Sempre achei que os eventos de Singapura tinham sido os decisivos para desequilibrar a balança a favor de um dos lados. Contudo, os de Suzuka, esta madrugada, apenas deram a Lewis Hamilton uma confirmação "de facto" de que vai ser campeão do mundo de Formula 1 em 2017. Os 59 pontos de vantagem que alcançou agora, quando saiu do circuito japonês, poderá já fazer pensar no dia 22 de outubro, sitio do GP dos Estados Unidos, em Austin, ou o dia 1 de novembro, na Cidade do México, como os palcos da sua consagração como tetracampeão do mundo. É que com a segunda desistência de Sebastian Vettel em três corridas, as suas chances de o alcançar ficaram próximo do zero, e numa competição onde hoje em dia, os motores e as caixas de velocidades têm de durar, uma simples quebra poderá significar o sepultamento de todas as chances de título. E para o piloto alemão, não vai ser este ano que o alcançará.
Claro, Vettel não deveria desanimar com isso: Michael Schumacher perdeu três campeonatos antes de vencer cinco com a Scuderia. Se em 1997, armou-se em Dick Dastardly e saiu-se mal, no ano seguinte foi um furo que o impediu de ser campeão, num duelo contra Mika Hakkinen. E em 1999, a perna quebrada no seu acidente em Silverstone o impediu de correr por metade da temporada. Portanto, o que se pode dizer a Vettel é que deu luta até quando pode, mas a máquina da Mercedes foi mais poderosa e mais resistente do que os da Ferrari.
Debaixo de sol e calor naquelas paragens japonesas, o inicio do fim de Vettel começou minutos aproximavam da partida, quando os mecânicos da Ferrari levantaram a tampa do carro de Sebastian Vettel para ver se poderiam reparar um potencial problema no seu carro. No final, acabou por ser uma vela defeituosa, substituída a tempo da corrida, mas não resolveu o problema. E isso viu-se na partida.
Ali, tudo ficou na mesma nas duas primeiras posições, com
Max Verstappen a passar o seu companheiro de equipa para ser terceiro. As coisas duraram algumas curvas, quando no gancho, o holandês da Red Bull passou Vettel para ser segundo, enquanto era depois pressionado pelo Force India de
Esteban Ocon. E aí começaram os problemas no carro vermelho, ao mesmo tempo que atrás, havia confusões, primeiro com
Carlos Sainz Jr a sair na Curva 3, depois de bater nos pneus.
Contudo, o Safety Car é chamado no inicio da segunda volta, para reunir tudo atrás desse Mercedes, ficando assim até à volta 4. Quando voltou. Vettel caiu para o sétimo posto, passado por Sergio Perez. No final dessa volta, a Ferrari chamou o alemão para retirar o seu carro. As chances de título para o alemão acabavam naquele instante, e a imagem de Vettel, sozinho, com o Safety Car de lado, mostravam tudo: ele sabia que tinha sido derrotado pelos problemas na sua própria equipa.
Na frente, Hamilton tinha tudo controlado, com Verstappen atrás, tentando acompanhar o seu ritmo. Ocon era terceiro, pressionado por Daniel Ricciardo. As coisas ficaram assim até à volta 8, quando Marcus Ericsson bateu forte na Degner, sendo a terceira desistência da corrida. E por causa disso, a organização fez sair o Safety Car... virtual, para que tirassem o Sauber do piloto sueco.
O Safety Car virtual acabou na volta 10, e Ricciardo pressionou para apanhar Ocon para ser terceiro no final da reta. Na volta seguinte, Bottas passou-o para ser quarto. Nas voltas seguintes, Hamilton começou a distanciar-se do holandês, ficando com quase quatro segundos no final da volta 15.
Com (quase) tudo resolvido, a luta passou para as paragens nas boxes. Massa foi na volta 18, depois de andar à luta pelo oitavo posto com Nico Hulkenberg e Kevin Magnussen, enquanto que Kimi Raikkonen tentava apanhar Sergio Perez para ver se conseguia ser sexto classificado, conseguindo passá-lo na vigésima volta.
Max Verstappen foi às boxes na volta 22, e conseguiu ficar na frente de Kimi Raikkonen para ser quarto, e logo a seguir, Hamilton também passou nas boxes para novo jogo de pneus, para os moles. As coisas não ficaram muito diferentes até à volta 29, quando Bottas deixou passar Hamilton para que ele pudesse ser o tampão a Max Verstappen. Ao mesmo tempo, Kimi foi também às boxes para sair em sexto, à frente dos Force India. Valtteri Bottas ficou o suficiente para que no inicio da volta 31, foi às boxes, tendo conseguido dar a Hamilton espaço para respirar: 3,4 segundos nessa altura.
Verstappen lá se aproximou, mas não muito, nas voltas seguintes. A partir dali, os sítios mais interessantes acabaram por ser mais atrás, especialmente nos Renault, que aguentaram até perto da volta 40 com o mesmo jogo de pneus, com Hulkenberg a desistir pouco depois, com a asa aberta. Pouco depois, Massa comete um erro e os Haas aproveitaram para ficar com o oitavo e o nono posto, com o Kevin "suck my balls" Magnussen a ser o melhor.
Na volta 47, Lance Stroll teve problemas com a suspensão frente-direita na curva 3, acabando ali a sua corrida, e mandando sair o Safety Car virtual pela segunda vez nesta corrida. Três voltas depois, a corrida voltou, com Vertstappen em cima do inglês, mas não houve grandes mudanças.
E no final, Lewis Hamilton comemorava mais um triunfo no caminho do seu tetracampeonato. Com toda a sorte do mundo do seu lado, e com Vettel com todo o seu azar, está a gozar o mau lado dessa parte da sua vida de piloto competitivo. Agora, 59 pontos os separam e Hamilton já era tetra virtual, apesar da matemática ainda não lhe der para comemorar o campeonato. Acompanhado pelos Red Bull, e com Bottas a ser quarto, na frente de Raikkonen, se calhar o piloto da Mercedes até iria gostar que o azar de Vettel o acompanhasse em Austin para poder ser já campeão...