavelmente, cada vez mais, vejo que a FIA poderá ter de intrevir, para tomar conta deste desporto. Eles podem, se quiserem. E tenho a sensação de que Jean Todt está a ver comigo, na bancada, esperando pelo momento em que o incêndio alcance o seu auge. Para depois pegar nas cinzas e fazer as coisas à sua maneira. Pode não ser em Austin, Interlagos ou Abu Dhabi, mas vai acontecer. É inevitável.

E a solução do terceiro carro apenas poderá adiar o fim, digo eu.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Greg Moore, quinze anos depois

Ainda me lembro bem o que fiz naquele domingo, naquela noite de Halloween. Até me espanto a razão pelo qual consegui sair de casa, mesmo depois de ter visto o acidente na frente dos meus olhos, na televisão, cortesia da Eurosport, que transmitia as corridas da CART naquela altura.

Aqueles tinham sido tempos dificeis. Sete semanas antes, em Laguna Seca, o uruguaio Gonzalo Rodriguez tinha acabado a sua vida quando o seu Penske perdeu o controlo na entrada da Curva do Saca Rolhas, acabando com todo o peso do carro em cima da sua cabeça, matando-o.

Greg Moore e "Goncho" Rodriguez por acaso tinham a mesma idade, mas o canadiano de Vancouver já tinha experiência de quatro temporadas na competição. Tinha dominado na Formula Indy Lights (curiosamente, a corrida da sua terra foi ganha por... Pedro Matos Chaves) e na CART, ao serviço da Forsythe, ganhou cinco corridas em quatro temporadas. Não foi suficiente para ser candidato ao título, mas os seus dotes de condução foram mais do que suficientes para atrair a atenção da Penske, que o contratou para a temporada de 2000. Quando morreu, o lugar ficou para Hélio Castro Neves... que continua na equipa até hoje.

Não vou dizer o que poderia ter feito caso tivesse vivido para além daquele dia, mas creio que vendo o que Castro Neves fez na Penske nestes últimos 15 anos, creio que teria sido um dos maiores do automobilismo do nosso tempo. Teria sido mais um canadiano a vencer as 500 Milhas e provavelmente teria ganho campeonatos com a marca do Roger Penske. Não sei se estaria a competir ainda hoje, mas provavelmente tal aconteceria.

Toda a gente se lembra do numero que tinha no carro (uma homenagem ao seu ídolo no hóquei em gelo, o seu compatriota Wayne Gretzky), e sempre achei irónico que fosse o último antes de chegar ao cem, e ter acabado por ser o último ano da sua vida. Eu, que vi tudo naquele dia de outubro, fico sempre com a sensação de que poderia ter sido um dos grandes. E não precisava de ter ido à Formula 1 para mostrar isso. Digo eu.

Para finalizar, leiam o que o Ico escreve sobre o Greg Moore. É fascinante. 

Pensamentos em altura de convalescença

Fui operado há quatro dias, para tirar mais uma parte do meu corpo. Depois de umas amígdalas, um apêndice e cerca de 30 centímetros de intestino delgado, foi a vez de despedir de vez da minha vesícula. Todos desaparecidos, fazendo parte da matéria incendiária de um forno qualquer, feito para fazer desparecer resíduos hospitalares de um dia para o outro. Aos poucos, desfaço-me de mim mesmo para poder ganhar mais algum tempo da vida.

Acho engraçado que isto acontece numa altura em que a Formula 1 passa por um processo semelhante. Desde 2005 que o numero de carros na grelha não é tão baixo. As coisas estão assim tão complicadas que até esta sexta-feira de manhã, quando liguei a televisão, vi que era matéria de abertura na CNN, pois isto acontece no fim de semana do GP dos Estados Unidos, em Austin. Não é nada que não saibamos, quem lê e ouve os rumores sabia que isto iria acontecer, mais cedo ou mais tarde. E sabemos das razões, escuso de as dizer porque já escrevi sobre elas ao longo deste tempo todo. Basta fazer uma simples pesquisa e irão ler isso, mas posso colocar aqui uma das minhas crónicas sobre a tal crise que coloca a Formula 1 entre a espada e a parede.

Também acho que estas novidades deveriam ser um motivo para reflexão sobre o futuro. Sobre a distribuição dos dinheiros, sobre quem deveria receber o quê, sobre se deveria haver um limite a quanto gastar e como gastar (uma equipa gasta em média 94 milhões de euros por temporada!) e se querem abrir a todos ou transformar numa coutada elitista que terá uma tendência autofágica para gastarem cada vez mais e pior, até que um dia, a bolha expluda e todos saiam a perder. Cada vez mais me convenço que a história dos três carros por equipa é só uma maneira de tapar um remendo para o futuro próximo, e não é uma garantia de sobrevivência. Quanto muito, irá tirar às equipas do meio a possibilidade de pontuarem mais vezes, como fazem a Force Índia e a Williams agora. E se tal acontecer, vai reduzir as nove equipas para oito ou até seis. E quando tivermos seis equipas com três carros cada um, a solução será implantar mais carros até que o último fique e coloque em pista todos os carros necessários para a preencher a grelha? Se calhar, a ideia é essa.

(Contudo, ouvi esta semana que poderia haver dois irmãos indianos que poderiam comprar a Marussia. A ser verdade e a acontecer, poderia evitar o desaparecimento de uma equipa e haver a transformação que aconteceu com a Force India, depois de esta ter comprado a Spyker em 2007. Veremos.

Para finalizar, tenho de falar de Jules Bianchi. Há uns dias, falava com um amigo meu sobre se nós tínhamos esquecido dele. Eu respondi logo que não, e que nestas coisas, as noticias serão sempre escassas e a evolução é lenta e imprevisível. Acho que não é todos os dias que deveríamos falar sobre ele, porque vai haver uma altura em que não teremos mais nada para dizer. E também acho que se deveria evitar entrar numa tentadora "caça às bruxas", como normalmente acontece quando as coisas correm mal. De uma certa maneira, o acidente fez lembrar na necessidade de provavelmente, discutir a cobertura dos "cockpits" no sentido de proteger os pilotos deste tipo de acidentes. Contudo, ainda subsistem as duvidas para saber se esses cockpits aguentam impactos desse tipo e mais importante, descodificar a "quadratura do circulo": como fazer os carros suficientemente seguros, sem perder a visibilidade que eles têm agora?

Contudo, tenho de dizer isto: quatro semanas depois, não vejo sinais claros de recuperação. Parece que os piores receios estão a acontecer. E tão mau como a morte, é a incapacidade permanente. Temo que estejamos a assistir a uma morte ao retratador.

A foto do dia

Ver a nova barba do Daniel Ricciardo é como assistir a uma excentricidade. Ou pensar que é o filho do Lemmy, dos Motorhead...

Vamos a ver se dá sorte neste fim de semana.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Formula 1 em Cartoons - Pré-Austin (Cire Box)

À chegada a Austin, os "cowboys" da Mercedes estão a ver os sinais de fumo, e cada um têm a sua interpretação delas...

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Youtube Rally Crash: o acidente de Bernardo Sousa na Catalunha

Bernardo Sousa era um dos candidatos à vitória no WRC2 na Catalunha, e provavelmente poderia tentar uma chance de conseguir um lugar no "top ten" neste rali. Mas as coisas acabaram logo no primeiro dia graças a um acidente. 

Eis as imagens, onde poderão ver a capota toda amolgada na parte de trás do seu Ford, e as estragos na roda frente-direita. Logicamente, ele não continuou.

domingo, 26 de outubro de 2014

Pequeno aviso para a blogosfera

Caros amigos (as), seguidores (as) e admiradores (as): a partir de amanhã estarei ausente daqui porque vou ser operado para tirar a minha vesícula. À partida será algo simples e espero estar de volta dentro de um ou dois dias. Mas conhecendo como conheço de mim mesmo e da minha história clinica, nunca é de fiar.

É algo que estava à espera, desde que fui internado no passado mês de março. Quando me ligaram na quinta-feira perguntando sobre a vaga que apareceu e se não queria aproveitar, eu nem hesitei. A minha vesícula tinha-se tornado num incomodo, apesar de não ter tido problemas graves nestes últimos tempos. Mas tinha dias em que acordava com dores, que passavam por me sentar na cama por uns minutos, e depois passava.

Espero estar de volta a tempo de ver o GP dos Estados Unidos, em Austin e ver como é que a Formula 1 reagirá a 18 carros na grelha de partida. Mas pelo que ando a ler nas últimas horas, pode ser que o Bernie Ecclestone puxe algo da cartola...

A ver, vamos. Até breve!  

WRC 2014 - Rali da Catalunha (Final)

Sebastien Ogier controlou tudo e no final, comemorou o seu bicampeonato no lugar mais alto do pódio no Rali da Catalunha. O piloto francês conseguiu aguentar os ataques de Jari-Matti Latvala e acabou com 11,3 segundos de vantagem, sagrando-se assim bicampeão do mundo, e dando o segundo título de pilotos para a Volkswagen.

Mikko Hirvonen acabou o rali com o lugar mais baixo do pódio, a 1 minuto e 42 segundos do vencedor, algo que acontece apenas pela segunda vez este ano: “Há muito tempo que não alcançava um pódio, finalmente um bom resultado. É bom para toda a equipa. Vamos ver o que fazemos em Gales...”, comentou o piloto finlandês.

Mads Ostberg foi o quarto, ficando com o melhor resultado dos Citroen, conseguindo segurar os ataques de Dani Sordo. No final, apenas 8,9 segundos é que seguraram ambos os pilotos, enquanto que atrás, Thiery Neuville conseguiu o sexto posto final na última classificativa depois de novo erro cometido por Anders Mikkelsen, provocado pelo seu navegador, Ola Floene. A dupla do terceiro Volkswagen teve de cumprir uma penalização de dez segundos.

O checo Martin Prokop foi o oitavo, na frente do terceiro Hyundai de Haydon Paddon e do melhor dos WRC2, o qatari Nasser Al Attiyah.

Agora, o WRC vai dentro de três semanas ao País de Gales para cumprir o último rali da temporada.

Youtube Motorsport Fire: um prótótipo incendiado na Rampa da Penha


Isto aconteceu este sábado, na Rampa da Penha, em Guimarães, no norte do país. Um carro pega fogo e um membro da organização têm um extintor que... não funciona. E o pior é que nem é um extintor que não funciona, são dois. E o carro arde, lentamente, à frente de toda a gente. A felicidade no meio disto tudo é que não foi num acidente e o piloto pode sair calmamente, mas ver algo que custou muito dinheiro, a desaparecer envolvido pelas chamas, custa muito.

O incêndio só é extinto quando chegam os bombeiros. Mas imaginem que tinha sido um acidente e o piloto tivesse ficado preso.