A Formula 1 teve tempo para respirar depois do México. Chegou ao Brasil depois de uma altura tensa no país, devido ao rescaldo de uma dura eleição presidencial. Tanto que, semana e meia antes, numa terça-feira, em São Paulo, muito do material das equipas ficou retido na autoestrada para São Paulo, vindo do aeroporto de Guarulhos, por causa dos bloqueios de estrada levantados ilegalmente pela parte derrotada. Mas claro, a questão ficou rapidamente resolvida, e todos foram para Interlagos para armarem a tenda e dar o espetáculo à parte que muitas das vezes é o GP do Brasil. Ou como chamam agora, "GP de São Paulo".
Como tudo já está decidido, o que se fala agora são os lugares que faltam ocupar. O rumor do momento é Nico Hulkenberg fazer um regresso à Formula 1 pela Haas, não se sabe se à custa de Mick Schumacher, e claro, quem fará parte da Williams, caso Logan Sargent não consiga os pontos para a Super-Licença.
E claro, como tudo na pista já está resolvido, será um fim de semana onde todos darão o máximo para conseguir um bom resultado. E a multidão entusiasta irá ajudar nisso. E ainda por cima, para melhorar o panorama, havia Sprint Race neste final de semana. Para começar, Carlos Sainz Jr. ia usar o sexto motor da temporada e iria penalizar em cinco posições na qualificação desta tarde, para definir a grelha de partida... de amanhã.
O treino livre acabou com todos muito coladinhos... e Sergio Pérez melhor que Max por muito pouco - oito milésimos! - porque o neerlandês se queixava de ter um carro subvirador. Claro, as expectativas para a qualificação estavam altas devido a esta competitividade de gente que não tem nada a perder. Apenas pela competição.
Com o tempo encoberto, a chuva apareceu precisamente na hora de começo da qualificação! Primeiro de forma tímida, mas com o passar dos minutos, começou a aumentar. Mas depois parou antes do começo da qualificação, suficiente para colocarem pneus slicks moles e irem todos para a pista, porque o tempo podia mudar a qualquer momento.
As coisas começaram bem para Kevin Magnussen - era o começo das maravilhas do piloto da Haas - para saber como estavam as coisas. Dava para meter slicks e fazer uma volta em condições, e o primeiro a fazer isso foi Fernando Alonso, que marcou um tempo de 1.18,412, com Max logo atrás. Magnussen colocou o carro no primeiro tempo, mas o tempo fora anulado por ter excedido os limites da pista. E quem aproveitou tudo isto?Alex Albonm que por momentos, ficou com o segundo melhor tempo. E estes baixavam, rapidamente. No final da Q1, todos com moles e com os tempos a baixar, na "roleta de Interlagos", biu-se uma situação inusitada: os Ferrari estiveram muito perto de ficar de fora! Leclerc até perdeu minuto e meio para trocar de pneus, tirando intermédios porque queriam colocar slicks usados. Ele queria novos e tiveram de procurar o quarteto ideal, que estava algures no fundo das boxes...
Mas tiveram tempo para marcar tempos suficientes para continuar, embora à custa de outros. Como os Sauber-Alfa Romeo de Guanyou Zhou e Valtteri Bottas, o Williams de Nicholas Latifi, o Haas de Mick Schumacher e o Alpha Tauri de Yuki Tsunoda.
Pista definitivamente seca para a Q2, os pilotos não perderam tempo para saírem e marcarem tempos. E como na Q1, Norris foi logo para o topo dos tempos, com 1.11,571. Mas logo a seguir, Fernando Alonso melhora, para 1.11,394, antes de Max repor a ordem com 1.11,318. Tudo isto com uns pingos nos visores, nada que atrapalhe a condução ou a aderência do asfalto.
Mas logo depois de Max ter feito 1.10,881, e Vettel ter feito o oitavo tempo, colocando Sainz Jr fora do "top ten", para o espanhol reagir com um tempo nove milésimos mais lento que Max, a chuva apareceu com mais força e os tempos não melhoravam. De uma certa forma, esta qualificação estava acabada.
Para os que ficaram de fora, os Aston Martin de Lance Stroll e Sebastian Vettel, o McLaren de Daniel Ricciardo, o Williams de Alexander Albon e o Alpha Tauri de Pierre Gasly, parece que a mudança constante de tempo foi um tiro que lhes saiu pela culatra.
Para a Q3, o tempo escureceu bastante. Mesmo assim, quase todos colocaram moles, exceto Leclerc, que colocou intermédios, numa aposta para a pole. Ainda podiam correr na pista com elas, mas era por pouco. E ia piorar!
Começou com KMag a fazer 1.11,674, e a seguir, e Leclerc regressa às boxes porque... a pista está seca demais! Mas - sorte ou azar da Scuderia - ao mesmo tempo, George Russell bateu forte e as bandeiras vermelhas foram mostradas. E choveu ainda mais, neste tempo em que a sessão parou para tirar o Mercedes do lugar onde estava.
E com o passar dos minutos, e com o aumento a pluviosidade, parecia que o impossível iria acontecer: uma pole - para uma corrida Sprint, é verdade - para Kevin Magnussen, e a primeira pole da Haas! E claro, a multidão nas bancadas torcia por eles, e quando o cronómetro chegou ao zero, o impensável aconteceu. E o autódromo comemorou fortemente, enquanto nas boxes, Gunther Steiner e a equipa abraçavam o dinamarquês pelo feito "impossível".
E mais doido ainda: o outro carro... é o último da grelha!
Mas ainda assim, isto também é a Formula 1. É Interlagos. E é o que se pode fazer com a chuva: todos estes momentos fantásticos, únicos, invulgares.
Amanhã, com a corrida Sprint, há mais.