Mónaco tem o seu "glamour", toda a gente sabe. Mas o mais interessante na história do automobilismo é que é a unica corrida do qual a Formula 1, sempre omnipotente e omnipresente com um Bernie Ecclestone que têm poder de decidir quem fica e quem sai, se curva. É a unica corrida do qual a formula 1 precisa dela, para se mostrar ao mundo. Pois atrai os "VIP's", as cabeças coroadas, os famosos. E diz-se que é a unica corrida do qual os cofres do Principado não dispendem qualquer tostão, pois está no calendário de graça. E provavelmente nunca sairá do calendário, porque eles precisam dela.
Mas claro, o Mónaco também precisa da Formula 1, pois é ela que os coloca "no mapa". Não é só o Casino e a família Grimaldi que o faz, mas também é a categoria máxima do automobilismo, pois mobiliza todo um pais, e este vive o dia por uma semana, que se prolonga por mais algum tempo graças agora às corridas clássicas. E isso já capturou a imaginação de todos, especialmente os pilotos, que sabem que vencer no Mónaco coloca mais prestigio nos seus currículos.
Após a polémica do dia anterior, na qualificação, Lewis Hamilton prometia que iria partir ao ataque para "recuperar o lugar perdido" e demonstrar que ele era o melhor piloto da dupla. Mas na partida, Rosberg conseguiu ser mais veloz e manteve a ponta em Saint Devôte, na frente do inglês. E ficaria assim até ao final da corrida.
Atrás, Ricciardo conseguia ficar na frente de Vettel, enquanto que Raikkonen conseguia surpreender Alonso conseguia ficar na frente dele, conseguindo o quarto lugar. No final da grelha, a Caterham decidiu que o seu piloto Marcus Ericsson largasse nas boxes, e assim o fez. Quem teve problemas na grelha foi Pastor Maldonado, que tinha ficado parado na volta de aquecimento e teve de ver a corrida das boxes.
Metros mais adiante, a primeira situação de Safety Car, quando no gancho da Loews, Sergio Perez bateu por lá, depois de um toque no carro de Jenson Button e bloqueou o resto do pelotão. O Safety Car entrou e ficou por lá até à quarta volta. Quando voltou, um dos que não conseguiu largar foi Sebastien Vettel, que se queixou o ERS e acabou por abandonar a corrida, depois de uma paragem nas boxes. A primeira grande baixa da corrida tinha acontecido.
A corrida continuou com os Mercedes a afastarem-se do Ferrari de Raikkonen, enquanto que atrás, os comissários de pista estavam a investigar os Marussia de Jules Bianchi e Max Chilton, e o Sauber de Esteban Gutierrez, por não terem deixado um lugar vago pelo desaparecimento de Pastor Maldonado. Pouco depois, as penalizações para todos eles.
As coisas mantinham-se mais ou menos na mesma, por alturas da primeira paragem de pneus quando na volta 23, o Sauber de Adrian Sutil travou mal na saída do túnel e bateu em cheio na parede. Resultado final: a segunda saída do Safety Car na pista. E isso foi aproveitado por alguns para trocar os pneus, incluindo os pilotos da Mercedes. Mas Vergne saiu das boxes em cima de Magnussen, que fez com que os comissários investigassem o incidente. Outro que foi prejudicado foi Kimi Raikkonen, que teve de fazer uma paragem extra e perder o terceiro posto, devido a furo.
Ao chegar ao meio da corrida, Rosberg aguentava Hamilton, com o piloto inglês a pressionar o alemão para conseguir a liderança. E mais uma penalidade, quando Jean-Eric Vergne teve de passar pelas boxes porque a equipa o largou de forma insegura. Na volta 36, apenas 17 carros circulavam nas ruas do Principado, e os Marussia e Caterham... ainda circulavam.
Com Vergne a cumprir a penalização, Jules Bianchi subiu para o 12º posto e não andava longe de Kimi Raikkonen, o último piloto a estar fora da área dos pontos.
Atrás, Ricciardo aguentava o seu terceiro posto dos ataques de Fernando Alonso, que se aproximava aos poucos do carro da Red Bull. Mas o interesse era a luta pela liderança, onde menos de um segundo separavam os carros da Mercedes. Rosberg aguentava como podia, gastando mais gasolina do que Hamilton, mas numa corrida onde se gasta menos em todo o campeonato, é algo estranho.
E na volta 45, o unico piloto que não tinha parado nas boxes... foi Felipe Massa. No seu Williams-Mercedes, o piloto brasileiro era o quinto classificado. Ele então parou, conseguiu sair atrás de Raikkonen, mas com os pneus frescos, tentava recuperar os lugares perdidos.
Na volta 52, o motor de Vergne "encomenda a alma ao Criador" e torna-se em mais um dos desistentes da corrida, numa altura em que se delineava uma nova luta, pelos últimos lugares pontuáveis: o Sauber de Gutierrez, que se aproximava do Williams de Bottas, ao mesmo tempo em que era assediado pelo Ferrari de Raikkonen, e via o Williams de Massa se aproximar. Mas na volta 57, o motor de Bottas rebenta e para o carro... no gancho do Loews. Felizmente, a eficácia dos comissários do Principado retirou o carro da pista. E nesta altura, a vinte voltas do fim, Jules Bianchi era 11º.
Contudo, a partir dali, a distancia entre os Mercedes aumentou para os dois segundos. Mas na volta 62, Esteban Gutierrez toca em La Rascasse e fura o seu carro. Este ficou parado na pista e acabou por parar e abandonar a corrida. E assim... Bianchi era décimo. Um Marussia nos pontos! Contudo, havia um problema: os comissários tinham-lhe aplicado (e também a Esteben Gutierrez) uma penalização de cinco segundos por manobras atrás do Safety Car, e restava saber se iriam levar o carro até ao fim e tirar esse tempo, ou iriam cumpri-lo, com uma passagem pelas boxes. Nessa altura, o seu mais próximo adversário, o Lotus-Renault de Romain Grosjean, estava a nove segundos do piloto da Marussia.
As voltas finais começaram a ser mais interessantes na frente. Hamilton começava a ver rosberg a ir embora, e ver Ricciardo a aproximar-se, a um ritmo de 1,3 segundos por volta. A razão era que o piloto inglês tinha problemas... de visão. Mas ele terá lentes de contacto? O australiano aproximou-se ao ponto de estar a cheirar a traseira do Mercedes, enquanto que atrás, no gancho da Loews, Kimi Raikkonen tentou passar o carro de Kevin Magnussen e acabaram bloqueados. O piloto da Ferrari foi às boxes e trocou de pneus - e conseguiu a volta mais rápida - mas não escapou de ficar fora dos pontos.
No final, Nico Rosberg acabou por ser o vencedor e conseguiu algo incrível: pela segunda vez consecutiva, ele venceu uma corrida de ponta a ponta. Isto quer dizer que a última vez que alguém liderou uma corrida... foi em 2012. E claro, nas boxes da Marussia, era o júbilo: conseguiram sobreviver à carnificina monegasca e Jules Bianchi terminou a corrida no oitavo posto, a primeira vez na sua carreira que conseguiria pontos. Mas com a penalização que tinha em cima, era provável que esse oitavo posto fosse perdido para Romain Grosjean.
Na tabela de pontos, Nico Rosberg voltava à liderança do campeonato, numa luta com Lewis Hamilton que vai assumir contornos de fratricidio, num campeonato que cada vez mais é da Mercedes. Agora, é esprar mais umas semanas para atravessar o Atlântico e correr em paragens canadianas, outra corrida que têm fama de imprevisível.