sábado, 3 de agosto de 2013

Youtube Motorsport Video: Ouninpohja, por Antti Kalhola

O dia de hoje do Rali da Finlândia ficou marcado pela passagem dos pilotos pela temida classificativa de Ouninpohja, que os organizadores decidiram que iria ser o "Power Stage" desta edição do rali. Entre os que estavam por lá para ver pilotos como Sebastien Ogier, Thierry Neuville, Mikko Hirvonen, Jari-Matti Latvala e outros era o Antti Kalhola, que em 2011 fez um video sobre essa mitica classificativa, nas mentes de todos os adeptos dos ralis.

Eis o resultado final, para recordar.

WRC 2013 - Rali da Finlândia (Final)

Até há alguns anos, a Finlândia pertencia aos finlandeses. Não no sentido nacionalista do termo, mas que até à década passada, em 90 por cento das vezes, os vencedores do Rali da Finlândia eram os pilotos da casa, porque esses sabiam fazer as curvbas melhor do que ninguém e sabiam dos truques melhor do que os forasteiros. Contudo, com Sebastien Löeb, as coisas modificaram-se e ele começou a vencer algumas edições. Esperava-se que com ele fora de cena, as coisas voltassem ao que eram, mas depois de ver a classificação final deste ano, o mundo definitivamente mudou, e não há lugares sagrados: os finlandeses não são o que eram. 

Sebastien Ogier foi o vencedor deste rali, depois de um grande duelo com Thierry Neuville e Mads Ostberg, mas este ano, não vimos finlandeses no pódio, com Mikko Hirvonen a ser o melhor... no quarto posto. É certo que a batida de Jari-Matti Latvala não ajudou (voltou, mas acabou no 17º posto final), mas no top ten só houve mais um piloto da casa: Jari Ketomaa, no sétimo posto. Curiosamente, o vencedor do WRC2, com mais de um minuto de avanço sobre Robert Kubica, que conseguiu outro nono posto e dois pontos para o Mundial.

O último dia deste rali começou com Ogier a abrir uma vantagem que parecia já ser decisiva sobre Mads Ostberg e Thierry Neuville. Apesar dessa vantagem, que na altura era de 38 segundos, o francês da Volkswagen não queria perder a concentração e andou ao ataque na maior parte do tempo. Como resultado, venceu duas das primeiras cinco especiais, com Neuville e Ostberg em luta pelo segundo posto. Ao final da manhã, a dioferença entre os pilotos da Ford era de apenas... dois segundos.

Pela tarde havia mais três troços, incluindo o temível Power Stage de Ouninpohja, onde tudo poderia acontecer no sentido da classificação final. Aí, o segundo lugar ficou decidido a favor de Neuville quando Ostberg sofreu uma saída de estrada, perdendo quase vinte segundos para o piloto belga. Mas o norueguês não foi o unico que teve problemas: Ogier tocou numa pedra e danificou um dos pneus, obrigando a andar mais cautelosamente para levar o carro até ao fim, e Kris Meeke perdeu o controlo do seu Citroen DS3 quando capotou num dos pulos da classificativa. Quanto a Jarko Nikkara, também perdeu muito tempo, devido a um braço da suspensão partida e caiu na classificação geral.

O grande beneficiário foi Dani Sordo, que pulou dois lugares, chegando ao fim no quinto posto, seguido por Evgueny Novikov, que também aproveitou os azares alheios para subir na classificação. Jari Ketomaa foi o sétimo e o melhor dos WRC2, na frente de Per-Gunnar Andersson, de Robert Kubica e de Anders Mikkelsen.

Com isto tudo, Ogier é cada vez mais o candidato ao título mundial, já que têm agora 90 pontos de diferença sobre Jari-Matti Latvala e Thierry Neuville, ambos os segundos classificados do campeonato. O campeonato volta no final do mês, entre 23 e 25 de agosto, para o Rali da Alemanha. 

Youtube Motorsport Trailer: "Rush", trailer numero cinco

Encontrei por aqui este trailer do "Rush". Não direi que é um novo, totalmente novo, mas é parecido com o mais recente, com mais alguns acrescentos, especialmente a introdução do realizador, Ron Howard

Enfim, vejam lá, mais uma vez. E parece que 13 de setembro não chega depressa...

Vende-se: coleção sobre Ayrton Senna

É uma coleção única que está à venda desde há uns dois dias num site de leilões aqui em Portugal. Um senhor de Cascais decidiu colocar à venda a sua coleção pessoal de memorabilia de Ayrton Senna. Para além das estatuetas do piloto nas suas várias fases - incluindo quando ele ergueu o seu troféu no GP do Brasil de 1991 - tem os carros dele nos tempos de Formula Ford, Formula 3 e Formula 1. Para além disso, tem capacetes e um busto pintado, livros, quadros, edições do "Senninha" e... uma caneta.

O preço? Ele pede 8250 euros por toda a coleção. Não sei se é caro ou não... Eis o link: http://cascais-cascais.olx.pt/coleccao-unica-ayrton-senna-iid-433780871

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

WRC 2013 - Rali da Finlândia (Dia 2)

O segundo dia do Rali da Finlândia mostrou que no meio da confusão inicial, houve um piloto a destacar-se e este foi o do costume: Sebastien Ogier, no seu Volkswagen, que aproveitou os problemas dos Ford de Thierry Neuville e Mads Ostberg para conseguir uma vantagem de 38,5 segundos, quando ainda falta mais um dia de rali para ser concluido.

Isto começou como acabou ontem: com a "dança das cadeiras" no comando do rali. Depois de Neuville ter iniciado o dia no comando, Ogier e Ostberg partiram para o ataque, com o norueguês a ficar com o comando após a segunda classificativa do dia, mas apenas por... 0,8 segundos. Na altura, Ogier afirmava que “no último troço tive algumas cautelas na parte mais rápida pois era mesmo muito rápido e estreito”. Por seu lado, Ogier confessava na altura que “estou contente com o meu ritmo, mas o Mads está a andar muito depressa!”.

Mas esse ritmo já tinha causado os primeiros estragos: na nona especial, Juho Hanninen sofreu um toque no seu Ford Fiesta WRC que lhe deixou danos graves na roda direita e puseram um ponto final na excelente prova que estava a fazer. Com esse deslize, Hanninen abriu a porta do quinto lugar ao inglês Kris Meeke, fazendo com que Andreas Mikkelsen regressasse ao sexto posto com o seu Volkswagen e Jarkko Nikara colocasse o Mini JCW WRC na melhor posição em que um carro desses já andou este ano, no sétimo posto. E nessa altura, já Robert Kubica andava no "top ten", com o seu Citroen DS3 WRC2.

Pela parte da tarde, o ritmo continuou elevado entre Ogier, Ostberg e Neuville, desta vez com o piloto da Volkswagen ao ataque, conseguindo transformar a desvantagem de 0,8 segundos numa vantagem de 9,9 segundos. E esse ritmo fez estragos entre os da frente, especialmente Hirvonen, que teve... dois furos na 12ª classificativa. Por causa disso, sofreu um atraso de 35,6 segundos e poderá ter ficado definitivamente de fora da luta pela vitória. Já Neuville tinha algumas dificuldades nos troços e atrasava-se em relação a Ogier e a Ostberg, que mais tarde, também sofreria um furo na 14ª classificativa e baixava para o terceiro posto. “É inacreditável, a partir da agora tudo é uma lotaria!”, disse o norueguês.

E com isso, Ogier distanciou-se, conseguindo uma vantagem que parece ser confortável para Thierry Neuville, e deixando até os finlandeses... fora do pódio, já que Hirvonen está a um minuto de Ogier. Chris Meeke é o quinto classificado, apesar de ter sido prejudicado por um acidente com Evgueny Novikov, que decidiu fazer uma parte da classificativa com o capô aberto, caindo para o nono lugar. O piloto inglês é o quinto com o seu Citroen DS3 WRC, mas tem a companhia de Jarko Nikkara, que subiu ao sexto posto após a quebra da suspensão por parte do Volkswagen de Anders Mikkelsen.

Dani Sordo é o sétimo, numa prova demasiado modesta para o piloto da Citroen, seguido por Jari Ketomaa, o melhor do WRC2, Evgueny Novikov e o polaco Robert Kubica.

O rali da Finlândia termina amanhã.  

Youtube Formula 1 Classic: 1978, Depailler à chuva em Montreal

Ontem, como já tinha dito, passou-se mais um aniversário da morte de Patrick Depailler. E de uma certa forma, hoje caiu na minha "timeline", cortesia do "pilotoon" Bruno Mantovani, este video do piloto francês durante os treinos livres do GP do Canadá de 1978, realizado debaixo de muita chuva. A corrida era a última daquela temporada e inaugurava o circuito da ilha de Notrê-Dame, em Montral, que anos depois seria rebatizado de Gilles Villeneuve, em honra do primeiro vencedor da corrida nessa pista.

Aqui pode-se ver como é que o francês controlava o carro. E quero acreditar que ele levava pneus de chuva para a pista...

Youtube Engine Simulator: A primeira amostra do motor Mercedes para 2014


A Mercedes colocou hoje um video onde simula uma volta a Monza. Até aqui, é algo estranho. Mas depois, soube-se que o objetivo do video é o de proporcionar às pessoas o som dos seus novos motores V6 Turbo de 1.6 litros, que estarão presentes a partir de 2014.

Apesar de as pessoas poderem achar estranho, Andy Cowell, o responsável pelos motores da marca alemã, afirmou na Autosport britânica que o som de ‘laboratório’ não é exatamente igual ao que se ouvirá nas pistas. Ele explica que “gravar num cubículo de teste é um desafio porque é necessário extrair os fumos”, o que “requer uma enorme quantidade de tecnologia” que “leva parte do som. Além disso, uma sala de testes é uma sala com paredes retas, o que faz o som ressaltar, o que reduz a pureza. Estamos falando de um dinamômetro, não um estúdio de gravação”, completou.

Segundo ele, os novos motores soarão de forma diferente porque os novos motores V6 serão construidos de forma diferente, e os regulamentos foram desenhados para restringir o som, logo, os escapes serão desenhados de forma diferente. Mas apesar da marca alemã apresentar esta simulação, ainda não será desta que ouviremos realmente o som de um V6 Turbo.

Youtube Rally Action: O primeiro dia do Rali da Finlândia

Eis um resumo videográfico do primeiro dia do Rali da Finlândia, com o ponto alto a ser o toque de Jari-Matti Latvala, que o deixou com a suspensão quebrada e o obrigou a abandonar.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

WRC 2013 - Rali da Finlândia (Dia 1)

O primeiro dia do Rali da Finlândia está a ser marcado pelo duelo entre Thierry Neuville e Mikko Hirvonen, e pela desistência do Volkswagen de Jari-Matti Latvala, vitima de uma quebra da suspensão traseira-esquerda. O acidente de Latvala aconteceu na segunda classificativa do dia, quando sofreu um toque numa das curvas traiçoeiramente velozes do rali finlandês. Apesar de ter feito umas reparações, o carro não aguentou mais e no inicio da terceira especial do dia, deu a coisa por terminada, optando por voltar no método "rally2".

Mas o rali está a ser marcado pelas diferenças entre os pilotos: no final da quinta classificativa, as diferenças entre o primeiro e o décimo classficado não iam para além de... 43 segundos. E quem levou a melhor no final deste primeiro dia é o mais improvável: Neuville, no seu Ford.

As coisas em terras finlandesas começaram com o Volkswagen do lider do mundial, Sebastien Ogier, a abrir as hostilidades, numa classificativa inicial que combinava asfalto com terra. O piloto francês conseguiu uma vantagem de 1,2 segundos sobre Jari-Matti Latvala e 1,4 segundos sobre Mikko Hirvonen, no seu Citroen DS3 WRC. No final, Ogier disse que “correu tudo bem. Acho que ninguém atacou demasiado e assumiu demasiados riscos”.

Contudo, nas classificativas seguintes, o ritmo aumentou e começaram as mudanças de liderança. Hirvonen passou Ogier, que por sua vez reagiu e assomou a liderança, acompanhados pelo Ford de Thierry Neuville, que está a conseguir acompanhar o ritmo destes dois pilotos. E o belga até admitiu que poderia ter andado mais rapidamente: “Nalguns locais fui cauteloso e temos que verificar algumas notas pois há locais onde posso passar mais depressa!”, afirmou.

Só que esse ritmo foi demais para alguns pilotos, como Jari-Matti Latvala, que nessa altura deu cabo da suspensão, levando assim à sua desistência.

Quanto ao tempo, os céus finlandeses pareciam de inicio colaborar, Contudo, na quinta classificativa, a chuva, que já tinha feito a sua aparição, de forma mais fraca, caiu mais forte e Hirvonen - que tinha escolhido na véspera ser o último a partir - teve de andar numa toada cautelosa, o que fez perder quase vinte segundos e cair para o quinto posto. O que deixou furioso... com os organizadores: "Existia tanta água nas bermas que perdemos quase vinte segundos. Realmente, foi uma excelente decisão por parte dos organizadores", ironizou. Aqui, o melhor foi Ostberg, com Jarko Nikkara no segundo posto, mesmo com um carro datado como o Mini JCW WRC, conseguiu superar Kris Meeke, o terceiro classificado.

Na ultima classificativa do dia, Neuville conseguiu ser o melhor, 0,6 segundos superior a Evgueny Novikov, mas mais do que suficiente para superar Ogier e Hirvonen. O finlandês da Citroen foi apenas 0,9 segundos mais lento, mas o francês da Volkswagen foi 2,7 segundos pior, e isso foi mais do que suficiente para que o belga colocasse o seu Ford Fiesta WRC na frente no final deste primeiro dia.

Para além dos quatro primeiros classificados, atrás deles existe uma concorrência que não os quer deixar escapar. Juho Hanninen, piloto de testes da Hyundai, é o quinto classificado, num Ford Fiesta WRC, a 17 segundos do líder, e a ser assediado por... Chris Meeke! Sexto classificado, a 17,5 segundos dos lideres (o que significa que tem Hanninen a... meio segundo!), está demonstrar que apesar de estar mais de ano e meio de fora de um rali do WRC, não perdeu o jeito. Evgueny Novikov é o sétimo, a 20 segundos, mas está a ser assediado pelo Volkswagen de Anders Mikkelsen. E a fechar o "top ten" estão o Citroen de Dani Sordo e o Mini de Jarko Nikkara, que está a 47 segundos dos lideres.

O rali da Finlândia prossegue amanhã. 

Motorsport Toon Ad: Tooned, versão Mobil Oil

No dia em que a McLaren lançou o seu "Tooned", descobri que esse não foi o unico desenho animado que eles lançaram nesse fim de semana. Também lançaram um para a Mobil Oil, onde tinham, para além de Jenson Button e Sergio Perez, o americano Tony Stewart, piloto da NASCAR e apoiado pela petrolifera americana, onde todos eles falam dos beneficios dos lubrificantes.

Agradeço ao Renato Tonini pela dica.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

A capa do Autosport desta semana

Lewis Hamilton é o assunto em destaque na capa desta semana do Autosport. A sua primeira vitória ao serviço da Mercedes, na Hungria, deu azo a uma expressão aliviadora por parte das pessoas que o seguem, um "Finalmente, Hamilton!" mesmo que fosse para dizer que a transferência da McLaren para a Mercedes, está a valer a pena.

Por cima, temos uma entrevista de carreira a um dos melhores pilotos de rali portugueses, Jorge Ortigão, enquanto que em baixo, temos as referências às 24 horas de Spa-Framcochamps ("Vitória de Schneider e da Mercedes"), sobre as eleições na Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting ("Manuel de Mello Bryner eleito presidente da FPAK") e sobre o resultado da Rampa de Paços de Ferreira ("Salvador na festa de Reis") 

Formula 1 em Cartoons - Hungria (GP Toons)

Parece que a vitória de Lewis Hamilton no GP da Hungria, a primeira desde que chegou à Mercedes, causou algumas coisas interessantes no pelotão da Formula 1. Pelo menos é o que poderemos ver do cartoon que o Hector Garcia, do GP Toons, desenhou para essa ocasião...

Noticias: Tost diz que Ricciardo precisa de amadurecer

No meio da luta pelo lugar vago na Red Bull para 2014 e das hipóteses que se fala para o lugar que por agora é de Mark Webber, dois nomes surgem frequentemente: o finlandês Kimi Raikkonen e o australiano Daniel Ricciardo, que neste momento está na Toro Rosso, e depois dos testes que fez na Red Bull, em Silverstone, é cada vez mais considerado como hipótese para o segundo lugar na equipa austriaca. Mas há quem ache que ter Ricciardo na Toro Rosso é premeturo, e esse alguém é Franz Tost, o patrão da marca sediada em Faenza e age como "equipa B" da Red Bull.

Falando à publicação alemã Speedweek, Tost foi taxativo: “Pessoalmente, prefiro vê-lo por mais um ano no processo de amadurecimento na Toro Rosso. Quer dizer, nós estamos a falar sobre a Red Bull, a equipa campeã dos últimos três anos”, destacou.

Daniel nunca esteve num pódio de Formula 1, ele não venceu uma corrida – porque o nosso carro não era bom o bastante”, reconheceu. “Este é o único ponto negativo que vejo para ele. Do contrário, acho que ele terá muito sucesso na Formula 1”, considerou.

Instado a comparar entre ele e Sebastian Vettel, que esteve na equipa em 2007 e 2008, Tost afirmou: “A maior diferença entre Vettel e Ricciardo é que Vettel foi para a Red Bull quando esta não era uma equipa vencedora. Ambos cresceram juntos”, lembrou. “Mas Ricciardo deve estar imediatamente no pódio e lutando por vitórias. Talvez esta chance tenha aparecido com um ano de antecedência”, concluiu.

Tost também falou sobre Carlos Sainz Jr, o piloto de 18 anos e filho de Carlos Sainz, que sentou em Silverstone no Toro Rosso no teste de jovens pilotos. O patrão da equipa de Faenza disse que ele ainda não está pronto para a Formula 1. “Eu disse a ele que ele precisa vencer corridas na GP3. Ele agora tem 18 anos. Acho que ele pode ter maturidade para a Formula 1 daqui a dois ou três anos. Ele ainda não conquistou na GP3 os resultados que nós esperávamos dele”, concluiu.  

terça-feira, 30 de julho de 2013

Youtube Motorsport Video: os agradecimentos de Murray Walker

Como é sabido, Murray Walker, o mítico comentador da BBC, atualmente com 89 anos, passou por um mau bocado. No inicio de junho, escorregou num barco quando fazia um cruzeiro na Alemanha e fraturou a pelvis, e pouco tempo depois descobriu que tinha um cancro. Contudo, parece que as coisas estão bem melhores para ele. Quase curado da fratura, disse agora que o tratamento para o seu problema de saúde era tal que dispensava quimioterapia, o que são boas noticias. E demonstra que com a idade que têm, é mais rijo que se esperava.

Assim sendo, gravou uma mensagem que passou no fim de semana do GP húngaro, agradecendo o apoio prestado.

The End: Tony Gaze (1920-2013)

Soube-se esta segunda-feira do desaparecimento de um dos pioneiros da Formula 1. E não era um qualquer. Fala-se do primeiro australiano que esteve na categoria máxima do automobilismo, antes de Jack Brabham, e antes disso, tornou-se num dos ases da aviação da II Guerra Mundial. Hoje, fala-se de Tony Gaze, um homem extraordinário que desapareceu aos 93 anos.

Uma vida que muito provavelmente vale um filme, de facto, mas já vinha de família. Nascido a 3 de fevereiro de 1920 em Melbourne, era filho de Irvine Gaze, um dos membros da expedição antártica de 1914, comandada por Ernest Shackleton. Após essa expedição, o seu pai foi combater na I Guerra Mundial, ao serviço da Royal Flying Corps, a antecessora da RAF, onde foi abatido na última semana da guerra e feito prisioneiro pelos alemães. Após a guerra, Irvine conheceu Freda Sadler, uma condutora de ambulâncias, e casaram-se em 1919, com Tony Gaze a nascer pouco depois do seu regresso à Austrália.

Tony Gaze teve uma infância calma, mas quando a II Guerra Mundial começou, em 1939, Tony Gaze e o seu irmão mais novo, Irvine Jr. (mais conhecido por Scott) tinham perto de 20 anos e estavam na Grã-Bretanha. Decidiram de imediato que queriam seguir os passos do seu pai na aviação. Ambos entraram na Royal Australian Air Force (RAAF) em 1941, mas a carreira de Scott seria tragicamente abreviada em maio desse ano, quando morre num acidente, apenas com 19 anos. 

Ao longo da II Guerra Mundial, Gaze esteve no melhor e no pior: em 1943, foi abatido ao largo da cidade de Le Treport, mas conseguiu evitar a captura durante três semanas, antes de fugir para Espanha. No ano seguinte, juntou-se ao esquadrão 610 e no final da guerra, abateu um Me 262, o primeiro caça a jato dos alemães. Ao todo, como comandante de esquadrão, abateu 11 aviões... e um foguete V1. E foi condecorado por três vezes com a Distinguished Flying Cross, o unico australiano a ser agraciado com múltipla honra.

Segundo conta Joe Saward no seu blog, o seu envolvimento com o automobilismo acontece após a guerra, quando conhece e começa a namorar com Kay Wakefield, a viúva de um piloto de pré-guerra, morto em combate em 1942. E o seu primeiro feito em termos desportivos foi o de idealizar um circuito à volta de uma propriedade pertencente a Lord March e que tinha sido a sua base durante a guerra. Depois de discussões e experimentações, eles disseram que valia a pena. Acabou por virar o circuito de Goodwood.

Pouco depois, foi desmobilizado e regressou à Austrália, onde comprou um Alta e foi correr em rampas. Casou-se nesse ano com Kay (acabaria por morrer em 1976) e veio para a Grã-Bretanha, onde ele começou a correr na Formula 2, com um Alta. Em 1951, decidiu participar em vários eventos na Europa, e no ano seguinte, mudou-se para um HVM, com motor Alta. A ideia era de competir no campeonato de Formula 2, mas este decidiu fundir-se com o de Formula 1, e ele participou em vários eventos, quer extra-campeonato, quer a contar para a classificação. A sua primeira participação foi na Belgica, seguido das corridas na Grã-Bretanha, Alemanha e Itália, onde acabou por não se qualificar. A sua melhor posição foi um 15º posto em Spa-Francochamps.

Após isso, participou no Rali de Monte Carlo a bordo de um Holden, com mais dois australianos: Lex Davidson e Stan Jones, pai de Alan Jones. Não ficaram bem classificados, mas ele continuou a sua carreira nos Spots Cars, onde sobrevive só com arranhões a um acidente no GP de Portugal, quando o seu Aston Martin bate fortemente contra umas árvores, após a colisão com um Ferrari.

Em 1953, regressa à Austrália, mas está na Grã-Bretanha dois anos mais tarde para fazer a Kangaroo Stable, a primeira equipa australiana, onde alberga os melhores do seu país, incluindo um jovem chamado Jack Brabham. A ideia era correr nos Sports Cars, mas com o cancelamento de várias corridas após o acidente em Le Mans, a aventura fica sem efeito.

Volta à Austrália, onde corre em eventos como o GP da Nova Zelândia, onde acaba no segundo lugar na edição de 1956, apeas atrás de Stirling Moss. No final dos anos 50, vira o seu interesse para a aviação, nomeadamente aos planadores, onde ele representa o seu país em alguns campeonatos do mundo. Quando a sua mulher morreu, ele decidiu regressar à Austrália, e casou-se de novo, desta vez com Diana Davidson, uma piloto de corridas no seu tempo e também a viúva de outro piloto, o seu amigo Lex Davidson, que correra com ele nos anos 50 e tinha morrido numa corrida da Tasman Series em 1965, tripulando um Brabham.

Os seus últimos anos foram passados a participar em eventos históricos e a ver os seus afilhados - filhos de Lex Davidson - serem nomes de topo nos anos 70, quer na Formula 5000, quer na Formula 2. Os netos de Diana, Alex, Will e James, correm todos neste momento na V8 Supercars. E em 2006, as suas contribuições para o automobilismo local lhe varem ser condecorado com a Ordem da Austrália.  E uma das suas últimas aparições públicas foi este março, quando esteve em Melbourne ao lado de Jack Brabham, no fim de semana do GP da Austrália.

Assim sendo, contempla-se a grande vida de aventuras por parte de alguém que até agora era um dos pioneiros ainda vivos, marcantes de uma geração cada vez mais distante. Ars lunga, vita brevis.

Como tentar entender a "silly season de 2013

"A Formula 1 e um desporto onde não se pode (nem se deve) pensar em termos de preto e branco. Também envolve vários tons de cinza". Joe Saward, 30 de julho de 2013.

"Silly Season" traduz-se literalmente em "estação tola" ou "estação dos disparates". O Verão é literalmente um tempo onde o melhor é estar na praia do que ficar a trabalhar, pois o calor não permite muito para pensar. E desde domingo, altura em que decorreu o GP da Hungria, parece que a Formula 1 desligou o cérebro e permite dizer disparates. Ou então, todos os diretores de equipa combinaram entre si, qual "lobby", para dizer um disparate do qual os jornais ficam entretidos ao longo do mês de agosto. E qual foi o disparate escolhido? Fernando Alonso de saída da Ferrari.

É certo que parece tudo combinado: primeiro, a presença do "manager" de Alonso na "motorhome" da Red Bull, com 98 por cento das pessoas desconhecendo que ele é também o "manager" de Carlos Sainz Jr. - e já agora, o pai também lá estava - e muito provavelmente, ambos estariam a discutir a participação do piloto espanhol na Red Bull Junior Team, onde ele faz parte.

Ora, as pessoas viram isso, combinado com as declarações de Luca di Montezemolo ditas ontem, o dia de aniversário de Fernando Alonso, e pensaram que essa "prenda de aniversário" amarga significava que as relações entre ambas as partes estariam no ponto de rotura.

Já agora, para quem não leu, Montezemolo disse: “Todos os grandes campeões que pilotaram para a Ferrari sempre lhes foi pedido que colocassem os interesses da equipa acima dos seus. Este é um momento para ficar calmo, evitar polémicas, e mostrar humildade e determinação na sua contribuição, ficando ao lado da equipa e das suas pessoas na pista ou fora dela”.

É certo que Fernando Alonso é um grande piloto, mas com uma personalidade difícil. Trabalhava bem na Renault, mas aí estava protegido por Flávio Briatore, que lhe dava toda a liberdade para que pudesse mandar na equipa. Tanto assim que esmagava os seus adversários internos. Mas a partir da sua passagem pela McLaren, em 2007, é que Alonso mostrou um pouco essa personalidade algo irascível. Na Ferrari, as coisas até agora andavam boas, apesar das frustrações da perda dos campeonatos de 2010 e 2012 para Sebastian Vettel e a Red Bull. Mas parece que em 2013, essas frustrações se acumulam e o vapor começa a sair, aumentando a tensão dentro da Scuderia. Não tanto por causa da Red Bull, mas porque agora começa a aparecer a Mercedes, e a Lotus também não anda longe. Logo, esta chamada de atenção de Alonso sobre o carro poderá servir para que não sejam ultrapassados por estas equipas.

Qualquer assunto relativo à Red Bull não pode ser visto como que aconteça já em 2014, com ele a ir para o lugar de Mark Webber. Seria mais verdadeiro se fosse em 2016, quando Sebastian Vettel termina o contrato com os energéticos. E Alonso têm tendência a negociar bem cedo, a "arrumar a casa" bem antes de acontecer. Exemplos? Olhem quando é que ele assinou o contrato com a Ferrari... isso é uma boa hipótese. Mas Vettel está muito feliz na marca austriaca e provavelmente deseja bater recordes atrás de recordes. A ideia de ficar por lá até ao fim da sua carreira é uma hipótese bem plausível.

Outro assunto relativo a pilotos e "silly season" é Kimi Raikkonen. Sobre isso, já falei no sábado, e continuo a achar que o finlandês vai continuar na Lotus, especialmente quando se têm uma equipa que o quer e o deixa ser o que é. Não o vejo a ir para a Red Bull e ser o capacho de Sebastian Vettel, e não o vejo regressar à Ferrari, onde ele saiu de lá antes de tempo e já ter dito por mais do que uma vez que "passou dos tempos mais infelizes da vida". Nesse campo, o seu nome, tal como o de Vettel, Alonso, Massa, etc... são mais usados para fazer correr rios de tinta nestes dias mais parados. 

Lembrem-se, teremos quatro semanas sem Formula 1, e nem toda a gente consegue ler nas entrelinhas...

Youtube Motorsport Demonstration: Formula 1 a passear em Milton Keynes


Pelo que me contam, vai ser apresentado no próximo domingo. Mas estas filmagens aconteceram neste domingo que passou, com as exibições no meio da cidade de Milton Keynes de três carros de Formula 1: um Williams, guiado por Susie Wolff, um Lotus, guiado por Nicolas Prost (irónicamente, tem um desenho do capacete de Ayrton Senna...) e um Red Bull, guiado por António Félix da Costa.

Ao longo destes seis minutos, vemos os vários carros de Formula 1 passeando entre carros de turismos e alguns jipes... perdão, SUV, e ficas intrigado em saber o que será isto tudo. Muito provavelmente poderá ser este o episódio onde eles quererão mostrar o melhor da industria automóvel britânica, com aquela exibição no The Mall, a meio de junho...

E já agora, porque esta cidade? Simples: boa parte das equipas de Formula 1 estão sediadas nessa zona. Red Bull é mesmo dali.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Youtube Motorsport Racing: a carambola que quase aconteceu em Spa-Francochamps

As 24 Horas de Spa-Francochamps foram neste fim de semana, com mais de 70 carros presentes na grelha para a corrida mais importante dos GT's. Mas as coisas poderiam ter acabado muito mal para o italiano Alessandro Per Guidi, que guiava o Ferrari 458 Itália que vinha na segunda posição. Ao tentar fazer o Eau Rouge na melhor maneira possivel, perdeu o controlo do seu carro e fez um 360º no Radillon... com o resto do pelotão atrás dele! Pode se imaginar o susto do piloto...

Vi esta no WTF1, ao mesmo tempo que a Bethânia Pereira mostrava no seu Facebook. Os narradores franceses lhe deram uma ajuda... 

Youtube Motorsport Classic: o rescaldo do acidente mortal de Roger Williamson

No dia em que se passa exatamente 40 anos sobre o acidente mortal de Roger Williamson, no circuito de Zandvoort, descobri numa simples pesquisa no Youtube estas duas reportagens feitas pela TV francesa, imediatamente após a corrida holandesa, onde se mostra o gesto nobre de David Purley de o tentar salvar e apesar de se louvar os avanços que tinham acontecido em termos de segurança dos carros e respectivos depósitos de gasolina, se critica o socorro dos comissários de pista e dos bombeiros locais para socorrer o piloto britânico de 25 anos.

Na primeira reportagem, temos o jornalista Edouard Seidler, do jornal "L'Equipe", que refere que o que se deveria fazer por ali era que os bombeiros e os comissários de pista deveriam ser formados pela FIA e pela CSI, a comissão desportiva internacional, para que pudessem ter uma melhor resposta em situações como esta. E que também fala que em casos como este, as corridas deveriam ser interrompidas sem apelo nem agravo, em nome da segurança e que os socorristas pudessem trabalhar sem que colocassem as suas vidas em perigo.

Na segunda reportagem, feita no dia a seguir, os convidados são um comissário de pista e o piloto Henri Pescarolo. Após terem de novo visto as imagens, Pescarolo afirmou que os pilotos, por norma, não param para socorrer os seus camaradas, pelo simples fato de para isso, estão lá os comissários de pista. Mas afirma que ele poderia ter sido salvo, caso os comissários estivessem melhor equipados e o socorro fosse mais eficaz. 

E nessa reportagem, o jornalista fala de uma estatística cruel: até então, onze pilotos tinham morrido nessa temporada, em várias competições automobilísticas. Dois deles tinham acontecido nas 500 Milhas de Indianápolis: primeiro Art Pollard, nas qualificações, e depois Swede Savage, na corrida, embora este tivesse morrido um mês e meio depois, devido a uma complicação médica. E os trinta dias anteriores tinham sido particularmente crueis: a 23 de junho, o escocês Gerry Birrell tinha morrido numa corrida de Formula 2 em Rouen, e uma semana antes de Williamson, a 21 de julho, outras duas mortes tinham acontecido, quando os pilotos Hans-Peter Jostein e Roger Dubos tinham morrido numa colisão nas 24 Horas de Spa-Francochamps. E finalmente, na véspera do acidente de Zandvoort, soube-se que outro piloto envolvido noutro acidente em Spa tinha sucumbido: o italiano Massimo Larini, tio de Nicola Larini.

Isto mostra o impacto que este acidente teve na altura. Foi de facto, um acidente cruel. Não no sentido do acidente em si e no nobre ato de David Purley em o tentar salvar, mas no facto dos comissários de pista o terem deixado um piloto morrer queimado no seu cockpit. Mesmo que a maior parte das pessoas dissessem que estavam equivocados - muitos pensavam que Purley era o piloto do carro virado! - algum piloto deveria ter apercebido de que algo de errado estava a acontecer por verem um piloto a insistir virar um carro, se este estivesse "fora dele".

Mas os pilotos não foram os culpados, aqui têm de se apontar aos comissários, à organização do circuito. Subestimaram a gravidade do acidente, equivocaram-se do que se passava e não mostraram uma bandeira vermelha para parar a corrida, nem que fosse para entrar o carro de bombeiros e ir apagar o fogo. De facto aconteceu, mas foi... com a corrida a decorrer! Dois anos depois, quando o inquérito foi concluído e os resultados divulgados à imprensa, concluiu-se que Williamson tinha morrido sufocado, e não no impacto, como os comissários explicaram inicialmente.

O acidente causou indignação na altura, e de uma certa forma, tornou-se num ponto de viragem. A segurança foi aumentada, quer nos carros, quer nos circuitos, quer nos espectadores. E as corridas foram mais vigiadas, para evitar negligências grosseiras como aquelas. Mas naquele ano em particular, onde quinze dias antes de Zandvoort todos respiravam aliviados pelo facto de ninguém ter morrido após uma carambola de onze carro provocado pelo despiste do McLaren de Jody Scheckter, ainda havia muito para fazer no sentido de modificar carros, pilotos e circuitos. Dali a dois meses e algumas semanas, em Watkins Glen, a Formula 1 voltaria a chorar o desaparecimento precoce de mais um piloto.

Rumor do Dia: Michelin de regresso à Formula 1?

Soube-se esta manhã que a Michelin marcou uma conferência de imprensa na quarta-feira para fazer aquilo que eles afirmam ser "um anuncio importante". E esse anuncio não é propriamente um regresso, mas sim uma proposta para a FIA no sentido de regressar a uma competição do qual está ausente desde 2006, altura em que se instituiu um monopólio no fornecimento de pneus, do qual quem levou a melhor foi a japonesa Bridgestone. E não há sinais por parte de Bernie Ecclestone e Jean Todt de que querem abolir o monopólio. A noticia está na Autosport portuguesa.

Contudo, a proposta, caso aconteça, poderá servir mais como mais um fator de pressão para que a Pirelli faça pneus mais adequados às equipas a partir de 2014 do que um regresso propriamente dito, por dois razões: a FIA e Ecclestone pretendem manter o monopólio, e a Pirelli já disse que irá se manter na competição em 2014, tendo Paul Hembery, o representante da marca, dito que já fizeram os pneus para a próxima temporada, que segundo ele diz, terão de ser mais largos - pelo menos na traseira - para aguentar o maior binário que os motores 1.6 Turbo irão ter a partir do ano que vêm.

A proposta até seria do agrado de Jean Todt, o presidente da FIA. Sendo francês, vendo uma marca francesa a fornecer pneus a todo o pelotão até seria uma boa maneira de o agradar. E claro, caso fizesse um composto que fosse melhor do que os da Pirelli, toda a gente ficaria satisfeita. Mas como o problema que os italianos tinham com as cintas de aço - substituidas pelos de kevlar - e que fazia com que os pneus se desgastassem prematuramente e causasse furos precoces está resolvida, esta proposta poderá surgir um pouco desfasada e tardia.

Contudo, veremos o que os próximos dias irão trazer. 

Youtube Motorsport Cartoon: A história da McLaren, parte dois

E hoje, dia de Grande Prémio, passou mais um episódio da animação da McLaren. Hoje falou-se um bocado sobre o fundador, Bruce McLaren, sobre o seu Austin e sobre o seu "Kiwi de estimação" chamado Russell, e as suas tentativas bem humoradas de conseguir ter um carro melhor em termos aerodinâmicos. 

E para finalizar, a coisa mais interessante que este "cartoon" nos deixa é que daqui a um mês... poderemos ver sobre a passagem de Emerson Fittipaldi pela equipa. Consta-se que é ele mesmo que irá falar sobre isso.

domingo, 28 de julho de 2013

Formula 1 em Cartoons - Hungria (Pilotoons)

O cartoon do que foi o GP da Hungria deste domingo, feito pela pena do Bruno Mantovani

E o Grosjean vive da sua fama...

Formula 1 2013 - Ronda 10, Hungria (Corrida)

Três semanas depois de Nurburgring, a Formula 1 regressava à ativa em paragens húngaras, depois de terem feito um teste de jovens pilotos em Silverstone, para compensar o facto de esta temporada ter apenas 19 corridas. O pelotão chegava ao paddock húngaro com o tempo a brindar-lhes com um sol abrasador, e depois do que se tinha passado na qualificação do dia anterior, perguntava-se se iria ser "mais do mesmo", ou seja, os Mercedes ficariam para trás, superados por Red Bull, Lotus e Ferrari, ou por fim a equipa alemã conseguiria superar essa malapata? Afinal de contas, Lewis Hamilton, o "poleman" da véspera, queria ganhar com a Mercedes, para dizer aos seus críticos que a mudança tinha sido benéfica para ele.

A corrida começou sem incidentes para Hamilton, que conseguiu manter o comando de Sebastian Vettel e Romain Grosjean. Quanto ao alemão da Red Bull, este largou mal e teve de segurar o francês para perder o segundo lugar. Atrás, havia um pequeno incidente quando os dois Ferrari pressionam Nico Rosberg e este, sem ter muito por onde ir, toca em Felipe Massa, perdendo lugares. As trocas de pneus aconteceram cedo, com Hamilton a ir na nona volta, e aos poucos, os da frente também iam, com os Lotus a pararem na 14ª volta, mas a sairem a tempo um do outro, sem se incomodarem.

Com isto tudo, quem beneficiava era Mark Webber e... Jenson Button. Com o piloto da McLaren a decidira ir o mais longe possivel com o mesmo jogo de pneus, deu por si no terceiro posto, a servir de tampão a Vettel e Fernando Alonso, com Hamilton a ficar na frente dele e a cavar uma distância cada vez maior, do qual iria ser decisiva após as paragens nas boxes. Entretanto, atrás de Button, as coisas andavam quentes, com Vettel a tentar passar o britânico, mas com ele quase a estragar o fim de semana, ao tocar na traseira do McLaren. Felizmente para ele, sem consequências.

Aparte a tal colisão entre Vettel e Button, a corrida não estava a ser emocionante, era mais um desgaste entre os da frente. Por exemplo, para Romain Grosjean, que viu a sua corrida a ser estragada na volta 30, quando tentou nova ultrapassagem a Felipe Massa. Ela correu bem, só que passou... por fora. Os comissários estavam atentos e vieram que a ultrapassagem do piloto francês ao brasileiro da Ferrari teve consequências, pois ele o fez com as quatro rodas de fora da linha branca e os comissários não permitem isso. Resultado final, na volta 37, o francês foi penalizado.

Entretanto, o grande duelo do momento era entre Alonso e Webber, mas na realidade, as coisas tinham mais a ver com as trocas de pneus, num asfalto abrasivo. E quem se beneficiava disto tudo era Kimi Raikkonen, que conseguia manter os seus pneus médios, conseguindo fazer apenas duas paragens com pneus médios - a última das quais na volta 43 - contra os três e os quatro que fazia a concorrência. E foi por isso que conseguiu chegar ao segundo posto na parte final da corrida.

Esta começou a ser contada a partir da volta 50, quando foi a vez de Hamilton a parar, caindo para o terceiro posto, mesmo atrás de Webber. Mas ele reagiu, partindo ao ataque e tentando passar na Curva 3, o que consegue fazer "na marra". Mas havia mais jogos de espera: Hamilton agora esperava por Vettel, com Kimi Raikkonen à espera de Mark Webber. E eram as boxes que continuavam a decidir tudo. Vettel parou na volta 56, onde fica atrás do finlandês, no quarto posto. Mas não arriscou a colocar pneus moles. Faltava Webber parar, e isso aconteceu na volta 60, a dez voltas do fim.

Entretanto, Hamilton estava concentrado em ver se ganhava a corrida. Tão concentrado que mandou o seu engenheiro "passear", pois o seu carro respondia bem ao seu ritmo, pois continua a ter os Red Bull atrás de si. Por essa altura, Vettel estava na traseira de Raikkonen, para ver se chegava ao segundo posto, e tentou ultrapassar por duas vezes na parte final da corrida, mas o finlandês da Lotus se defendeu bem, não conseguindo ser desalojado do segundo lugar. Pelo meio, Webber aproximava-se de Vettel, mas da boxe da Red Bull saltava um misterioso "Fail 22" e as posições se mantiveram.

No final, Lewis Hamilton conseguiu contrariar o que acontecia antes com os Mercedes, vencendo pela primeira vez nesta temporada, na frente de Kimi Raikkonen (que parou logo a seguir na saída das boxes) e de Sebastian Vettel, com Mark Webber em quarto e Fernando Alonso apenas no quinto posto. Algumas voltas antes, Nico Rosberg tinha desistido com um motor quebrado, e com isso dava a Pastor Maldonado - e à Williams - os seus primeiros pontos da temporada. Muito pouco para uma equipa do qual se esperava bastante para este ano.

E com isso, a Formula 1 volta a entrar de férias. Desta vez por 27 dias, gozando o agosto até Spa-Francochamps, e onde se fica com a expectativa no ar sobre se esta vitória da Mercedes terá continuidade, se a Red Bull continuará a lutar pela vitória, ou se a Lotus continuará a pontuar, entre outros.  

O novo Pacto da Concórdia e a máquina de fazer dinheiro que é a Formula 1

O fim de semana do GP húngaro irá ser marcado pela noticia de que, por fim, Jean Todt e Bernie Ecclestone terem chegado a um entendimento sobre o novo Acordo (ou Pacto) de Concórdia, que deveria estar em vigor desde o inicio do ano, mas que até agora, não tinha acontecido. A ser verdadeiro, isso significa que dentro em breve, provavelmente em Paris, ambos os lados irão colocar em papel as assinaturas de algo que existe sempre desde 1982, sempre negociado e renovado, e com este novo acordo, será prolongado até 2020, quando o Tio Bernie (caso esteja vivo e livre) já for nonagenário. 

De uma certa forma, é um alivio que ambas as partes tenham chegado a esse acordo, pois a cada semana que passava sem isso assinado, as tensões cresciam entre Ecclestone e as equipas, bem entre ele e Todt, o presidente da FIA. Uma das razões para essa tensão tem a ver com a contribuição que a FOM deveria dar à entidade que regula o automobilismo, dado que Ecclestone conseguiu convencer Max Mosley, algures em 2001, a ceder a sua parte dos direitos por um periodo de... cem anos. Outro problema do qual afastava Todt de Ecclestone, como fala a Autosport portuguesa, era de que o "anãozinho tenebroso" queria cobrar uma verba aos jornais, da mesma maneira que cobre às cadeias de televisão, ou seja, que pagassem para falar sobre a Formula 1. E sobre isso, Todt era terminantemente contra.

O francês, que durante este tempo todo teve uma posição muito "low profile" - uma boa razão para isso poderá ser as eleições para a presidência, que acontecerão no final deste verão - quis que esse acordo chegasse depressa, mas sem pressa, pois não queria hostilizar Ecclestone, já que este ainda têm muito poder para colocar um dos seus "paus mandados", como aconteceu com Max Mosley, em 1991. Contudo, nenhum dos lados cedia nessa parte até então, e isso prejudicava as equipas, pois elas com o novo acordo, ele tinha cedido mais uma percentagem dos seus ganhos - fala-se que agora, as equipas vão receber cerca de 60 por cento dos ganhos, contra os 50 que recebiam antes.

E sobre a máquina de fazer dinheiro que é agora a Formula 1, na semana que passou apareceu uma excelente matéria feita pelo Luis Fernando Ramos, vulgo o Ico, que detalhou as receitas que a Formula 1 ganha nos dias de hoje graças à ação de Bernard Charles Ecclestone, nascido a 28 de outubro de 1930 em Londres. Lá, ele mostra um estudo financeiro de 2011 onde as receitas dos Grandes Prémios (aqui em dolares), estimados em 1500 milhões de dólares, um terço delas - 510 milhões - vêm dos promotores dos circuitos, enquanto que outro terço, 490 milhões, vêm das receitas televisivas. As receitas em termos de publicidade estática andam à volta dos 225 milhões de dólares.

Interessante ler sobre as taxas que Ecclestone aplica aos promotres, que nos tempos que correm, é graças à expansão para a Ásia do qual Ecclestone sempre batalhou, é que se chega a esse valor. Alguns dos "novos ricos" da Formula 1 foram capazes de gastar muitos milhões por ano só para que o seu país esteja nas bocas do mundo, apesar da sua parca - ou nenhuma - tradição. Exemplos? Voltando à Autosport portuguesa, descobre-se que Singapura paga 48 milhões de euros por ano para ter um Grande Prémio e a Coreia do Sul despende 42 milhões de euros anuais para ter uma corrida num "meio de nenhures" chamado Yeongam. Não admira que por estes dias, a organização do GP coreano queira livrar-se deste contrato o mais rapidamente possível...

Outros exemplos: Abu Dhabi gasta 40 milhões, Índia paga desde 2011 32 milhões de euros, apesar de todos os obstáculos, Bahrein paga 32 milhões de euros, mesmo com a agitação social existente, e a China dispende 27 milhões, embora já tenha pago bem mais. Para terem uma ideia, em média, os organizadores europeus dispendem entre 13 a 16 milhões de euros anuais. E há uma excepção: o Mónaco, que recebe de graça, porque a Formula 1 - e Ecclestone - reconhece que necessita ter as ruas do Principado no seu calendário, pois acrescente imenso "glamour" à competição.

E sobre as receitas televisivas, volto à Autosport portuguesa para falar sobre os valores que algumas cadeias televisivas estão dispostas a pagar para ter a Formula 1. A Sky Sports inglesa e a RTL alemã são as mais caras, pagando 60 milhões de euros cada um, enquanto que a Sky alemã, a RAI italiana dispendem 40 milhões de euros anuais. Já a Fuji TV japonesa, a Rede Globo brasileira, o Canal 5 espanhol e a TF1 francesa gastam 20 milhões de euros cada um. Mas Ecclestone quer transferir a Formula 1 para canais pagos e tende a carregar ainda mais nos contratos. Daí que a BBC, no final de 2010, tenha decidido abdicar de transmitir toda a temporada, por causa dos valores cada vez mais incomportáveis.

Mas os lucros são incomparáveis. O Ico fala que em termos de despesas, estas chegaram a... 350 milhões de dólares. Um terço das receitas! Mas 60 por cento vai para as equipas, divididas por onze (de uma maneira um pouco estranha) e os 40 por cento vai para a "holding" Delta Topco, do qual a CVC CApital Partners e o fundo Alpha Prema, de Ecclestone, fazem parte. Só o "anão tenebroso" recebe anualmente 62,5 milhões de dólares, graças ao fundo Alpha Prema. E isso é 14 por cento dos receitas, pois a fatia maior, 42 por cento, vai para a CVC Capital Partners. Impressionante, hein? Não admira que Ecclestone seja um dos homens mais ricos da Grã-Bretanha, e as suas filhas rebentem tudo nas suas vidas de luxo...

Contudo, o novo Acordo aparece numa era de transição. Fala-se há muito tempo sobre a "flutuação" da Formula 1, ou seja, esta entrar em Bolsa, alienando algum do seu capital para que o público possa adquirir ações. O interessante é que, em vez de o fazerem em Londres, Paris ou Nova Iorque, eles queiram fazê-lo em Singapura. Não que não seja uma bolsa de segunda linha, mas mesmo apostar aí mostra que acreditam na Ásia. Mas a preferência por essa cidade-estado em vez de outros lugares como Hong Kong ou Tóquio poderá explicar que não deseja responder a muitas perguntas incómodas, por exemplo.

E também não se pode esquecer que este será provavelmente o último acordo celebrado por Ecclestone, enquanto for vivo e capaz. No final de outubro, ele completará 83 anos e ele já começa a saltar algumas corridas, as mais distantes do campeonato, porque a saúde já não permite entrar e sair constantemente de aviões. Já é altura de se pensar num sucessor para ele, e há muitos nomes a "flutuarem", uns dentro, outros fora da Formula 1, mas esta poderá ser uma altura ideal para pessoas como Jean Todt ganhar um maior poder negocial e pedir uma fatia do qual acham justa de receber. Ou até de revogar o famoso "Acordo dos Cem Anos" que o seu antecessor assinou, e recuperar receitas perdidas. 

Para piorar as coisas, Ecclestone tem de lidar com aquilo que agora se chama de "caso Gribowsky", no qual a justiça alemã (mais concretamente a Procuradoria de Munique) o acusa de suborno para ficar com os direitos da Formula 1, que então pertenciam ao banco Bayern LB - e do qual pagou cerca de 40 milhões de euros a Gerhard Gribowsky, algures em 2005 - o poderão colocar em sérios apuros. As acusações estão enumeradas e o julgamento irá acontecer dentro em breve, e justiça alemã já conseguiu condenar Gribowsky a oito anos de prisão. Quem nos garante que esta seja mais condescendente com um ancião com quase 83 anos? Tenho sérias dúvidas que esta feche os olhos, logo, suponho que os próximos tempos serão bem complicados para ele.