O adepto normal da Formula 1 sabe que sempre que este vai ao circuito Gilles Villeneuve e ao GP do Canadá, vai ser uma corrida invulgar. Já disse há muitos anos - e estou convencido disso: que o espirito de Gilles Villeneuve desce ao circuito com o seu nome e ali, haverá sempre corridas invulgares, nada aborrecidas. E é verdade. Quase sempre a corrida canadiana é considerada como um dos melhores do campeonato. E mesmo em tempos de dominio dos Mercedes, as coisas tiveram a sua imprevisibilidade. Recordo que no ano passado, quem venceu foi Daniel Ricciardo...
Debaixo de céu azul e um dia agradável de primavera, a qualificação começou com algumas coisas interessantes, já a querer mostrar a invulgaridade da corrida canadiana. Para começar, os problemas na unidade de potência do McLaren de Jenson Button, que o impediram de marcar tempo, para além da noticia de que a Toro Rosso tinha trocado o motor do carro de Max Verstappen, que fez com que tivesse quinze lugares de penalização. Para algumas pessoas, parecia que o piloto holandês iria largar em Toronto...
Mas a sessão prometia mais surpresas, especialmente na Q1. Se Romain Grosjean mostrava que os Lorus até eram bons carros, o suficiente para interferir entre os Mercedes - mas estes não se esforçavam muito... - na Ferrari, Sebastian Vettel vivia o seu pequeno inferno, quando o seu motor falhava, não conseguindo entregar toda a potência que queria entregar. Chegou a um certo momento em que chegou a afirmar que estava a guiar um camião. Um quarto de século antes, isso fez com que outro piloto fosse despedido...
Ao mesmo tempo, outro piloto passava o seu drama pessoal, que era Felipe Massa. E pela segunda corrida consecutiva, o piloto brasileiro ficava de fora da Q2 e era superado por milhas pelo seu companheiro de equipa. Aliás, Valtteri Bottas iria acabar esta qualificação no quarto posto. Que contraste... é necessário acrescentar que no final da qualificação, Sebastian Vettel sofreu nova penalizado de cinco lugares... porque passou um Manor num lugar com bandeiras amarelas.
Na segunda parte, as coisas voltaram a uma espécie de previsibilidade, com os Mercedes na frente da tabela de tempos, mas os Lotus animavam sempre que iam à pista, com Pastor Maldonado até a fazer um pião depois de fazer um bom resultado numa das suas voltas de qualificação. Romain Grosjean tentava não ficar atrás, mas nesse fim de semana, os carro estavam tão bons como os Williams e os Ferrari dos finlandeses Kimi Raikkonen e Valtteri Bottas, e prometiam lutar pelo terceiro lugar.
E foi assim quando eles passaram para a Q3, que era algo que ainda era inédito naquela temporada, na companhia dos do costume, mais os Red Bull e os Force India, deixando de fora os Toro Rosso, os Sauber e o McLaren de Fernando Alonso, entre outros.
No final, foi o costume: Lewis Hamilton foi o poleman, num monopólio da Mercedes. Ainda por cima, no Canadá, o piloto do carro numero 44 conseguiu a pole numero... 44 da sua carreira, cada vez mais a mostrar-se como um dos melhores da sua geração, embora ainda a faltar mais alguns títulos do que a concorrência. Nico Rosberg voltou a ser o segundo, queixando-se do seu carro, especialmente da sua tração traseira, que o tinha deixado a desejar, enquanto que Kimi Raikkonen foi o terceiro, conseguindo superar Valtteri Bottas. Os Lotus ficaram com a terceira fila da grelha, na frente dos Red Bull e dos Force India, e parecem que têm tudo para conseguir o melhor resultado de sempre neste temporada.
Amanhã iremos ver até que ponto é que isto será mais uma corrida, ou teremos motivos para acreditar que não será uma corrida como os outros. Existe uma reputação para ser defendida...