O fim de semana perfeito de
Lewis Hamilton em Silverstone teve hoje o seu capitulo final numa corrida onde não só dominou em todas as voltas, como também teve uma
"benção disfarçada" quando viu os seus adversários terem azar nas últimas duas voltas por causa dos pneus que não aguentaram o ritmo e os pilotos decidiram abusar da sorte. Aqui, sabia-se que as Mercedes poderiam dominar, e não se sabia se acabaria com dobradinha ou os carros da Ferrari poderiam colocar alguém entre ambos os pilotos, já que
Valtteri Bottas tinha de cumprir a tal penalização que sofreu por causa da troca da caixa de velocidades.
Debaixo de tempo cinzento, com alguns receios de chuva, a corrida começou com um susto quando se soube que o ex-piloto de Formula 1 e atual comentador televisivo, Martin Brundle, se sentiu mal durante as entrevistas na pista. Levado para o centro médico, ele recuperou e agora estava a repousar, mas este susto lembrou-nos da revelação que teve em 2016 quando sofreu um ataque cardíaco na pista de Monte Carlo e do qual teve de ser operado para corrigir a arritmia cardíaca.
A partida foi complicada. Primeiro, começou com Joylon Palmer sem poder arrancar das boxes por causa de problemas com o seu carro. Por causa disso, a primeira tentativa foi abortada. Na segunda, houve alguns "chiliques", desde o susto de Vettel, com fumo a sair da sua traseira, por causa dos seus travões, mas sem consequências, até ao pior, quando Carlos Sainz Jr e Daniil Kvyat colidiram, causando a entrada do Safety Car. Com Toros Rossos a eliminarem-se uns aos outros, e numa altura em que se fala que o piloto espanhol poderá ter a porta de saída bem aberta, rumo à Renault, esta colisão foi como que a pensar que ele já não é mais bem-vindo...
O Safety Car ficou na pista até à quarta volta, altura em que recomeçou, com Hamilton a mater a liderança. Aliás, ele nunca a iria perder até à bandeira de xadrez, apesar de um susto pelo meio da corrida, quando Bottas ameaçou momentaneamente a liderança. Atrás, vindo do fundo da grelha, Ricciardo recuperava posições, ao contrário de Alonso, que não fazia muita coisa. Bottas também recuperava o tempo perdido, subindo para o quinto lugar e tendo apenas Verstappen e os Ferrari na sua frente. Por alturas da volta 15, era Hamilton a ter quatro segundos de diferença sobre Raikkonen, com Verstappen em terceiro, a aguentar as investidas de Sebastian Vettel e Valtteri Bottas.
Vettel parou na volta 19, sendo o primeiro dos da frente que pararam nas boxes, sem grandes problemas. Ficou com os moles (os amarelos, que o fariam durar mais tempo, mas que na parte final o iriam deixar na mão...) e logo a seguir, outros pilotos foram às boxes e manter os slicks, como Verstappen, que foi às boxes na volta seguinte, o suficiente para que Vettel o ultrapassasse quando regressou à pista. Por esta altura, houve quem comunicasse que estavam a cair pingos de chuva nas suas viseiras, mas foi algo de pouca dura.
Por esta altura, Hamilton tinha oito segundos de vantagem sobre Raikkonen, mas parecia que o inglês tinha tudo controlado. Bottas era o terceiro, e iria fazer de tudo para atrasar o Vettel o mais que poderia. O inglês acabou por parar na volta 25, para ficar com os moles. Voltou à pista mesmo à frente de Bottas, mas manteve o primeiro lugar. O finlandês só pararia na volta 33, na mesma volta que Ricciardo.
Depois disto, as coisas andavam calmas, quase um contraste com o agitado inicio de corrida. Alonso foi-se embora na volta 35, graças a mais um motor Honda que "entregou a alma ao seu Criador", enquanto que Vettel começou a aproximar-se de Raikkonen para começar a ameaçar o seu terceiro posto, pois Bottas também estava atrás de si, ameaçando o lugar do alemão.
E isso foi o grande centro das atenções para a parte final. Na volta 43, Bottas tentou passar uma primeira vez, mas o alemão defendeu-se. Duas voltas depois, na travagem para Stowe, o finlandês conseguiu passá-lo e ficou com o terceiro posto. A partir dali, o finlandês aumentou o seu ritmo para apanhar o seu compatriota da Ferrari, chegando até a ganhar um segundo por volta.
Mas a duas voltas do fim, o golpe de teatro para Raikkonen, quando Kimi Raikkonen começou a sofrer um furo lento e teve de ir às boxes para trocar de pneus. A mesma coisa acontecia a Max Verstappen, que teve de trocar de pneus, e depois, Sebastian Vettel, que teve o seu pneu frente-esquerdo explodir na zona das antigas boxes, arrastando-se até às boxes, mas conseguindo salvar o dia, acabando na sétima posição.
Claro que na Mercedes, foi o fim de semana de sonho. Hamilton venceu de forma imperial, Bottas foi o segundo, a dobradinha que deixou os ingleses delirantes, e Kimi Raikkonen foi o terceiro
Para os ingleses que estiveram em Silverstone, o azar de Vettel foi uma benção disfarçada por Baku. Eles desejam que o seu ídolo estivesse numa caminhada clara para este título mundial, e ao ver distância para o campeonato reduzida a um ponto, acham que em Budapeste, a coisa ficará resolvida e quando ele passasse o alemão no campeonato, nem olhe para trás. Contudo, a Formula 1 não é uma ciência exata. Já vimos este ano que o chassis da Ferrari é melhor do que no ano passado e este é um campeonato bem mais equilibrado do que nos anos anteriores. Nada está garantido que vai ser o mesmo final desde 2014...