O mais interessante desde GP húngaro, que normalmente não é emocionante, foi que se tornou numa prova de pura estratégia, onde o melhor seria aquele que superasse os seus obstáculos e acabasse na frente do adversário. E a corrida desta tarde foi assim mesmo: decidida nas estratégias, onde a Mercedes conseguiu levar a melhor sobre uma Red Bull que tinha tudo para ganhar, mas quando aconteceu a segunda paragem da Mercedes, praticamente encostou Max Verstappen à parede, sentenciando a partida. Um pouco como fez Ross Brawn, em 1998, quando transformou uma estratégia de paragem extra a Michael Schumacher em algo vencedor.
E tinha de ser: a Mercedes estava a ver que a temporada iria ser um passeio, mas os eventos desde o GP da Áustria (e antes, no Canadá) mostraram que a Red Bull está a reagir. O motor Honda deixou de ser o "patinho feio" da Formula 1 e a pole-position da véspera de Max Verstappen, mostrava que merecia há algum tempo. Depois de sete vitórias, duas delas nas últimas quatro corridas... tínhamos (mais ou menos) um campeonato.
Quando as luzes se apagaram, Verstappen conseguiu aguentar as pressões dos Mercedes, enquanto Valtteri Bottas atrasou-se, devido a um toque... de Lewis Hamilton e Charles Leclerc, ambos danificaram a asa dianteira do piloto finlandês. Ele caiu para quinto, mas não foi logo para as boxes, porque esta estava ainda funcional. Apenas na quinta volta é que ele foi trocar a asa dianteira e colocou pneus duros, caindo para o fundo do pelotão.
A partir dali, foi um duelo entre o holandês e o britânico, enquanto a corrida tranquilizou-se. Tanto que a Ferrari começou a falar de um plano alternativo, provavelmente com duas paragens, para ser melhor que a concorrência. Porque os carros vermelhos eram cada vez mais os terceiros nos construtores...
Todos queriam saber que tipo de estratégia é que a Mercedes tinha, mas a partir da volta 18, Hamilton aproximou-se de Verstappen para ficar na traseira da corrida, e talvez, passar nas boxes. Acabou por ser Verstappen a ir às boxes na volta 25, com duros, e ele volta à pista na frente de Leclerc, mas com Hamilton vinte segundos na sua frente.
No regresso, o holandês tentou tirar a diferença virtual para o britânico, antes que ele fosse às boxes. Mas Hamilton ficava na pista, dando o seu máximo até à volta 32, quando ele colocou duros. Mas demorou quatro segundos, e voltou cerca de quatro segundos atrás de Verstappen.
No regresso, Hamilton começou a voar, caindo a diferença a cada volta. Na metade da corrida, estava a 1,2 segundos e logo depois, passou ao ataque, numa altura em que Bottas já estava na zona de pontos. O britânico atacou na volta 39, mas o piloto da Red Bull resistiu. Ao mesmo tempo, a Ferrari mandava Vettel às boxes, para colocar moles.
Hamilton afastou-se um pouco de Verstappen para arrefecer os componentes, mas na volta 43 voltou ao ataque, mas subitamentem na volta 50... o britânico volta às boxes. Para trocar a amarelos, médios.
Parecia que Hamilton tinha abdicado, mas o que tinha feito foi quebrar a estratégia da Red Bull. E com pneus mais frescos, poderia apanhar Hamilton na parte final da prova. E isso provou nas voltas seguintes, quando ganhava um segundo por volta. Na volta 55, a diferença deixou de diminuir, estabilizou nos 15 segundos, para poupar nos pneus, e depois voltou a atacar, aproximando-se do holandês.
E na volta 66, Hamilton estava na traseira de Verstappen. No final da reta da meta, passou-o e foi-se embora, e a Red Bull, admitindo a derrota, mandou o holandês para as boxes no sentido de ficar com a volta mais na rápida. Atrás, Vettel apanhou Leclerc e ficou com o terceiro posto.
Foi assim que acabou a corrida. O resultado pode passar por ser previsível, mas a prova deu nervos por causa da estratégia, pura estratégia. E isso só mostra que, por vezes, ela pode ser emocionante. Agora, é altura de férias, a Formuloa 1 volta em setembro para o que resta da Europa, Ásia, e Américas, antes do final, em dezembro, em Abu Dhabi, com o hexa do Hamilton a acontecer bem antes, talvez no México...