sábado, 27 de outubro de 2018

WRC 2018 - Rali da Catalunha (Dia 2)

Jari-Matti Latvala lidera o Rali da Catalunha depois de sete especiais no segundo dia desta prova, agora em asfalto. O finlandês da Toyota tem 4,7 segundos de vantagem sobre Sebastien Ogier e oito sobre Sebastien Loeb, numa prova que terminará amanhã sem saber quem será o vencedor.

Com sete especiais neste sábado, a prova começou com... um cancelamento. Razões de segurança fizeram com que se cancelasse a primeira passagem por Savallá. O dia começou verdadeiramente na primeira passagem por Querol, com Ott Tanak a vencer, 3,6 segundos na frente de Latvala. Dani Sordo foi o terceiro, a 6,1. 

A manhã acabou em El Montmell, com Latvala a sagrar-se vencedor... e com Tanak a perder quase um minuto e 45 segundos devido a um furo, que o atirou para o nono lugar. "Apenas um furo, não sei como aconteceu, apenas passamos por um alto no asfalto, nada de especial", disse o piloto estónio.

Com isto, Dani Sordo era o novo líder do rali, mas tinha Latvala a 0,3, Elfyn Evans a 8,6, Sebastien Loeb a 11,1 e Sebastien Ogier a 13,1. Quatro marcas diferentes nos cinco primeiros lugares.

Thierry Neuville venceu na primeira especial da tarde, a segunda passagem por Savallá, 1,2 segundos na frente de Ott Tanak. Sordo perdeu 6,8 segundos e o comando para o finlandês da Toyota, e ameaçado por Evans e pelos sebastiões. Loeb, o veterano, venceu na segunda passagem por Querol, e pulou para terceiro, agora a 7,5 segundos de Latvala. Neuville voltou a ganhar na segunda passagem por El Montmell, mas o grande vencedor foi Sebastien Ogier, segundo a 0,9 segundos e com isso, subiu três lugares. 

Sordo, em contraste, perdeu 22 segundos e caiu para o sétimo posto. "Não estivemos bem nesta especial, estava muito lamacenta em certas partes", comentou no final.

No final do dia, em Salou, na superespecial, Tanak foi o vencedor, com Ogier e Loeb sendo terceiro e quarto, e Latvala a perder 3,4 segundos e a sentir o bafo de Ogier no seu pescoço.

Com os cinco primeiros a 12,7 segundos, e Dani Sordo em sexto, a 16,5, Esapekka Lappi é o sétimo, a 46,5, Ott Tanak a tentar recuperar o mais que pode, mas não passa do oitavo posto, a um minuto, e a fechar o "top ten" estavam o Citroen de Craig Breen, a um minuto e 37, e Andreas Mikkelsen, a dois minutos e sete segundos.

Amanhã acaba o Rali da Catalunha, com a realização das últimas quatro especiais.

GP Memória - México 1963

Passaram-se três semanas sobre a corrida americana quando máquinas e pilotos foram para paragens mexicanas, numa estreia absoluta no calendário da Formula 1. Com uma nova corrida no calendário, aparecer alguns pilotos para fazer esta prova. Os locais, para além de Pedro Rodriguez, contavam também com Moisés Solana, que iria guiar o BRM da Scuderia Centro Sud. Curiosamente, Solana usava o número 13, a única vez que um piloto o usou num Grande Prémio de Formula 1 até 2014, quando o venezuelano Pastor Maldonado decidiu usá-lo como seu número pessoal. 

Quem também voltava às pistas era Chris Amon, recuperado depois do seu acidente em Monza.

Para além disso, três pilotos americanos estavam inscritos: Walt Hansgen, num Lotus, Frank Dorchnal, num Cooper privado, e Thomas Monarch, num Lotus-Climax. Contudo, nem Hansgen, nem Monarch apareceram, e Dorchnal teve um acidente durante os treinos, danificando bastante o carro, acabando por não se qualificar.

No final da qualificação, Jim Clark fez a pole-position, tendo logo a seguir o Ferrari de John Surtees e o BRM de Graham Hill. Dan Gurney foi o quarto, no seu Brabham, seguido por Richie Ginther, no segundo BRM. Bruce McLaren foi sexto no seu Cooper, seguido pelo segundo Ferrari de Lorenzo Bandini, o segundo Cooper de Jo Bonnier, e a fechar o "top ten", o Lotus-BRM de Jo Siffert e o carro de Jack Brabham.

A corrida começou com Clark a largar bem... e a concorrência nunca mais o viu até à bandeira de xadrez. Atrás, Hill e Ginther perseguiram-no, mas o ritmo de Clark era tal que em média estava um segundo mais veloz que a concorrência. Atrás, John Surtees foi às boxes para ver se tinha problemas no seu Ferrari, mas quando voltou à pista, foi empurrado pelos mecânicos, e acabou desclassificado na volta 19.

Atrás, Brabham subia de posições até chegar aos lugares do pódio. Aproveitou o facto de Hill ter problemas na sua caixa de velocidades para ficar com o segundo posto, na frente de Ginther, mas era Clark que mostrava a todos que era o melhor piloto, no seu melhor carro. Chegou a dar uma volta a quase toda a gente, e parecia estar noutra galáxia.

No final, foi isso que todos viram: Clark a vencer pela sexta vez na temporada, com Brabham a conseguir o seu primeiro pódio em dois anos, e Ginther a ficar com o lugar mais baixo do pódio. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o BRM de Hill, o Cooper de Jo Bonnier e o segundo Brabham de Dan Gurney.

Formula 1 2018 - Ronda 19, México (Qualificação)

No fim de semana em que o título mundial foi adiado por uma semana, a corrida mexicana é sempre algo interessante de se ver. Uma corrida num circuito clássico na Formula 1 - faz este fim de semana 55 anos sobre a primeira corrida nestas paragens, vencida por Jim Clark - as suas características especiais valem sempre a pena serem vistas. Afinal de contas, é a pista mais alta do calendário, a 2245 metros de altitude, num planalto no México central, e numa cidade construída num lago drenado há algumas centenas de anos. 

Neste sábado, debaixo de um céu nublado, numa mistura de nuvens e "smog", e num autódromo cheio na zona de Magdalena Mixuca, a altitude e os treinos livres faziam que aparecesse novo candidato à pole-position: os Red Bull de Max Verstappen e Daniel Ricciardo, que estando um pouco afastado das primeira linhas desde o GP do Mónaco, pareciam ter uma chance para regressar, com o seu motor Renault. 

Os Red Bull deram um ar da sua graça, marcando os melhores tempos, mas depois, Valtteri Bottas conseguiu fazer 1.15,580 e ficou no topo da tabela de tempos. Hamilton ficou logo atrás, e os seus primeiros eram das mais velozes: Mercedes, Red Bull e Ferrari.

A parte final da Q1 foi um festival do sexto posto até ao fundo da grelha. Muitos pilotos conseguiram fazer o sexto melhor tempo, mas logo a seguir começaram a cair na grelha, à medida que a concorrência fazia os seus tempos. No final, os Haas de Romain Grosjean e Kevin Magnussen, os Williams de Setguei Sirotkin e Lance Stroll, e o McLaren de Stoffel Vandoorne ficaram de fora na primeira parte da qualificação.

Na segunda parte, o pessoal decidiu usar os hipermoles, com os pilotos a andarem com tempo cada vez mais baixos, e claro, o topo mudava rapidamente de piloto. Primeiro, Hamilton, depois Ricciardo e a seguir, Max Verstappen. Mas todos muito apertados, e todos com tempos inferiores dos tirados na Q1. Depois de trocarem de pneus, voltaram à pista perto do seu final para tentarem a sua sorte.

A parte final não revelou grandes novidades na frente, apesar de terem mudado para os ultramoles e hipermoles, e no fundo do "top ten" nem houve grandes novidades em relação à primeira parte. Terminado o tempo, se Mercedes, Ferrari e Red Bull já tinham os seus lugares, foram acompanhados pela Renault e Sauber, com os Force India de Sergio Perez e Esteban Ocon, bem como os Toro Rosso de Pierre Gasly e Berndon Hartley, e o McLaren de Fernando Alonso a ficarem de fora da parte final.

E essa parte final tinha o seu interesse porque, claro, havia mais uma equipa no jogo. Vettel saia para a pista com os rosas dos hipermoles, e isso era seguido pelo resto do pelotão. Raikkonen foi o primeiro, seguido por Vettel a fazer 1.14,970. Os Mercedes ficaram atrás dele, por pouco, mas ficaram. E é Max Verstappen que melhora, com 1.14,785. Nessa campo, os primeiros dados a serem lançados eram da parte dos energéticos.

E a parte final tinha os Ferrari na frente para marcar um tempo, logo, os primeiros a cruzar a meta, seguido por Vettel e Bottas, com Hamilton a ser o último, depois dos Red Bull. No final, os Red Bull foram os melhores, com Max Verstappen... a falhar a pole por 26 milésimos. Daniel Ricciardo ficou com o primeiro lugar, mas mais importante, a primeira fila eram dos energéticos, a primeira desde o GP dos Estados Unidos de 2013, com Sebastian Vettel e Mark Webber. Lewis Hamilton ficou com o terceiro posto, na frente de Sebastian Vettel, o que era importante na luta pelo título. E a terceira fila era de Kimi Raikkonen e Valtteri Bottas.

A corrida de amanhã prometia ser muito boa para ser vista por todos os que estão na pista e em casa pela televisão. E claro, vai ser o dia em que teremos campeão.  

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

A imagem do dia

Demorou 415 dias. Um ano e dois meses, mais coisas, menos coisa. E muitos disseram abertamente que ele estava acabado, que a sua carreira estava terminada. Acreditem, li isso vezes sem conta nas redes sociais ao longo deste ano. 

Nunca acreditei nisso, porque apesar de saber que tinha sido grave - ficou literalmente vesgo! - as coisas poderiam voltar ao normal. Quem leu a entrevista que ele deu na Playboy portuguesa em março, sabia que ele voltaria ao carro mais cedo ou mais tarde. A única coisa que lhe impedia era saber se o cérebro e o pescoço estavam fortes suficientes para aguentar novo impacto forte, mesmo com o HANS no seu pescoço.

Pois bem, deram-lhe a "luz verde" para poder competir. E em Suzuka, a nação da Honda, ele voltou à competição, e o pelotão fez isto que se vê por aqui: uma guarda de honra, felizes por o verem de volta a um carro. E claro, calando todos os que já tinham cavado a sua sepultura e fechado o caixão. 

Não é ainda o regresso total - não vai competir em Macau - mas já é um principio para um regresso a tempo inteiro, para competir por mais uns tempos, se calhar competir até à idade que competem Yvan Muller e Gabriele Tarquini...

WRC 2018 - Rali da Catalunha (Dia 1)

Ott Tanak domina o Rali da Catalunha. No primeiro dia do rali, em terra, o piloto estónio têm uma diferença de 26,8 segundos sobre um grupo de perseguidores, liderados por Dani Sordo, com Elfyn Evans, Sebastien Loeb logo a seguir. Aliás, depois de sete classificativas, os nove primeiros estão a menos de um minuto do líder, antes de passarem para as classificativas de asfalto.

Desde o inicio que Ott Tanak tem vindo a dominar as especiais, mas ontem à noite, quem abriu as hostilidades foi Sebastien Ogier, que venceu na especial de abertura, com Neuville a 3,7 segundos e o estónio da Toyota a 4,2. Com o raiar do dia, e as especiais em terra, Tanak e Jari-Matti Latvala partiram para o ataque com os seus Toyotas e venceram as duas primeiras especiais do dia, a primeira passagem por Gandesa e Pessells. Especialmente em Pessells, onde Ogier perdeu vinte segundos, depois de uma saída de estrada, e caiu para o sexto posto. Já Thierry Neuville perdeu 18,5 e caiu para sétimo.

"Não foi um grande momento, eu sabia que havia um campo do lado de fora, mas eu estava um pouco otimista demais na nota. Eu me esforcei para ir mais rápido na especial, [mas] a aderência é muito baixa.", comentou o piloto francês da Ford.

Na primeira passagem por La Fatarella - Vilalba, uma mistura de asfalto e terra, Andreas Mikkelsen conseguiu ser o melhor, batendo Ott Tanak por 0,1 segundos. Loeb foi o terceiro, a dois segundos, enquanto Ogier foi sexto, a 5,9. Latvala perdia 39,3 segundos devido a um furo e caia para a 11ª posição na especial, décimo na geral. "Eu nem quero saber, estou muito zangado. Poderíamos ter vencido este rali se não fosse por esse furo.", comentou um Latvala amargurado.

Na parte da tarde, Dani Sordo foi o melhor na segunda passagem por Gandesa, meio segundo na frente de Latvala, e tentando chegar-se aos da frente. Os Toyota melhoraram na segunda passagem por Pessells, com Latvala a ser melhor que Tanak por quatro segundos, enquanto Loeb era quarto, a 4,2 e subia à mesma posição da geral. Ogier perdia 11,1 segundos e era nono, caindo para o sétimo posto. "Está a limpar muito [a estrada] e com certeza vai ficar muito mais rápido depois de [passarem] alguns carros. Eu dei tudo o que tenho, não há muito mais.", comentou o francês.

No final do dia, os Toyota foram melhores na segunda passagem por La Fatarella - Vilalba, com Latvala a ser melhor que Tanak por 2,9 segundos, mas na classificação geral, Tanak era o melhor, seguido por Sordo e Elfyn Evans. Com a vitória na especial, Latvala subia para quinto, atrás de Loeb.

Mikkelsen era sexto, no segundo Hyundai, a 39,1 segundos, com Sebastien Ogier logo atrás, mais 0,3 segundos, e Craig Breen era oitavo, a 44,1 segundos, depois de ter caido três posições nesta última especial. A fechar o "top ten" ficou Thierry Neuville e o terceiro Toyota de Esapekka Lappi, a um minuto e quatro segundos.

O Rali da Catalunha prossegue amanhã com mais sete especiais.

WRC: Toyota dá carro a Takamoto Katsuta

A Toyota vai dar um quarto Yaris WRC ao japonês Takamoto Katsuta por algumas provas de 2019. Não se sabe quantas serão, mas o seu inicio poderá acontecer no Rali da Suécia, em fevereiro. O piloto irá se juntar a Ott Tanak, Keirs Meeke e Jari-Matti Latvala no alinhamento da equipa fino-japonesa.

Tommi Makinen disse que ele irá testar o Yaris WRC na semana que vêm espera que o piloto japonês faça a diferença com a chance que lhe está a ser dada:

"A próxima temporada será muito importante, na verdade, além do programa WRC2, terá a oportunidade de andar em algumas corridas com os Yaris WRC", começou por dizer Makinen. 

"No momento não definimos um programa, mas lembro-me bem que na Suécia ele foi muito rápido, a mesma coisa aconteceu na Sardenha, no ano passado. O importante é deixar trabalhar e se acalmar, temos que avaliar bem e trabalhar juntos para o seu crescimento, porém confirmo o teste programado para a semana que vem com ele ao volante", concluiu.

Takamoto venceu o Rally2 na Suécia, mas não conseguiu mais nenhum resultado relevante no campeonato, estando agora na 12ª posição, com 29 pontos.


IndyCar: Wickens está paraplégico

Afinal, não vai voltar a andar. O canadiano Robert Wickens anunciou ontem à noite na sua conta do Instagram que as suas lesões durante a corrida de Pocono, em agosto, foram fortes suficientes para perder a mobilidade da cintura para baixo. 

"Meu peito está cada vez mais forte e espero fazer dentro em breve [os movimentos] sem assistência. Ando a colocar videos de pequenos movimentos nas pernas, mas na realidade é que estou longe de caminhar por mim mesmo. Algumas pessoas estão confusas sobre a severidade das minhas lesões, então decidi esclarecer a minha condição. Nunca trabalhei tanto e tão duro como agora, e estou a dar tudo para despertar os movimentos nas minhas pernas", afirmou.

Recorde-se que o piloto canadiano sofreu fraturas em nove sítios do seu corpo, incluindo a espinal medula, a coluna toráxica, pescoço, tíbia e fíbula, tornozelos em ambas as pernas e em ambos os pulsos, para além de uma contusão pulmonar.

Wickens, de 29 anos, corria na Schmidt Peterson Motorsports no seu ano de estreia, acabando por ser o "Rookie do Ano", depois de uma "pole-position" em St. Petersburg e quatro pódios, numa temporada interrompida - agora sabemos de vez - em Pocono.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

WRC: Loeb pode voltar ao WRC em tempo parcial

Sebastien Loeb fecha a porta ao WRC a tempo inteiro, mas não a tempo parcial, para ajudar a Citroen. Na conferência de imprensa antes do Rali da Catalunha, onde ele fará o último dos ralis que combinou fazer com a Citroen nesta temporada, o nove vezes campeão do mundo de ralis disse que ajudaria a Citroen no futuro, mas sempre a tempo parcial. 

"No meu futuro, tenho estado ocupado com testes e com a preparação da prova. Haverá tempo para pensar de como será o meu futuro", começou por dizer o piloto de 44 anos.  Questionado sobre se ponderaria um regresso a tempo inteiro ao mundial, a resposta foi um sonoro "não!" Mas sobre se enveredaria por um programa limitado, Loeb respondeu "talvez.

O Rali da Catalunha começa esta noite, nas estradas à volta da localidade de Salou.

Uma voz isolada a favor de um boicote

Os tempos são maus para a democracia, isso andamos a ver. Vai haver um recuo nos próximos tempos, agora que os populismos são os rebeldes de hoje, para acercar e tomar o poder. E ainda por cima são "rebeldes de direita", que acham que todas as conquistas sociais são uma ameaça, principalmente por parte do "branco machista", que vê a sua posição de "privilégio" ameaçada.

Mas isso muitas das vezes acontece porque o outro lado resolve ser cínico. O cinismo... não precisamos de ler Nicolau Maquiavel para entender a sua razão. Apenas as pessoas detestam outros que dizem uma coisa e depois fazem outra, como que a enganar papalvos. E como as pessoas se sentem enganadas, têm a tendência de votar naqueles que passam a ideia que comigo, só haverá uma palavra. Sabemos que não é assim, mas há quem acredita na mensagem.

Digo isto por causa dos tempos que correm, e não só por causa do Brasil. Por estes dias se fala do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, que se encontrava exilado nos Estados Unidos e no dia 2 de outubro, foi atraído a uma armadilha no consulado saudita de Istambul, acabando por ser morto às ordens de Mohammed bin Salman, o principe herdeiro da coroa saudita. De uma certa forma, bin Salman tem andado a passar a ideia de reformador, para abrir o país ao mundo e deixar de passar a ideia de que é um país que reprime os seus dissidentes. O mundo ocidental acreditou, tanto que Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Alemanha, entre outros, assinaram contratos nultimilionários para as suas forças armadas. A máscara caiu, com este assassinato.

E se calhar com isso, pode ser que o resto do mundo olhe com atenção o que se passa no Yemen, onde desde 2015 o regime combate os rebeldes houtis, que são apoiados pelo Irão. Essa guerra já causou fome e cólera entre a população, e mais de dez mil pessoas já morreram às mãos de ambos os lados, sem final à vista. 

O mais interessante no meio disto tudo é que por estes dias está a acontecer uma conferência internacional em Riad, com aquilo que chamam de "Davos no Deserto". Os ocidentais retiraram-se, desde empresas como a Apple e a Microsoft, até ao FMI e o Banco Mundial, passando pelo Secretário do Tesouro americano, Steve Mnuchin. Ficaram apenas os russos e os chineses, que lá querem saber dos direitos humanos. Mas os negócios mantêm-se intactos, especialmente o das armas. 

E é no meio disto tudo que encontro com o artigo do Pedro Henrique Marum, do brasileiro Grande Prêmio, que fala sobre a ideia de um boicote da Formula E a Riad, a capital saudita. A corrida será dentro de mês e meio, a 15 de dezembro. A Formula E está na mó de cima, isso é certo: oito construtores, grelha alargada para 22 carros, os carros novos prometem muito, os patrocinadores acorrem a ela como se fossem batatas quentes. Contudo, esta corrida, que seria algo inédito naquele país (nem a Formula 1 esteve aí!) deve ir adiante, porque... o automobilismo é feito de dinheiro e pragmatismo, não de ideologias.

Alejandro Agag aprendeu muito com os melhores, como Bernie Ecclestone. Escuso de dizer sobre as polémicas que ele se envolveu ao longo dos 40 anos em que controlou a Formula 1, quando eles iam à África do Sul em pleno regime do "apartheid", ou em 2011, quando queriam ir ao Bahrein, mesmo no meio da agitação da Primavera Árabe. Só mexeriam em caso de "force majeure", ou seja, quando os tanques ou os AK-47 estivessem na pista, apontando para o público ou aos pilotos. 

O apelo é interessante, mas cortar com isso semanas antes da abertura do campeonato parece ser um pouco tarde demais. Pelo menos por este ano. É que o contrato tem a inusitada duração de dez anos e lhes dá o poder de veto sobre pistas no Médio Oriente. E ainda por cima, a Saudia, a companhia aérea local, é parceira da Formula E. Pelo contrato, uma corrida no Qatar, por exemplo, está fora de questão, por causa das brigas que ambos os países estão a ter neste momento. Estão a ver Agag a denunciar um acordo destes, tão longo e provavelmente tão generoso? Não este ano, tenho a certeza.

O que é triste. Quando vemos que as pessoas colocam o dinheiro na frente dos valores, é para ver até que ponto as pessoas estão dispostas a ir nesse campo. Contudo, esta é uma competição cheia de marcas, e provavelmente, poderá ser que pressionem Agag para que mude de ideias. Não este ano, mas no futuro.

Protestar por isto? Sim, se queremos ser coerentes. Mas na grande engrenagem das coisas, ninguém quer saber da cor que mancham as notas de dólar, euro ou libra. Não interessam se tem cor preta ou vermelha, se cheira a sangue ou a petróleo. O que interessa é que é válido, entrou na conta e vamos cumprir a nossa parte. É uma tempestade e já passa. Contudo, nestes tempos que correm, talvez o cinismo ocidental não chega para passar um pano sobe estes embaraços. Mesmo Donald Trump, o presidente americano, e que andou por estas semanas a condenar o regime saudita, desde que não colocasse em causa o contrato de armas multimilionário que assinou no ano passado, parece já ter largado até essa parte. Não sei se trata da sua estratégia de caos organizado ou se fartou dele, mas a ideia de reformista aos olhos do Ocidente parece ter acabado. 

Em suma... com tristeza minha, não acredito no boicote neste ano. A voz do Pedro Henrique, por agora, é isolada. Mas o futuro pode ser diferente, dependendo de como as coisas se desenrolarem. Agag nesse campo não pode ser Ecclestone, sob pena de sair prejudicado.

Nota: Na primeira versão, o autor deste artigo identificou Victor Martins como o autor do artigo no Grande Prêmio quando na verdade era o Pedro Henrique Marum. Aos visados, as minhas desculpas pelo erro.   

Youtube Motorsport Challenge: O desafio africano de Daniel Abt

Para quem não sabe, Daniel Abt é piloto da Audi na Formula E, e por estes dias, a marca levou alguns e-trons para a Namibia, onde foi desafiado por Jim Brodabent, piloto de e-sports, para uns desafios com o e-tron no deserto local. Eis o video, gravado para o Drivetrivbe, onde podem ver o resultado final.

Youtube Formula 1 Classic: As 50 melhores ultrapassagens, por Antti Kalhola

O Antti Kalhola anda neste último ano, ano e meio, a fazer videos de listas. Se forem ver os últimos três, fala sobre as melhores classificativas do WRC, as melhores largadas da história da Formula 1 nos últimos 45 anos - pelo menos - e hoje, no seu novo video, decidiu fazer uma lista das melhores ultrapassagens na Formula 1. Não é mau de todo, porque assim poderemos ver belezas, apesar de cada um de nós ter uma ideia.

Mas quem sou eu para comentar ou criticar? Sentem-se, carreguem no play e apreciem.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

A imagem do dia

Há 25 anos, chegava à Formula 1 uma personagem bem interessante, do qual não se fala muito: o britânico Eddie Irvine. E o episódio de hoje roça entre o triunfo, a farsa e a ironia. 

Em 1993, a Jordan era Rubens Barrichello e uma placa de "aluga-se" para o lugar de segundo piloto, tamanha era a quantidade de companheiros de equipa teve o piloto brasileiro, no seu ano de estreia. Ivan Capelli, Thierry Boutsen, Marco Apicella, Emmanuelle Naspetti e quando chegou ao Japão, o irlandês Eddie Irvine, 28 anos na altura destes factos.

Irvine deu muitas voltas até chegar ali. Filho de um sucateiro de Belfast, chegou à Formula 3 depois de vencido um concurso montado pela Marlboro, que lhe dava um lugar na equipa West Surrey ao detentor da volta mais rápida. E nessa altura, Irvine andava com um capacete... de Ayrton Senna. Em 1989, depois de duas temporadas e um teste com a Onyx, foi para a Formula 3000 na equipa de Eddie Jordan, onde venceu em Hockenheim e conseguiu quatro pódios, acabando no terceiro lugar do campeonato.

Contudo, rumou para o Japão, correndo na Formula Nippon, contra um conjunto de estrangeiros que mais tarde conseguiu caminhar para a Formula 1: Heinz-Harald Frentzen, Mika Salo, Roland Ratzenberger, Jeff Krosnoff, entre outros. E graças`a Toyota, foi às 24 Hotas de Le Mans, com bons resultados - foi segundo classificado em 1994.

Mas poucos meses antes, no outono de 1993, depois de ter sido vice-campeão da Formula Nippon, Eddie Jordan lembrou-se de novo dele e lhe deu um lugar para as últimas corridas do ano. Irvine até era bom, tinha um novo desenho de capacete, e causou um impacto: oitavo na grelha, contra o 12º posto de Barrichello, só que a corrida...  foi muito musculada. Na parte final, quis ultrapassar Derek Warwick para o último lugar pontuável e acabou por puxá-lo para a berma, acabando por desistir. E mesmo Senna ficou incomodado com a sua condução musculada.

No final, o brasileiro foi tirar satisfações e as coisas acabaram mal: com murros entre eles e acusações mútuas. Irvine ficou marcado no meio da Formula 1 e alguns meses depois, pagou o preço.

WRC: Block tem expectativas baixas no seu regresso

Ken Block vai voltar ao WRC depois de quatro anos de ausência, no Rali da Catalunha. Será um de dois regressos mediáticos no Mundial de ralis, pois quem também fará o seu regresso pontual será Sebastien Loeb. Contudo, nas vésperas da penultima prova do mundial, o americano de 50 anos, conhecido pelas suas "ghynkhanas", disse para não terem grandes expectativas sobre o seu desempenho.

"Tenho de ser extremamente realista sobre o fim de semana e também estou sendo muito aberto em relação às minhas expectativas pessoais", começou por dizer Block à Autosport britânica.

"O objetivo é chegar ao fim, dirigir o mais rápido possível, mas trazê-lo para casa inteiro e apenas divertir-me. O resto das equipas de topo tem quase dois anos completos a competir neste carro e puderam explorar completamente todo o trabalho aerodinâmico que estes novos carros apresentam. Eu simplesmente não tenho esse nível de conforto para me inclinar nos cantos de alta velocidade e confiar cegamente nisso ainda", continuou.

"[Contudo] estou muito feliz por ter esta incrível oportunidade de sair e dirigir o melhor carro em campo entre os melhores pilotos do planeta em algumas das que, pelo menos eu sinto, são algumas das melhores estradas de todo o campeonato. Então, sim, estou feliz por entrar nos palcos aqui na Espanha", concluiu.

Noticias: Lauda já saiu do hospital

Niki Lauda já saiu do hospital de Viena onde esteve internado nos últimos dois meses, depois de um transplante pulmonar. Segundo contam os médicos, o seu estado é satisfatório, mas ele tem de passar por uma extensa reabilitação nas próximas semanas para poder ter uma vida satisfatória. 

Os médicos afirmam que está marcada uma conferência de imprensa para amanhã para dar novidades sobre o estado de saúde do ex-piloto e atual diretor desportivo da Mercedes, de 69 anos.

Recorde-se que ele foi operado no inicio de agosto depois de ter desenvolvido uma pneumonia enquanto passava férias em Maiorca. A sua doença nada teve a ver com o seu acidente sofrido há 42 anos no Nurburgring Nordschleife, e que lhe afetou o seu sistema respiratório, para além das queimaduras na cara e numa das orelhas. 

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Noticias: Doornbos quer Ocon no lugar de Bottas

Robert Doornbos quer que Toto Wolff substitua Valtteri Botas por Esteban Ocon em 2019. O ex-piloto holandês da Red Bull, agora comentador na TV holandesa, afirma que o piloto francês da Force India, que poderá ficar sem lugar em 2019, é demasiado precioso para ficar de fora de um Formula 1 na próxima temporada, logo, uma substituição na Mercedes seria o ideal.

O Bottas tem sido muito decepcionante na segunda metade da temporada. Talvez a Mercedes esteja a começar a pensar que deveria colocar o Ocon naquele carro. Sim, o Lewis Hamilton é implacável, mas o Bottas está três ou quatro décimos atrás em todas as corridas. Talvez o Ocon possa fazer melhor. Há tempo suficiente para terminar o contrato dele [Bottas], isso não me surpreenderia”, disse Doornbos à holandesa Ziggo Sport.

Talvez seja um pouco radical, mas que toda a gente já topou que Bottas parece ser subserviente e acomodado ao lugar de segundo piloto, é um facto. Mas também temos de pensar se os feitos de Lewis Hamilton simplesmente destroçaram todos, não só na Ferrari, mas também noutros lados. É certo que Bottas, agora com 29 anos, não parece ter material de campeão do mundo, mas poderia dar um pouco mais de luta na equipa, como dava Nico Rosberg

Mas Ocon, que toda a gente está a vê-lo como alguém que poderia "andar a pé" em 2019, seria melhor que o finlandês? Que bateria o pé a Hamilton ou seria o seu sucessor nos Flechas de Prata? Já disse por estes dias a um amigo meu que existem pilotos que são muito bons com carros modestos, mas quando chegam aos melhores carros, tornam-se fracos. E nesse campo, coloco Bottas.

Mas não acredito que Toto Wolff siga o conselho de Doornbos. A Mercedes manterá Bottas em 2019, porque também dá jeito ter um soldado obediente, para no final dar uns ossinhos - leia-se, uma ou duas vitórias. 

Youtube Formula 1 Videos: As comunicações de Austin

Normalmente, ligo pouco a isto, mas como a corrida americana foi bem interessante, e com um vencedor diferente, numa corrida onde Lewis Hamilton teve o seu primeiro "match point", as comunicações que eles seleccionaram para esta corrida foram bem interessantes. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

A imagem do dia

Seria uma memória muito distante no automobilismo, se não fosse quem foi, onde foi e as circunstancias desta corrida. Com politica pelo meio... para começar. Há oitenta anos, Tazio Nuvolari vencia o GP de Donington Park ao volante do seu Auto Union, mas esta corrida esteve muito perto de não acontecer.

Os alemães já tinham lá estado no ano anterior e dominaram, com Bernd Rosemeyer como vencedor. Infelizmente, seria a sua última vitória nos Grand Prix, pois a 30 de janeiro do ano seguinte, iria morrer quando tentava bater um recorde de velocidade em Estugarda, numa das "autobahns", devido a uma rajada de vento. Mas se em 1937, os alemães foram recebido com um misto de fascínio e curiosidade, no ano seguinte, as coisas eram diferentes. Porque a politica tinha-se metido a meio.

Inicialmente marcado para o dia 30 de setembro, quando a data se aproximou, a Europa sustinha a respiração. Adolf Hitler queria os Sudetas, uma região checa de maioria alemã, debaixo da sua bandeira, mas França e Grã-Bretanha. liderado por Neville Chamberlain, recusavam. Contudo, não queriam uma confrontação física, mas sim um acordo do qual todos salvariam a face. Todos se reuniram em Munique, numa conferência, e às custas da independência checa, Hitler levou a sua avante e evitou-se uma guerra por meros... onze meses. 

Contudo, houve uma vitima colateral: a corrida de Donington teve de ser adiada, e os alemães tinham-se retirado da competição. Nova data foi marcada, para o dia 22 de outubro, três semanas mais tarde. As coisas correram bem... mas nos treinos, houve um momento insólito, vivido por Tazio Nuvolari. Na curva McLean, a 180 km/hora, ele colidiu contra um veado que se atravessou pelo caminho. Escapando com umas costelas partidas, ele decidiu continuar a correr o resto do fim de semana, aguentando as dores. 

E mesmo com tudo isto, perante o Duque de Kent, irmão do rei Jorge VI, Nuvolari venceu com recorde da pista e um avanço de um minuto e 48 segundos, mesmo depois de ter perdido quase um minuto com uma paragem nas boxes demorada.

E quanto ao veado... ficou com a cabeça e o mandou para Mântua, para servir como troféu. 

Rumor do Dia: Alpine pode voltar aos ralis?

A Renault tem alguma tradição nos ralis, mas nunca em termos oficiais. E quase sempre foi agregado a outra marca, a Alpine, essa sim com maior tradição no WRC. Afinal de contas, foram eles que, há 45 anos, venceram o primeiro Mundial de Construtores, com o A110 e com pilotos como Jean-Luc Therrier, Jean-Claud Andruet e Jean-Pierre Nicolas, entre outros.

Mesmo o Renault 5 Maxi Turbo, com o selo da marca do losango, tem origem nos Alpine, porque os carros eram fabricados em Dieppe, apesar de desde 1974 a oficina a Alpine e da Renault ter sido fundida. Agora, com a Renault a ressuscitar a marca com uma versão do século XXI do A110, e dando mais alguma autonomia, já se fala de um provável o regresso aos ralis. Quem diz isso é o Director Comercial e de Competição da Alpine, Régis Fricotté, revelou à revista francesa Auto Hebdo que a hipótese está em cima da mesa.

"Por agora não temos um plano específico. Os ralis são uma disciplina muito vasta. A fazer tem de ser algo que faça sentido para a marca e há muitos dados a considerar antes de começar.", comentou.

Ele refere que um troféu ou uma homologação na classe R-GT são hipóteses, mas também conta que não existe pressa nesse sentido.

"Estamos à procura de oportunidades, mas iremos ao nosso ritmo para lá chegar em boas condições", concluiu.

Caso aconteça, seria o regresso de uma marca mítica aos ralis internacionais, mas a classe R-GT, do qual existem marcas como a Porsche e a Fiat, com o seu 124 Spider, é uma espécie de "terceira categoria", pouco vista em relação aos WRC e até os R5, que alinham no WRC2. Poucos são os campeonatos onde alinham esses carros, como o francês, que tem quase todos os seus ralis em asfalto.

Noticias: Apresentado o ETCR, a série de turismos elétrica

O ETCR, a série elétrica do campeonato de Turismos, foi ontem apresentado em Barcelona. Perante um número restrito de convidados, que incluiu representantes de fabricantes de automóveis, fornecedores da indústria automóvel e media, o ETCR foi apresentado durante a ronda final do TCR Europe, com a ideia de que a competição terá o seu próprio campeonato em 2020.

Ali, os convidados puderam observar o Cupra e-Racer, primeiro numa demonstração dinâmica e depois no pit lane, onde viram de perto o primeiro carro de turismo totalmente elétrico.

Marcello Lotti, presidente da WSC, apresentou ao público o conceito ETCR:

“Na esteira do sucesso global alcançado pelo TCR e estando ciente da tendência atual do mercado automóvel em direção a uma mobilidade nova e responsável, há dois anos a WSC Technology embarcou neste ambicioso projeto com o objetivo de educar a comunidade do automobilismo a entrar em contato com novas tecnologias que representam a realidade futura", começou por dizer. 

"O ETCR aplica unidades de energia elétrica ao mesmo conceito de chassis dos carros TCR. Já está atraindo o interesse de diferentes fabricantes de automóveis que também a consideram uma ferramenta para restaurar o papel do automobilismo como uma plataforma de pesquisa e desenvolvimento que pode transferir experiência e inovação para os produtos padrão", continuou.

"O nosso objetivo final é mostrar aos fãs que as corridas de carros elétricos são tão divertidas quanto as dos carros com motores de combustão interna. E gostaríamos de destacar o profundo envolvimento da CUPRA no projeto geral do ponto de vista técnico. A cooperação entre a WSC e a SEAT começou desde o início do conceito de TCR e agora deu mais um passo à frente durante este projeto com o desenvolvimento do primeiro carro de corridas construído em conformidade com os regulamentos técnicos do eTCR.", concluiu. 

O Cupra e-Racer  é alimentado por dois motores bimotores localizados sobre o eixo traseiro, fornecendo até 500 kW (680 cv) e também é equipado com um sistema de recuperação de energia. Terá 400 quilos a mais que o Cupra TCR a gasolina, mas apresenta um excelente desempenho: de 0 a 100 km/h demora 3,2 segundos e de 0 a 200 km/h chega em 8,2 segundos.

domingo, 21 de outubro de 2018

Última Hora: Magnussen e Ocon desclassificados em Austin

Os comissários de pista do GP dos Estados Unidos desclassificaram o Haas de Kevin Magnussen e o Force India de Esteban Ocon devido a irregularidades no fluxo de combustível na primeira volta do GP americano, em Austin.

Aparentemente, ambos os pilotos infringiram o artigo 30.5 dos regulamentos, onde não podem ultrapassar os 105 quilos de combustível durante a corrida.

No caso de Ocon foi por causa do problema acima, já no caso de Magnussen teve a ver com o ter levado mais combustível que os 105 kg permitidos, acabando por os ultrapassar.

A desqualificação de Magnussen faz com que Brendon Hartley suba ao nono lugar da geral, o seu melhor resultado da sua carreira. E também dá um ponto para o Sauber de Marcus Ericsson.

Ainda não se sabe se a Haas e a Force India irão recorrer desta decisão. Mas por agora, as classificações foram mudadas.

Formula 1 2018 - Ronda 18, Estados Unidos (Corrida)

Hoje seria o dia em que, caso seguissem o guião, Lewis Hamilton se sagrararia pentacampeão mundial. Este deveria ser o dia que os britânicos poderiam dizer que têm entre eles o melhor piloto, não do pelotão, mas de todos os tempos. Ainda falta muito para isso, mas já se começa a sussurrar essa ideia... e não entre os fãs. Que o inglês é bom, isso já sabia desde o seu primeiro ano na Formula 1. Agora, para chegar a este ponto, essa é uma parte do qual pertence à História. E nesse campo, já sabem: é como o sexo dos anjos.

É óbvio que o cenário de hoje foi montado há muito tempo, e os azares e as inseguranças de Sebastian Vettel só cavaram o fosso. O campeonato do inglês foi decidido muito antes do GP alemão, com a Mercedes a fazer um bom chassis e a conseguir melhorar os defeitos que tinham em relação ao Ferrari, mas todos ficam com esse momento na memória, quando o alemão bateu na zona do Estádio, em pleno GP da Alemanha, quando liderava. Tal como no ano passado, os seus acidentes em Singapura e Japão balançaram a favor do inglês.

Mas isso não aconteceu. Foi quase, mas não aconteceu. Por muito pouco, Hamilton poderia ter resolvido hoje a corrida a seu favor, mas ele não venceu a corrida. O vencedor foi um Ferrari, mas não Vettel. E foi uma corrida emocionante, do inicio até ao fim.

Com nuvens mas sem chuva, um Circuit of the Americas cheio estava pronto para a corrida. O ambiente era outonal e a pista não estava muito quente ao nível do solo, logo, é provável que os ultramoles possam beneficiar com isto.

Na partida, Kimi Raikkonen conseguiu largar melhor que Hamilton, mas atrás, houve agitação. Primeiro, nas curvas 4 e 5, Fernando Alonso sofreu um toque de Lance Stroll, e mais à frente, Esteban Ocon e Charles Leclerc andaram a lutar pelo sétimo posto, mas depois, Romain Grosjean tocou na roda traseira de Charles Leclerc, despistando-se em consequência.

Mas o pior aconteceu a Sebastian Vettel. Passando Daniel Ricciardo, o australiano pressionou-o e despistou-se, caindo para o meio do pelotão. Parece ter havido de inicio um ligeiro toque, mas depois parece que o piloto da Ferrari fez um pião sozinho. Claro, todos o que viam irão alimentar a ideia de que Vettel é mentalmente fraco...

A corrida prosseguiu até que na volta 9, o carro de Ricciardo apagou-se (aparentemente, devido a um problema de bateria) e entregou o quarto posto ao seu companheiro de equipa, que já tinha feito uma corrida de recuperação do 16º posto. O incidente foi suficiente para que duas voltas depois, ter sido accionado o SC Virtual, na mesma altura em que o alemão era sexto, depois de passar Carlos Sainz Jr. Alguns aproveitaram para ir às boxes e trocar de pneus, para poderem aguentar o mais possível. Como Hamilton, que aproveitou o momento para trocar para softs, ao contrário da Ferrari. 

Na volta 13, a bandeira verde foi accionada e Vettel aproveitou para passar Nico Hulkenberg para ser quinto, mas a realidade - mesmo que Hamilton fosse segundo - era que estava sempre na frente do seu rival em termos de campeonato. O inglês aproximou-se de Raikkonen e na volta 21 ficou colado à sua traseira para tentar passá-lo. Depois de algumas tentativas, o finlandês aproveitou para ir às boxes no final da volta, trocando para moles. Voltou para a pista em quinto, atrás de Vettel. Verstappen fez o mesmo na volta 23, quando era terceiro, e mudou para supermoles, e Bottas também foi às boxes na volta 24. Nisto, o holandês conseguiu levar a melhor nesta sua luta pessoal com o finlandês.

Na volta 25, os pilotos da Ferrari trocaram de lugar, para ver se o finlandês conseguiria ir o mais longe possível com o seu jogo de pneus. E tinha de ser, porque a volta mais rápida estava constantemente nas mãos do piloto finlandês. Vettel ainda foi passado por Verstappen antes de ir às boxes, para ter um jogo de moles no seu carro.

Na volta 37, Hamilton voltou às boxes para trocar pela segunda vez, cedendo o comando a Raikkonen e caindo para quarto. A ideia era ser conservador, para chegar ao fim e conseguir os pontos necessários para ser campeão, mas a ideia dos moles servirem para toda a corrida caiu em terra. Meteu supermoles e partiu para o ataque. Na frente, Raikkonen via Verstappen aproximar-se no segundo posto, enquanto Bottas deixou passar Hamilton para não o atrapalhar. E pouco depois, viu Vettel aproximar-se do finlandês.

As coisas começaram a aquecer na parte final. A nove voltas do fim, os três primeiros estavam separados por menos de cinco segundos, com Bottas a ser assediado por Vettel pelo quarto posto. E o final foi emocionante, com os três pilotos a aproximarem-se dramaticamente, com todos agarrados à TV para ver se Hamilton passaria Verstappen. Se fizesse isso, e Vettel não passasse Bottas, seria campeão do mundo.

Mas a duas voltas do fim, Verstappen segurou Hamilton o suficiente para ele sair da pista. Quase ao mesmo tempo, Vettel tentou passar Bottas e ao defender-se, o finlandês saiu de pista, perdendo o quarto lugar para o alemão... e deixando a luta pelo título vivo por mais uma semana.

No final, Kimi Raikkonen tornou-se no piloto que ficou mais corridas à espera de uma vitória. Bateu um recorde com 28 anos, que pertencia a Ricciardo Patrese, e com 113 corridas desde o GP da Austrália de 2013, é um alivio para o veterano, pois comemorou esta semana o seu 39º aniversário. O mais velho desde Nigel Mansell, no GP da Austrália de 1994. 

Foi uma corrida bem divertida. O título não se decidiu ali, é verdade, mas os espectadores podem dizer que foi uma bela prova. E semana que vem há mais na altitude do México.