sábado, 15 de setembro de 2012

WRC 2012: Rali de Gales (Dia 2)

O segundo dia do Rali de Gales demonstrou, ao contrário do que se esperava, que os ford se mantêm firmes no comando do rali, conseguindo aguentar as investidas de Sebastien Löeb e da Citroen. No final deste segundo dia, a diferença entre Jari-Matti Latvala e o piloto francês é de 29 segundos e salvo qualquer catástrofe, parece que a sua série de vitórias ira ser quebrada. Pelo meio, Petter Solberg é o segundo, a já 26 segundos de Latvala, mas a aguentar as investidas do piloto francês.

O dia foi essencialmente da Ford, onde nas classificativas da tarde, Petter Solberg triunfou em duas das quatro especiais da tarde, cabendo a Latvala os outros dois triunfos, e faltando ainda a passagem pela superespecial de Celtic Manor, de pouco mais de três quilómetros, pouco deverá alterar na classificação geral. De manhã, Löeb tentou partir para o ataque, mas apenas venceu uma classificativa, depois de também Mads Ostberg ter feito o gosto ao pé. No final do dia, Ostberg é quarto, a 45 segundos da liderança.

Mikko Hirvonen não tem conseguido apanhar os quatro pilotos da frente, andando num anónimo quinto posto, a já um minuto e 16 segundos, menos treze do que o sexto classificado, o estónio Ott Tanak. Evgueny Novikov é o sétimo, seguido de Thierry Neuville, a já três minutos e 22 segundos. Matthew Wilson e Martin Prokop fecham o "top ten".

O rali de Gales termina amanhã.

Noticias: espactador morre no Rali Principe das Asturias

Um fotógrafo perdeu a vida esta tarde no Rali Principe das Asturias, quando o piloto checo Antonin Tlustak perdeu o controlo do seu Skoda Fabia e embateu num grupo de espectadores numa das classificativas da tarde. Outras cinco pessoas ficaram feridas, e em principio não correm risco de vida.

O Rali Principe das Asturias, que contava para o Europeu de Ralis (ERC) foi imediatamente cancelado.

WSR: Felix da Costa é quarto na Hungria

Depois de encerrada a temporada da GP3, Antonio Felix da Costa volta este fim de semana ao World Series by Renault, com a jornada dupla de Hungaroring, e pode-se dizer que está a adaptar-se bem à competição, pois numa corrida onde o holandês Robin Frinjs foi o grande vencedor, o piloto da Cascais terminou a corrida no quarto posto.

Partindo do sexto lugar na grelha de partida, largou bem, subindo uma posição, e colou-se ao francês Arthur Pic, utrapassando-o pouco depois. Após isso, tentou aproximar-se de Jules Bianchi, mas não foi o suficiente para tentar uma manobra de ultrapassagem, acabamdo por terminar no quarto posto, numa corrida onde Frinjs foi o vencedor e o dinamarquês Kevin Magnussen foi o segundo classificado.

Na classificação geral, o holandês lidera, com 156 pontos, mais 16 que Jules Bianchi. Sam Bird é o terceiro, com 127 pontos, enquanto que Felix da Costa tem agora 48 pontos e está na 11ª posição da classificação geral.

Ralis: Kubica despista-se em rali italiano

O segundo rali que Robert Kubica fez desde a sua recuperação terminou mais cedo para o piloto polaco. Esta manhã, no Rali de San Martino di Castrozza, despistou-se quando seguia na quarta posição da geral, danificando o seu Subaru Impreza WRC e abandonando na hora. Felizmente, nem ele, nem o seu navegador tiveram ferimentos.

Já não foi a primeira vez que o polaco sofreu um acidente: ontem, no "shakedown" do mesmo rali, também levou o carro para a valeta depois de ter feito uma curva em excesso de velocidade. O carro foi recuperado a tempo de alinhar para o rali desta manhã.

Recorde-se que o Rali de San Martino di Castrozza conta para o Trofeo Rally de Asfalto e acontece uma semana depois de ter alinhado no rali Gomitolo di Lanna, onde acabou por vencer.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Rumor do dia: WV Polo pode aparecer na Catalunha como "carro zero"

O Rali da Catalunha poderá ser o palco da estreia do Volkswagen Polo WRC, mas apenas como "carro zero", guiado por Carlos Sainz. Essa é a noticia que vem circulando nos sites internacionais, depois de, aparentemente, a marca de Wolfsburgo ter abandonado as negociações para que a FIA concedesse uma autorização especial para que a marca pudesse competir ainda em 2012, antes da homologação prevista para 1 de janeiro de 2013.

Seria giro, estou preparado, pois ajudava a equipa e também o Rali da Catalunha”, disse Carlos Sainz à Autosport britânica.

De facto, a VW pensou seriamente em adiantar a data de homologação para 1 de novembro, mas depois pensou melhor e viu que dois meses são mais do que suficientes para apostar em mais uma bateria de testes com o francês Sebastien Ogier e o norueguês Anders Mikkelsen. Assim sendo, o VW Polo WRC estará pronto a tempo de atacar as classificativas de Monte Carlo, no final desse mês.

WRC 2012 - Rali de Gales (Dia 1)

O Rali de Gales, décima prova do Mundial WRC de 2012, parece que está a demonstrar ser uma prova em que Sebastien Löeb demonstra mais dificuldades do que o habitual para dominar a competição, como fez nos últimos cinco ralis. O primeiro dia da competição está a ser marcado pelo andamento dos carros da Ford, onde Jari-Matti Latvala e Petter Solberg são os dois primeiros, deixando Löeb no terceiro posto, a 21,3 segundos da liderança, ao fim de seis classificativas.

O rali começou com Petter Solberg a vencer as duas primeiras classificativas, numa competição bem renhida entre os três carros da frente, que aumentaram o ritmo de forma a deixar para trás o resto da concorrência. apesar das classificativas escorregadias, do qual Löeb se queixou no final do dia, os pilotos da Ford mantiveram o sangue frio e continuaram a correr, com Jari-Matti Latvala a marcar o melhor tempo nas quatro classificativas seguintes, tentando impor o seu ritmo e a afastar-se de Solberg e de Löeb. Contudo, o máximo que conseguiu foi ficar na liderança do rali.

"Foi muito mais escorregadio do que na primeira passagem", começou por dizer Löeb. "Quando é assim, é difícil brigar com os Ford. Eles são muito rápidos e agora é impossível lutar com eles.", concluiu o piloto da Citroen e atual líder do campeonato.

"Eu realmente gostei. A estrada é muito escorregadia, mais difícil de conduzir do que na primeira passagem. O carro é muito bom para estas condições", repondeu o finlandês.

Já o companheiro de equipa de Latvala na Ford, Petter Solberg, afirmou: "Funcionou muito bem, nada especial. Foi uma fase muito complicada e Jari tem uma fantástica vantagem. O carro funcionou muito bem.", concluiu o norueguês.

Quem não tem acompanhado os ritmos dos três primeiros está a ser Mikko Hirvonen, que está na quinta posição, a quase um minuto do líder (53,8 segundos, mais concretamente), e já afirmou que está muito desapontado com o ritmo que tem tido a ter, pois o quarto classificado é Mads Ostberg, que está a 32,6 segundos da liderança, e até tem estado consistente em termos de ritmo. "Nós realmente não temos qualquer aderência contra os meninos da Ford. Eu realmente tentei dar o máximo, mas era tão escorregadio que agora mesmo eu destruí os meus pneus.", disse o piloto finlandês da Citroen.

Um pouco mais distante está o estónio Ott Tanak, que é sexto e já tem um minuto e 19 segundos de desvantagem sobre Latvala. Não muito distante encontra-se o russo Evgueny Novikov, sétimo e a um minuto e meio.

O belga Thierry Neuville, o britânico Matthew Wilson e o checo Martin Prokop, fecham o "top ten", com Chris Atkinson, no seu Mini, a ser o 11º, já a mais de três minutos do comando.

O rali de Gales prossegue amanhã.

Para mim, Massa fica

Por norma, não discuto especulações, pois acho que isso muitas vezes é uma manobra de empresário para quer se gaste folhas de papel nos jornais desportivos e "encha chouriços" em tempos mortos para que os seus agenciados estejam nas primeiras páginas, certamente como manobra involuntária - ou será voluntária? - para que estes sejam vendidos para o mais alto preço possível  para que o agente receba uma verba bem choruda que lhe garanta a reforma. Sobretudo, quando se trata de futebol, as capas de verão nos jornais neste retângulo à beira-mar plantado são de fugir...

Por causa dos meus anticorpos em relação ao futebol, faço a mesma coisa ewm relação ao automobilismo, daí não escrever uma unica linha sobre as especulaçõs de Lewis Hamilton, por exemplo, ou de Bruno Senna, que a cada duas ou três semanas, tenho sempre alguém a "buzinar" no Twitter, dizendo-me que o homem será despedido e substituido por Valtteri Bottas. Francamente, com um piloto que chega mais regularmente aos pontos e destroi menos carros que Pastor Maldonado, acho contra-natura. E depois, não vejo a Williams abdicar de 12 milhões de euros provenientes da OGX, do Eike Batista, não é?

Mas hoje decidi abrir uma excepção. E a razão é Felipe Massa, porque é um assunto do qual muitos juraram a pés juntos durante meses que o homem estava a 15 dias de ser sumariamente despedido da Ferrari, devido aos seus maus resultados, que não era capaz de ser suficientemente veloz para fazer de "escudeiro" a Fernando Alonso, especialmente pelas vozes vindas de Espanha e Itália. E abro a voz para dizer que sou daqueles que acreditam que Massa fica em 2013. E sei disso desde há muito tempo.

Algures em julho - já não me ocorre a altura - tenho um amigo meu com quem costumo conversar, conta-me que teve uma conversa com um representantes de um dos patrocinadores da marca, Santander ou Fiat, e lhe contou que a Scuderia, devido ao importante mercado latino-americano, precisa de ter um piloto desse canto do mundo, e falou que as hipóteses estavam reduzidas a duas: manter Massa ou contratar Bruno Senna. Caso decidissem fazer uma troca entre brasileiros, seria uma forma de manter o nível, um piloto sem ser vencedor, mas suficientemente rápido para ajudar Alonso na sua busca pelo título. E Alonso gosta de trabalhar como toda a equipa à sua volta, Senna não seria ameaça suficientemente forte para o asturiano. 

Claro, os brasileiros não iriam gostar da ideia, pensando que os seus pilotos só serviriam de "capachos" na Scuderia, pensei eu, mas o que ele me dizia era que todas estas conversas sobre Segio Perez não são para serem levados a sério. E é verdade: afinal de contas, é apoiado pela Talmex, de Carlos Slim, não é? E apesar do talento, Sergio Perez é suficientemente inteligente para saber que, estando na Ferrari, seria "queimado" por Alonso, e ele não quer queimar a carreira.

Uns tempos depois, outra pessoa me contou a mesma coisa, ao que lhe respondi que já sabia, que tinham me contado. Sabia que tínhamos essa pessoa em comum, mas o que não sabia era que ela (sim, é mulher) soube disso em primeiro lugar, mas como não era do meio, contou isso a esse meu amigo e ele foi confirmar o rumor. Isso tudo, combinado com outras noticias contadas por outros profissionais como o Américo Teixeira Jr., do Diário Motorsport, me fazem chegar a esse resultados. E os últimos resultados de Massa ajudaram muito nessa conclusão.

Claro, da convicção para a confirmação vai um longo passo, e a Ferrari já disse que só decidirá sobre esse assunto no final do ano. Mas com o facto de não haver grandes movimentações no xadrez - e sim, também acredito que Schumacher fica e Hamilton terá um ordenado melhorado em 2013 - acho que o brasileiro de 31 anos ganhou um "time extension" na Scuderia di Maranello. Mas não o conto como piloto vencedor. Contra Fernando Alonso, será muito difícil.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

5ª Coluna: O tributo a Sid Watkins

Pensei seriamente em não escrever nada esta semana, porque achava que não existia nada que valesse a pena escrever. OK, teremos as movimentações e especulações sobre a situação de Lewis Hamilton, e a luta entre McLaren e Mercedes para tê-lo em 2013, mas eu creio que no final, tudo vai ficar na mesma, com o britânico com um salário melhorado, agora que e,e venceu em Monza e provavelmente clareou a situação em relação à hierarquia na luta pelo título em 2012.

Também se poderia falar sobre as negociações do Acordo de Concórdia, que parece depender da palavra da Mercedes para que este seja devidamente assinado, mas sobre isso já escrevi muito nos últimos meses e provavelmente escreverei mais nas semanas que aí virão. Aliás, sobre isso, li ontem no blog do Joe Saward uma matéria interessante sobre o relatório e contas da Williams, que afirma neste ano, graças aos acordos com patrocínios e as maiores receitas que negociou com Bernie Ecclestone, tem em caixa - ou seja, dinheiro imediatamente disponível - cerca de 36 milhões de libras, muito mais do que os 2,8 milhões disponíveis dois anos antes. É um pequeno artigo muito interessante de se ler, mas creio que sobre isso, pode-se discutir noutra altura.

Mas depois achei que um bom pretexto seria falar sobre o Professor Sid Watkins, morto ontem aos 84 anos. Porque de uma certa forma, é uma parte da história da Formula 1 que se vai. Num dos muitos tributos que li, o que mais me impressionou foi o de Ron Dennis, que escreveu o seguinte: 

"Hoje, o automobilismo perdeu dos seus grandes nomes: Professor Sid Watkins. Nâo, não era um piloto, não era um engenheiro nem designer. Era um médico, e é justo dizer que fez mais do que muitos de nós, durante muito tempo, para transformar a Formula 1 num lugar mais seguro. Assim sendo, muitos pilotos e ex-pilotos devem as suas vidas graças ao seu trabalho, que resultou em enormes avanços ao nível da segurança, ao qual os pilotos hoje dão por garantidos. Mas acima de tudo, Sid era um grande amigo meu, e vou sentir imenso a sua falta. Para a sua mulher Susan e para a sua familia, expresso as mais sinceras condolências. Era verdadeiramente um grande senhor e o mundo do automobilismo não vai ser o mesmo sem ele."

E é isso que ando a ler ao longo deste dia. Todos falam com carinho sobre esta personagem que andou pela Formula 1 ao longo de vinte e muitos anos, uma geração. Toda a gente reconhece que foi um médico com a paixão pelo automobilismo - li ontem à noite o facto de ele levar equipamento médico para o circuito de Watkins Glen, em meados/finais dos anos 60, onde fazia trabalho voluntário nas pausas do seu tempo no Hospital de Syracuse, onde tinha ido lá para fazer o seu doutoramento em neurocirurgia.

Entrou no mundo da Formula 1 em 1978, através de Bernie Ecclestone, que já começava a gatinhar no seu plano para o controlo da competição. O caso do GP de Itália daquele ano, em que a desorganização causou demasiados prejuízos humanos - o mais grave a morte do sueco Roiine Peterson - levou a que Watkins tivesse exigido meios médicos mais fortes à sua disposição, como um carro médico que seguisse atrás dos bólidos de Formula 1 na primeira volta, para eventuais carambolas, bem como um posto médico de emergência imediata, para primeiros socorros, e mais importante ainda: um helicóptero para levar os feridos para o hospital mais próximo. Foi assim que começou a ganhar respeito no meio e a segurança se tornou prioridade. Os resultados são o que sabemos: não há mortes na Formula 1 há dezoito anos.

No lado humano, toda a gente gostava dele. Muitos tomavam um copo de whisky e ouviam os sábios conselhos do "Tio Sid", quer ele andasse no paddock, quer quem aparecesse no seu consultório, no Hospital de Londres, para os exames médicos necessários para que a FIA pudesse passar a Super-Licença. A amizade com Ayrton Senna deve ser a mais mediática, pelo facto de ele ter contado, na sua autobiografia "Viver nos Limites", as suas reações quer quando ele soube do acidente de Martin Donnelly, em Jerez, em setembro de 1990, quer quatro anos depois, quando ele viu o acidente de Rubens Barrichello, na sexta-feira, quer no dia seguinte, o acidente fatal de Roland Ratzenberger. E como ele tentou persuadir Senna a largar tudo para ir pescar. O resto da historia, infelizmente nós conhecemos.

Existe algo que todos agradecerão para toda a eternidade: é que por causa dele e dos seus sábios conselhos, estamos no 19º ano sem uma morte na Formula 1. E creio que esse deverá ser o maior legado que o Professor Sid Watkins poderá dar a todos nós, e do qual agradecemos para toda a eternidade. Obrigado, Professor.

Os tributos ao Prof. Syd Watkins

Os tributos aos professor Syd Watkins, morto ontem aos 84 anos num hospital em Londres, foram enormes e vêm de todos os lados da Formula 1, em puro reconhecimento das suas contribuições para o desenvolvimento da modalidade em termos de segurança. O jornalista britânico Adam Cooper colocou esta tarde um post no seu blog, onde colocou depoimentos da FIA, Jean Todt, a Grand Prix Drivers Association (GPDA), Christian Horner, o diretor da Red Bull, Sir Frank Williams, Ron Dennis, o presidente da McLaren.

"Graças aos seus enormes esforços presentes ao longo de duas décadas, a Formula 1 alcançou os niveis atuais de segurança. A sua contribuição no capitulo dos melhoramentos, quer no capitulo da segurança, quer no capitulo da intervenção médica, foram valiosas. Ao modernizar a intervenção médica, ajudou a salvar as vidas de muitos pilotos de Formula 1, e graças ao seu trabalho, muitos acidentes graves foram evitados", lê-se no comunicado da Grand Prix Drivers Association (GPDA).

Desde a noite passada que muitos atuais e antigos pilotos estão a colocar os seus tributos ao professor nas suas contas do Twitter, demonstrando a sua importância no mundo da Formula 1, colocando ênfase na sua contribuição para que a Formula 1 seja uma modalidade cada vez mais segura, reduzindo a zero os acidentes graves e mortais.

Entretanto, a família, em comunicado, agradeceu as inúmeras mensagens de apoio e fez saber que o seu funeral vai acontecer nos próximos dias, na Escócia. Um memorial em seu tributo será organizado nas próximas semanas em Londres, cujos detalhes ainda não são conhecidos.

GP Memória - Itália 1992

Quinze dias depois de terem corrido em Spa-Francochamps, a Formula 1 chegava a Monza, habitual palco do GP de Itália, sem os Andrea Moda, excluídos pela FIA, e a Brabham, que tinha acabado o dinheiro e fechado as portas de vez. Ao todo, 28 carros iriam alinhar na 13ª corrida de uma temporada já decidida há muito, tal tinha sido o domimio da Williams. O francês Eric Comas, acidentado na corrida anterior com o seu Ligier, tinha sido dado como apto e iria alinhar em Monza.

Mas na equipa campeã, o ambiente era tenso. Com o final da época e já se negociava para a próxima, começavam a surgir os acordos que Frank Williams tinha urdido ao longo do ano, nomeadamente a contratação de Alain Prost, que nesse ano estava a fazer um período sabático. Nigel Mansell, que não queria ver o francês nem pintado a ouro, depois da má experiência da Ferrari, em 1990, quando estava a negociar um aumento salarial para a temporada de 1993, soube do acordo e ficou possesso.

E provavelmente foi com essa energia que Mansell fez a "pole-position" com o tempo de 1.22,221, 601 centésimos na frente de Ayrton Senna, no seu McLaren. Jean Alesi foi o terceiro, na frente do segundo Williams-Renault de Riccardo Patrese. Gerhard Berger era o quinto no segundo McLaren, seguido pelo Benetton de Michael Schumacher. Ivan Capelli era o sétimo, seguido pelo Ligier-Renault de Thierry Boutsen, e a fechar o "top ten" ficavam o segundo Benetton de Martin Brundle e o Larrousse-Lamborghini de Bertrand Gachot.

Os dois azarados que fizeram os piores tempos foram o brasileiro Christian Fittipaldi, no seu Minardi, e o italiano Stefano Modena, num Jordan-Yamaha.

No domingo de manhã, horas antes da corrida, Mansell faz um anuncio chocante: iria abandonar a Formula 1 no final da época, tentando a sua sorte na americana CART. Toda a gente foi apanhada desprevenida, mas os que desconfiavam da razão, ficaram com a certeza de que Alain Prost iria retomar as atividades na Williams em 1993 e Mansell não o suportava. Mais tarde, iria se saber que Mansell iria correr na Newman-Haas, de Paul Newman e Carl Haas, ao lado do seu ex-companheiro de equipa da Lotus, Mário Andretti.

Antes de começar a partida, Gerhard Berger teve problemas e decidiu largar com o carro de reserva. No arranque, Mansell sai melhor do que Senna, enquanto que atrás, Schumacher tem um mau arranque e bate no Ligier de Boutsen, tendo partido a sua asa, arrastando-se ate às boxes. Na frente, Mansell começa a afastar-se paulatinamente até ter cerca de doze segundos de diferença sobre Patrese, que conseguira passar Senna para o segundo lugar na 12ª volta, duas voltas depois dos dois Ferrari terem se retirado: Capelli devido a problemas elétricos, Alesi devido a um problema com o tubo de combustível.

Depois, de súbito, o britânico abaixou o ritmo ao ponto do italiano se aproximar e o ultrapassar na volta vinte, numa altura em que Berger e Schumacher tinham recuperado o suficiente para andaram na zona dos pontos. A partir dali, Mansell andou exactamente atrás do italiano, dando a entender que poderia passar a qualquer momento, com Senna no terceiro lugar, a tentar acompanhar os Williams.

Contudo, os planos saíram-lhe furados para Mansell: na volta 41, teve um problema na sua caixa de velocidades e acaba por se retirar, deixando Patrese confortável na liderança, controlando Senna. Mas a Patrese também lhe calharia problemas, pois a três voltas do fim, um problema a nível hidráulico o fez perder a liderança e a se arrastar até ao fim da prova.

No final, Senna herda a vitória, conseguindo aquela que viria a ser a sua terceira vitória do ano. Ao seu lado no pódio ficavam os Benetton de Martin Brundle e de Michael Schumacher, enquanto que nos restantes lugares pontuáveis ficaram o McLaren de Gerhard Berger, o Williams de Riccardo Patrese e o Tyrrell de Andrea de Cesaris.

The End: Prof. Syd Watkins (1928-2012)

O britânico Syd Watkins, que foi o médico oficial da Formula 1 por mais de 15 anos, morreu esta noite aos 84 anos, noticia o site GPUpdate. Watkins serviu na FIA como delegado médico durante 26 anos, especialmente na Formula 1, onde ficou conhecido por ser sempre o primeiro médico a chegar ao local do acidente.  

Nascido a 6 de setembro de 1928 em Liverpool, Watkins era especializado em neurocirurgia, depois de se ter licenciado em 1956 pela Universidade de Liverpool. Mas tinha o automobilismo no seu sangue, pois o seu pai era um mecânico que tinha um negócio de reparação de motocicletas, e foi graças ao seu negócio que ele pagou os seus estudos na Universidade. Pouco depois serviu na Royal Army Medical Corps, onde teve uma experiência de ralis que não correu bem - desistiu na primeira etapa.

Em 1962, doutorou-se nem neurocirurgia pela Universidade de Nova Iorque, e nos quatro anos seguintes fez parte do corpo médico do circuito de Watkins Glen, onde pode ver a fragilidade do equipamento médico existente para as provas automobilísticas. Ele contava que muitas vezes, ele e os seus colegas - ao todo, quatro profissionais de medicina - levavam as ferramentas do seu oficio em caso de necessidade. 

Regressado à Grã-Bretanha em 1970, para liderar o departamento de neurocirurgia do Hospital de Londres, a Formula 1 entra pela sua vida através de... Bernie Ecclestone. Certo dia, em 1978, Ecclestone vai ter com Watkins devido a um problema de saúde e após uma conversa com ele, convida-o para ser o delegado médico da Formula 1 a troco de um salário anual de 35 mil dólares. Watkins aceitou, impondo como condição que retivesse o seu lugar no hospital, o que foi aceite.

Começou a trabalhar no GP da Suécia desse ano e a sua primeira prova de fogo aconteceu a 10 de setembro desse ano, quando na partida do GP de Itália, uma enorme carambola causou ferimentos graves ao sueco Ronnie Peterson. A descoordenação das autoridades italianas foi tal que o próprio Watkins foi impedido de se aproximar de Peterson durante mais de 18 minutos até que a ambulância chegasse e recolhesse o infeliz piloto da Lotus. Peterson acabaria por morrer no dia seguinte, vitima de uma embolia.

Passado este incidente, Watkins conversou com Ecclestone e exigiu melhores condições hospitalares, como um anestesista, um carro médico e um helicóptero sempre disponíveis para situações de emergência. As exigências foram atendidas na prova seguinte, em Watkins Glen, onde ficou também decidido que dali por diante, o carro médico iria seguir os bólidos da formula 1 no final do pelotão para as primeiras curvas, estando sempre disponível em caso de acidentes futuros.

Em 1981, a então FISA decidiu criar uma Comissão Médica e apontou Watkins como seu presidente. No ano seguinte, a sua experiência foi determinante para os acidentes que ocorreram naquele ano. No caso de Gilles Villeneuve, em Zolder, foi Watkins que prestou os primeiros socorros e colocou um tubo que o permitiu respirar até que chegasse a mulher Joann Villeneuve, acompanhado por Jody Scheckter. Foi ele que informou do sucedido e foi ele que tomou a decisão de desligar as máquinas, assim que ficou provado que o seu coma era irreversível.

Semanas depois, em Montreal, foi Watkins que providenciou os primeiros socorros a Riccardo Paletti, quando este embateu a toda a velocidade na traseira do carro de Didier Pironi e o seu volante foi violentamente atirado para o peito do piloto italiano. Manteve o sangue frio, mesmo quando o Osella pegou fogo, este que estava carregado com combustível. Quando terminou, a borracha das suas sapatilhas tinham derretido devido ao fogo, mas apesar dos esforços, o italiano acabaria por morrer no hospital, devido aos graves traumatismos no torax.

Teve mais sorte dois meses depois, em Hockenheim, quando Pironi sofreu um grave acidente no "warm up" do GP alemão. Inicialmente, Watkins achou as feridas tão graves que chegou a considerar a amputação da perna direita. Contudo, Pironi implorou para que não o fizesse e conseguiu retirar o piloto francês dos destroços do seu Ferrari, levando-o para o hospital de Mannheim.

Nos anos seguintes, os seus esforços foram reconhecidos pelos pilotos e restante pessoal automobilístico, por ter salvo as vidas dos pilotos em dificuldades. Os casos de Gerhard Berger, Martin Donnelly ou de Nelson Piquet foram os mais conhecidos, depois de terem sofrido graves acidentes, foram salvos graças à rapidez da equipa médica chefiada pelo Prof. Dr. Watkins. Aliás, ele sempre considerou o acidente de Donnelly como um dos mais impressionantes que tinha assistido. 

Com o tempo, criou amizades entre os pilotos, um deles com Ayrton Senna. Ambos visitavam mutuamente: o brasileiro aparecia no consultório do médico, e ele ia à sua fazenda no interior de São Paulo. Watkins contou depois, na sua biografia "Viver nos Limites", que Senna ficou profundamente impressionado quando viu o corpo inanimado - mas vivo - de Donnelly em Jerez, nos treinos do GP de Espanha de 1990. E quatro anos depois, quando viu o resgate inutil a Roland Ratzenberger, no sábado, 30 de abril, no circuito de Imola, o brasileiro ficou abalado. Ao vê-lo assim, o professor Watkins tentou persuadi-lo a abandonar logo a competição. Senna recusou e no dia seguinte, tentou inutilmente salvar o seu amigo.

Um ano depois, na pista australiana de Adelaide, foi mais bem sucedido no resgate de outro piloto, o finlandês Mika Hakkinen. O finlandês da McLaren tinha ficado inconsciente depois de ter fortemente batido no seu volante após um furo a alta velocidade e o carro ter embatido no muro. O Dr. Watkins fez uma traqueotomia de emergência, depois de verificar que ele não respirava, menos de 30 segundos depois do acidente. O procedimento foi vital para salvar a sua vida, e Watkins disse que foi a operação que mais o satisfez em toda a sua carreira. 

Em 2002, foi condecorado com a Ordem do Império Britânico, três anos antes de se retirar, aos 77 anos de idade. Foi subsituido pelo seu adjunto, Gerry Hartstein, mas o seu legado para a segurança na Formula 1 é enorme. Na reforma, presidiu ao FIA Institute for Motorsport Safety, uma posição que manteve até se retirar por completo no ano passado.

A sua vida e histórias na Formula 1 fizeram com que escrevesse a sua autobiografia em 1996, "Viver nos Limites", ainda ele era o médico oficial da categoria. Após isso, escreveu mais dois livros, em 2000, o "The Science of Safety: The Battle Against Unacceptable Risks in Motor Racing", em conjunto com David Tremayne, e em 2002 o "Beyond the Limit", em conjunto com Jackie Stewart.

Em suma, a Formula 1 vê desaparecer hoje um homem que fez imenso pela segurança da Formula 1, diminuindo os riscos a um nivel aceitavel, salvando as vidas de pilotos em situações limite. Podemos agradecer a ele pelo facto das mortes no automobilismo nas pistas terem chegado a um nivel próximo do zero, pelo seu profissionalismo pessoal pelas suas contribuições em outras áreas, até na segurança na estrada. Ars lunga, vita brevis.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O Rali de Portugal regressa às origens

Ainda falta muito para 2014, mas o Automóvel Clube de Portugal (ACP) já está a organizar o calendário para o Rali de Portugal desse ano, e eles acham que essa é a altura ideal para um "regresso às origens", ou seja, passar do Algarve para o Norte do país. Poucos dias depois de se ter anunciado um acordo entre a entidade organizadora e a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital para que o seu concelho possa acolher algumas classificativas, a sua congénere de Fafe já disse que estaria disponível para acolher o rali nesse ano.

Segundo diz a edição online da Autosport portuguesa, apesar de nada estar definido, o ACP anda a consultar várias câmaras municipais na zona no sentido da sua dispoinibilidade, numa espécie de "regresso às origens". A ser verdadeiro, poderão regressar locais como Fafe-Lameirinha, Arganil, Lousã ou Figueiró dos Vinhos, entre outros, numa edição totalmente diferente do que aconteceu nos últimos anos, onde o rali passa pelo Alentejo e Algarve, e onde ainda passará na edição de 2013.

Em suma, é seguir a recomendação da FIA para um regresso dos ralis aos sitios onde foram mais felizes, nos anos 70, 80 e 90. Com o regresso no calendário do Rali de Monte Carlo, e de alterações em outros ralis, como o de Gales, onde se estão a fazer movimentações no sentido de regressarem às classificativas mais clássicas, e o regresso da temível classificativa de Ouninpohja, no rali da Finlândia, seria de esperar que o rali de Portugal também fizesse esse movimento, depois do sucesso de público que foi quando os carros voltaram à classificativa de Fafe-Lameirinha, uma semana antes do rali de Portugal deste ano.

Revista Speed - edição de setembro

Na edição deste mês da revista Speed, comemoramos os 40 anos do primeiro título mundial conquistado por um piloto brasileiro, Emerson Fittipaldi. Para isso, escrevemos sobre o ano de 1972, a temporada em que foi campeão, a corrida que o consagrou, o GP de Itália, e o carro em que o tornou famoso, o Lotus 72, desenhado por Colin Chapman e se tornou no modelo seguido por todos os carros de Formula 1 desde então. 

Com a capa do venezuelano Hector Garcia, dos GP Toons, e agora um dos nossos mais recentes colaboradores, em termos de Formula 1, falamos também sobre o desaguisado entre a Red Bull e a FIA, as análises dos GP's da Belgica e de Itália e os vinte anos da primeira vitória de Michael Schumacher, entre outros.

Nas outras competições, os destaques têm a ver sobre os pilotos da GP2 que correram nesta temporada, e também se faz uma antevisão sobre as Seis Horas de Interlagos, prova do novo campeonato de Resistência, o WEC, que acontecerá este final de semana.

Podem ler esta edição através deste link. Boas leituras! 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Rumor do dia: Hyundai vai regressar ao WRC.

Fala-se deste rumor desde há algumas semanas, mas é cada vez mais real: a coreana Hyundai poderá regressar ao WRC, cerca de dez anos após a sua discreta passagem pelos ralis. O anuncio será feito no Salão Automóvel de Paris, no final do mês e o modelo poderá ser o compacto i20.

Os detalhes são ainda escassos, pois a sede pouco ou nada diz sobre os detalhes deste regresso, mas de acordo com a revista francesa "Echappement", a equipa decidiu fazer um departamento de competição, recrutando alguns engenheiros e pedindo a alguns preparadores para fabricar peças que são comuns às três marcas que participam no mundial WRC, o que fez despertar a atenção da imprensa.

Ainda não se sabe bem quando é que começarão a participar, mas isto quer dizer que em 2014 ou o mais tardar, em 2015, o Mundial de rali terá seis marcas a participar oficialmente. Para além da Ford, Citroen e BMW, através da Mini, a VW vai entrar em 2013 com o Polo R, e em 2014, a Toyota fará o seu regresso, através do Yaris.

A Hyundai teve uma participação discreta entre 1999 e 2003 através do modelo Accent, guiado por pilotos como Alistair McRae e Juha Kankkunen, sem resultados de relevo. 

GP Memória - Itália 1977

Quando máquinas e pilotos chegam a Monza, a Formula 1 já sabe que, caso não existisse mais nenhuma catástrofe semelhante ao que lhe tinha acontecido no ano anterior, Niki Lauda tinha o bicampeonato na mão. A vitória na corrida anterior, em Zandvoort, o tinha colocado com 21 pontos de avanço sobre Jody Scheckter, e só faltavam quatro corridas até ao final do ano. 

Contudo, ao chegar a Monza, o pelotão foi confrontado com uma bomba: o austriaco tinha decidido trocar a Ferrari pela Brabham. As negociações foram feitas em segredo, especialmente da Scuderia, e Lauda só anunciou a transferência após a assinatura do contrato. De acordo com a lenda, o "Commendatore" Enzo Ferrari indignou-se chamou "Ebreo!" a Lauda, o italiano para judeu, quando soube da noticia em Maranello, dada pelo próprio piloto.

Na lista de inscritos, existiam 34 carros, para apenas 24 lugares vagos na corrida italiana. As novidades vinham da Brabham, que tinha cedido um terceiro carro para o local Giorgio Francia, e da McLaren, que tinha dado de novo um terceiro carro para Bruno Giacomelli. O suiço Loris Kessel aparecia no pelotão da formula 1 com um Williams FW04 modificado, que o batizou de "Apollon", e no segundo Surtees, o italiano Lamberto Leoni estava no lugar do australiano Vern Schuppan.

A qualificação mostrou que a McLaren estava a regressar em força, talvez para encurtar as distâncias para a Ferrari e para a Wolf de Jody Scheckter. James Hunt foi o melhor, seguido por Carlos Reutemann, no seu Ferrari. Jody Scheckter era o terceiro, seguido por Mário Andretti, no seu Lotus. Na terceira fila estavam o Ferrari de Niki Lauda e o surpreendente Shadow de Riccardo Patrese. Clay Regazzoni era o sétimo no seu Ensign, seguido pelo Ligier-Matra de Jacques Laffite. A fechar o "top ten" ficou o segundo McLaren de Jochen Mass e o Surtees de Vittorio Brambilla.

Dos dez carros que ficaram de fora, o mais surpreendente foi o Copersucar de Emerson Fittipaldi, duas semanas depois de ter conseguido um quarto lugar em Zandvoort. O March de Alex Dias Ribeiro também não tinha conseguido a qualificação, tal como o Brabham de Giorgio Francia, o Surtees de Lamberto Leoni, o Boro de Brian Henton, o McLaren privado de Emilio de Villota, o BRM de Teddy Pillete, o Hesketh de Ian Ashley, o Apollon de Lorus Kessel e o Penske-ATS de Hans Binder.

Para a BRM, esta seria a sua última aparição de sempre na Formula 1, e a sua saída pela porta dos fundos.

A corrida começou com Scheckter e Regazzoni a fazerem grandes partidas, acabando a primeira curva com o sul-africano no primeiro lugar e o suiço no segundo. Contudo, nas curvas seguintes, Hunt e Andretti passarão Regazzoni e no final da primeira volta, ele estará na frente dos Ferrari, que pouco depois o ultrapassarão. No inicio da segunda volta, Hunt e Andretti trocam de posições e o americano vai atrás do piloto da Wolf. Atrás, Mass passa Regazzoni para o sexto posto.

Nas voltas seguintes, Andretti imprime o ritmo para apanhar Scheckter e no final da décima volta, o piloto da Lotus passa o da Wolf na Parabólica e toma o comando. A partir dali, o americano afasta-se do resto do pelotão, enquanto que apenas na volta 24 é que se viram alterações, quando o motor de Scheckter explode, deixando o segundo lugar nas mãos de Reutemann.

Na volta 35, Lauda passa o seu companheiro de equipa para o segundo lugar, e passa a garantir mais ou menos o seu campeonato. Atrás, o Shadow de Alan Jones veio a subir de posições até chegar ao quarto lugar. Na volta 39, o McLaren de Giacomelli sofre uma fuga de óleo, e Reutemann tem o azar de pisar essa mancha de óleo e despistar-se.

No final, Mário Andretti acaba por vencer a sua quarta corrida do ano, seguido por Niki Lauda, que alarga a sua vantagem para 27 pontos, dando virtualmente o campeonato ao austríaco. Alan Jones fica com o terceiro lugar, e nos restantes lugares pontuáveis ficaram o McLaren de Jochen Mass, o Ensign de Clay Regazzoni e o Tyrrell de Ronnie Peterson.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Zanardi, Kubica e pseudo-impossiveis

Foi uma loucura, a semana que passou, quando as pessoas acompanharam os feitos de Alex Zanardi nos Jogos Paralimpicos de Londres. Para terem uma ideia: no dia em que ele alcançou a sua primeira medalha de ouro, este cantinho teve 5700 visitas, o equivalente a quatro dias visitas, pulverizando o anterior recorde. Cheguei a ter duas horas seguidas com uma média de 900 visitas, só porque as pessoas procuravam artigos sobre o piloto italiano que perdeu ambas as pernas em Lausitzring, a 15 de setembro de 2001. No final, Zanardi conquistou duas medalhas de ouro e uma de prata, a última dos quais conquistada neste domingo, na estafeta mista na classe H4, para amputados profundos, como Zanardi.

Com isto, o ex-piloto italiano de 45 anos fecha brilhantemente a sua participação nos Jogos Paralimpicos de Londres, em corridas que aconteceram numa pista de automóveis. Mas não quer ficar por aqui. Numa conversa que teve tempos antes com o seu amigo e ex-companheiro na Chip Ganassi, Jimmy Vasser, ele afirmou que em caso de vitória, lhe iria arranjar um carro adaptado para que ele tentasse participar nas 500 milhas de Indianápolis em 2013. Apesar do imenso sucesso que teve na sua primeira passagem nos Estados Unidos, nunca tentou a clássica americana porque nesse tempo, tinha havido a cisão entre a IRL e a CART.

Caso ele consiga, será mais uma prova de que "impossiveis não existem", e será aplaudido por todos, como sinal de que é mesmo um "ser excepcional".

Este domingo, enquanto muitos viam o GP de Itália de Formula 1, em Monza, noutro ponto de Itália, um ex-piloto fazia o seu regresso às competições, através de um carro de rali. Num velho Subaru Impreza WRC, o polaco Robert Kubica participava no Rali Comitolo di Lanna, uma curta prova de um dia, e acabaria por vencer, conseguindo também quatro vitórias em classificativas.

No final, Kubica, de 28 anos, afirmava estar contente com o resultado: "Estar aqui já é um bom passo, mas eu preferia estar em outro lugar. Ainda tenho um longo caminho a percorrer e talvez nunca mais esteja no mesmo nível físico de antes. Mas não pretendo desistir. O objetivo continua a ser retornar à Fórmula 1 e os próximos meses dirão se eu posso fazer isso já no próximo ano ou esperar até 2014", afirmou.

Pelo que eu falo com pessoal na Polónia, Kubica ainda vai ter de fazer mais uma pequena cirurgia por causa da acumulação de tecido nos tendões, que lhe estão a prejudicar os movimentos. Se não está a cem por cento, então deverá estar a noventa e muitos por cento, dada a facilidade que ele teve em ganhar este pequeno rali, e vai participar noutro em breve. E pelo que me contam também, Kubica pode estar a fazer um "plano B", que será o de fazer uma carreira nos ralis. O teste com a Ford no WRC poderá servir como introdução a uma "meia temporada" no Mundial, tal como fez Kimi Raikkonen em 2010 e 2011, no tempo sabático da Formula 1.

O seu grande teste, diz ele, será quando ele se sentar dentro de um carro de Formula 1, algures no ano que vêm. ele quer ir para a Formula 1 em 2014, mas não é fácil. Mas creio que só o facto de estar dentro de um carro de ralis, um ano e oito meses depois do seu grave acidente no Rali Ronda di Andora, a bordo de um Skoda Fabia S2000, já é uma grande vitória, e mais uma prova e que os imposiveis não existem, e de que colocar o "caixão à porta", como li em muitos sítios, é sinal da ignorância das pessoas.

Primeiro que tudo, porque os pilotos são seres competitivos em si, e encaram qualquer contrariedade como uma prova para se superar e para se fortalecer, fisica e mentalmente. Stirling Moss sofreu vários acidentes ao longo da sua carreira, um dos quais no GP da Belgica de 1960, onde partiu as pernas, mas ao fim de mês e meio, ainda combalido, estava de volta a um carro de Formula 1. Só por aí, temos de afirmar que eles não são seres como nós, que demoramos anos para recuperar de uma rotura de ligamentos de um joelho, por exemplo. Um futebolista consegue recuperar em quatro, cinco, seis meses, e não vejo os adeptos de futebol a colocar "caixões à porta", fazendo funerais às suas carreiras. Só por aí é que se vê a ignorância de muita gente nesse aspecto.

Segundo aspecto tem a ver com os avanços na cirurgia. É certo que um braço não é uma perna, e a cirurgia de Robert Kubica é bem mais complexa do que, por exemplo, a que Didier Pironi passou ao longo de quatro anos após o seu acidente no "warmup" do GP da Alemanha de 1982. Mas em 30 anos, muito se avançou nessa área. Se Pironi ainda teve a capacidade de entrar num carro de Formula 1 e dar algumas voltas em mais do que um teste, contrariando as probabilidades - e no final, acabou por não correr na Formula 1 porque caso fosse considerado apto, teria de pagar o dinheiro dado pela seguradora para financiar as suas oprerações, pois acreditavam que Pironi não voltaria a correr - creio que Robert Kubica terá a capacidade para se sentar dentro de um carro e fará tempos competitivos. Se antes tinha uma crença, agora fico com certezas.

Em suma, o que as pessoas deveriam reter como lição - mas suspeito que as suas 'memórias de peixe' não o fazem... - é que os impossiveis não existem. As mentes é que criam esses impossiveis, seja por preguiça, baixa auto-estima ou descrença, entre outros. O verdadeiro teste ao caractér, à fibra das pessoas só é verdadeiramente testado numa situação limite. Pessoalmente estive numa e safei-me. Conheço algumas histórias pessoas de pessoas que vocês conhecem na blogosfera e passaram por situações-limite ainda maiores e mais fortes do que eu e superaram com cinco estrelas. Um deles até corre de vez em quando de "kart", anos depois de ter tido um acidente de viação onde quebrou as pernas. E da última vez que soube, até ganhou uma corrida...

E por ter estado numa situação-limite e ter safado, é que acredito que ainda voltarei a ver Robert Kubica num carro de Formula 1, ou Alex Zanardi de novo num carro competitivo, provavelmente a marcar tempos no "Brickyard". Os pilotos de automobilismo são obcecados, e têm o céu como limite. Maurice Greene, atleta americano, campeão mundial e olimpico dos 100 e 200 metros, dizia que "os que acham que isto é impossivel, então saiam da frente e deixem que os outros derrubem essa impossibilidade". E isto ele dizia antes de aparecer Usain Bolt... 

domingo, 9 de setembro de 2012

Youtube Rally: O regresso de Robert Kubica


Num velho Subaru Impreza WRC, Robert Kubica fazia hoje o seu regresso à competição a um rali local em Itália, quase dois anos após o seu grave acidente, que causou ferimentos graves no seu braço direito. No Rali Gomitolo de Lana, pensava-se que ele iria apenas passear e mostrar que estava vivo, mas decidiu andar sempre a fundo, vencendo quatro das classificativas e o próprio rali!

Mesmo eu, que sempre acreditei no seu regresso, fiquei surpreendido com a sua performance, tão forte e tão convicta. Ainda faltam mais alguns ralis e outros desafios por adiante, o maior dos quais será o regresso a um carro de Formula 1, mas eu fico com a ideia de que ele está em forma. E continua com o pé pesado.

Vai ser algo que veremos nas semanas que aí vêm.

Formula 1 em Cartoons - Maldonado em Itália (GP Toons)

Alguém deu por Pastor Maldonado em Monza? Se não deram, o Hector Garcia deu, e fez um desenho sobre isso para o GP Toons.

Como é óbvio, damos os parabéns por esse feito, mas o Bruno Senna esteve melhor, pois conseguiu um ponto na última volta.

GP3: Elinas vence e Evans é campeão

Foi por muito pouco, mas o neozelandês Mitch Evans foi o campeão de 2012 da GP3. Apesar de ter tido uma péssima corrida - devido a um furo - ficando fora da zona dos pontos, foi a pole-position de ontem, e respectivos quatro pontos, que o acabaram por salvar na corrida do campeonato, contra um Daniel Abt que teve um bom fim de semana, conseguindo vencer a corrida de sábado.

Abt parecia ir a caminho de um inesperado título na GP3, neste domingo de manhã quando ficou na liderança, depois de ter partido do oitavo posto. Contudo, veio o cipriota Tio Elinas, que também fez uma corrida de recuperação e a volta e meia do fim, passou o alemão da Lotus ART e ficou na liderança, tirando o título da boca do alemão. O italiano Giovanni Venturini foi o terceiro, e com Mathias Laine a conseguir a volta mais rápida, Abt não tinha maneira de conseguir sacar mais pontos a lado algum, e assim o neozelandês conseguiu "in extremis" ser o campeão da GP3, por apenas dois pontos de diferença: 151,5 contra 149,5 pontos.

Quanto a Antonio Felix da Costa, conseguiu também fazer uma corrida de recuperação chegando ao quinto luga, conseguindo mais alguns pontos e consolidando o terceiro lugar final na competição. De facto, foi um ano para lembrar por parte do piloto português, que evoluiu bastante, mas os maus fins de semana, especialmente na Alemanha, acabaram por ter papel nesta fase final, apesar das três vitórias, dos seis pódios da pole-position e das seis voltas mais rápidas, quatro delas consecutivas.

Foi uma boa forma de me despedir da GP3, depois de um ano que me marcou bastante. Cresci muito enquanto piloto profissional e estou inserido na Red Bull Junior Team, portanto não há duvida que saio de Monza algo desapontado pela perda inglória deste campeonato, mas por outro lado o responsável da Red Bull, Dr. Helmut Marko, está satisfeito com o meu trabalho, por isso só tenho razões para continuar motivado e a mostrar que sou uma opção válida para um dia vir a guiar para umas das duas equipas da Red Bull”, disse o piloto de Cascais, com o seu reconhecido profissionalismo.

A GP3 acabou por este ano, no próximo haverá mais.

Formula 1 em Cartoons - Itália (GP Toons)

Fernando Alonso sempre a querer ser o centro das atenções. Não admire que os outros reclamem, especialmente Sergio Perez, que foi o piloto da corrida. 

Mais um cartoon do Hector Garcia, do GP Toons.

Formula 1 2012 - Ronda 13, Monza (Corrida)

O Grande Prémio de Itália, em Monza, simboliza por estes dias o termo da passagem anual pelas duas clássicas europeias antes da digressão pelos "novos-ricos" asiáticos, que encheram os bolsos da Formula 1 para fazer com que os seus países entrassem no mapa. O Japão é a única excepção, porque Suzuka já ganhou o seu estatuto de clássico, mas todos os outras corridas que aí vêm tem pouco mais de cinco anos no calendário.

Nesta temporada cheia de altos e baixos, com cinco equipas com possibilidades de vencer, ao ver que os McLaren tinham levado a melhor na qualificação, esperava-se que poderiam dominar esta corrida com maior ou menor dificuldade, caso não tivessem problemas ou acertassem na estratégia de corrida. E mesmo que um tivesse problemas, outro apareceria para "salvar o dia", já que Felipe Massa era relativamente inofensivo e Fernando Alonso, graças ao problema que teve na Q3, estava demasiado longe para os beliscar. A realidade e´que a corrida foi bem mais movimentada do que isso.

Comecemos pela partida. Esta foi muito interessante, pois Massa largou muito bem e travou mais tarde que Hamilton para tentar passar na primeira curva, mas como estava por fora, não conseguiu ficar com a liderança, que ficou firme no piloto britânico. Atrás, Alonso consegue passar dois carros, incluindo colocar o Force India de Paul di Resta com duas rodas fora da pista, e subiu para oitavo, atrás de Kamui Kobayashi.

Depois acabou por subir mais dois lugares, passando Michael Schumacher com este a dar alguma resistência. Mas o que fez mais - e com um valente "empurrão" para a gravilha - foi Sebastian Vettel, que depois foi penalizado por essa manobra, "a pedido" de Alonso. Curiosamente, no ano passado, Alonso fez mais ou menos a mesma coisa no mesmo local, e os comissários de pista acharam a manobra legitima. E depois não se admiram que alguns adeptos chamem a FIA de "Ferrari International Assistance"...

Atrás, viamos outra corrida mais inteligente, mais sólida, mais solitária e menos polémica: Sergio Perez, que largava da 12ª posição, decidiu partir com pneus duros até ao meio da corrida, tentando retardar o mais possível a sua paragem na boxe. As coisas lhe correram bem até à volta 26, quando estava no sexto lugar, mas o espectáculo começou na segunda parte: com pneus médios e menos combustível no depósito, começou a galgar segundos atrás de segundos, e a aproveitar os azares alheios.

Azares alheios que atingiam a equipa que parecia dominar tudo: a McLaren. Jenson Button para na Reta Oposta, à entrada da Parabóica, quando o coletor de combustível deixa de funcionar, abandonando quando tinha o segundo lugar na mão. E não seria o único dos da frente a abandonar, quando Vettel, pouco depois de cumprir a penalização, para na reta da meta após ter sido avisado que tinha problemas no alternador. O mesmo alternador que o deixou na mão em Valência...

Com esses abandonos, Alonso sorria, pois assim conseguia anular em parte os pontos que perdeu em Spa-Francochamps, e aproximava-se dos lugares da frente. Depois de Massa o deixar passar, parecia que Alonso ficava com o segundo lugar assegurado. Mas não, porque, vindo de trás e a um ritmo elevado, Perez apanha os dois Ferrari e os ultrapassa com facilidade. O mexicano chegou a passar o brasileiro da Reta Oposta, uma zona sem DRS, e depois, foi a vez de Alonso ser submetido à maior velocidade de "Speedy Gonzalaez". Parece que Luca di Montezemolo engoliu algumas das palavras que disse no inicio da semana...

As voltas finais foram (ainda mais) para esquecer nos lados da Red Bull: Mark Webber perde o controle do seu carro na saída da Ascari, evita bater no muro, mas depois tem problemas na caixa de velocidades e encosta à boxe para abandonar de vez, a duas voltas do fim. 

No final do GP de Itália, com os "tiffosi" a invadir a pista e a gritar por Alonso, havia três pilotos muito felizes: Lewis Hamilton pela vitória e pelo facto de ter dado um pontapé na crise e no episódio do "Twittergate", Sergio Perez pela corrida da sua vida e pela estrategia arriscada, e Fernando Alonso, pelo pódio e pelo facto de os Red Bull e Jenson Button marcaram zero pontos (pela primeira vez em... 34 corridas!), conseguindo anular os efeitos da sua desistência em Spa-Francochamps. Mas para muitos, o herói do dia foi Perez, que acabou no segundo lugar e conseguiu o seu terceiro pódio da sua carreira. É uma grande ironia. Afinal de contas, sete dias antes, em La Source, aqueles senhores do pódio tinham sido vítimas da impetuosidade de Romain Grosjean...

A Formula 1 sai agora da Europa - só voltando em abril de 2013 - e agora chegamos às corridas asiáticas. As coisas continuam confusas, e qualquer um dos candidatos ao título que sorriu hoje, poderá ter um mau dia na corrida a seguir. Afinal de contas, faltam sete corridas para o final da temporada e tudo pode acontecer.