E a história por trás da Kojima Racing é tão interessante que vale a pena ser contada, porque faz agora 40 anos que fez a sua primeira aparição.
Matsuhisa Kojima nasceu em 1944 e cresceu como sendo um próspero empresário, importando bananas para o Japão. Mas também, foi um "gentleman-driver", especialmente quando fez motocross nos anos 60, pela Suzuki. No final da década, Kojima pendurou o capacete e em 1970, decidiu montar a sua própria equipa de automóveis, a Kojima Engeneering. Graças com um acordo com a Suzuki, que lhes deu os seus motores, ele construiu chassis para as várias competições que existiam no Japão, e em 1975, já fazia chassis para a Formula 3 e Formula 2. E em 1976, soube que a Formula 1 iria correr por ali, em Mont Fuji, e decidiu fazer algo nunca feito antes: um chassis.
Kojima contratou engenheiros que tinham estado um ano antes no projeto da Maki, a segunda tentativa japonesa de participar na Formula 1, depois da Honda, arranjou um motor Cosworth V8 e pneus Dunlop, para participar na última prova do ano. Contratou
Masahiro Hasemi e o chassis, batizado de KE007, foi testado ao longo do verão e do outono de 1976, pronto a tempo para o Grande Premio.
Durante os treinos de sexta-feira, Hasemi causou agitação ao conseguir qualificar o seu carro num sensacional quarto posto, caindo por terra a ideia de que eram um bando de amadores que tentavam a sua sorte na Formula 1. Na realidade, Hasemi tinha 31 anos e era um veterano no automobilismo, grande amigo pessoal de Kojima e um enorme conhecedor do circuito de Fuji, especialmente nos Turismos, com o Skyline. Nesse ano, tinha sido vice-campeão japonês da Formula 2.
No sábado, Hasemi tentou o "impossivel": a pole-position. Parecia que o chassis tinha sido bem nascido, e Hasemi puxou pelos limites do carro, acabando por sair de pista e destruindo o chassis. Hasemi acabou por ficar com o décimo melhor tempo, mas parecia que não iriam alinhar no dia seguinte, mas eles aplicaram-se dia e noite para ter pronto a tempo um chassis para alinhar na corrida.
Hasemi sentou-se no carro, enfrentou a chuva, mas acabou num desapontante 11º lugar, a sete voltas do vencedor. Há quem aponte ao facto de Hasemi ter andado toda a corrida contra um chassis inguiável, e para piorar, os pneus slicks da Dunlop não eram assim tão bons como os da Goodyear, mas pelo meio, eles conseguiram o consolo de terem alcançado uma inesperada volta mais rápida com o carro. O que era estranho, pois o carro era lento na maior parte da corrida.
Afinal, houve uma explicação. Há quem fale que um comissário marcou um tempo bem mais veloz para o Kojima, há quem fale que Hasemi fez corta-mato para ganhar tempo, mas este foi validado pelos comissários, e depois pela FIA, o que faz com que o Kojima seja a equipa que tenha necessitado de menos corridas para alcançar essa volta mais rápida: uma. Esse tempo, na realidade, deveria ter sido atribuído ao Ligier de
Jacques Laffite. E claro, Hasemi é o único piloto que tem uma volta mais rápida na única corrida em que participou.
Depois disto, a Kojima pensou em participar em algumas corridas de 1977, principalmente nas corridas sul-americanas. Contudo, esses planos não seguiram adiante, mas no final desse ano, resolveram participar no GP japonês com dois chassis KE009, um de fábrica para
Noritake Takahara, e outro, inscrito pela Heros Racing, para
Kazuyoshi Hoshino. Kojima decidira fazer um acordo, desta vez com a Bridgestone, para fornecer os pneus, mas estes também não eram bons. Contudo, Hoshino conseguiu o 11º posto na grelha, mas Takahara não conseguiu mais do que a 19ª posição, e a sua corrida acabou na primeira volta, depois de uma colisão com
Hans Binder. Quanto a Hoshino, conseguiu levar o carro até ao 11º posto, a duas voltas do vencedor.
Apesar destes resultados, a Kojima não tentou mais a Formula 1, especialmente devido à falta de fundos. Assim, em 1979, ele virou-se para a motonautica e lá ficou até 2007, altura em que Matsuhisa Kojima decidiu reformar-se.