Depois da vista sobre o Mar Mediterrâneo, a vista sobre o Cáspio. De Mónaco a Baku não se pode dizer que é de uma ponta a outra da Europa, mas é um mundo onde se vai de um principado onde os serviços e o entretenimento são reis, para um lugar onde o ouro negro manda desde que foi descoberto, em meados do século XIX. Muito antes de Abu Dhabi, Baku foi a primeira cidade do mundo que vivia do petróleo, e que fez fortuna a todos aqueles que o comerciavam, incluindo um jovem arménio que, quando envelheceu e foi apanhado pela vertigem da II Guerra Mundial, se mudou para um quarto de hotel em Lisboa, onde passou ali o resto da sua vida. Um tal de Caoulste Glubenkian.
Mas mais de século e meio depois, os negociantes de petróleo são outros, e com o dinheiro que ganharam, puderam juntar algum e receber a Formula 1, meio pelo prestigio, meio para colocar o seu país no mapa, porque esta é uma competição mundial. Contudo, a parte mais interessante de um circuito que é tão veloz como de incrivelmente apertado, é que isto calha numa altura em que os carros da Mercedes estão incrivelmente vulneráveis ao ponto de, pela primeira vez desde 2013, que não estão no comando do campeonato.
E se acham que é aqui que as coias regressam à normalidade, Toto Wolff deixou um aviso: não contem com isso. Claro, 90 por cento das pessoas acham que não passa de "bluff"...
Com um dia claro de final de primavera, as coisas começavam com a expectativa de ver o que fariam Red Bull e Mercedes, pois pareciam não ser os favoritos. O primeiro que marcou na volta foi Charles Leclerc, mas logo depois, Lance Stroll bateu forte na curva 2 e causou a primeira situação de bandeiras vermelhas. Para o canadiano, a qualificação acabava ali, e claro, iria largar garantidamente da última fila.
Passaram-se os minutos, a pista foi limpa e quando voltaram, os pilotos começaram a marcar tempos, com os Red Bull a serem os melhores. Mas quase a seguir, nova amostragem de banderias vermelhas quando o Alfa Romeo de Antonio Giovinazzi bateu no muro e a sua posição perigosa era o suficiente para nova amostragem de bandeiras vermelhas. Parecia que iria ser às pinguinhas... e claro, Giovinazzi iria completar a última fila com Stroll. Desta vez, os Haas e os Williams não iriam ser os bombos da festa, mas não iriam ficar muito mais longe...
É que das três vagas que faltavam, dois foram para os Haas, e o terceiro lugar calhou para Nicholas Latifi, que ficou com a "fava", a favor de George Russell, definitivamente, o piloto que faz da Williams algo melhor do que consegue ser neste momento.
Passando para a Q2, já havia dúvidas sobre Lando Norris, porque aparentemente, ele não tinha ido logo às boxes quando aconteceu a primeira situação de bandeiras vermelhas. Os comissários acreditavam que ele não tinha obedecido às ordens e qualquer posição que alcançasse na grelha, ela estaria em perigo de penalização.
Os pilotos estavam com pressa para ir à pista e marcar tempos, e por vezes nem sequer olhavam para os espelhos ao ponto do Sebastian Vettel ter ido para fora das boxes quando Sergio Perez estava demasiado perto... mas depois do susto, o mexicano marca 1.41,630 e está no topo da tabela de tempos. Verstappen marcou logo a seguir, um pouco mais lento que o mexicano, enquanto Hamilton abortava a tentativa e esperava por melhores momentos. Quando conseguiu marcar tempo, foi quatro milésimos melhor que o mexicano.
A parte final da Q2 ficou marcado pelo acidente de Daniel Ricciardo na curva 3, causando a terceira situação de bandeiras vermelhas desta sessão. Alguns foram prejudicados, como Sebastian Vettel, que ia na sua volta rápida, e poderia ser decisiva sobre se ficaria ou sairia. Não conseguiu passar. Como não passou Ricciardo, Russell, Kimi Raikkonen e Esteban Ocon. Em contraste, os Alpha Tauri passaram - Tsunoda na Q3, quem diria! - acompanhados pelos do costume na Red Bull, Mercedes e Ferrari, bem como o McLaren de Norris e o Alpine de Fernando Alonso.
Para o Q3, havia expectativas para saber quem se daria melhor. O mais interessante é que não eram só os candidatos do costume, mas havia mais gente que queria o mesmo lugar, como os Ferrari. E logo nos primeiros minutos, Charles Leclerc começou a ficar com os melhores tempos, aproveitando - também - o vácuo de Carlos Sainz Jr. que no inicio desta Q3 era terceiro.
Mas os Mercedes não ficavam parados, espcialmente quando Lewis Hamilton ficou com o segundo melhor tempo. E Max? Conseguiu passar Sainz Jr, mas era apenas terceiro. Pouco depois, os Alpha Tauri iam para a pista, e com Tsunoda a rebocá-lo, Gasly conseguia o quarto tempo provisório, com o japonês a ser sétimo. Cada vez mais interessante...
A parte final viu os carros saírem das boxes em bando, vendo se havia tempo para uma última volta. Mas as expectativas foram curtas: Sainz e Tsunoda bateram no muro antes da curva 2 e a qualificação terminava ali, com bandeiras vermelhas (pela quarta vez!) e Charles Leclerc a ser pole pela segunda corrida seguida. Claro, pode-se pensar que Hamilton, com o seu segundo tempo, está na frente de Verstappen, o que seria vantajoso para o campeonato... mas nem tanto. É que os números impares largam do lado limpo da pista, e não se pode descartar a ideia de que o holandês poderá fazer uma largada relâmpago...
Ah, e a distância para o sr. Bottas? 1.2 segundos, porque o finlandês largará apenas de décimo na grelha. O Tsunoda e o Alonso ficaram na frente dele, diabos!
Enfim, veremos como será amanhã.