O perfil de hoje fala de um piloto que quis uma coisa na vida: seguir as pisadas do seu pai. Não só acabou por fazer isso, como eventualmente superou-o. E isso fez com que ganhasse o
Campeonato do Mundo, o primeiro piloto a ganhar pela
Williams.
Alan Jones nasceu a
2 de Novembro de 1946 em
Melbourne, e era filho de San Jones, um piloto famoso nos anos 40, a bordo de carros ERA. Aos 19 anos, em
1967, rumou para a Europa para fazer nome, mas teve pouco sucesso durante os seis anos seguintes. Somente em
1973, estando ele na Formula 3 britânica, é que ganha corridas. No ano seguinte, foi para a Formula Atlantic, onde teve alguns resultados, e no ano seguinte, o proprietário da sua equipa decidiu comprar um
Hesketh de
Formula 1 e inscreveu-o. Esta perceria durou quatro corridas, até que por falta de dinheiro, eles decidiram retirar-se. Mas
Jones queria continuar, e foi parar à equipa Hill, como substituto do magoado
Rolf Stommelen (1943-1983). Nas quatro corridas seguintes, termina em quinto no difícil circuito de Nurburgring. Esses dois pontos dão-lhe o 17º lugar final.
Em
1976, Jones vai para a
Surtees, como piloto a tempo inteiro. Consegue excelentes resultados, sendo o melhor um 4º lugar na prova final, no Japão. Os 7 pontos deram-lhe o 12º lugar na classificação. Nada mal, num carro patrocinado pela marca de preservativos
Durex…
Para
1977, estranhamente, fica de fora da competição, e vai correr para os Estados Unidos. É aí que é chamado para substituir o malogrado
Tom Pryce, morto no
GP da Africa do Sul. Agarra a oportunidade com as duas mãos e consegue dar à
Shadow a sua única vitória da carreira, ganhando o
GP da Áustria. Consegue outro pódio, desta vez em
Monza, onde termina em terceiro. Os 22 pontos alcançados dão-lhe o 7º lugar na tabela de pilotos.
As suas performances atraem a atenção de um homem:
Frank Williams. Na altura, ele procurava reconstruir uma nova equipa, já que a anterior tinha sido vendida dois anos antes a
Walter Wolf. Com
Patrick Head, o homem que o acompanha até hoje, decide que Alan Jones seria o homem ideal para levar a equipa a mais altos voos. De inicio, em 1978, as coisas não saem como deviam. O melhor que alcançou foi um segundo lugar em
Watkins Glen, mas já era um princípio. Ficou em 11º lugar na tabela final, 11 pontos para a contagem, e
duas voltas mais rápidas.
Mas em
1979, surge o
Williams FW07, o primeiro carro ganhador. Com o experiente
Clay Regazzoni a seu lado, começam mal o campeonato. Mas a partir do
GP de Inglaterra, a Williams era uma máquina vencedora. Prova disso, foram as quatro vitórias consecutivas da marca. A ironia era que, o primeiro a ganhar não foi
Jones, mas sim
Regazzoni… Jones fez
duas poles,
uma volta mais rápida, e ganhou quatro corridas:
Alemanha,
Áustria,
Holanda e
Canadá. Os 40 pontos e o terceiro lugar final coroaram o primeiro grande ano da Williams e o inicio de uma nova era…
Em
1980, a
Williams troca
Regazzoni pelo argentino
Reutmann, vindo da Lotus.
Jones era o primeiro piloto e começa o ano tal como acabou: em grande. Ganha na
Argentina, é terceiro no
Brasil, e segundo na
Bélgica, antes de arrancar para uma segunda parte excepcional: vitória em
França e
Inglaterra, terceiro na
Alemanha, segundo na
Áustria e na
Itália. Apesar das oposições de
Arnoux primeiro, e de
Piquet mais tarde, as vitórias que alcançou no
Canadá e em
Watkins Glen foram as suficientes para ser coroado
Campeão do Mundo, o primeiro conquistado pela
Williams, com
67 pontos. Nessa altura, também conquistou
três pole-positions e
cinco voltas mais rápidas.
Para
1981, as ambições mantinham-se intactas: tudo era igual ao ano anterior, e
Jones tinha começado bem, em
Long Beach. Mas na prova seguinte, em
Jacarépaguá, o bizarro acontece: Durante a prova, o segundo piloto da equipa, o argentino
Carlos Reutemann, ocupava a liderança, com
Jones no segundo lugar. Reutemann tinha recebido ordens de
Frank Williams para deixar passar Jones, aumentando as chances dele de aumentar a liderança no campeonato. No entanto, Reutmann ignorou as ordens e recusou-se a ceder a posição, vencendo a corrida. Revoltado, Jones se recusou a subir ao pódio para receber o troféu de segundo classificado. A chance de ganhar o bi-campeonto começava a desaparecer a partir desse dia…
Jones teve um resto de campeonato um pouco penoso, com Reutmann a levar a melhor. No final do
GP do Canadá, em Montreal, anunciou que iria retirar-se no final da temporada. Isso deu vontade de acabar por cima: venceu em
Las Vegas, e teve o prazer de ver o seu rival
Reutmann perder o campeonato a favor de
Nelson Piquet… Os 46 pontos que ganhou deram-lhe o terceiro lugar final, com
duas vitórias e
cinco voltas mais rápidas.
Finda a carreira, voltou à Austrália natal para correr em Turismos. Em
1983, faz uma perninha na Arrows, em
Long Beach, mas não termina. Dois anos mais tarde, em
1985, o americano
Carl Haas decide criar uma equipa de Formula 1, com chassis
Lola, e contrata
Jones, quase quarentão. Corre quatro corridas no final da temporada, mas não termina nenhuma. Em
1986, tem como companheiro o francês
Partick Tambay. O projecto é um fracasso, apesar de Jones ter conseguido quatro pontos, que lhe valeram o 12º lugar final. No final desse ano, abandona de vez a competição, correndo em Turismos. Nos anos 90, converte-se em comentador para a TV Australiana.
Eis seu palmarés final na Formula 1: 117 GP’s, em 10 temporadas, o título mundial de 1980, 12 vitórias, seis pole-positions, 13 voltas mais rápidas, 24 pódios, 206 pontos.
Nos últimos tempos, tem estado activo: é um dos proprietários da A1 Team Austrália, que teve a correr o seu filho Christian, e tentou a sua sorte no GP Masters, a compatição para veteranos com mais de 45 anos, comandado pelo ex-campeão Nigel Mansell. Mas os vários anos em que esteve afastado de um carro de competição tiveram o seu peso…