sábado, 8 de setembro de 2012

GP Memória - Itália 1997

Duas semanas depois de terem corrida na Belgica, onde Michael Schumacher teve uma vitória convincente debaixo de chuva, máquinas e pilotos estavam em Monza para disputar o GP de Itália. Sem alterações no pelotão, ambas as equipas que disputavam o título, Williams e Ferrari, faziam o seu melhor: a primeira, para esbater a diferença que tinham para alcançar Schumacher, a segunda, para tentar manter a diferença que lhes permitisse celebrar ambos os títulos, algo que não alcançavam desde 1979 no pilotos, e desde 1983 nos construtores.

Mas o mundo exterior entrava também na Formula 1. A 31 de agosto, Diana de Gales morria numa acidente de automóvel num túnel em Paris e a qualificação ocorria no preciso momento em que, em Londres, aconteciam as suas exéquias. Os pilotos britânicos fizeram um momento de silêncio, em tributo à monarca falecida num acidente de viação, uma semana antes, e foram para os seus carros darem o seu melhor.

E esse tinha sido Jean Alesi, que no seu Benetton, tinha sido melhor do que o Williams de Heinz-Harald Frentzen. Giancarlo Fisichella era o terceiro, no seu Jordan-Peugeot, seguido pelo segundo Williams de Jacques Villeneuve. Os McLaren ocupavam a terceira fila da grelha, com Mika Hakkinen a ser melhor do que David Coulthard, enquanto que na quarta fila ficava o segundo Benetton de Gerhard Berger e o segundo Jordan de Ralf Schumacher. A fechar o "top ten" ficavam os Ferrari de Michael Schumacher e Eddie Irvine, certamente as grandes desilusões desse fim de semana.

Na partida, Alesi manteve a liderança, mas Coulthard faz um brilhante arranque e salta para o terceiro lugar, começando a ir atrás de Frentzen, o segundo classificado. Hakkinen era o quarto, seguido de Villeneuve, Fisichella e os irmãos Schumacher, com Michael na frente de Ralf.

Esperava-se que haveria apenas uma paragem para trocar de pneus nessa corrida, mas os pilotos não se conseguiam afastar-se muito uns dos outros. Aliás, eles andavam muito colados, mas não existiam manobras de ultrapassagem. Os primeiros a parar foram os Williams, com Villeneuve primeiro e Frentzen depois, com uma volta de diferença. Na volta 32, foi a vez de Alesi, com Coulthard logo atrás. O escocês fez uma paragem mais veloz do que o francês e conseguiu passá-lo nas boxes. Depois, viu que isso foi mais do que suficiente para ficar com a liderança.

A partir dali, o único grande incidente foi o problema de Mika Hakkinen, que viu um dos seus pneis a ser delaminado, saindo um grande pedaço. Temendo ter tido um furo, foi às boxes e trocou o pneu danificado, acabando a corrida no nono lugar, a mais de 49 segundos do seu companheiro de equipa.

No final, quando David Coulthard cruzou a meta como vencedor, os oito primeiros estiveram separados por menos de 18 segundos. Noutras circunstâncias teria sido excitante, mas a realidade foi o contrário: uma corrida aborrecida de morte. Jean Alesi foi o segundo, seguido por Heinz-Harald Frentzen, que compartilharam o pódio. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Jordan de Giancarlo Fisichella, o Williams de Jacques Villeneuve e o Ferrari de Michael Schumacher.

Youtube Racing: O "bumpdrafting" de Felix da Costa


Confesso que não vejo muito NASCAR, uma categoria que atrai menos do que a IndyCar, por exemplo. Mas sei o que é "bumpdrafting" e sei que isso é mais conveniente numa categoria de carros de turismo do que numa categoria de monolugares.

Mas confesso que nunca vi isto em monolugares... até esta tarde. Foi na GP3 e o protagonista foi o português António Félix da Costa, que na luta pelo segundo posto com o finlandês Aaro Vaino, fez o tal "bumpdrafting" com o piloto da Lotus ART em plena reta da meta por algumas centenas de metros, antes do piloto da Carlin levantar o pé e deixá-lo travar para fazer a primeira curva.

O narrador ficou espantado com esta manobra...

GP3: Abt vence, Evans desiste e Felix da Costa sem caixa de velocidades

Tinha um mau pressentimento sobre António Félix da Costa, confesso. Vê-lo a conseguir quatro pódios consecutivos e a aproximar-se do título, de facto, era irresistível. Mas para ganhar, precisas de sorte, e numa prova onde tudo aconteceu um pouco, o azar bateu à porta na pior altura possível: uma caixa de velocidades encravada na sexta velocidade o fez perder a liderança, caindo para o 15º posto e ver esfumadas as suas - poucas, mas plausíveis - esperanças de conquistar o título.

Depois do neozelandês Mitch Evans ter conseguido bater Felix da Costa na qualificação, conseguindo quatro valiosos pontos na sua luta pelo título, a corrida começou com ambos os pilotos a cortarem a primeira chicane, com o neozelandês a levar com a pior parte, caindo muitas posições. Na segunda Lesmo, Evans teve nova saída de pista, indo para a gravilha e acabando por abandonar. Assim, Mathias Laine assumia o comando, mas no final da primeira volta, Felix da Costa ultrapassava o finlandês e cruzava a meta no primeiro lugar, parecendo que tudo estava a correr bem para o piloto português.

Nas três voltas seguintes, Felix da Costa começou a ser ameaçado por Daniel Abt e Aaro Vaino, pilotos da Lotus ART, que o assediavam para ver se cometia algum erro. No inicio da quarta volta, o alemão passou para o comando, mas não o deixando escapar, enquanto que Vaino estava atrás dele. Na sexta volta, começaram os problemas: um primeiro problema fazia com que deixasse passar Vaino, mas depois o carro voltou a andar, recuperando o ritmo e colando-se ao finlandês. Pouco depois, a caixa de velocidades "encravou" na sexta velocidade, diminuindo o ritmo e sendo engolido pelo pelotão. Voltou a funcionar na volta seguinte, mas só conseguiu recuperar até ao 15º lugar, não pontuando e vendo as suas hipóteses de título sido esfumadas de vez.

Daniel Abt foi o vencedor desta corrida, com o cipriota Tio Elinas no segundo lugar - e a conseguir a volta mais rápida - e o finlandês Mathias Laine a conseguir o terceiro posto. O alemão conseguiu assim subir ao segundo lugar na classificação e ainda têm uma muito fina hipótese de chegar ao titulo, já que a diferença entre ambos é de 15 pontos. 

No final, Felix da Costa comentava o seu desalento na sua página do Facebook: "Considero o dia de hoje o mais infeliz da minha carreira como piloto. Perder uma corrida desta forma já só por si é frustrante, um campeonato então é um sentimento muito forte. Tanto eu como a equipa fizemos um óptimo trabalho e a nossa estratégia estava a funcionar na perfeição. Com uma vitória hoje, bastaria amanhã marcar 1 ponto para me tornar Campeão. É realmente triste, mas como piloto profissional tenho de aceitar de cabeça erguida e prometo a todos os Portugueses que tanto me têm apoiado, uma corrida de faca nos dentes amanhã".  

Amanhã será a última corrida da temporada da GP3.

Formula 1 2012 - Ronda 13, Itália (Qualificação)

Monza é o quintal da Ferrari, isso já se sabe desde o final da II Guerra Mundial. Mas ver que quem mandou por ali foi o seu maior rival, a McLaren, até teve um efeito de surpresa, dado o potencial dominio de Fernando Alonso por ali e dada a capacidade do piloto espanhol de se superar, numa altura em que deseja ganhar para consolidar a diferença no comando da classificaçãso geral.  Ainda por cima, esta qualificação resultou no monopólio dos carros da equipa de Woking, com Lewis Hamilton a ser mais veloz do que Jenson Button, e um surpreendente Felipe Massa no terceiro lugar, muito à frente de Fernando Alonso. 

A grande novidade do Q1 foi o facto de Nico Hulkenberg ter tido um problema na caixa de velocidades no seu Force India, que o impediu de marcar qualquer tempo e o colocou no último lugar da classificação, fazendo com que os carros das três equipas mais lentas pudessem ter uma chance de chegar à Q2. Mas no final, quem passou para lá foram os Toro Rosso, que anunciou esta semana que James Key, ex-Sauber, iria ser o seu desenhista, no lugar de Giorgio Ascanelli. Assim, apesar do bom resultado de Heiki Kovalainen, ele não passou para a Q2.

Quando os carros chegaram à segunda parte da qualificação, sabe-se, como sempre, que haveriam algumas boas surpresas, dado o equilibrio existente entre os carros da frente e os que andam no meio do pelotão. E se foi uma boa surpresa ver o Force India de Paul di Resta a seguir em frente, e o Sauber de Kamui Kobayashi, do mau lado foi o 11º posto de Mark Webber, que cada vez mais se vê incapaz de passar para a fase seguinte, e do Sauber de Sergio Perez, que foi apenas 13º, entalado entre os Williams de Pastor Maldonado e de Bruno Senna. O 16º posto de Jerôme D'Ambrosio, substituto de Romain Grosjean, era expectável, dada a inexperiência com este carro e a sua natureza transitória, pois poderá fazer aqui a sua única corrida do ano.

Na Q3, os McLaren marcaram o ritmo. Lewis Hamilton marcou o tempo da pole-position na sua primeira tentativa na pista, não conseguindo melhorar na sua segunda tentativa, enquanto que Button conseguiu um tempo que apenas foi 123 centésimos pior do que Hamilton. Tinham conseguido uma dobradinha na casa do "inimigo", com os tiffosi a observarem tudo, enchendo as bancadas de Monza.

Mas o mais incrivel nesta Q3 é ver algo raro nesta temporada: Felipe Massa na frente de Fernando Alonso. Parece que trocaram de carros ou de corpos, pois o piloto espanhol foi apenas o décimo nesta Q3, a mais de 1,6 segundos de Hamilton. Mas na realidade, foi uma falha numa peça do carro do piloto espanhol que o atirou para esse lugar, algo frustrante para quem andou sempre com os melhores tempos. O quarto lugar de Paul di Resta seria um motivo para comemorar na Force India, mas tal como aconteceu a Nico Hulkenberg no inicio da sessão, o escocês irá trocar de caixa de velocidades e cairá cinco lugares por causa disso. Assim, o grande beneficiado será Michael Schumacher, que do quinto lugar alcançado na pista, sobe mais uma posição.

Sebastian Vettel ficou com o quinto posto, atrás de Schumacher, e começa a dar sinal de que a Red Bull tem dificuldades de andar pela frente. Seria de esperar isso depois de dois anos dominadores, mas com ambos os pilotos a lutarem pelo título, ver o piloto alemão a ser batido por um veterano da Formula 1 não é bom sinal. Pode ser que a corrida sirva para algo, como o que aconteceu na semana passada, na Belgica, onde Vettel aproveitou os azares alheios e uma boa corrida para chegar ao segundo posto.

A fechar os dez primeiros ficaram Nico Rosberg, Kamui Kobayashi - continuando com a sua boa onda das últimas corridas - Paul di Resta e Fernando Alonso.

Amanhã, dia de corrida, poderemos ver o bom dia dos McLaren, e provavelmente a entrada da equipa de Woking na luta a sério pelo título de Construtores. Para Jenson Button, nova vitória o colocaria bem mais acima na classificação geral e na consideração da equipa. O que pode afetar a honra de Lewis Hamilton e provavelmente pensar melhor no contrato que a equipa de Brackley lhe acena desde há algum tempo...

Mas também pode ser o dia que Felipe Massa espera há muito tempo, se a Ferrari lhe deixar que ele seja feliz.

Youtube Video: a entrevista a Robert Kubica


A Sky Itália entrevistou hoje em exclusivo o polaco Robert Kubica, que anunciou com surpresa, o seu regresso à competição num rali italiano, ao volante de um Subaru Impreza WRC. Nesta entrevista, ele afirma que o objetivo principal é regressar à Formula 1 em 2014, caso ele recupere totalmente das suas lesões e recupere também a sua mobilidade nas zonas afetadas da sua mão direita, após o acidente que teve no Rali Ronda di Andora, em fevereiro de 2011. 

Depois de tantos meses de reabilitação, eu só queria sentir a adrenalina de correr. Nesta prova e depois no San Martino”, afirmou.

Quanto à Formula 1, coloca o seu regresso daqui a ano e meio, mas fala sobre esse assunto no condicional: “Voltar à Formula 1? Em 2014, mas ainda não sei se a minha jornada me levará lá. Às vezes, na vida, você tem que aceitar o seu destino, mesmo que ele não seja fácil”, explicou.

Formula 1 em Cartoons: Grosjean numa redoma de vidro

Os elementos mais perigosos guardam-se numa redoma de vidro à prova de acidentes. Espero que haja um lugar para o Pastor Maldonado...

Mais um desenho do Hector Garcia, do GP Toons.

GP Memória - Itália 1952

Com o título de pilotos atribuido a Alberto Ascari há mais de um mês, com a sua vitória em Nurburgring, máquinas e pilotos deslocavam-se a Monza para a última prova do ano. Era uma corrida importante, só por participar, e isso refletiu-se no numero de carros inscritos: 34. A organização achou esse numero muito grande e reduziu os pilotos qualificados para 24.

Apesar de todos saberem que a Ferrari era a grande dominadora, Enzo Ferrari não admitia facilidades, pois queria vencer a corrida disputada em casa, a mais importante do ano. E assim sendo, decidiu inscrever cinco carros para Alberto Ascari, Nino Farina, Piero Taruffi, Luigi Viloresi e o francês André Simon. Para além disso, havia mais dois Ferrari inscritos pela suiça Ecurie Espadon, para o suiço Rudi Fischer e o veterano alemão Hans Stuck, e as inscrições individuais de Peter Whitehead, Charles de Tornaco (da Ecurie Francochamps) e do francês Louis Rosier. Ao todo, haviam dez Ferraris em Monza.

No lado da Maserati, havia três carros inscritos oficialmente, para o argentino Froilan Gonzalez e os italianos Franco Rol e Felice Bonetto. Existiam mais três carros da marca, inscritos pela brasileira Escuderia Bandeirantes, para os brasileiros Gino Bianco e Chico Landi, bem como o uruguaio Eitel Catoni.

A francesa Gordini decidiu colocar três carros para Jean Behra, Maurice Trintignant e Robert Manzon, enquanto que a britânica Connaught colocou também três carros para Dennis Poore, Stirling Moss e Kenneth McAlpine. Outra equipa britânica, a HVM, tinha também três carros, para os britânicos Peter Collins e Lance Macklin, bem como o australiano Tony Gaze. A Cooper tinha quatro carros inscritos, para os britânicos Mike Hawthorn, Eric Brandon, Alan Brown e Ken Wharton.

Para além dos carros oficiais, havia também mais seis carros inscritos por equipas provadas ou inscrições individuais. Havia um OSCA inscrito pelo francês Elie Bayol, dois Maserati-Platé inscritos para o suiço Toulo de Grafenried e o argentino Alberto Crespo, um Cisitália inscrito por Piero Dusio, um Simca-Gordini que iria ser guiado pelo belga Johnny Claes, e um Aston-Buttleworth para Bill Aston.

No final das sessões de qualificação, como se esperava os Ferrari levaram a melhor. Alberto Ascari fez a pole-position, seguido por Luigi Villoresi e Nino Farina. Maurice Trintignant coloca o seu Gordini no quarto lugar, seguido do Maserati de Froilan Gonzalez. Piero Taruffi era o sexto, seguido pelo segundo Gordini de Robert Manzon, na frente do Ferrari de André Simon. A fechar o "top ten" estavam o Connaught de Stirling Moss e o OSCA de Franco Rol.

Como seria de esperar, dez carros ficaram de fora, e os mais surpreendentes eram os Ferrari de Peter Whitehead e do veterano Hans Stuck. Os Maserati-Platé de Toulo de Grafenried e de Alberto Crespo também ficaram de fora, bem como o Cisitalia de Piero Dusio. Os HVM de Peter Collins, Tony Gaze e Lance Macklin estavam também de fora, bem como o Simca-Gordini de Johnny Claes e o carro de Bill Aston.

A corrida começou com Gonzalez a ser mais veloz na partida e a ficar no primeiro lugar, com os Ferrari de Ascari e Villoresi na sua perseguição. Bonetto era quarto, mas ele conseguia aguentar os outros concorrentes, pois era um pouco menos veloz do que os outros, e logo, começou a cavar uma distância cada vez maior em relação aos pilotos da frente.

Gonzalez parecia aguentar os Ferrari, mas na volta 37, teve de parar para fazer um reabastecimento e trocar de pneus. Mas a paragem foi demasiado prolongada, e o argentino regressou a pista no terceiro lugar. A partir dali, começou a fazer uma corrida de recuperação, conseguindo apanhar e passar Farina, mas Ascari já estava a uma distância considerável para o apanhar.

No final, Ascari venceu pela sexta vez seguida, consolidando ainda mais o seu dominio na temporada, com Gonzalez a ser o segundo classificado, conseguindo interferir no dominio da Ferrari. Luigi Villoresi completava o pódio, enquanto que nos restantes lugares pontuáveis ficavam os Ferrari de Nino Farina e Felice Bonetto. 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O segundo título de Alex Zanardi

Quarta-feira, ficamos maravilhados ao saber que Alex Zanardi tinha conseguido uma medalha de ouro no contra-relógio da variante de ciclismo na categoria T4 (amputados), com o seu "hand-cycle". Esta tarde, foi a corrida de estrada, e o piloto italiano de 45 anos ia tentar vencer outra medalha contra uma forte concorrência. E nesse aspecto, ele conseguiu, depois de uma dura luta contra outros sete concorrentes. Nesse aspecto, já sai daqui com duas medalhas de ouro nestes Paralimpicos.

Coincidentemente, Alex Zanardi vence esta medalha quinze anos depois de ter conseguido o primeiro dos seus dois títulos na CART, numa temporada onde tinha vencido em cinco ocasiões, três delas consecutivamente. O feito do piloto italiano, nessa altura alcançado no circuito de Laguna Seca, tinha mostrado que ele era feito do estofo dos campeões, e que a sua passagem pela Formula 1 tinha sido apenas um soluço. Quinze anos depois, podemos dizer que foi a primeira de muitas conquistas de uma carreira invulgar. Absolutamente invulgar. 

E que não vai parar por aqui: ele deseja competir nas 500 Milhas de Indianápolis de 2013 - curiosamente, nunca competiu por lá - e o seu amigo e companheiro de equipa nos tempos da Chip Ganassi, Jimmy Vasser, já disse que o iria ajudar...

A capa da Speed de setembro

A revista Speed deste mês vai sair, se tudo correr bem, no dia 10 de setembro. Mas já posso colocar aqui o que vai ser a nossa capa. O desenho é do Hector Garcia, do GP Toons, que a partir de agora vai colaborar na revista com um desenho especial para cada edição.

Mas eu achava que esta estreia merecia algo mais. Assim sendo, inspirado com a capa que o  designer português Ricardo Santos fez para a revista americana Racer, em agosto, e tive a ideia de uma capa semelhante, uma capa especial para comemorar os 40 anos do título do Emerson Fittipaldi, no sentido de demonstrar que assim poderíamos ser diferentes, dar nas vistas e mostrar os nossos talentos. Falei da ideia com o Diego Trindade, o fundador da revista, e ele gostou. Depois falei com o Hector, ele acedeu e o resultado final é o que podem ver por aqui.  

Espero que gostem. O resto vem mais tarde.


Formula 1 2012 - Ronda 13, Itália (Treinos)

Cinco dias entre corridas é muito curto, mas depois de um mês de ausência e entre dois clássicos do automobilismo, o cansaço é compensador. Afinal de contas, é Monza, e por ela, muitos fazem quase tudo. Debaixo de um sol de final de verão, e com os adeptos entretidos nos últimos dias com a telemetria que Lewis Hamilton meteu no seu Twitter, bem como as especulações sobre uma eventual passagem de Lewis Hamilton para a Mercedes, no lugar de Michael Schumacher, decorreram os treinos livres do GP de Itália.

E para começar, Michael Schumacher decidiu provar que "velhos são os trapos", fazendo o melhor tempo da primeira sessão do dia. Com o tempo de 1.25,422 segundos, conseguiu ser mais veloz em 301 centésimos de segundo do que Jenson Button, e 340 centésimos mais veloz do que Nico Rosberg, no segundo carro da Mercedes.

A seguir vieram os Ferrari de Fernando Alonso e Felipe Massa, demonstrando estarem equilibrados para este final de semana importante para as aspirações ao título do piloto espanhol. Atrás deles ficou Lewis Hamilton, no sexto lugar, a 522 centésimos de Schumacher. A fechar o "top ten" estiveram o Lotus-Renault de Kimi Raikkonen, o Sauber-Ferrari de Sergio Perez e o Williams-Renault de Pastor Maldonado.

A grande novidade desta primeira sessão de treinos foi a estreia na HRT do chinês Ma Quinghua. Como seria de esperar, o piloto de 24 anos foi o último da sessão de treinos, a mais de cinco segundos de Michael Schumacher. Outros dois "terceiros pilotos" estiveram em ação, com Valteri Bottas a ficar com o 13º melhor tempo no seu Williams, enquanto que Jules Bianchi ficou um pouco mais abaixo no seu Force India, na 16ª posição. 

Já o belga Jerôme D'Ambrosio, que substitui Romain Grosjean, suspenso em Monza, terminou a primeira sessão na 15ª posição, a 1,7 segundos de Schumacher.

A segunda sessão de treinos foi um pouco diferente, com os McLaren a serem os melhores, em que Lewis Hamilton foi melhor do que Jenson Button - irá mostrar a telemetria para ver em que partes foi melhor? - e nas posições seguintes apareciam o Ferrari de Fernando Alonso e o de Felipe Massa. Isto numa sessão onde o piloto espanhol andava num carro reconstruido e com problemas em termos de caixa de velocidades. Acabou por trocar, mas sem penalização, pois era uma unidade que seria apenas para os treinos, segundo disse a Scuderia.

Nico Rosberg foi o quinto, seguido pelo Lotus-Renault de Kimi Raikkonen, os Force India de Paul di Resta e Nico Hulkenberg, e a fechar o "top ten", o Sauber de Sergio Perez e o Mercedes de Michael Schumacher. Jerome D'Ambrosio desta vez conseguiu o 12º tempo, entre os Red Bull de Mark Webber e de Sebastian Vettel.

Amanhã é altura da qualificação, e veremos quanto disto que vimos hoje tem algum fundo de verdade. Que existe equilíbrio nos da frente, é um facto, mas veremos mais do mesmo ou haverá alguma surpresa? 

Formula 1 em Cartoons: Itália (GP Toons)

Como Romain Grosjean tenta ludibriar (enganar) os fiscais da FIA em Monza... 

Mais um desenho vindo da pena do Hector Garcia, dos GP Toons.

É oficial: Robert Kubica volta aos ralis!

O blog f1.it acaba de anunciar que Robert Kubica vai voltar à competição este final de semana, no Rali Gomito de Lanna, na zona de Biella, no Piemonte, ao voltante de um Subaru Impreza WRC. Também fala que o piloto polaco, de 28 anos, participará também na semana seguinte, no Rali San Martino de Castrozza, a contar para o Trofeo Rally Asfalto.

Apesar de ontem haver rumores sobre uma participação este mês, mas algures mais a meio, hoje parece que é oficial. Assim sendo, significará o regresso do piloto polaco aos ralis, um ano e sete meses depois do seu grave acidente no Rali Ronda di Andora, quando seguia ao volante de um Skoda Fabia S2000, causando-lhe ferimentos graves na perna, mão e braço direitos, devido a um guard-rail que entrou pelo carro dentro.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Youtube Drift Crazyness: Coragem ou sem cérebro?


A cena passou-se há uns dias numa competição de drift na Polónia, quando dois carros passaram por uma curva e viram um fotógrafo na beira da estrada, esperando pela passagem de ambos os carros para tirar a sua foto.

Coragem ou pura idiotice? Confesso que não sei catalogar isso, porque era o que acontecia num  passado não muito distante, até na própria Formula 1, mas é preciso ter "coglioni" de titânio ou então retirar o cérebro, colocá-lo em cima da mesa e tirar as fotos da sua vida. 

E a pensar que no mesmo fim de semana, um fotógrafo checo perdera a vida no Rali Zlin, na Rep.Checa, por estar no lugar errado, na hora errada...

Rumor do dia: Robert Kubica pode competir em breve

Circulam noticias na Polónia e em Itália de que o regresso de Robert Kubica poderá estar para breve, e nos ralis. O site argentino rallynoticias.com fala que o piloto polaco, que sofreu um grave acidente em fevereiro de 2011 no Rally Ronda di Andora, poderá participar a 14 e 15 de setembro no Rally del Appenino Reggiano, ao volante de um Peugeot 207 S2000. Aliás, falava-se que esse regresso poderia ter acontecido no Rallye Ronde di Lanna Gomitolo, mas ele não se encontrava na lista de inscritos.

Contudo, a especulação é muita, especialmente depois que se descobriu que fez um teste em asfalto junto da equipa oficial da Ford um pequeno circuito em França. Sobre o seus planos de regresso, Jakub Gerber, o seu habitual navegador, disse à agência polaca PAP que qualquer resposta será dada em breve. "Por enquanto, não vou comentar nada. Apenas na segunda-feira irei responder às perguntas.", declarou.

5ª Coluna: Velocidades a mais e proteções a menos

Os eventos do GP da Belgica, neste domingo que passou, e especialmente na carambola da curva La Source, em que Romain Grosjean destruiu mais três carros - Fernando Alonso, Lewis Hamilton e Sergio Perez - fizeram despertar a discussão sobre duas matérias: os pilotos demasiadamente "sangue na guelra", e a proteção dos cockpits dos pilotos.

Sobre o primeiro caso, dei a minha opinião num outro artigo que vai ser publicado na revista Speed deste mês, algures na semana que vêm, e do qual coloco aqui uns extratos:

"Que desde há algum tempo temos pilotos demasiado novos na Formula 1, é verdade. Ao longo da década anterior, devido a fenómenos como Fernando Alonso e Sebastian Vettel, a obsessão das equipas foi o de tentar encontrar algum génio precoce, em detrimento de pilotos experimentados. Chegamos a ver pilotos de 17 anos, que tinham pouco mais de uma temporada em monolugares, a experimentarem máquinas de 850 cavalos em vários testes. Isso foi assim até meados de 2009, altura em que as restrições de custos, pelo menos no campo dos testes, onde os veteranos voltaram a ter uma chance de brilhar, dado o seu conhecimento dos carros. Michael Schumacher, Pedro de La Rosa são dois bons exemplos, e podemos dizer que Rubens Barrichello ganhou mais um prolongamento da sua carreira devido a isso.

Mas será que é a excessiva juventude o unico grande culpado? Ou haverá mais razões atrás disso? Acho que a mentalidade é uma delas. Toda esta geração nasceu em meados ou finais dos anos 80, altura em que as mortes estavam a diminuir drasticamente na categoria máxima do automobilismo. O máximo que viram – se conseguiram ver, claro – foram os acontecimentos de Imola, em 1994. Tivemos até agora dezoito anos sem mortes na Formula 1, tempo suficiente para ver crescer uma geração. E curiosamente – ou quase ironicamente – viram e admiram os feitos de Ayrton Senna, cuja frase mais famosa é “se não aproveitares a oportunidade para ultrapassar, não és um piloto suficientemente bom”. Vi isso quando em junho li o tweet do russo Dimitri Suranovich, piloto da GP3, quando quis justificar o acidente com Conor Daly no Mónaco, que destruiu totalmente o carro do piloto americano, num vôo tão assustador quanto espectacular.


Grosjean e Maldonado devem ter Senna como seu modelo, daí a sua velocidade. Mas o facto da Formula 1 – ou do automobilismo em geral, se preferirem – tenha tornado uma competição onde o risco de morte ficou reduzido a quase zero faz com que possam arriscar ainda mais." (...)


É que estes pilotos demasiadamente de “sangue na guelra” fazem levantar outros problemas. Como os dos chassis abertos. Não é nada de novo, falei disso na edição anterior da revista Speed, com o projeto do Ubiratan, mas o facto do carro de Grosjean ter passado a menos de trinta centímetros do capacete de Fernando Alonso fez despertar de novo o problema, numa Formula 1 obcecada por uma segurança a cem por cento.

Sei que existem muitos céticos sobre essa ideia de colocar uma cobertura nos carros de Formula 1. É algo que tem sido testado de vez em quando, ao longo dos últimos 60 anos, e os resultados não são satisfatórios. Digo isso porque todos chegam à solução de que um cockpit aberto é o mais prático. Mas com acidentes como o de Felipe Massa e Henry Surtees, em 2009 e a tal obsessão da segurança, já se está a ser feito o debate. Martin Whitmarsh, na segunda-feira, já admitia a hipótese do cockpit aberto em declarações à Autosport britânica, talvez porque um dos seus pilotos tenha estado envolvido no acidente.

Já começo a pensar desde há muito que provavelmente, um arco de segurança semelhante ao que o Ubiratan propõe, é a melhor solução, desde que se elimine o problema da visibilidade que tal arco proporciona. Mas novas estruturas não podem ser só a solução para diminuir o potencial de um acidente fatal. Também se deve pensar seriamente em educar os pilotos nas categorias de formação. Quem assite as corridas da GP2, GP3 ou a World Series by Renault, assiste a muitos acidentes causados pelos excessos de pilotos com 16, 17 ou 18 anos, e as penalidades não são tão duras como acontece na Formula 1. Acho que os ex-pilotos que são convidados pela FIA para fazerem de comissários nos Grandes Prémios, deveriam também andar nas categorias de base, para educar e punir os prevaricadores.

Creio que já é altura de muitos desses rapazinhos começarem a ser ensinados e respeitarem-se uns aos outros na pista e largar a cultura do ultrapassar a qualquer custo. É que a Formula 1 começa a ficar incomodada com essa gente. 

GP Memória - Itália 1987

Quase três semanas depois de terem corrido no conturbado GP da Austria, máquinas e pilotos estavam agora em Monza, palco do GP de Itália, a 11ª das dezasseis provas que faziam parte do calendário daquela temporada de 1987.

A grande novidade era a chegada de uma equipa local, a Coloni, que tinha construído um chassis e aproveitava essa corrida como preparação para a temporada de 1988, e tinham como piloto para essa prova o local Nicola Larini. A Osella tinha alargado a sua participação para dois carros e por causa disso havia um novo piloto na equipa, o suiço Franco Forini, que iria guiar o modelo com motor Alfa Romeo, ao lado de Alex Caffi.

A Honda aproveitou o fim de semana de Monza para anunciar que não iria mais fornecer motores à Williams na temporada de 1988, terminando ali uma parceria que durava desde o final da temporada de 1983. Williams teria de depender de motores aspirados nessa temporada, um ano antes do final anunciado dos motores Turbo. 

Mas a Williams tinha também trazido um chassis com o seu sistema de suspensão ativa, desenvolvida e usada no carro de Nelson Piquet. E os resultados foram positivos: o piloto brasileiro fez a pole-position, na frente de Nigel Mansell. A segunda fila tinha o Ferrari de Gerhard Berger no terceiro posto, conseguindo bater o Lotus de Ayrton Senna, que fica com o quarto posto. Alain Prost é o quinto no seu McLaren, na frente do Benetton de Thierry Boutsen. Teo Fabi era o sétimo, no segundo Benetton, seguido pelo segundo Ferrari de Michele Alboreto. A fechar o "top ten" ficavam os Brabham-BMW de Riccardo Patrese e Andrea de Cesaris.

Com 28 carros inscritos, a organização tinha de deixar dois de forma, devido ao facto de ter sido aceite um limite de 26 carros no inicio da época. Assim sendo, o Coloni de Nicola Larini e o AGS de Pascal Fabre acabaram por ficar com os piores tempos e iria assistir a corrida da bancada.

Na partida, Mansell arranca bem, mas falha uma mudança e Piquet leva a melhor na primeira chicane. Berger era o terceiro, enquanto que Senna era surpreendido por Boutsen. No inicio da segunda volta, Berger tentou passar Mansell para o segundo lugar, mas o britânico fechou a porta e ambos bateram. Sem grandes estragos, voltaram à pista, enquanto que Boutsen subia ao segundo lugar, com Mansell a cair para o quarto lugar. Os três andaram relativamente juntos até à volta 17 quando Mansell conseguiu passar Berger, para logo a seguir passar Boutsen e ficar com o segundo lugar.

A meio da corrida, os Williams param para meter pneus, como o Ferrari de Gerhard Berger, mas não o Lotus de Ayrton Senna, que decide fazer toda a corrida com o mesmo jogo de pneus. Com isso, ele ficou com o primeiro lugar e parecia que os Williams não o iriam alcançar desta vez. Isto até que na volta 43, Senna atrapalha-se com o Ligier de Piercarlo Ghinzani, que o ia dobrar, e despista-se na Parabólica. Quando volta à pista, Piquet passa-o e fica com a liderança. 

O piloto da Lotus aproxima-se, mas não é suficiente para apanhar Piquet, que assim alcançava a sua 20ª vitória na sua carreira. Muito distante estava Nigel Mansell, que acabava na terceira posição, e nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Ferrari de Gerhard Berger, o Benetton de Thierry Boutsen e o McLaren de Stefan Johansson.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Youtube Racing: a felicidade de Alex Zanardi


Eis as declarações de Alex Zanardi à TV italiana depois da corrida que lhe deu a medalha de ouro, esta tarde, em Brands Hatch. O meu italiano não é fabuloso, mas pelo que entendo, é um homem muito feliz por ter conseguido isto com a idade que têm.

E pelo que me contam, o italiano ainda vai tentar ganhar mais duas no final da semana. Se assim for, boa sorte. Quem me deu a dica do video foi o Leonardo Gomes.

Alex Zanardi, o nosso heroi

Sempre que termina uma competição, quer nos Jogos Olimpicos, quer agora nos Paralímpicos, a organização decide sempre tocar a musica "Heroes", que David Bowie compôs em 1977, para homenagear os vencedores e os que vão ao pódio, porque como diz a canção: "podemos ser heróis, mesmo que seja apenas por um dia"

Para nós, que amamos o automobilismo, estávamos curiosos em ver o que faria um atleta em especial nesses Jogos Paralimpicos: o italiano Alex Zanardi. Está agora a caminho dos 46 anos e tem um curricluo impressionante, onde apesar de não ter conseguido quase nada na Formula 1 - apenas um ponto em toda a sua carreira na Jordan, Minardi, Lotus e Williams - foi bicampeão na CART, ao serviço da Chip Ganassi, sendo um dos pilotos mais velozes da sua geração na competição americana. Hoje as expectativas eram muitas, e ele conseguiu as cumprir, conseguindo a medalha de ouro. O local, curiosamente, foi num circuito usado para o automobilismo: Brands Hatch.

Curiosamente, está quase a fazer onze anos desde aquele acidente em Lausitzring. Aquele acidente  do dia 15 de setembro de 2001, do qual 99 em cada cem pessoas, quando viu de imediato, enjoou ao ver a violência do embate e achou convictamente que estava morto. Contrariando as estatísticas e as convicções, sobreviveu. Com sete paragens cardíacas, com meio litro de sangue no corpo e sem pernas. O seu exemplo de sobrevivência, para mim, só pode ser explicado por ele ser um atleta.

Depois de terem assistido ao primeiro milagre, colocaram-lhe novo "o caixão à porta", dizendo que a sua carreira estava acabada. Ele fez dessa contrariedade uma oportunidade. Tem de ser: os automobilistas são competitivos por natureza. Digo isto porque me lembro da cena do "Dias de Tempestade", do agora falecido Tony Scott, onde os dois pilotos - um deles Tom Cruise - no hospital, ambos em cadeira de rodas, competiam para ver quem chegaria mais rapidamente à porta de saída. E se o cérebro estiver intacto, eles não pararão nunca.

E dessa contrariedade, assistimos ao "segundo milagre", quando o vimos a correr de novo, desta vez no WTCC, a vencer corridas pela BMW. A sua primeira, creio que foi em Oscherschleben, deve ter feito chorar muito coração empedernido, porque estava a assistir a um milagre. Alguém, "vindo dos mortos", num carro adaptado, bater pilotos que tem duas pernas, uma para acelerar, outra para frear (travar) e subir com as suas muletas ao pódio para receber o troféu da vitória e ouvir o "Il Canto degli Italiani".

Que ouvirá mais uma vez depois de vencer esta tarde a sua corrida na sua categoria, dando mais uma medalha de ouro nos Jogos Paralimpicos. Em Brands Hatch. Deve ter-se sentido em casa. E mais uma vez, escreveu mais uma página dourada da sua vida absolutamente excepcional. Hollywood já lhe deve um filme de jeito.

E para fechar: é por causa de alguém como o Alex Zanardi que acredito que voltarei a ver Robert Kubica dentro de um carro de Formula 1. E não é só para umas voltas de teste. Como já viram, o ser humano é capaz de coisas à partida "impossiveis"...

Reflexões sobre a fuga de informação de Lewis Hamilton

Confesso que menorizei um pouco aquilo que também foi um dos casos do fim de semana, que foram as mensagens que Lewis Hamilton colocou no Twitter, em que falou sobre a regulação das asas com o seu companheiro de equipa, Jenson Button, e também sobre a famosa imagem da telemetria que o piloto colocou na sua página pessoal.

Para quem esteve fora disto durante o fim de semana, explico: ambos os pilotos usaram asas diferentes durante a qualificação. Lewis ficou com a asa antiga, Jenson com a nova. O resultado é conhecido, e ele reagiu com o facto de com a asa nova, tinha perdido à volta de 0,7 segundos em linha reta, e para justificar isso, colocou a foto da telemetria para que toda a gente pudesse ver. Toda, incluindo os seus rivais. E referiu: “A linha pontilhada representa o tempo. Quando ela vai para baixo, significa que perdi tempo [em relação a Button]; para cima, significa que eu ganhei”. “Foi isso que tentei explicar ontem [sábado].”

Mais do que a reação à velocidade de Button, a colocação de um dado tão importante é que causou a polémica. Desconhecendo o impacto - ou não lembrando no momento - que o Twitter tem no mundo em que vivemos, o desenho esteve à vista por alguns minutos, os suficientes para serem copiados por alguns e depois serem espalhados por tudo que é Net. É claro, alertado pela McLaren, Hamilton apagou as imagens de seguida, retratou-se perante a equipa, nomeadamente Martin Withmarsh e o próprio Button, mas o mal já estava feito.

Os rivais já disseram que iriam analisar os dados colocados por ele. Christian Horner, o diretor desportivo da Red Bull, admitiu no domingo que iria analisar os dados. “Pelo que eu entendo, são informações do carro e, se eram dados do carro, tenho certeza que cada engenheiro no pit-lane irá olhar para nisso”, concluiu.

Não sei se vão ser tiradas conclusões sobre este incidente. Mas caso Lewis Hamilton esteja interessando em aprendê-las, a primeira é que é uma figura pública. A segunda é que qualquer ação tem consequências, porque os seus seguidores o repercutirão numa rede tão imediata e tão veloz como o Twitter. Uma coisa é ter 200, 300 ou mil seguidores, outra coisa é seres uma personalidade famosa e teres quatro, cinco ou oito milhões de seguidores, onde quererão saber todo o que dizes tudo o que fazes. Num mundo como este, não faltam os que emitirão juízos de valor sobre ele, nem todos favoráveis à sua pessoa.

Segundo, a sua imagem dentro da equipa ficou no mínimo abalada com esta fuga de informação. Quero acreditar que foi pura ingenuidade da parte de Hamilton, mas depois, esta noite, dei de caras com um post do brtitânico Joe Saward, em que refere este incidente nos seguintes termos:

"O que esta história faz é levantar questões sobre o estado de espírito de Hamilton no momento. Por que diabos um piloto deseja "tweetar" a telemetria da sua equipa? Qualquer pessoa que tenha alguma idéia sobre o esporte vai saber que não havia nenhuma maneira que Button e Hamilton ficariam tão distantes com diferentes set-ups, e assim fica-se imaginando que Hamilton estava tentando impressionar a equipa. Certamente, qualquer equipa que estivesse a pensar contratar o piloto britânico teria percebido a situação e, como resultado do tweet, seria menos provável para assiná-lo na base de que o tweet mostrou um lado inesperado e não confiável da sua personagem, que não tenha sido visto até agora. 

Há muitos dentro da Formula 1 que sentem que talvez Hamilton viva numa bolha, que anda muito longe do mundo real. Se ele vai assumir na luta pelo titulo, ao lado de Fernando Alonso e Sebastian Vettel, Lewis precisa confiar em mais do que o seu talento natural. Não há dúvida de que ele é um grande piloto, mas ele precisa ser capaz de se relacionar com as pessoas ao seu redor e na fábrica. Pergunte sobre Alonso, e na Ferrari eles vão dizer-lhe que ele passa muito tempo em Maranello. E as pessoas na garagem não ficarão felizes se você está twittando essas coisas."

Acho que depois de todo este caso, começo a pensar se será que irá haver a segunda série dos McLaren Toons...

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A grande ponta final de Antonio Felix da Costa

Antonio Felix da Costa fez esta sexta-feira 21 anos, e vive o melhor tempo da sua carreira. Desde que entrou no programa de jovens talentos da Red Bull, em junho, que o seu talento floresceu: três vitórias, cinco pódios e cinco voltas mais rápidas, contabilizando desde o fim de semana de Valencia, altura em que se oficializou o seu contrato com a marca austriaca de bebidas energéticas. Para além disso, desde que entrou na World Series by Renault, a meio da época, na Arden Caterham, Felix da Costa já conseguiu um pódio e uma volta mais rapida, ambos em Silverstone, e o "top ten" na classificação não é uma ilusão, apesar de ter chegado a meio da temporada.

Este fim de semana, em Spa-Francochamps, conseguiu mostrar a sua velocidade e consistência nas duas corridas do campeonato da GP3. Dois pódios, ambos no segundo lugar, e duas voltas mais rápidas, para além dos elogios da critica, mostram o que foi este fim de semana de aniversário para o piloto português.

Foi uma corrida dura, de muita concentração, pois o Evans defendeu com muita garra e até algo agressivo e quando finalmente consegui passá-lo, já estava longe dos três primeiros. O carro estava muito equilibrado e efetuei várias voltas mais rápidas para os alcançar, depois passei para segundo onde vim a terminar.”, começou por dizer no final da segunda corrida do fim de semana belga.

Foi mais um grande fim de semana, que dedico à equipa Carlin, pois efetuou um excelente trabalho. Falta apenas uma corrida para terminar o campeonato e a verdade é que estou agora em melhor posição para lutar pelo título, mas continuo a entrar em pista com o mesmo objetivo de sempre; vencer corridas, depois logo se verá se saio de Monza com o título ou não”, concluiu.

Os resultados de Spa-Francochamps reforçaram sem qualquer tipo de dúvida sua candidatura ao titulo. Está agora a 21,5 pontos de Mitch Evans, mas o piloto de Cascais tem de estar no pódio nas duas corridas de Monza, este final de semana, e esperar que o neozelandês tenha um fim de semana de pesadelo.

De facto, a pressão está no lado do piloto da MW Arden, mas as hipóteses são diminutas, da ordem dos 30 por cento. Felix da Costa teve a desvantagem de ter tido um péssimo fim de semana na Alemanha, onde não marcou qualquer ponto, mas depois foi sempre a subir, com quatro pódios, duas vitórias e quatro voltas mais rápidas, e cada uma delas vale dois pontos, ou seja, conseguiu oito preciosos pontos que valem muito nesta reta final do campeonato.

Desconheço como é que o campeonato vai acabar, mas esta está a ser uma ponta final de sonho, pois a consistência do piloto de Cascais é incrível. Confesso que demonstrava céticismo em relação às suas performances ao serviço da Red Bull, chegando a escrever no final de junho que era um "pacto com o Diabo", mas parece que nestes últimos dois meses, sempre com corridas em todos os fins de semana, excepto as três semanas de férias em agosto, que não está a acusar a pressão. Mas uma coisa são as corridas de promoção como a GP3 e a World Series by Renault, outra coisa será, por exemplo, se chegar à Formula 1 ao serviço da Toro Rosso. 

Pelo andar da carruagem, suspeito em algures a meio de 2013, ele estará a bordo de um desses carros, ao lado de Romain Grosjean, Pastor Maldonado ou Felipe Massa. E ando a ser conservador.

Noticias: D'Ambrosio substitui Grosjean em Monza

Está confirmado: o terceiro piloto da Lotus-Renault, o belga Jerôme D'Ambrosio, substituirá Romain Grosjean no GP de Itália, em Monza, que decorrerá neste fim de semana. O anuncio foi feio esta tarde por Eric Boullier, o diretor desportivo da Lotus-Renault.

D'Ambrosio, atualmente com 27 anos, foi piloto da Virgin-Marussia em 2011 e este ano ficou com o lugar de terceiro piloto da marca, esperando que substituísse algum dos dois pilotos em caso de necessidade. 

Recorde-se que Romain Grosjean foi excluído do Grande Prémio de Itália, sendo-lhe igualmente aplicada uma multa de 50.000 euros, em sequência do acidente que causou este domingo no início do Grande Prémio da Bélgica, em que ficaram envolvidos o Ferrari de Fernando Alonso, o McLaren de Lewis Hamilton e o Sauber de Sergio Perez.

Barrichello, o homem sem amor-próprio

"As pessoas me perguntam se caso a Lotus F1Team me chamasse para correr em Monza, iria? A minha resposta seria SIM". 

Rubens Barrichello, 3 de setembro, na sua conta do Twitter.

Rubens Barrichello escreveu isso em inglês, mas nós, que têm o português como língua materna e sabem ler inglês entenderam logo o que ele queria dizer: ele ainda não desistiu da Formula 1, ainda têm a cabeça por lá, apesar de fazer uma razoável primeira temporada na IndyCar Racing e estar a ser referido para correr em algumas das equipas mais velozes do pelotão, como a Chip Ganassi.

Estas declarações fazem-me pensar da expressão "perdeu uma boa oportunidade para estar calado". É verdade que vinte anos de Formula 1 lhe deram enorme prestigio no meio e respeito por parte dos colegas, mas vê-lo pedinchar por um lugar no Twitter, para que Eric Boullier se lembre dele para Monza, não é uma maneira digna dele. Não só lhe faz parecer mal diante das pessoas, mas faz passar para o resto do mundo a ideia de que está contrariado na Indy.

Mas isto não é novo da parte dele. Afinal, tem 40 anos e ainda vive naquela "ilusão gambuzinoide" de que ainda pode ser campeão do mundo, que irá cumprir o desejo dos brasileiros que o queriam ver como campeão, como o sucessor que o Brasil procura depois de se sentirem órfãos de Ayrton Senna. Pergunta-se se ele tem algum amor-próprio. Ele deve ter, mas também deve cultivar para si mesmo aquela ilusão de que tem mesmo estofo de campeão. Nisso, é fácil: ou se é, ou não é. Os que têm dom, conseguem tirar leite de pedra e ter a sorte do seu lado. Barrichello mostrou-se ser um piloto esforçado e muito talentoso na área mecânica, mas para ser o melhor na pista... não. Só que andou a alimentar uma ilusão durante mais de década e meia.

Francamente, mais um bom bocado e já ando a vê-lo a ser como Jacques Villeneuve, a correr em todo o tipo de carros em lugares muito estranhos. Francamente, não o queria ver em 2022, com 50 anos, numa competição qualquer, ainda a dizer a quem quisesse ouvir, que o seu lugar ainda continua a ser a Formula 1.Mas... não sei, parece que não quer aprender. Já se torna cansativo, não?

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Formula 1 em Cartoons - Eau Rouge (Lotus)

E para fechar a parte dos cartoons de hoje, coloco aqui o desenho que a equipa Lotus fez sobre a "ultrapsassagem à Bellof" que o Kimi Raikkonen fez a Michael Schumacher. De facto, passar daquela maneira em Eau Rouge é sempre impressionante, mesmo que isso tenha custado a vida ao Stefan Bellof, há há 27 anos...

A dica veio do Luis Salomão, o Saloma.

Formula 1 em Cartoons - Eau Rouge, Belgica (GP Toons)

De facto, o GP da Belgica foi memorável nos nossos cartoonistas de serviço. Desta vez, o Hector Garcia, do GP Toons, desenhou sobre a ultrapassagem de Kimi Raikkonen a Michael Schumacher no Eau Rouge, numa manobra que costumo chamar de "Bellof". 

De facto, foi uma manobra que deixou despido o veterano alemão...

Formula 1 em Cartoons - Maldonado (Pilotoons)

As constantes penalizações de Pastor Maldonado fizeram com que o Bruno Mantovani decidisse fazer este cartoon, imitando a famosa cena de Bart Simpson no genérico de abertura da série com o seu apelido.

Agora resta saber se o Maldonado vai mesmo aprender a lição, não é? E tentem não lembrar a ele que ainda não foi implicado em qualquer carambola nesta temporada...