Por muito tempo, parecia que isto não iria acontecer. Sabia-se que tempo seria mau durante o final de semana, especialmente neste sábado, mas quando chegou a hora da qualificação, numa Red Bull Ring vazia, o que as pessoas viam mais eram os arco-iris do painel que existe na reta da meta, tanto do passar o tempo da melhor maneira possível, enquanto a carga de água se amainava. Parecia um pouco o que tinha acontecido em Austin, quase cinco anos antes, enquanto passava um furacão ao lado deles...
Depois do cancelamento do terceiro treino livre, devido à carga de água que caía na pista, chegado à hora do começo da qualificação, os minutos passavam e a carga de água não parava. Chovia e chovia. E ninguém saía para a pista. Todos começaram a falar na ideia de "se calhar... não seria má ideia fazermos a qualificação no domingo de manhã". E parecia que isso iria acontecer.
Mas depois de uma hora, não foi. Houve uma pequena abertura e todos aproveitaram, todos com pneus de chuva, no meio da tempestade, naquela pista muito molhada. Mas a Formula 1 é assim. Não são como os americanos, que com os primeiros pingos de chuva, recolhem os carros às boxes, mas já não estamos mais nos tempos em que se corriam, não interessa a quantidade de água que estava na pista.
Quando por fim foram correr, houve algumas coisas bem engraçadas em termos de andamento na chuva. A certa altura, George Russell - sim, ele - fez o melhor tempo na pista molhada, antes do resto do pelotão começar a melhorar os seus tempos, com a secagem do asfalto. E se Russel conseguia marcar um bom tempo, Romain Grosjean não o fazia. E sem tempo, não passou para a fase seguinte.
E a acompanhá-lo na "desgraça", o Williams de Nicholas Latiffi, os Alfa Romeo de Antonio Giovinazzi e Kimi Raikkonen, e o Racing Point de Sergio Perez.
Depois das preparações para a Q2, os carros voltaram à pista com cuidado, pois a pista continuava molhada. Vettel foi um dos primeiros a marcar em tempo, mas foi Max Verstappen a fazer algo com, com 1.18,155, para depois melhorar para 1.17,938, depois de Lewis Hamilton ter marcado um tempo que o colocou no cimo da tabela de tempos.
Se Hamilton e Verstappen lutavam pela primeira linha, atrás, os Ferrari lutavam para entrar na Q3. E desta vez, Charles Leclerc estava a lutar para ser melhor, conra Sebastian Vettel, pois estavam atrás dos carros da McLaren e... dos Renault, especialmente o de Esteban Ocon, que se dava bem no molhado.
Quando a bandeira de xadrez foi mostrada para o final desta parte da sessão de qualificação, os Ferrari ficaram divididos: Leclerc ficou de fora, Vettel dentro. Quem quase ia para a Q3 era... Russell, no seu Williams, ma ficou a meros 0,3 segundos dos Ferrari que não se deram bem à chuva. Para além de Leclerc e Russell, ficaram também o Alpha Tauri de Daniil Kvyat, o Haas de Kevin Magnussen e o Racing Point de Lance Stroll.
A parte final da qualificação foi uma batalha entre Max e Lewis. Red Bull contra Mercedes. O holandês partiu ao ataque, primeiro com um tempo de 1.21,574, para depois o britânico melhorar com 1.21,272. Mas à espreita estava Valtteri Bottas, que fez 1.21,036, e ficou no primeiro posto provisório. Agora, a luta era a três, mas havia outros que espreitavam.
E os últimos minutos foram memoráveis. Primeiro, Hamilton reagiu a Bottas e fez 1.20,649, mas depois Verstappen conseguiu 1.20,489, e o inglês arrancou 1.19,702, e tudo isto antes da última chance. E aí... Hamilton fez uma volta de sonho enquanto Verstappen despistou-se!
No final, o 1.19,273 da pole foi uma atuação daqueles de estofo de campeão. Nas adversidades, mesmo com um grande material, não se acomodou. A sua volta foi perfeita? Se não foi, andou la´perto. Agora, elevou a sua marca de pole-positions para 89 e todos concordam que vai ser o primeiro a bater a centena. Vai ficar com todas as marcas, vai querer ser absoluto, e vai no bom caminho. E agora, com o ser politico a despertar, ainda arrisca a ser mais gigante do que é.
Aliás, logo depois do tempo que fez, os bem-humorados disseram que ele praticou "distanciamento social" na grelha de partida... atrás dele, ficou Verstappen, e Bottas foi superado pelo McLaren de Carlos Sainz Jr, com 1.20,671. Esteban Ocon foi o quinto, atrás do finlandês, seguido por Lando Norris, mas com a penalização de três lugares, ele acabará por largar de nono.
Contudo, amanhã não deve chover. Provavelmente, dominará de ponta a ponta. Mas nestas coisas, nunca se conta com o ovo no rabo da galinha, mesmo na Áustria.